Catraieiros de Alter do Chão, os guardiões da travessia na Ilha do Amor

Catraieiros de Alter do Chão são Patrimônio Histórico-cultural Imaterial de Santarém. Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Alter do Chão, distrito de Santarém, no Pará, é conhecido por suas areias brancas, águas cristalinas e por ser a “Ilha do Amor”, cartão-postal da região. Mas, para chegar a esse paraíso amazônico, há um grupo de trabalhadores que desempenha um papel fundamental: os catraieiros.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Responsáveis por conduzir as pequenas canoas que fazem a travessia até a Ilha, os catraieiros são, para muitos visitantes, o primeiro contato com a hospitalidade da vila.

Mais do que um simples transporte, o serviço é parte da experiência turística de Alter, considerado patrimônio cultural imaterial e expressão viva da relação entre o povo ribeirinho e o Rio Tapajós.

Na alta temporada, o vai e vem das catraias colore as águas do Lago Verde. O embarque é rápido, mas a travessia se transforma em um passeio à parte, com a visão privilegiada da praia e da orla.

Leia também: 9 fatos curiosos sobre o “Caribe amazônico”: Alter do Chão

Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Durante as festividades do Sairé, uma das manifestações culturais mais antigas da Amazônia, o trabalho dos catraeiros ganha ainda mais importância. São eles que conduzem os símbolos do ritual religioso e transportam os participantes da festa, reforçando a ligação entre a prática profissional e as tradições culturais da comunidade.

Leia também: Sairé ou Çairé: qual é a grafia certa da famosa festa de Alter do Chão?

A rotina desses trabalhadores depende diretamente do Rio Tapajós. Quando o nível do rio está alto, no chamado ‘inverno amazônico’, as barracas da Ilha do Amor ficam submersas e a procura pelo serviço cai. Já no verão amazônico, quando as faixas de areia aparecem, os catraeiros veem o movimento aumentar, embora alguns visitantes arrisquem a travessia a pé ou a nado, atitude perigosa diante da força do rio.

Catraieiros de Alter do Chão
Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Reconhecimento dos catraieiros

O ofício dos catraieiros ultrapassa a dimensão econômica. Em 21 de março de 2022, a Câmara Municipal de Santarém aprovou o pedido de reconhecimento das matrizes tradicionais dessa prática, resultado de mobilização de entidades públicas e privadas.

A decisão representou um passo importante na valorização da atividade, que é vista como herança cultural e identidade do povo de Alter do Chão. Assim, a atividade foi declarada Patrimônio Histórico-cultural Imaterial
do município de Santarém.

Mais do que atravessar turistas até a Ilha do Amor, os catraieiros carregam histórias, tradições e a força de uma comunidade que tem no rio sua estrada e sua vida.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade