Passeata dos 100 mil, contra a ditadura militar. Foto: Evandro Teixeira (26/06/1968)
Por Walace SO*
Buenas bela Manaus, depois de um recesso retorno das bandas do Rio Madeira em terras amazônidas. Em 13/12/1968 foi decretado o terrível AI-5, um dos momentos mais nefastos da história brasileira e contra a Democracia e Estado de Direito. E para refletir, compartilho um trecho de Chico Buarque de Holanda:
“Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria-mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos
Erravam cegos pelo continente
Levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais”
Não podemos esquecer todo mal da ditadura militar e sua nefasta herança, que hoje ainda é viva. Aqueles que estavam nos porões e nos esgotos, hoje andam com a arma numa mão, a bíblia na outra e com a bandeira no ombro.
Esses falsos “homens de bem” são arautos do apocalipse e defensores do terror. Nossa democracia ainda engatinha, mas um dia será adulta e consciente. Lutar contra as instituições republicanas é um projeto do autoritarismo, resistir a ele e construir o diálogo institucional não é fácil. Deixamos de ser o país dos coronéis para sermos o país dos “pastores”, e em ambos o “curral eleitoral” é a prática. O primeiro alimentado pelo medo, o segundo pela ignorância.
A república brasileira foi anunciada, mas ela precisa de fato ser proclamada e vivida em sua essência e plenitude. Caso contrário seremos o país das milícias, onde religiosos abençoam armas e se dizem defensores da vida.
Bora refletir!
Sobre o autor
Walace Soares de Oliveira é cientista social pela UEL/PR, mestre em educação pela UEL/PR e doutor em ciência da informação pela USP/SP, professor de sociologia do Instituto Federal de Rondônia (IFRO).
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