Iniciativa leva informação e garante acesso à memória e patrimônio cultural de Belém e do Pará, a centenas de estudantes da rede pública estadual
“Foi uma das aulas mais interessantes dos últimos meses e ainda tive a oportunidade de conhecer o espaço da Casa das Onze Janelas sem sair de casa. Acredito que essa é uma iniciativa muito importante, não só por deixar nossas aulas mais dinâmicas, mas porque dessa forma conseguimos absorver informações preciosas sobre nosso Estado”. Essa fala é de Jamile Rebeca Galiza, aluna do 1º ano do ensino médio no Instituto de Educação Estadual do Pará (IEEP), e sintetiza a importância da mais recente ação da Secretaria de Estado de Cultura (Secult): o projeto de Mediação Cultural Museu na Escola e Escola no Museu.
Visitas a museus e espaços culturais fazem parte do calendário de escolas, porém, com o cenário de crise sanitária, que se prolonga há mais de um ano, esse tipo de agenda se tornou um grande desafio. Para contornar a situação, desde a última quarta-feira (28), se o aluno não pode ir até o museu, a Secult leva o museu até o aluno, com aulas sobre as exposições abertas: Percurso da Arte Brasileira e a mostra Conversas, Resistência e Convergências.
De acordo com a diretora da Casa das Onze Janelas, SanChris Santos, até o momento, cerca de 800 estudantes têm visitas remotas agendadas com a iniciativa. Além disso, há possibilidade de abrir agenda para outras instituições aos sábados. “Estamos colocando em prática esse projeto, que faz parte do nosso planejamento e tem como finalidade estreitar as relações entre o museu, no caso, a Casa das Onze Janelas, e as escolas públicas e privadas. Se trata de mediações culturais educativas sobre as exposições, que podem ser associadas aos conhecimentos abordados pelas matérias de disciplina nas escolas”, pontua Sancris.
O projeto é realizado todas as quartas-feiras, das 10h às 11h, com turmas do primeiro ano das Escolas Estaduais IEEP, Artur Porto, Gonçalo Duarte e José Veríssimo. As aulas são ministradas pelo técnico do Sistema Integrado de Museus e Memórias (SIMM), que também é professor de artes da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), Saint-Clair Gonçalves. O educador utiliza um celular e uma plataforma de reuniões online, cedida pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior e Tecnológica (Sectet), para levar o museu para a casa de centenas de estudantes.
“Cultura e educação caminham juntas, uma não existe sem a outra, a gente não educa se não tiver uma dimensão cultural. E a gente também não conhece essa dimensão cultural, se não tiver um pé na educação. Os museus são grandes livros, mas não escritos por textos verbais e sim visuais. Agora, muito mais do que nunca, o museu está exercendo o seu papel de levar a educação não formal para dentro dos espaços de educação formal”, reforça o professor Saint-Clair Gonçalves.
Para o diretor do SIMM, Armando Sobral, a ação é resultado do planejamento feito por cada espaço do Sistema Integrado, anualmente, e abarca um conjunto de ações que tem como pano de fundo a educação patrimonial e a difusão das exposições do acervo, assim como outros projetos como “Obra Comentada”, “Museu de Bolso” e produtos veiculado pelas redes sociais, a exemplo do “Bora pro Museu”, “Encontros na Casa” e programas de estágios, feitos em parceria com as universidades.
“É claro que boa parte dessas ações tinha um caráter presencial e agora, por conta das circunstâncias sanitárias, tivemos que encontrar um formato remoto para que elas continuassem disponibilizadas. Esse conjunto integrado de ações reforça essa missão social do SIMM como um espaço de memória e também um espaço de conhecimento”, afirma Armando Sobral.