Em Manaus, um grupo indígena misturou ingredientes regionais à famosa bebida e, dessa maneira, criou a ‘Cachaça do Índio – Sabor da Floresta’.
Pinga, cana, caninha ou cachaça. Extraída da cana de açúcar, a aguardente é muito popular nos bares do Brasil. Ela é mais conhecida por ser utilizada em drinks como a ‘caipirinha’, que é uma paixão nacional.
Em Manaus, um grupo indígena misturou ingredientes regionais à famosa bebida e, dessa maneira, criou a ‘Cachaça do Índio – Sabor da Floresta’.
A bebida é 100% artesanal e usa a base da cana com itens tradicionais do Amazonas, entre eles, o jambu e o guaraná. A cachaça é produzida por indígenas da aldeia Tauamirim, do município de Tapauá (distante a 448 quilômetros de Manaus).
Os principais ingredientes da ‘Cachaça de Índio’ são o caldo de cana, marapuama, manacam, mintão, entre outros. Atualmente, a bebida está sendo comercializada no Centro do Empreendedor Indígena Yandé Muraki e o público pode degustar os sabores disponíveis.
Criação
De acordo com o coordenador do Yandé Muraki, Yuri Sateré, a ‘Cachaça de Índio’ começou a ser produzida em 1996. Na época, os anciões criaram a aguardente no fogo, então, eles desenvolveram um destilador para a produção da cachaça.
“Passou um tempo, eu fui para a capital estudar e ter conhecimento dos processos químicos. Eu não me considero um bioquímico, porém passei muitos anos trabalhando nesta área. Neste período, descobri uma paixão: pesquisar as plantas da Amazônia”,
contou ao Portal Amazônia.
Durante as suas pesquisas, Yuri encontrou uma planta chamada manacam. “Comecei a tirar o caldo de cana e ralar o manacam dentro. A planta cria uma reação que ajuda a fazer a fermentação da cachaça. Além de deixar a bebida com um sabor mais concentrado e adocicado”, explicou.
Valores
Os valores das cachaças variam do tamanho e ano da safra. As garrafas de 350ml custam em média R$ 15. Já as bebidas de 700 ml são vendidas por R$ 30. As de 1 litro variam entre R$ 40 a R$ 120.
“Nós temos cachaças dos anos 1997, 2000, 2009 e 2015, sendo a última a mais recente que embalamos. Inclusive, vamos começar a degustação dela no nosso espaço”, explicou Yuri.
Ele ressaltou ainda que quanto mais antiga a cachaça, maior é a concentração do sabor. “A cachaça fica mais adocicada e concentrada. Por esse motivo, o valor acaba variando”, informou.
Serviço
O Centro do Empreendedor Indígena Yandé Muraki fica localizado na rua Monsenhor Coutinho, n° 129, Zona Sul de Manaus, e funciona de segunda a sábado de 8h às 17h. Ele recebe apoio da Fundação Estadual do Índio (FEI).
Para o diretor-presidente da FEI, Edivaldo Munduruku, a criação da cachaça é uma maneira de mostrar a diversificação dos produtos extraídos da natureza e que não agridem o meio ambiente.
“A cachaça é algo popularizado em todo o mundo, mas os parentes são a prova de como o indígena é capaz de se reinventar e produzir algo que possa trazer destaque à natureza e que não destrua o meio ambiente. A prova disso é o processo artesanal que eles fazem para que tenham um produto de boa qualidade e com todas as características do Amazonas”, disse.