Verdade “nua e crua”: 5 filmes que mostram a realidade da região amazônica

Entre os temas abordados estão desmatamento, exploração sexual e até a rivalidade entre facções.

‘Manas’, de Marianna Brennard. Foto: Divulgação

O cinema, com seu poder de narrativa e imagem, tem sido uma ferramenta crucial para escancarar as verdades muitas vezes ignoradas pela sociedade. O audiovisual nacional ganhou destaque com a estreia de ‘Ainda Estou Aqui’, de Walter Salles, cuja produção leva os espectadores a uma época de tensão no Brasil: a Ditadura Militar.

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No país, poucas regiões do mundo carregam tantos significados e paradoxos como a Amazônia. Berço de riqueza natural incomparável, ela também é palco de desigualdades, conflitos e crises sociais que atravessam décadas. Essa realidade também já foi explorada nas telonas. Confira uma lista com filmes que mostram uma parte real da região amazônica que não é vista comumente:

‘Manas’, de Marianna Brennand

Dirigido pela cineasta Marianna Brennand, Manas apresenta a história de Marcielle (Jamilli Correa), uma jovem de apenas 13 anos inserida em um meio repleto de violências dentro da periferia onde mora. Moradora da Ilha do Marajó, no Pará, junto com o seu pai, Marcílio (Rômulo Braga); sua mãe, Danielle (Fátima Macedo); e três irmãos. A menina sofre com a perda da sua irmã mais velha Claudinha, que partiu para bem longe de onde moravam após arrumar um homem que circulava pela bacia hidrográfica que banha a região.

Marcielle, agora mais experiente com a vida, começa a ter uma percepção diferente em relação às suas idealizações. Ela entendeu que as mesmas estão presas em um ambiente marcado por dor e sofrimento. Preocupada com a irmã mais nova e ciente de que o futuro não lhe reserva muitas opções, ela decide confrontar a engrenagem violenta que rege a sua família e as mulheres da sua comunidade.

‘Antes o Tempo Não Acabava’, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade

‘Antes o Tempo Não Acabava’ é um filme brasileiro dirigido por Fábio Baldo e Sérgio Andrade que acompanha a trajetória de Anderson (interpretado por Anderson Tikuna), um jovem indígena da etnia Saterê. Ao sair de sua comunidade e se mudar para Manaus, Anderson se encontra dividido entre as tradições de suas raízes indígenas e os desafios e complexidades da vida urbana na metrópole.

No novo ambiente, ele enfrenta o preconceito e o choque cultural, enquanto tenta lidar com sua identidade em um contexto urbano que muitas vezes rejeita ou estigmatiza suas origens. Paralelamente, o filme também aborda o processo de autodescoberta de Anderson, especialmente no que diz respeito à sua sexualidade, explorando temáticas LGBTQIAP+ de maneira sensível.

Com uma narrativa que combina simbolismo, drama social e reflexão sobre os conflitos entre modernidade e tradição, o filme traz à tona questões sobre pertencimento, identidade cultural e resistência em um mundo marcado por desigualdades e preconceitos.

‘Amazônia em Chamas’, de John Frankenheimer

‘Amazônia em Chamas’ é um filme de 1994 dirigido por John Frankenheimer, que narra a história de Chico Mendes, o ambientalista e líder sindical que lutou pela preservação da Floresta Amazônica e pelos direitos dos seringueiros no estado do Acre. Interpretado por Raul Julia, Chico Mendes é retratado como um homem simples, porém determinado, que enfrenta interesses poderosos e perigosos para proteger a floresta e os trabalhadores explorados.

O filme acompanha a trajetória de Chico Mendes desde suas origens humildes como seringueiro até se tornar uma figura de destaque no movimento ambientalista internacional. Ele organiza os seringueiros para resistirem pacificamente ao desmatamento causado pela expansão da pecuária e pelas políticas de exploração insustentável da floresta. Sua luta, marcada por boicotes e embates com fazendeiros e autoridades, chama atenção mundial para a causa ambiental e social da Amazônia.

Além de Raul Julia, o elenco conta com Sônia Braga, que interpreta Regina, uma aliada na luta de Mendes. O filme destaca os conflitos locais no Acre, a pressão de interesses econômicos e a coragem de Chico Mendes, que acaba sendo tragicamente assassinado em 1988, mas cuja luta deixa um legado importante na preservação da floresta e na defesa dos direitos humanos.

‘Pureza’, de Renato Barbieri

O filme é baseado na história real de Pureza Lopes Loyola. Na trama, Pureza (Dira Paes) é uma mãe solo que mora com seu filho, Abel (Matheus Abreu), em uma pobre região do Maranhão. Descontente com a vida que levam, o jovem resolve deixar o local para buscar emprego em um conhecido garimpo, com a promessa de dar uma vida melhor para a matriarca. Após meses sem notícias do filho, Pureza resolve sair em busca do rapaz. Durante a jornada, ela encontra uma fazenda que emprega um sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais, a famosa escravidão moderna.

Ainda à procura do filho, ela passa a trabalhar neste lugar, testemunhando o tratamento brutal sofrido pelos empregados, além do desmatamento ilegal de florestas. Lutando contra um sistema perverso e poderoso, esta batalhadora mulher enfrentará a tudo e todos que ficarem à sua frente, sempre com uma fé religiosa inabalável e a esperança de encontrar o filho.

‘Noites Alienígenas’, de Sérgio de Carvalho

Noites Alienígenas acompanha a história de Rivelino (Gabriel Knox), Sandra (Gleici Damasceno) e Paulo (Adanilo), três amigos de infância que cresceram na periferia de Rio Branco, capital do Acre. O trio se reencontra a partir de uma tragédia em comum. Em um contexto trágico, o longa apresenta a periferia da Amazônia urbana, as fronteiras entre cidade e floresta, utilizando elementos do realismo fantástico.

Abordando os conflitos de uma sociedade em transformação e impactada de forma violenta com a chegada do crime organizado do sudeste do Brasil. A obra é inspirada no romance de mesmo nome escrito por Sérgio de Carvalho.

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