Variedade do cacau e do chocolate paraense desponta em festival na Bahia

Das barras rústicas às refinadas, produtos orgânicos e diferenciados como o nibs de cacau embrulhado na própria folha da árvore do fruto nativo da Amazônia, o cacau e o chocolate genuinamente paraenses chamam a atenção do grande público da 11ª edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau de Ilhéus, no sul da Bahia, evento aberto na quinta-feira (18) e que segue até o próximo domingo (21), no Centro de Convenções do município.

Produtores de cooperativas do chamado polo cacaueiro da Transamazônica, região que concentra 75% da produção estadual, integram a caravana do Pará, com empreendimentos solidários das cidades de Anapu, Brasil Novo, Vitória do Xingu, Uruará e Altamira, onde fica a central que recebe toda a produção dos cooperados. Além disso, os lançamentos de empresas como a Chocolates Cacauway, Filha do Combu e Nayah – Sabores da Amazônia integram a comitiva, empreendimentos que apresentam tecnologia agregada.

Foto: Divulgação

“A Filha do Combu e a Cacau Way partem da árvore até o chocolate fino, e a Nayah parte da amêndoa e tem inovações com matérias-primas como o açaí e o cupuaçu que além de agregar valor a seus produtos, difundem os nomes Pará e Amazônia com diferencial, é isso que a gente precisa para ter um chocolate competitivo com a marca do Pará”, observou o engenheiro de Alimentos, professor doutor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Jesus Souza, que acompanha a comitiva paraense.Morador de Pacajá, no sudoeste paraense e cerca de 600 Km de Belém, o agricultor familiar Jader Adriano da Silva Santos, integra o grupo de cinco cooperativas da Transamazônica representado no Festival de Ilhéus.”Toda nossa produção é orgânica, a gente trabalha com mandioca, banana, também com piscicultura mas o carro-chefe é o cacau. Só que a gente quer dar um passo adiante, avançar, não quer apenas a amêndoa, a gente quer mesmo é o chocolate fino”, afirmou Jader Santos.

Ele contou que a ideia das cooperativas é ganhar força e dispensar, por exemplo, a figura dos atravessadores que acabam ficando com a maior remuneração da produção. “Vou dar só um exemplo, o quilo da amêndoa do cacau sai a R$ 9,50, se a gente negociar com o atravessador, pela nossa cooperativa, o produtor consegue R$ 16”, disse.

“Temos três caminhões. Estou feliz de estar aqui aprendendo, ainda bem que esse novo governo do Pará está junto com a gente”, frisou Jader Santos, que desde a última terça-feira (16), participa em Ilhéus da missão oficial do Pará, em visitas às fazendas e empresas baianas, conhecendo as tendências atuais, processos produtivos e novos modelos de negócios.

O experiente produtor de cacau, em Camacan, município vizinho a Ilhéus, Guilherme Mouro, se impressionou com a produção paraense. “Acabei de provar aqui um produto interessantíssimo, o cacau forasteiro que geralmente é um cacau um pouco mais forte, e para a proposta de um chocolate intenso, ele é um produto suave, equilibrado, já provei o cacau forasteiro muito árido, mas esse me surpreendeu”, assegurou Guilherme, referindo-se às barras artesanais da Filha de Combu, de Izete Costa, mais conhecida em Belém como a dona Nena, do Combu.

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