Áreas de várzea são ‘calcanhar de Aquiles’ da Amazônia, afirmam pesquisadores

Foto: Divulgação/Idesam

Pesquisas científicas já indicaram a resiliência de florestas da Amazônia Central contra variações climáticas drásticas, como em grandes períodos de seca. Entretanto esse argumento tem sido questionado, principalmente pelas evidências de incêndios florestais proporcionados por secas recentes. Segundo pesquisadores internacionais, entre eles um da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), isso acontece principalmente em áreas de várzea da Amazônia. A pesquisa tenta entender porque essas áreas são tão vulneráveis ao calor.

Segundo artigo, a baixa resiliência ao fogo acontece em áreas de várzea pelo padrão de distribuição da cobertura florestal. Em resumo, as árvores são mais espaçadas uma das outras que em áreas densas de floresta, o que proporciona uma perda substancial de água e maior probabilidade de queima. “Informações de sensoriamento remoto para toda a Amazônia mostram que os incêndios de planícies de inundação têm um impacto mais forte e duradouro na estrutura da floresta e na fertilidade do solo”.

O estudo da sensibilidade climática da floresta amazônica é um tema central em várias pesquisas de mudanças climáticas. A preocupação de que a Floresta Amazônica pode nos próximos anos se tornar uma savana tem levado várias pesquisadores a entender melhor qual nível de adaptação da floresta em relação ao aumento da temperatura, previsto por pesquisas internacionais.

Dados apontam que aproximadamente um sétimo da Amazônia é inundado numa parte substancial do ano, fazendo com que todas as espécies de plantas, animais se diferem claramente das espécies de terra firme. Segundo a pesquisa, “todos os estudos até agora sugerem que isso é mais provável nas regiões periféricas do sul e leste da Amazônia, onde a precipitação é relativamente baixa e sazonal e o risco de incêndios é maior”. Sendo assim Estados como Pará, Mato Grosso e Pará correm os maiores riscos com queimadas em áreas de floresta.

A pesquisa mostra que áreas de várzea são extremamente propensas em extremos climáticos a perder a massa florestal para queimadas isso porque essas regiões têm uma lenta rebrota de árvores e perdem com facilidade a fertilidade do solo. Além disso o artigo aponta as florestas de terra firme não é tão resiliente quanto os pesquisadores imaginavam. Na verdade segundo os resultados da pesquisa, média anual de chuvas abaixo dos 1000 milímetros poderia começar um processo de autotransformação de florestas em savanas em pouco mais que alguns anos.

Segundo a pesquisa ainda, o aumento de incêndios, principalmente causados pelo homem, podem estar ameaçando o futuro da floresta. A partir do aumento de queimadas e a transformação de floresta em savanas isso vai influenciar cada vez mais num ciclo climático mais extremo possibilitando mais queimadas, e levando um ciclo que pode destruir boa parte da floresta ao longo do tempo. “Embora as planícies de inundação cubram apenas 14% da bacia amazônica, seus incêndios podem ter efeitos de cascata substanciais, porque florestas e turfeiras podem liberar grandes quantidades de carbono e os incêndios podem se espalhar para terras firmes adjacentes. As planícies de inundação são assim um calcanhar de Aquiles do sistema amazônico, um risco de transições em grande escala conduzidas pelo clima”, finaliza o artigo.

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