Qualquer conflito armado, independente de onde for, nos afeta diretamente pelo fato de que o Brasil é um país que possui acordos comerciais com praticamente o mundo inteiro.
Por mais que tenhamos a ideia de que uma guerra em outro continente não nos atinge economicamente, a realidade é diferente. Qualquer conflito armado, independente de onde for, nos afeta diretamente pelo fato de que o Brasil é um país que possui acordos comerciais com praticamente o mundo inteiro, seja com insumos, materiais, matérias-primas, equipamentos e serviços terceirizados.
A Rússia é detentora de 20% de fornecimento de todo o mundo. O Brasil entra nesse coeficiente, usando-o para a produção de pães e outros produtos alimentícios. Se houver a intensificação da guerra, a tendência é que esse fornecimento seja reduzido por questões operacionais logísticas e outras. Se isso ocorrer, o nosso pãozinho tende a ficar mais caro.
Haverá mais desemprego?
A tendência de entrarmos em mais um caos agravado de desemprego é baixa. É possível sim que ocorra algumas demissões pelo fato da guerra em si e suas engrenagens econômicas, entretanto, em curto prazo novas vagas serão criadas pelas novas ofertas nacionais que substituirão a cadeia de negócios que pode ser suspensa da Rússia. Exemplo: se os russos pararem de enviar fertilizantes para o nosso agronegócio, muitas empresas locais começarão a se preparar para atender essa lacuna que ficará em aberto. Com isso, toda a cadeia de geração de novas vagas será ativada.
De certa forma, essas novas ofertas nacionais vão repor os empregos que podem ser perdidos em casos de suspensão de exportações da Rússia para nós, entretanto, na prática pode não funcionar bem dessa forma. Se os Governos, tanto Federal, quanto Estadual, quanto Municipais, não agirem nesse momento com o intuito de fomentar e estimular esses novos negócios, nada vai fluir. E aí sim, teremos muito mais desemprego.
Como isso pode gerar novas contratações na região?
Com a possibilidade de redução de importações de insumos e matérias-primas russas, a tendência natural é que o Brasil comece a criar alternativas para atender o mercado interno, mesmo que seja com maiores preços devido a alta carga tributária existente. Esse atendimento ainda levará um tempo até que as empresas estejam preparadas para atender essa lacuna que pode surgir.
Considerado esse contexto de momento, as contratações internas tendem a aumentar para que os processos produtivos sejam feitos. Com isso, a área de serviços também tende a crescer nos setores de manutenções industriais, logística nacional, informática e automação, principalmente.
O fator crítico desse crescimento ainda será os achatamentos de salários, que estão girando em torno de 30 a 40% menor do que o período de 05 anos para trás. Entretanto, esse efeito é consequência da crise interna, não tendo qualquer ligação com o mercado externo da Rússia e Ucrânia.
E como achar essas empresas?
Quando pensamos sobre a procura de vagas, logo projetamos a ideia que empresas de RH são o foco. Entretanto, nem sempre é assim. Normalmente, empresas de terceirização de mão-de-obra atuam em processos seletivos em larga escala. Por exemplo: uma empresa quer contratar 40 auxiliares de produção. Considerando a estrutura necessária para uma seleção nesse porte, dificilmente farão internamente, tendo a atuação de uma empresa de RH.
Para o nível técnico, há um percentual de 30% que é direcionado para empresas de RH e 70% de processos seletivos internos. Nesse caso, pode procurar tanto um RH quanto a própria empresa contratante.
Para vagas direcionadas à gestão, a tendência é que os processos seletivos sejam feitos internamente pelo fato de requerer uma estrutura menor para a execução da contratação. Se esse for o seu caso, o ideal é que recorra diretamente a gestores(as) de setores ou profissionais de RH da própria empresa contratante. Culturalmente, não há terceirizações de cargos de gestão, a não ser que seja para fiscalizações de contratos, gestão de projetos ou gestão de marketing. No mais, todas as contratações tendem a serem diretas.
Funções que tendem a crescer com isso
As áreas que mais vão crescer são a industrial e de serviços. Para o setor do comércio, a projeção é que as contratações continuem no mesmo ritmo porque não possui influência direta sobre o momento da guerra.
Logística: Carregadores, Assistente Logístico, Assistente Administrativo, Supervisor de Logística e Gerente de Contas.
Manutenções industriais: Mecânicos, Eletricistas e Técnicos.
Automação: engenheiro de automação industrial, analista de projetos e desenvolvedores de sistemas.
Informática: técnicos.
Sobre o autor
Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Comentarista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.
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