O estudo inédito mostra como a participação de crianças nas manifestações culturais é uma forma de incorporar os saberes e passá-los às próximas gerações.
A participação de crianças nas manifestações culturais é uma forma de incorporar os saberes da cultura popular e passá-los às próximas gerações. No Maranhão, é hábito os filhos acompanharem os pais e mães que se apresentam nos grupos folclóricos, principalmente e maciçamente, no mês de junho, por ocasião dos festejos de São João.
Para avaliar a influência e reflexo dessa integração infantil à manifestação cultural, a pedagoga, mestra em Gestão do Ensino da Educação Básica e doutoranda da Faculdade de Educação de São Paulo (FEUSP), Caroliny Santos Lima, realizou o estudo ‘A presença da criança no bumba meu boi do Maranhão: o protagonismo das relações intra e intergeracionais para a formação identitária na infância’. O trabalho obteve apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
Caroliny Limas conta que foi na baixada maranhense sua primeira aproximação com o bumba meu boi, ainda na infância. “É dessa região a origem de um dos sotaques mais tradicional do estado, o sotaque da baixada. E foi nesse contexto também, que tive minha experiência ao brincar no bumba meu boi, aos 12 anos. Essas lembranças retratam, as memórias, a história e a cultura da minha própria vivência de infância”, conta a pesquisadora.
Ela acrescenta ainda, uma experiência profissional, atuando e instituição carente do bairro de Fátima, onde lecionou e realizou diversas ações culturais, incluindo eventos com bumba meu boi. “Desse contexto surgiu o interesse por pesquisar a infância que se faz presente no bumba meu boi do Maranhão”, ressalta.
O estudo é inédito, explica a pesquisadora Caroliny Lima: “Mesmo que o bumba meu boi tenha tomado grande destaque nas pesquisas acadêmicas, olhar para as crianças inseridas nesse contexto ainda é algo completamente novo”, aponta.
Segundo ela, o objetivo é analisar a realidade produzida pelas crianças, por meio desse encontro com o bumba me boi, observando o encontro geracional que é brotado.
“Acompanhamos as crianças nesse movimento junino da cidade e sua organização, em preparação aos arraiais para a tradicional festa. Pretendemos, nesse cenário, analisar as crianças como atores sociais, ligando a infância às forças culturais, econômicas, políticas e sociais, compreendendo suas inquietações, seus desejos e sua visibilidade perante a sociedade, e principalmente, o modo de vê-la”,
explica.
O estudo está em andamento e nesta etapa, a pesquisadora realiza as aproximações com o bumba meu boi, observando as crianças que participam, para posteriormente, realizar a delimitação de quais crianças e qual brincadeira será investigada de forma mais profunda. “Realizamos visitas à sede do Bumba meu Boi do Maracanã e do Boi Santa Fé. Vamos delimitar o grupo de bumba meu boi a ser investigado e acompanhar as crianças que aceitaram participar da investigação, durante todo o ano de 2024”, frisou.
Ela destacou o apoio da FAPEMA para a execução da pesquisa: “Ter uma pesquisa financiada pela FAPEMA, é ter o reconhecimento e incentivo por um trabalho que devolverá algo para a sociedade. Falar de infância é falar de futuro; falar de cultura é falar de sociedade. Ter esse financiamento me motivou ainda mais nessa jornada, no intuito de contribuir com as infâncias maranhenses e com a cultura local. A valorização que a FAPEMA tem, perante as instituições de pós-graduação, contribuiu para a coordenação da pós da USP e me auxiliou em todo o processo de seleção com a documentação. Eles faziam questão de terem um estudante vinculado a uma instituição séria como a FAPEMA. Ou seja, foi um diferencial neste processo”.