Migração venezuelana influencia no crescimento populacional de Roraima, o maior do país

Impulsionado pela migração do país vizinho, Roraima apresentou crescimento de 3,07% em 2025, segundo nova estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Migrante venezuelano chega em Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

A população de Roraima cresceu 3,07% em um ano e chegou a 738.772 mil habitantes, segundo uma nova estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no dia 28 de agosto. O estado registrou o maior crescimento populacional do Brasil em 2025, impulsionado principalmente pela migração de venezuelanos.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Os dados consideram a contagem de pessoas até o dia 1º de julho de 2025. Se comparado ao ano anterior, o estado ganhou 21.979 novos moradores . Até a última estimativa, divulgada em 2024, ele tinha 716.793 habitantes.

Contexto da migração em Roraima

Roraima é, desde 2015, a principal porta de entrada para venezuelanos que buscam melhores condições de vida no país. Desde que a migração venezuelana para o Brasil começou, mais de 1 milhão de pessoas cruzaram a fronteira, e mais da metade permanece no país, atraída pela política brasileira de acolhimento e interiorização.

De acordo com o assessor técnico especializado do IBGE em Roraima, Eduardo Vasconcelos Garcia Frigério, o crescimento tem sido impulsionado pelo fluxo migratório e os dados apontam para uma tendência.

“[É] pelo fluxo migratório das pessoas que chegam aqui em Roraima da Venezuela. Esse fator vai continuar impactando, com certeza, porque ele apareceu no Censo [2022] e é considerado nas estimativas dos anos seguintes, a não ser que aconteça alguma coisa significativa, que exigiria outros métodos para calcular”, explicou Frigério em entrevista ao Grupo Rede Amazônica.

migração venezuelanos roraima
Migrantes venezuelanos em Pacaraima, cidade de Roraima na fronteira do Brasil com a Venezuela. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

Localizado na fronteira com a Venezuela, o município de Pacaraima registrou a maior taxa de crescimento populacional de Roraima: 4,6%. A cidade passou de 22.104 mil habitantes em 2024 para 23.112 mil neste ano.

Na sequência estão:

  • Uiramutã — 3,9%;
  • Normandia — 3,7%;
  • Amajari — 3,4%.

Enquanto isso, os menores crescimentos foram registrados em São Luiz, que apresentou taxa de 0,9%, Caracaraí (1,4%) e Iracema (1,5%), no Sul do estado.

Leia também: Em 10 anos, mais de 9 mil indígenas venezuelanos migraram para o Brasil

Segundo os dados, Boa Vista continua sendo o município mais populoso do estado, com 485.477 mil habitantes — 65% do total da população de Roraima. Em 2024, eram 470.169 mil pessoas vivendo na capital, uma alta de 3,3% em 2025. Ela apresentou a maior taxa de crescimento entre as capitais brasileiras.

Em relação a população, Boa Vista é seguida dos municípios de Rorainópolis, com 37.787 mil habitantes; Alto Alegre, com 23.589 mil moradores; e Pacaraima, com 23.112 mil (veja a lista completa abaixo).

População por município em Roraima

MunicípioPopulação 2024População 2025Variação (%)
Amajari15.58316.1123,4%
Alto Alegre23.04923.5892,3%
Boa Vista470.169485.4773,3%
Bonfim15.22215.5702,3%
Cantá20.55221.1022,7%
Caracaraí22.44322.7501,4%
Caroebe11.70812.0042,5%
Iracema10.77810.9371,5%
Mucajaí19.61920.0062,0%
Normandia15.74416.3233,7%
Pacaraima22.10423.1124,6%
Rorainópolis36.74737.7872,8%
São João da Baliza9.7279.9692,5%
São Luiz7.7777.8480,9%
Uiramutã15.57116.1863,9%

Fonte: IBGE

Apesar do crescimento populacional, Roraima ainda é o estado com a menor população do país. Os mais populosos são: São Paulo, com 46.081.801 milhões de pessoas, seguido de Minas Gerais e o Rio de Janeiro, com 21.393.441 milhões e 17.223.547 milhões de habitantes, respectivamente.

Em todo o Brasil, a população é estimada em 213.421.037 de habitantes, uma alta de 0,39% em relação a última estimativa de 2024. Apesar do avanço populacional, o IBGE projeta que o número de brasileiros irá começar a encolher em 2042, seis anos antes do que era previsto até 2018.

O Censo é uma contagem de pessoas e domicílios, enquanto as estimativas englobam outros indicadores, como taxas de nascimento, mortalidade e migração. Os dados servem como referência para vários indicadores sociais, econômicos e demográficos do país.

Além disso, são um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo dos fundos de participações de estados e municípios — por meio dos quais a União distribui recursos.

*Por Yara Ramalho, da Rede Amazônica RR

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Comissão de Direitos Humanos aprova criação da Política Nacional de Segurança dos Povos Indígenas

A proposta reafirma competências de vários órgãos de Estado relacionadas ao combate à violência contra os povos indígenas.

Leia também

Publicidade