Livro com canções de mestre do carimbó ensina sobre ecologia tradicional

Raimundo Miranda Amaral foi uma grande figura do Marajó, com músicas que extrapolaram a região e são cantadas por pessoas de diversos lugares.

Arte: Reprodução/UFPA

O livro digital ‘Pisei na tua areia, Ilha de Marajó: o Mestre Dikinho ensina… ‘, contemplado pelo Prêmio Proex de Arte e Cultura, foi desenvolvido por meio de uma parceria entre o Laboratório de Etnobiologia e Educação Intercultural (Leei) e a Associação dos Moradores do Bairro do Pacoval (Ampac), com o objetivo de compartilhar sugestões de atividades para o ensino de Ciências e Biologia com suporte em temas presentes nas músicas do Mestre Dikinho.

Leia também: Documentário homenageia Mestre Dikinho, referência do carimbó na Ilha do Marajó

Entre os meses de março e junho de 2023, Mestre Dikinho cantou suas narrativas e vivências acompanhado por integrantes do Grupo Tambores do Pacoval, da Ilha do Marajó,  em aulas espetáculos realizadas para estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas e de Licenciatura em Letras, além de pessoas que admiram o carimbó. 

Com o objetivo de reconhecer as possibilidades de relacionamento entre os conhecimentos ecológicos tradicionais que compõem o cotidiano marajoara e a forma como esse conhecimento poderia ajudar nas estratégias educativas, as aulas foram divididas em três temas principais: Pescadores, Rios e Mares; Marajó Brejeiro e Encantarias.

“Inserir essas referências culturais nos espaços educativos, para além da simples fruição cultural de shows e festivais, atua decisivamente na formação do público local, algo que frequentemente encontramos nas falas dos diferentes Mestres e Mestras sobre a importância do reconhecimento dos seus conhecimentos. Especificamente no e-book em questão, inovamos ao demonstrar as associações entre carimbó e educação ambiental, uma vez que os conhecimentos ecológicos tradicionais são fundamentais para a continuação dos patrimônios imateriais”, explica o professor Nivaldo Leo.

O livro é parte das ações que o Laboratório de Etnobiologia e Educação Intercultural (Leei) e o Grupo de Estudos e Pesquisas Encontros e Saberes (Gepes-CNPq/UFPA) fazem na busca de assegurar o patrimônio imaterial do povo marajoara. Além disso, ilustrações feitas pelo Mestre compõem a obra, algumas foram feitas exclusivamente para o livro.

“Os livros são uma ferramenta poderosa para disseminar conhecimento e cultura, uma forma de passar adiante um tesouro de sabedoria. E não podemos esquecer do valor histórico e cultural de um livro como esse. Ele se torna um documento importante para a história de Soure e da região. Preservar a memória do meu pai é também preservar a história de um lugar e de um tempo. É lindo saber que o conhecimento dele continua vivo e acessível para as futuras gerações. Através dos livros, ele continua a influenciar e transformar vidas”, aponta Fernanda Amaral, uma das filhas de Mestre Dikinho, sobre a homenagem à memória de seu pai. 

Mestre Dikinho

Raimundo Miranda Amaral foi uma grande figura do Marajó, com músicas que extrapolaram a região e são cantadas por pessoas de diversos lugares. Compositor, violonista, cantor e artesão marajoara, o Mestre faleceu na madrugada do dia 17 de julho de 2024, aos 83 anos. 

“Meu pai era um homem incrível, com um talento imenso. Falar do Mestre, com quem vivi todos os dias da minha vida, é maravilhoso!”, comenta Doris Felícia, também filha de Dikinho, orgulhosa ao ver o reconhecimento do talento do pai e o legado que ele deixou transmitido no livro.

“Saber que o conhecimento do meu pai está sendo transmitido e preservado através dos livros é algo que deve encher de orgulho. É como se ele continuasse vivo nas páginas, ensinando e inspirando as pessoas. A importância disso é enorme!”, completa a outra filha, Fernanda. 

Para conhecer a obra do Mestre Dikinho, acesse: Pisei na tua areia, Ilha de Marajó: o Mestre Dikinho ensina.

*Com informações da Universidade Federal do Pará

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