Festival Internacional de Tribos do Alto Solimões: o Festisol e a força da cultura de Tabatinga

Ao longo de quatro dias, Tabatinga (AM) se converte em arena de celebrações culturais, competições, música, dança e intercâmbio entre povos da região fronteiriça. A disputa é entre as onças Preta e Pintada.

Foto: Divulgação/Festisol 2025

Tabatinga, município que ocupa posição estratégica na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, é palco de uma das mais vibrantes manifestações culturais do Amazonas: o Festival Internacional de Tribos do Alto Solimões (Festisol).

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Ao longo de quatro dias, a cidade se converte em arena de celebrações culturais, competições, música, dança e intercâmbio entre povos da região fronteiriça.

O evento reúne agremiações que representam tribos históricas e traz artistas e grupos de diferentes países.
Durante o festival, o público pode acompanhar apresentações, exibições de danças, rituais, além de shows musicais de âmbito nacional e regional.

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A cada edição, Tabatinga atrai visitantes de municípios vizinhos e estrangeiros vindos da Colômbia e do Peru. Mas qual a origem do Festisol amazonense?

Origem e papel cultural do Festisol

O Festival Internacional de Tribos do Alto Solimões foi criado com o objetivo de resgatar, difundir e valorizar expressões culturais do caboclo amazônico e dos povos indígenas da região do Alto Solimões.

Foto: Lucas Silva/Amazonastur

Desde sua primeira edição, o Festival tem como marca a disputa entre as agremiações Onça Preta e Onça Pintada, que simbolizam tribos regionais e suas cores — azul e branco para Onça Preta, vermelho e branco para Onça Pintada.

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A Onça Preta representa, em suas cores e nos temas de suas apresentações, a tribo Ticuna, enquanto a Onça Pintada representa a tribo Omágua.

O festival possui caráter internacional por envolver, além de municípios do Alto Solimões no Brasil, comunidades culturais e entidades artísticas da Colômbia e do Peru.

Em 2023, o evento ganhou status de patrimônio cultural imaterial do Estado do Amazonas por meio da Lei nº 6.632, sancionada em 12 de dezembro de 2023.

Programação e disputas entre tribos

Em geral, o Festival ocorre em quatro noites consecutivas em setembro, com programação no Centro Cultural de Tabatinga, espaço que abriga apresentações e competições conhecidas como o “Onçódromo”.

Nas noites de exibição, cada tribo (Onça Preta e Onça Pintada) apresenta coreografias, cantos, alegorias e adereços que dialogam com mitos, lendas e aspectos simbólicos da cultura amazônica.

Além das apresentações das tribos, o festival conta com shows musicais de artistas regionais e nacionais. Na edição de 2024, em setembro, foram confirmadas as participações de Solange Almeida e Mari Fernandez, por exemplo.

O festival também incorpora exibições culturais dos países vizinhos, com grupos vindos da Colômbia e do Peru, ampliando o intercâmbio entre fronteiras.

No encerramento, é feita a apuração das notas atribuídas às tribos em diversos itens, e a agremiação campeã é divulgada em cerimônia pública, muitas vezes acompanhada de atrações musicais.

Tabatinga: cenário e identidade

Tabatinga está ligada diretamente ao festival, não apenas como sede, mas em sua identidade cultural e geográfica. A cidade forma uma conurbação (união de duas ou mais cidades que se expandiram até seus limites se encontrarem) com a colombiana Letícia, o que facilita a circulação de público e de expressões culturais transfronteiriças.

Geograficamente, Tabatinga está situada às margens do rio Solimões, em plena floresta amazônica, área que favorece a presença de comunidades indígenas e ribeirinhas.

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Vista aérea de Tabatinga, banhada pelo rio Solimões. Foto: Divulgação/Prefeitura de Tabatinga

A realização anual do festival contribui para o fortalecimento da economia local por meio do turismo cultural, movimentação de hospedagem, alimentação e comércio de artesanato.

Durante o evento, ocorre intensa circulação de pessoas vindas de municípios vizinhos, de Letícia (Colômbia) e de localidades peruanas próximas.

Tabatinga também abriga construções históricas como o Forte de São Francisco Xavier de Tabatinga, estrutura que remonta ao século XVIII e marca a presença colonial na região.

Impacto simbólico e cultural

O Festival Internacional de Tribos do Alto Solimões opera como um palco de afirmação cultural dos povos indígenas e caboclos da região. A disputa entre Onça Preta e Onça Pintada torna-se metáfora das tensões, encontros e diálogos entre diferentes tradições.

O evento retoma lendas, mitos e narrativas próprias das etnias locais e promove sua visibilidade no cenário regional.

A inserção de artistas nacionais e internacionais consolida o Festival como um ponto de convergência entre cultura popular regional e circuitos artísticos mais amplos.

Atribuir ao Festisol o título de patrimônio cultural imaterial confere-lhe reconhecimento institucional e simbólico, reforçando sua importância para a identidade do Amazonas.

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