Documentário gravado em Rondônia busca valorizar cultura e idioma do Povo Makurap

Segundo a pesquisadora Roseline Mezacasa, o documentário nasceu de demandas da própria comunidade e tem como objetivo registrar a luta pela preservação do idioma e da cultura.

Foto: Divulgação/UNIR

O povo indígena Makurap promoveu, entre os dias 7 e 13 de maio, um encontro cultural histórico na Aldeia Barranco Alto, localizada na Terra Indígena Rio Branco, em Alta Floresta D’Oeste (RO). O evento marcou o início das gravações do curta documental ‘Ki Mõyen – Nossa Língua Makurap’, iniciativa que visa registrar e fortalecer a riqueza da língua e da cultura Makurap por meio da linguagem audiovisual.

O projeto é resultado da parceria entre a Universidade Federal de Rondônia (UNIR), por meio do Departamento de Educação Intercultural Indígena (Deinter), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Associação Indígena Awandá, o Coletivo Lakapoy, a produtora Elaborado Filmes e diversas instituições apoiadoras, como a FUNAI, Forest Trends e a Prefeitura de Alta Floresta D’Oeste. O curta conta ainda com financiamento da Lei Paulo Gustavo (Edital n° 01/2024-SEJUCEL).

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Segundo a pesquisadora Roseline Mezacasa, professora do Deinter/UNIR, que atua junto ao povo Makurap desde 2013, o documentário nasceu de demandas da própria comunidade e tem como objetivo registrar a luta pela preservação do idioma e da cultura, além de evidenciar o protagonismo de professores indígenas, lideranças e jovens.

“O estado de Rondônia abriga mais de 30 povos indígenas e é considerado o mais diverso linguisticamente do Brasil. No entanto, essa riqueza cultural ainda é pouco reconhecida fora dos territórios indígenas. O projeto visa preencher essa lacuna, promovendo maior visibilidade às línguas nativas”, afirma a professora.

Valorização cultural

Durante o encontro – que reuniu membros das Terras Indígenas Rio Branco e Rio Guaporé – rituais tradicionais, cantos sagrados e histórias ancestrais foram compartilhados por anciãos e anciãs Makurap.

Muitas dessas lideranças retornaram pela primeira vez ao território ancestral desde que foram removidos por órgãos indigenistas nos anos 1970, explicou a professora Roseline. E essa volta simbólica foi considerada um marco espiritual e cultural para a comunidade, fortalecendo o elo com a terra e reafirmando o compromisso coletivo com a preservação da língua Makurap.

Além do valor cultural, a produção tem caráter formativo e educativo. O projeto envolve professores indígenas, lideranças e jovens Makurap, que participam ativamente da equipe técnica do filme, adquirindo experiência profissional, fortalecendo redes locais de comunicação e ampliando suas oportunidades de geração de renda.

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Foto: Divulgação/UNIR

O curta também se articula com políticas públicas como o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (IPHAN), a Década Internacional das Línguas Indígenas (UNESCO) e a Lei 11.645/2008, que determina o ensino da história e da cultura indígena nas escolas brasileiras, além de dialogar com as Diretrizes Curriculares da Educação Escolar Indígena.

Com previsão de lançamento para novembro de 2025, ‘Ki Mõyen – Nossa Língua Makurap’ será exibido em escolas, universidades e festivais culturais de Rondônia, Paraíba, Santa Catarina e até em instituições internacionais. A proposta é contribuir para a valorização da diversidade linguística e fortalecer relações interculturais no Brasil e no mundo.

Veja como foi a produção:

*Com informações da UNIR

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