Lendas de amor amazônicas: conheça 4 histórias de romances épicos

Histórias indígenas mostram o quanto o amor pode ser revolucionário e tem sido base para contar a origem de elementos amazônicos e até fenômenos naturais.

As histórias dos povos originários da Amazônia são passadas de pais para filhos. Foi assim que as lendas amazônicas nasceram e se espalharam pela região. Além de fortalecer a cultura local, as lendas servem de lembrete para não esquecer dos antepassados. E muitas histórias indígenas mostram o quanto o amor pode ser revolucionário.

O amor é um sentimento latente, importante e fundamental para a relação humana, que tem sido, inclusive, base para contar a origem de elementos amazônicos e até fenômenos naturais. Você sabia que existem lendas que são verdadeiras histórias épicas de amor? Confira:

Lenda de Tamba-Tajá 

Um apaixonado indígena da tribo Macuxi, forte e inteligente, casou-se com uma das belas mulheres de sua aldeia. O casal vivia muito feliz até sua amada adoecer e se tornar paralítica. 

Desolado, ele teceu uma tipoia e amarrou sua amada em suas costas para que não houvesse distância entre os dois. Assim, permaneceram juntos durante todos os dias até sua inesperada morte. 

Abatido, o indígena procurou um igarapé e à sua beira cavou um enorme buraco, onde se enterrou junto com sua amada.

Anos se passaram e em uma noite de lua cheia, brotou no mesmo lugar em que o casal estava enterrado, uma graciosa planta, jamais vista pelos indivíduos da tribo. 

Nasceu ali a Tamba-Tajá, uma planta de folhas escuras e triangulares e, o que causou estranheza, com outra folha menor grudada em seu verso no formato do órgão genital feminino. 

As folhas que nascem unidas simbolizam o amor do casal que a cultiva e por este motivo ganham poderes místicos. O tamanho das folhas, a maior e a menor, chegam até a mudar a crença sobre o casal que a plantou: se as folhas são exuberantes, existe amor entre o casal; se a folha menor for muito pequena, acredita-se que falta amor na união; agora, se houver mais de uma folha no verso, cuidado, existe infidelidade na relação.

A lenda é tão popular que ganhou até mesmo uma música, escrita por Waldemar Henrique: “Tamba tajá me faz feliz/ Assim o índio carregou sua macuxi/ para o roçado, para a guerra, para a morte/ Assim carregue o nosso amor a boa sorte”.

Arte: Lucas Reis Chaves/Portal Amazônia

Lenda de Macunaíma 

Nas terras de Roraima havia uma montanha muito alta onde um lago cristalino era expectador do triste amor entre o Sol e a Lua. Por motivos óbvios, nunca os dois apaixonados conseguiam se encontrar para vivenciar aquele amor. Quando o Sol subia no horizonte, a lua já descia para se pôr. E vice-versa.

Por milhões e milhões de anos foi assim. Até que um dia, a natureza preparou um eclipse para que os dois se encontrassem finalmente. O plano deu certo. A Lua e o Sol se cruzaram no céu. As franjas de luz do sol ao redor da lua se espelharam nas águas do lago cristalino da montanha e fecundaram suas águas fazendo nascer Macunaíma, o alegre curumim do Monte Roraima.

Com o passar do tempo, Macunaíma cresceu e se transformou num guerreiro entre os indígenas Macuxi. Bem próximo do Monte Roraima havia uma árvore chamada de “Árvore de Todos os Frutos” porque dela brotavam ao mesmo tempo bananas, abacaxis, tucumãs, açaís e todas as outras deliciosas frutas que existem. Apenas Macunaíma tinha autoridade para colher as frutas e dividi-las entre os seus de forma igualitária.

Mas nem tudo poderia ser tão perfeito. Passadas algumas luas, a ambição e a inveja tomariam conta de alguns corações na tribo. Alguns indígenas mais afoitos subiram na árvore, derrubaram todos os frutos e quebraram vários galhos para plantar e fazer nascer mais árvores iguais a ela.

A empreitada não deu certo e a grande “Árvore de Todos os Frutos” morreu. Macunaíma teve que castigar os culpados e lançou fogo sobre toda a floresta, o que fez com que as árvores virassem pedra. A tribo entrou em caos e seus habitantes tiveram que fugir e nunca mais voltaram.

Arte: Lucas Reis Chaves/Portal Amazônia

Lenda do Uirapuru

O amor proibido de um jovem guerreiro pela esposa do cacique e sua dificuldade em se aproximar dela foi o que o motivou a solicitar à Tupã que o transformasse em um pássaro. 

Assim, além de se aproximar de sua amada, poderia fasciná-la com seu canto. Tupã atendeu ao pedido e criou um pássaro de cor vermelho telha e seu bonito canto chamou mesmo a atenção, mas do cacique, que passou a persegui-lo no intuito de prendê-lo.

Transmutado em Uirapuru,  o jovem fugiu para dentro da floresta e passou a visitar sua amada apenas no período da noite, cantando sem descanso na esperança que ela se encantasse e apegasse a ele.

Graças a lenda, o Uirapuru é tido como um amuleto que garante felicidade, prosperidade e amor.

Arte: Lucas Reis Chaves/Portal Amazônia

Lenda do Rio Amazonas 

Há muito tempo, na selva amazônica viviam dois jovens apaixonados, que sonhavam em se casar. Ela se vestia de prateado e era chamada de Lua. Ele se vestia de dourado e era chamado de Sol. Ela era a senhora da noite e ele era o dono do dia. Mas havia um problema: se eles se casassem, o mundo acabaria, porque tudo derreteria com tanto calor.

Então, muito triste com a possibilidade de um futuro tão ruim, a Lua chorou um dia e uma noite. Suas lágrimas escorreram pelas montanhas até chegarem ao mar. Surpreso com isso, o mar não quis aceitar as lágrimas da Lua.

Por isso, as lágrimas da Lua cavaram um vale, se acumularam nele e nunca entraram no mar. Elas formaram o Rio Amazonas.  

Arte: Lucas Reis Chaves/Portal Amazônia

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