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Inverno amazônico na verdade é verão; entenda por quê

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O “inverno amazônico” nada mais é que uma expressão que se popularizou, mas do ponto de vista científico o período entre dezembro e maio é verão.

Chega o fim do ano e as chuvas se intensificam em Estados como o Pará e o Amazonas. O céu mais nublado e a temperatura mais branda indicam características de que o período conhecido como ‘Inverno amazônico’ está chegando. Mas, afinal, é inverno mesmo? 

Segundo o meteorologista e professor na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Hildo Giuseppe, não, não é inverno. O “inverno amazônico” nada mais é que uma expressão que se popularizou, mas do ponto de vista científico estamos no verão.

O professor conta que no hemisfério sul do planeta, o período que vai de dezembro a maio é considerado verão, por conta da radiação solar mais intensa, por isso chove mais. “Aqui na região temos muitos rios, e quando há muita energia solar, evapora muita água, formando assim nuvens que vão condensar e precipitar. E assim fica nesse ciclo, precipita, cai a chuva, evapora e forma a nuvem novamente, o que é comum nesse período, justamente pela maior incidência de radiação solar”, explica.

Foto Ricardo Amanajás/Agência Pará

Segundo Giuseppe, é muito comum se falar de “inverno amazônico” justamente pela maior formação de nuvens e maior quantidade de chuvas. Do ponto de vista climatológico, não existe uma variação nas estações do ano, ou seja, elas têm uma data para começar e terminar.

“Nós, climatologistas, não gostamos do termo ‘inverno amazônico’ porque já é definido o verão na climatologia, mas quando se trata de demonstrar como é a variabilidade dos diversos climas ao redor do globo, existem especificações provenientes de cada município e cada região, e no caso da região amazônica, é muito comum se falar de inverno amazônico. É uma questão mesmo de nomenclatura para adaptar esse conceito com relação ao padrão local, mas, corretamente, estamos durante o verão no hemisfério sul. De acordo com o movimento de translação da terra, movimento que o planeta faz ao redor do sol, existem períodos que estamos mais próximos da estrela, e a terra recebe maior radiação solar, o que configura o chamado verão climatológico, que é o período que estamos começando a passar agora”, 

esclarece o meteorologista.

Hildo Giuseppe diz ainda que o período em que as chuvas são mais intensas costuma ocorrer de dezembro até maio, meses que concentram a maior quantidade de chuva, mas na região amazônica até em outros períodos é comum chover mais que em outras regiões do país.

“Nesse período […] há uma maior concentração das chuvas de dezembro até por volta de maio, o que em porcentagem representa que em torno de 65% a 70% das chuvas do ano se concentram nesses meses, e o resto é distribuído ao longo do ano. Mesmo nos períodos mais “secos”, ainda ocorre uma quantidade significativa de chuvas”, diz. Segundo ele, isso ocorre em função da formação que a região tem – a formação das florestas.

E pode até parecer que as chuvas começam a ficar intensas um pouco antes do previsto, como no mês de novembro, quando começa a chover mais. Segundo o professor, é o chamado período de transição. “Não é atípico, espera-se que nesse mês de novembro, que antecede o início do verão no hemisfério sul, já comece ocorrer o que chamamos de mês de transição na meteorologia, ou seja, um mês que já começa a se preparar para a entrada de novos sistemas atmosféricos nessa região, e provocar, justamente o aumento da incidência de chuvas nesse período”, diz.

E se você sente que fica mais quente depois que chove, aquela sensação comum de de que o clima fica mais abafado, saiba que isso é comum, especialmente em capitais, região onde existe uma grande quantidade de edificações.

“Isso faz com que ocorra uma espécie de tampão, ou seja, aquele vapor que deveria ser transportado de forma mais rápida para as altas camadas da atmosfera, acaba se aprisionando em uma grande parte. Isso causa uma sensação maior de calor, que a gente chama de aprisionamento, bem parecido com o efeito estufa, onde esse calor não se dissipa de forma rápida e causa essa sensação de abafamento”, 

explica o professor.

Clima e tempo

Existe uma diferença entre clima e tempo, e isso está ligado diretamente à previsão feita diariamente e ao conhecimento do clima de uma região. “Quando você monta uma estação pra fazer um monitoramento, e ele ocorre de forma instantânea a gente chama de tempo, aí sai os informativos de tempo nos jornais, a conhecida previsão do tempo, para a população se preparar. Já quando a gente fala em relação a sazonalidade, o clima, a gente fala com referência a vários anos, aí vem a climatologia, que segundo a Organização Mundial de Meteorologia leva em torno de 30 anos para avaliar. Então durante esse tempo que vai se conhecer as condições de clima de uma região”, explica o professor.

E já conhecendo o clima da região metropolitana de Belém e amazônica, o professor alerta que é bom se preparar para as chuvas que já começaram, e para os transtornos típicos que elas causam.

“O alerta que o Instituto Nacional de Meteorologia vem fazendo, atualiza a cada previsão, e segundo as análises feitas diariamente, existe a possibilidade de chuvas além do padrão tido como normal, ficar um pouquinho acima. A ideia é que a população se prepare, principalmente para os transtornos que ocorrem durante o período de maior quantidade de chuvas”, finaliza.

Cosmonauta russo surpreende com registro da extensão do rio Amazonas; veja as fotos

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Oleg Artemiev já havia registrado o Bailique, no Amapá, e compartilhou mais de seus cliques da Amazônia feitos da Estação Espacial Internacional.

O cosmonauta russo Oleg Artemiev ficou popular na Amazônia depois de compartilhar uma filmagem do espaço em que registrou o momento de sua passagem pela região ao som de ‘Mas que nada’, de Jorge Ben Jor, como trilha sonora. O vídeo, publicado na rede social dele, chamou a atenção dos brasileiros com imagens do Arquipélago do Bailique, no Amapá.

Leia também: Cosmonauta russo filma e divulga imagens do Arquipélago do Bailique, no Amapá

O fato ocorreu em agosto, mas o cosmonauta voltou a surpreender os internautas nesta quinta-feira (17) ao mostrar seus novos registros da Amazônia: fotos do rio Amazonas visto da Estação Espacial Internacional (ISS) – sigla em inglês -, inclusive do encontro com o rio Japurá, no Estado do Amazonas.

Foto: Reprodução/Instagram-olegmks

Na publicação, que conta com nove imagens, Oleg escreveu: “O rio Amazonas parece absolutamente incrível da ISS. AMAZON! Concorda?”. 

Saiba para quê serve e quais os benefícios do cumaru, a baunilha da Amazônia

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Diversos estudos apontam que o potencial da planta engloba frutos, sementes, flores e tronco, o que colabora para sua fama internacional. 

O cumaru (Dipteryx odorata) é uma planta exclusiva da floresta pluvial Amazônica – do Acre até o Maranhão – e suas sementes são muito populares na gastronomia. Tanto, que ganharam fama por serem conhecidas como a “baunilha brasileira”.

E apesar de seu nome já ser bem conhecido, ainda possui diversos outros, conforme o Laboratório de Produtos Florestais:

Baru, Camaru-ferro, Cambaru, Cambaru-ferro, Catinga-de-boi, Champagne, Champanha, Combari, Coração-de-negro, Cumari, Cumaru-amarelo, Cumaru-da-folha-grande, Cumaru-de-cheiro, Cumaru-do-amazonas, Cumaru-escuro, Cumaru-ferro, Cumaru-rosa, Cumaru-roxo, Cumaru-verdadeiro, Cumarurana, Cumaruzeiro, Cumbari, Cumbaru, Cumbaru-ferro, Cumbaru-roxo, Emburama-brava, Fava-tonca, Fava tonka, Tonka beans, Faveira-tonca, Ipê-cumaru, Kumbaru, Muimapajé, Muirapapé, Muirapayé, Paru, Sacupembinha, Sapucaia, Sucupira e Sucupiramirim.

Sementes secas de cumaru. Foto: Fred Beneson/’Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Norte’

Potência

Foto: Reprodução/LPF

Diversos estudos apontam que o potencial da planta engloba frutos, sementes, flores e tronco. As sementes, com cheiro adocicado, são muito apreciadas em sobremesas, deixando-as perfumadas. E é justamente seu rendimento na gastronomia que a diferencia da baunilha comum: uma fava sua pode aromatizar mais ou menos dois litros de cremes ou de leite, o que corresponde a duas favas de baunilha. Por isso, pode substituir a baunilha em receitas que levam leite, como pudins, bolos, tortas e, além de outras receitas, até mesmo cerveja.


Esse é um dos fatores que colaboraram para sua fama internacional. “A comercialização de sementes de cumaru nos municípios de Santarém e Alenquer, Estado do Pará, ocorre a mais de 30 anos, com média anual de 5700kg, sendo essa semente destinada ao mercado brasileiro, bem como Japão, Estados Unidos e Europa”, destaca a publicação ‘Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Norte’, do Ministério do Meio Ambiente.

Mas seu perfume não fica somente nas receitas, pois também é possível encontrá-lo em óleos essenciais, perfumes e cosméticos.  A espécie está entre as principais da Amazônia utilizadas na indústria cosmética, sobretudo a semente, a qual fornece um extrato com odor agradável e adocicado. Além de seu perfume, a cumarina (anidrido cumarínico, princípio ativo dessa planta – essência aromática usada como narcótico e estimulante, obtido a partir das sementes) também funciona como fixadora de essências e é largamente utilizada com este propósito na perfumaria. “Alguns exemplos de perfumes reconhecidos que utilizam a cumarina ou o extrato de cumaru são ‘Dune’ de Christian Dior, ‘Armand Basi’ e ‘Pela Luz dos Olhos Teus’ da Avon, e o desodorante ‘Frescor Ekos Cumaru’, da Natura“, destaca a publicação.

“As sementes de cumaru, conhecidas como fava tonka na Europa, foram amplamente procuradas como fonte de cumarina e o Pará alcançou em 1913 uma exportação de 42.298kg, quando a mesma foi procurada para aromatizar tabaco nos Estados Unidos, porém sua importância comercial decaiu consideravelmente, após a descoberta da cumarina sintética”, informam os autores.

Outro potencial das sementes de D. odorata, que possuem entre 34% e 40% de um óleo amarelo claro que contém ácidos graxos como o ácido linoleico, entre outros componentes importantes para a saúde, também envolve medicamentos. É descrito o uso do fruto na medicina tradicional, sendo eficaz no alívio da dor de ouvido e no tratamento da pneumonia.

Também ganha destaque na medicina tradicional como um tonificante natural para o coração, ajuda a aliviar os sintomas da asma, consegue facilitar o fluxo menstrual – diminui a cólica, entre outras funções, mas é preciso frisar que pode ser tóxica se consumida em grandes quantidade e seu consumo deve ser orientado por médicos.

“Araújo et al. (2004) ressaltam que a cumarina possui um grande potencial de produção e mercado consumidor e que projetos e empresas incentivam a fabricação de produtos com matérias-primas da Amazônia, apoiando o desenvolvimento sustentável da região, mas um dos maiores obstáculos de produção de cumarina encontra-se no manuseio e cuidados com a saúde do trabalhador na fábrica de extração, uma vez que a cumarina não pode ser ingerida ou inalada”, esclarecem.

Vale destacar ainda, que a madeira da árvore de cumaru é explorada comercialmente devido a qualidade dos móveis obtidos a partir dessa matéria-prima e também nas construções navais e civil

Conservação da espécie 

De acordo com os autores, o plantio de D. odorata “é importante e deve ser estimulado, uma vez que, apesar de não ser uma espécie ameaçada em extinção, em florestas naturais a densidade de plantas não ultrapassa três indivíduos por hectare (Rêgo, 2014)”.

A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desenvolveu marcadores moleculares para espécies nativas e, em torno de 23 espécies, já possuem marcadores SSR desenvolvidos, tanto para caracterização quanto para estudo de genética de populações, incluindo a espécie D. odorata, que possui grande potencial econômico, uma vez que essa espécie possui tantas aplicações. “Dessa forma, estudos de viabilidade produtiva, assim como de conservação da espécie são importantes para o desenvolvimento regional”, afirmam.

“Pastore-Junior e Borges (1998) destacam que um estudo mais aprofundado do mercado de cumaru pode ajudar a entender como é possível estimular a demanda e agregar valor ao produto regional, com preços de mercado competitivos frente aos substitutivos já existentes no mercado”, concluem.

5 receitas amazônicas para fazer no Dia dos Namorados

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A Amazônia oferece infinitas possibilidades de uso para os “ingredientes” da floresta. Seus frutos, legumes e até flores tem sido explorados por chefs de cozinha que, a cada ano, criam novas formas de incorporar tais ingredientes ou até mesmo perpetuam receitas até mesmo com releituras. E a data mais romântica do calendário, o Dia dos Namorados, 12 de junho, pode ser um dia para aprender a cozinhar essas delícias juntos ou surpreender o par.

O Portal Amazônia selecionou algumas opções simples para fazer na data. Confira:

Receita de Churros de Queijo Coalho

Que tal começar com um aperitivo feito com queijo coalho ensinado pelo chef Beto Sodré?

Veja a receita completa:  Churros de queijo coalho

Foto: Divulgação

Carbonara Macuxi

Uma sugestão para o prato principal é o Carbonara Macuxi. O chef Jorge Augusto Cardoso garante que é fácil de fazer e fica pronto em meia hora.

Veja a receita completa: Carbonara Macuxi
Foto: Divulgação

Caldo Erotizante de cabeça de piranha

Essa receita é bem mais elaborada. O caldo da cabeça da piranha é um alimento tido como afrodisíaco porque as cabeças das piranhas tem uma grande quantidade de fósforo, elemento estimulante da libido. Segundo a cultura ribeirinha quem come fica pronto para o amor.

Veja a receita completa: Caldo da cabeça da piranha

Foto: Divulgação

Pudim de açaí

Açaí é sem dúvidas um dos frutos preferidos dos amazônidas. Então que tal combiná-lo com uma sobremesa queridinha dos brasileiros? A sugestão é o pudim de açaí.

Veja a receita completa: Pudim de açaí

Foto: Reprodução/Twitter-Rodrigo Hilbert

Amor-perfeito

O biscoito artesanal Amor-perfeito é apreciado há mais de 100 anos no Tocantins. A receita é bem simples e perfeita para os casais celebrarem o amor.

Veja a receita completa: Amor-perfeito

Foto: Emerson Silva/Governo do Tocantins

A importância da leitura no contexto familiar

Foto: Sabrina Eickhoff via Pixabay

O ambiente familiar e as experiências que a criança vive em seu dia a dia têm grande influência no seu desenvolvimento. Isso é verdade também no que diz respeito à leitura: o hábito de ler em família ajuda no desempenho escolar durante a infância, contribuindo para a aprendizagem ao longo da vida.

Crianças que são incentivadas a ler em casa chegam à escola com um repertório vocabular mais rico, são mais sociáveis e mais criativas.

 Por meio da leitura, a criança desenvolve a curiosidade e inicia um mundo de novas descobertas, como: sons, cores e sabores, além de habilidades cognitivas e sociais. Por isso a importância de introduzir livros no cotidiano já nos primeiros anos de vida. A criança viaja no mundo da imaginação e se sente parte da história.

A criança que adquire o hábito da leitura em casa, geralmente, é mais participativa, tem mais facilidade de se colocar no lugar do outro, demonstra uma imaginação fértil e mais facilidade em partilhar objetos, espaços e conhecimentos. Em geral, a criança que não teve a mesma vivência pode ter mais dificuldade em se expor e apresentar um comportamento mais tímido.

Os pais devem incentivar o contato dos filhos com os livros desde muito cedo. Devem ler para os filhos em vários momentos. Podem deixar os filhos manusearem os livros de plástico na hora do banho, enquanto lêem uma história, como também criar o momento da leitura antes da criança dormir. Assim, os pais cultivarão o hábito da leitura diariamente.

É importante a criança ter uma estante com seus livros para que ela possa escolher qual livro deseja ler. Mesmo que a criança ainda não seja alfabetizada, os pais podem fazer a leitura mostrando as ilustrações do livro e incentivando a interação com a história.

A leitura em família é prazerosa por ser estabelecida através dos laços afetivos, além de não ter a obrigatoriedade que muitas vezes a escola estabelece. Em casa a leitura é inserida dentro de um contexto do brincar, que está ligado diretamente ao prazer. Outro fator importante é quando os pais se colocam no papel de contadores de histórias, trazendo a vivência para a criança de forma lúdica. A troca afetiva, nesses momentos, serão eternizados na memória e no coração da criança até a vida adulta.

Em casa, o hábito da leitura se constrói de forma natural e efetiva. Esta vivência, em família, é fundamental para despertar o gosto pela leitura. O resultado é que, iniciando a vida escolar, esta criança terá mais intimidade com as letras, sons, formas, cores e todas as possibilidades de descoberta que um livro oferece. Sua imaginação e criatividade já foram estimuladas. Também terá mais facilidade em lidar com a diversidade e a pluralidade cultural do ambiente escolar.

O hábito da leitura é encorajador e tem o poder de abrir horizontes e levar as crianças a desbravar o mundo e suas inúmeras possibilidades. A família tem um papel fundamental nesse processo.

Sobre a autora

Ana Cecília Marques é Pedagoga, Mestra em Educação (Universidade Federal do Amazonas) e Neuropsicopedagoga (Faculdade Martha Falcão). Atua como Docente no Ensino Superior e Consultora Educacional.

*O conteúdo é de responsabilidade da colunista 

​’Acreanês’: conheça algumas das expressões mais usadas pelos acreanos

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Viver no Acre tem suas particularidades. Muitos imigrantes nordestinos buscaram na região o sonho de uma vida melhor. Com eles, trouxeram também um pouco da cultura de outros Estados. E dessa mistura de crenças, hábitos e tradições, começou a surgir um vocabulário próprio: o “acreanês”.

Veja se você entende: “Bom mesmo seria que eu ‘xiringasse’ uma ‘ruma’ de palavras que não faz sentido algum para quem não mora aqui no Estado. Aí depois, já que ninguém entendeu nada ‘mermo’, o bom seria ir para um ‘piseiro’ e ‘espocar’ de vez o meu vocabulário”.

E olha que esses são apenas alguns dos termos mais comuns e tem muito mais como esses espalhados pelas conversas por aí.  Mas vamos traduzir o que foi dito:

Mas, afinal, qual é a importância e a origem dessas palavras típicas de cada região? Definidas como fenômeno linguístico, elas são empregadas em determinados grupos sociais. No caso das gírias típicas de Estados, o único diferencial é que o grau de aceitação ganhou uma amplitude ainda maior.

O especialista em lexicologia (ciência que estuda uma grande quantidade de palavras de um determinado idioma sobre diversos aspectos), Alexandre Melo, explica que esses termos são importantes porque marcam uma determinada região. Alguns se tornam tão presentes, que acabam incorporados ao vocabulário e até passam a ser encontrados em dicionários da língua portuguesa.

“Existe o vocabulário regional, que não necessariamente é uma gíria porque ela ganha força e permanece no vocabulário. Aí falamos que esse é um vocabulário regional e existem as gírias que são mais ou menos temporárias. Então nós temos as palavras próprias do Acre e, portanto, uma característica, um perfil léxico do povo acreano”, esclarece o professor. 

Caroço de açaí é testado como fonte de energia renovável no Pará

Estudo tem como objetivo transformar o resíduo da fruta em combustível para ser usado em escala industrial.

A Hydro está investindo para usar nas caldeiras da Alunorte uma energia renovável com ampla oferta no Pará: o caroço do açaí. Em parceria com a Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA), tem sido avaliada da viabilidade técnica-econômica do uso desse resíduo como combustível nas caldeiras da Alunorte, refinaria de alumina, localizada em Barcarena (PA). 

O Pará lidera a produção e a exportação mundial da polpa da fruta e alcançou a produção de cerca de 1,1 milhão de toneladas em 2019, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento do Pará (Sedap). Com duração de um ano e investimento de cerca de R$ 500 mil, a pesquisa analisará os requisitos técnicos e logísticos para uso do caroço em escala industrial, além de estudar o aspecto social e ambiental do uso do caroço do açaí como um combustível renovável. 

Para produção da polpa do açaí, o caroço é descartado e, caso os resultados da pesquisa sejam positivos, esta será a primeira aplicação deste resíduo em escala industrial. O caroço da fruta já é reaproveitado atualmente em menor escala em outros setores. O uso do caroço em uma refinaria de alumina pode representar uma nova possibilidade para o seu ciclo econômico. 

Foto: Divulgação

Ao todo, 11 pesquisadores estarão envolvidos diretamente neste estudo e haverá também uma análise para entender os desafios da cadeia de suprimento e da sazonalidade do produto. O trabalho integrado entre diferentes grupos é necessário em virtude da complexidade da cadeia produtiva do açaí no Pará, e da necessidade de destinação apropriada do resíduo dessa produção, que não possui um processo de destinação padronizado de ponta a ponta.

Caso o estudo comprove a viabilidade da utilização do caroço do açaí como fonte de energia alternativa, abre-se a possibilidade de dar uma destinação ao resíduo, que pode vir a se tornar um subproduto dentro da sua cadeia produtiva.

“É um trabalho em simbiose da indústria do açaí e da indústria de alumínio, com a possibilidade de usar o resíduo da produção da polpa da fruta para atender à demanda por fontes renováveis de energia na nossa refinaria. A viabilidade desse estudo, se provada, traz a importante solução para a destinação do resíduo do açaí, mas também gera outros benefícios como potencial de redução de emissões na operação e impacto positivo no desenvolvimento do território onde a Hydro atua”, afirma o gerente executivo de Projetos de Energias Renováveis da Hydro, Sergio Ferreira.

“O caroço de açaí é 90% em massa do fruto de açaí. Isso significa que em 2019 foi descartado um milhão de toneladas de caroço, o que permite gerar continuamente durante um ano 160 MW de eletricidade. Atualmente esse resíduo é um passivo ambiental, que poderá ser convertido num biocombustível renovável com valor agregado e capaz de promover uma nova atividade econômica: a produção de bio-eletricidade”, informou o professor titular da UFPA-FEM, Manoel Nogueira.

Foto: Divulgação

Convênio de pesquisas

A utilização de rejeitos industriais já é pauta de pesquisas realizadas pela Hydro dentro do convênio com a UFPA, como os estudos de 2020 da produção de cimento e de agregado sintético, ambas com o resíduo oriundo do refino da bauxita, gerado na Alunorte; e de 2021, o estudo da viabilidade do uso do rejeito do minério da mina de bauxita da Hydro, em Paragominas (PA), para a produção de telhas, tijolos, materiais refratários, cimento de baixo carbono e até um plástico biodegradável.

Há também outros três projetos de inovação no combate à Covid-19 que estão em andamento: produção de respiradores de baixo custo, estudos de efeitos psicológicos durante a pandemia e uso da ciência de dados para criar modelos epidemiológicos. 

O réveillon nosso de cada dia

Comemoramos um novo ano, desejosos que não seja apenas uma virada de calendário. Ansiamos por uma nova vida, quando todos os nossos maiores desejos serão realizados.

Se tudo evolui e reevolui em ciclos, como nos ensina o filósofo Mokiti Okada, seria natural que comemorássemos o fim de cada um deles, compreendendo que o final de um ciclo representa também o início de um novo, mais um passo de evolução. Seria como transformar o final de qualquer ciclo em uma espécie de um réveillon.

Mesmo que imaginários, haveria fogos de artifícios, esperanças renovadas e mensagens positivas para todo o universo, e não apenas para os que amamos. Seriam merecedores de nossos melhores sentimentos, inclusive, os que nos fizeram isto ou aquilo, pois não queremos carregar mágoas e ressentimentos para o novo ano, assim como não levaríamos sujeiras para uma nova residência.

Comemoramos um novo ano, desejosos que não seja apenas uma virada de calendário. Ansiamos por uma nova vida, quando todos os nossos maiores desejos serão realizados. Todas as nações, raças, culturas e pessoas de qualquer faixa etária comemoram a chegada de um novo ano. Mesmo que videntes façam trágicas profecias, comuns a cada vez, não é o momento de ouvi-los. É hora de esperança, de otimismo e de fé. 

Foto: Reprodução/Freepik

Fico imaginando como seria se conseguíssemos estender este espírito do réveillon para outros ciclos. A cada dia, viveríamos um novo renascimento. Agradeceríamos a Deus por mais esta oportunidade. À noite, repassaríamos o que desfrutamos e novamente sentiríamos gratidão, valorizando cada acontecimento, fossem os agradáveis ou não. Mesmo nos dias mais difíceis, nos lembraríamos que o ultrapassamos e que amanhã seria um novo dia.

A semana ganharia um novo significado, pois perceberíamos que, a cada 7 dias, todos úteis, inicia-se uma nova etapa e, para a maior parte das pessoas, o direito a um respiro para um descanso. O mês também ganharia um novo olhar, quase que um meio réveillon. Não apenas um ciclo de contas a pagar ou valores a receber. Em um período de 12 meses, valorizaríamos as 4 estações, em que a natureza reforça continuamente o princípio não linear de que tudo evolui e reevolui em ciclos, como nos ensina o mestre citado no início deste artigo.

Indo mais além, e se estendêssemos o espírito do réveillon para outras situações? Para os relacionamentos, por exemplo? Se quando fosse o caso de uma separação, o casal não precisasse de advogados, de processos litigiosos e nem de briga por isto ou por aquilo, nem mesmo pela posse ou custeio das crianças?

E se aplicássemos este mesmo olhar para os ciclos profissionais, como a saída de um emprego, que nos levará a um outro caminho, que talvez não optássemos, mas que representa novas oportunidades? Ou na coragem de tentar uma nova profissão, construindo uma ponte para o nosso propósito?

Como seria o espírito do réveillon para a entrada em uma nova década de idade, como na casa dos 40, dos 60, 80, ou mais, degustando o que a juventude, maturidade ou senioridade trazem?

Como seria se, a cada tempo e em cada situação, aplicássemos o espírito do réveillon ao nos despedirmos do “ano velho que passou”, com uma saudade gostosa de que tudo valeu, mesmo que não tenha sido o ideal. Ao mesmo tempo, saudarmos “o ano novo que chega”, com esperança, alegria e confiança no que plantamos, com fé no que vamos colher?

Com este espírito de réveillon, caro leitor, desejo que você vivencie cada ciclo de 2022, construindo felicidade para você, para mim e para todo mundo. Muito obrigado pela sua atenção e companhia durante este ciclo que se encerra. Que no próximo, estejamos juntos.

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC, ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livroFelicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

Conheça 10 lugares tombados como patrimônio histórico de Manaus

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Foto: Secretaria de Cultura e Economia Criativa

MANAUS – O tombamento é uma forma encontrada pelas autoridades para proteger o patrimônio nacional. Os bens tombados estão sob responsabilidade do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e são divididos em duas modalidades, os bens móveis e imóveis. Você sabe quais prédios da capital amazonense foram selecionados pelo sistema de proteção? O Portal Amazônia mostra os patrimônios da cidade e sua importância histórica. Confira:

Centro Cultural Usina Chaminé

Foto: Reprodução/Michael Dantas

O prédio construído em 1910, possui características neo renascentistas e foi criado com o objetivo de ser uma unidade de tratamento de esgoto. Tombado como Monumento Histórico do Amazonas em 1988, a edificação foi reformada em 1993, passando a funcionar como Centro de Artes Chaminé, abrigando a Pinacoteca do Estado, com exposições que funcionavam de forma temporária.

Em 2002, o prédio recebeu uma nova reforma, já denominado como Usina Chaminé, reaberto como parte das ações do Programa de Preservação da Natureza da Memória Cultural e Histórica do Amazonas.

Cemitério São João Batista

Foto: Divulgação

Fundado em 1890, o cemitério está localizado na zona centro sul da cidade, na Av. Boulevard Álvaro Maia, esquina com praça Chile. O local foi tombado como Patrimônio Histórico pelas suas edificações históricas, como o caso da capela gótica e pórticos.

Além das sepulturas de valor religioso, histórico, cultural e arquitetônico, como os inúmeros modelos que apresentam técnicas variadas de construção, alguns com materiais valiosos antigos como cerâmica inglesa, esculturas artísticas, pintura marmorizada.

O gradil antigo do cemitério, por exemplo, foi confeccionado com rebites de ferro para unir as peças e anéis decorativos de chumbo para reforçar essas estruturas, já que não existia a solda elétrica à época. Possui um amplo arquivo de sepultamentos realizados desde 1882.

Relógio Municipal

Foto: Divulgação

Inaugurado no início do século XX, ele foi instalado na avenida Eduardo Ribeiro em 1927 nas proximidades da Catedral de Nossa Senhora da Conceição, e faz parte do Patrimônio Histórico no ano de 1988 e possui aproximadamente 5 metros de altura. 

Há registros de que a primeira iniciativa de se construir um medidor de horas na Cidade data de 1854, quando o presidente da Província, Herculano Ferreira Pena, em pronunciamento à Assembleia Legislativa Provincial, expôs a necessidade da existência de um relógio público em Manaus.

Praça Heliodoro Balbi

Foto: Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Considerada ponto tradicional da cidade, aberta ainda na época do Império, a Praça Heliodoro Balbi, ou Praça da Polícia, ocupa uma área de 8.515 m², no centro da cidade de Manaus. O codinome deve-se ao fato de ter sido palco, por muitos anos, para as apresentações da banda da Polícia Militar.

O local também abrigou, até 2004, o Comando Geral da PM, no prédio onde existia, anteriormente, o Palacete Provincial. Esse prédio foi restaurado em 2008, para dar lugar a mais um espaço cultural da cidade, recebendo novamente o nome de Palacete Provincial.

A Praça Heliodoro Balbi conta com duas piscinas ornamentais, árvores, quiosques e sebos, além do tradicional Café do Pina, bancas de tacacá, sorvete, entre outros. No espaço são também realizados shows musicais, concertos, atividades circenses, espetáculos natalinos, dentre outros eventos.

Academia Amazonense de Letras

Foto: Divulgação

A Academia Amazonense de Letras foi fundada em 1918 é a entidade literária máxima do estado brasileiro do Amazonas, com apenas 30 vagas e tinha como presidente Djalma Batista. Atualmente o órgão possui 40 vagas ocupadas por poetas, romancistas, jornalistas, cronistas, ensaístas, médicos, teólogos, economistas, educadores, sociólogos e antropólogos. 

Teatro Amazonas

Foto: Divulgação

Inaugurado no dia 31 de dezembro de 1896, o Teatro Amazonas preserva parte da arquitetura e decoração originais. Tombado como Patrimônio Histórico Nacional em 1966 ele possui estilo arquitetônico e renascentista. O salão de espetáculos tem capacidade para 701 pessoas, distribuídas entre a plateia e três pavimentos de camarotes.

Impossível não ficar hipnotizado com o teto côncavo, no qual estão quatro telas pintadas em Paris pela tradicional Casa Carpezot. As telas representam música, dança, tragédia e ópera. Esta última, uma homenagem ao compositor brasileiro Carlos Gomes.

Ao centro, um majestoso lustre de bronze francês. Também não passam despercebidas as máscaras nas colunas da plateia, que homenageiam compositores e dramaturgos, entre eles, Aristófanes, Molière, Rossini, Mozart e Verdi.

Mercado Municipal Adolpho Lisboa

Foto: Reprodução/Construtora Biapó

O Mercado Municipal Adolpho Lisboa, um dos mais importantes centros de comercialização de produtos regionais em Manaus, foi construído no período áureo da borracha. Por ser um dos principais exemplares da arquitetura de ferro sem similar em todo mundo, foi tombado em 1º de julho de 1987 pelo Iphan.

Sobre a bandeira do portão principal, existe uma cartela cravada com o nome Adolpho Lisboa que, na época da construção, era prefeito da cidade de Manaus. Posteriormente Lisboa deu o nome ao mercado.

Reservatório de Mocó

Foto: Divulgação

O reservatório abrange uma área com cerca de 1000 metros quadrados. Foi planejado e construído com o objetivo de solucionar os problemas de abastecimento de água, que atingiam a cidade no final do século XIX.

Inaugurado em 1899, destaca-se pela sua estrutura interna que suporta dois enormes tanques metálicos, instalados no espaço superior da edificação. Tombado em 13 de Março de 1995, o Reservatório do Mocó abastece ainda hoje parte da Cidade de Manaus.

Instituto Benjamin Constant

Foto: Divulgação

Autorizado pela Lei 643, de 2 de junho de 1884, o presidente da Província, Theodoreto Souto, criou uma instituição destinada a oferecer os ensinos primário, moral e doméstico para meninas órfãs e pobres.

Inaugurada no dia 10 de julho, na rua Nove de Novembro, atual Lauro Cavalcante, recebeu a denominação Azylo Orphanológico Elisa Souto em homenagem à esposa daquele presidente. Para regente desse asilo, foi nomeada Eulália Fernandes Rêgo Monteiro.

A reforma do ensino público realizada pelo presidente provincial Adolpho de Vasconcelos, em 1886, determinou que a Escola Normal Feminina e o asilo funcionassem no mesmo local. Em razão disso, alugou-se um prédio, de Alfredo Sérgio Ferreira, na rua da Independência, atual Frei José dos Inocentes. A mudança ocorreu no dia 12 de abril daquele ano.

O asilo orfanológico ficou nesse local até 1º de agosto de 1888, quando foi transferido para o palacete do Barão de São Leonardo, na rua Ramos Ferreira, adquirido na administração de Theodoreto Souto para abrigar o Museu Botânico.

Em 26 de abril de 1892, pelo Decreto 11, o governador Eduardo Ribeiro extinguiu o asilo e criou o Instituto Benjamin Constant, com igual finalidade. O nome do Instituto foi uma homenagem a Benjamin Constant Botelho de Magalhães, conhecido como Fundador da República e primeiro titular do Ministério da Instrução Pública. 

A administração desse novo estabelecimento escolar ficou a cargo das irmãs da Congregação Filhas de Sant’Anna, que chegaram a Manaus em 1893, vindas da Itália. A primeira superiora a reger o Benjamin Constant foi sóror Ana Aquilina Gilardini, que assumiu em 4 de maio daquele mesmo ano.

Vale ressaltar que, apesar desse Instituto ser gerenciado pelas Filhas de Sant’Anna, também havia um diretor laico. O primeiro deles foi o desembargador Luiz Duarte da Silva, nomeado pelo Governo do Estado.

A partir de 1900, ficou facultado às alunas do Instituto que concluíssem o curso com bom aproveitamento o direito a se matricularem na Escola Normal e serem nomeadas professoras do interior do Estado, mediante concurso.

Na administração estadual de Ephigênio de Salles, inaugurou-se, nesse estabelecimento de ensino, em 29 de julho de 1929, uma capela em honra à Sant’Anna, ampliada na década de 40. O Teatrinho Santa Rosa foi instalado em 1930.

O governador Danilo Areosa, em 1969, desativou o Instituto e, em seu lugar, instalou a Fundação Educacional do Amazonas, responsável, à época, pela administração dos ensinos de nível médio e primário. O Benjamin voltaria a funcionar somente no governo de João Walter de Andrade, porém não mais como internato e, sim, como uma escola de regime misto.

Em 1997, a Escola Estadual Benjamin Constant passou a funcionar em um edifício alugado, na travessa Frei Lourenço, n. 33, onde veio a encerrar suas atividades em 2001.

Por meio do Decreto 11.190, de 14 de junho de 1988, o prédio dessa instituição de ensino – na rua Ramos Ferreira, n. 991, Centro – foi tombado pelo Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico do Amazonas – CEDPHA.

Na década seguinte, em 1998, esse prédio histórico recebeu a instalação do Centro de Informática Benjamin Constant – Ceinfor, desativado em 2003 e substituído, no outro ano, pelo Centro de Educação Tecnológica do Amazonas – Cetam. Essa unidade do Cetam foi denominada Instituto Benjamin Constant e funciona até os dias atuais.

Porto de Manaus

Foto: Divulgação

O Porto de Manaus, capital do estado do Amazonas, é um dos principais pontos turísticos mais visitados. Localizado na Rua Marque de Santa Cruz, centro de Manaus, foi inaugurado em 1907, com o crescimento da exploração da borracha, a infraestrutura do local na época precisou passar por uma ampliação e reorganização. Com as obras iniciadas oficialmente em 7 de outubro de 1902, com uma solenidade que contou com a presença do governador do estado Dr. Silvério Nery.

As obras foram realizadas por etapas: Em 1903, foi construída a Casa de Máquinas (hoje se encontra o Museu do Porto); no ano de 1904, foram construídos os armazéns nº 9 e 10, a torre metálica para a caixa-d’água, as linhas férreas destinadas aos serviços dos armazéns do Porto, o cais do Roadway e instalações dos primeiros geradores de eletricidade; as calçadas e as áreas em torno dos armazéns nº 9 e 10 foram feitas em 1905; o prédio da Alfândega e Guardamoria, juntamente com o segundo trecho do cais de alvenaria e o prolongamento da plataforma de madeira, o armazém nº0, a ponte flutuante do Roadway, o Escritório Geral e galerias de esgoto foram montados nos anos de 1906 e 1907.

No contexto geral, as obras se arrastaram por longos anos e apenas chegaram a serem concluídas por volta de 1919. 

No país do agrotóxico, mulheres da agricultura familiar de Rondônia vão na contramão e 58% não utilizam veneno

*Escrito por Larissa Zuim, cedido ao Portal Amazônia

Só em 2020 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a utilização de quase 500 novos agrotóxicos no Brasil. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) aponta o Brasil como um dos maiores consumidores mundiais desses agroquímicos ou defensivos agrícolas e o segundo maior comprador de insumos da lista de proibidos em outros países, como por exemplo, na União Europeia. Na contramão desse grave problema à saúde e ao meio ambiente, as mulheres da agricultura familiar são mais resistentes à utilização dos agrotóxicos.

Das agricultoras familiares que são proprietárias e concessionárias de estabelecimentos rurais no país, 77% (590 mil mulheres) disseram na coleta de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE) não ter utilizado agrotóxicos, e em Rondônia 58% (7 mil) não fizeram uso desse tipo de produto no período de referência, de 1º de outubro de 2016 a 30 de setembro de 2017. É oque revela a análise feita pela reportagem, com informações do Censo Agropecuário 2017, realizada com o apoio da Internews Earth Journalism Network e da Escola de Dados da Open Knowledge Brasil.

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Para a realidade do estado de Rondônia, esses números são significativos, uma vez que 82% dos estabelecimentos rurais (69,3 mil) considerando os proprietários e concessionários são de agricultura familiar, onde a presença das mulheres é maior. Elas são proprietárias de 13% (11,8 mil agricultoras) dos estabelecimentos familiares, em oposição aos 2% (2,5 mil mulheres) da agricultura não familiar.

Ainda em Rondônia, apesar de existirem mais estabelecimentos de agricultura familiar, eles concentram uma área menor, em comparação com aqueles da agricultura não familiar. Os 13 mil estabelecimentos dessa categoria, que estão sob a administração dos homens, têm área média de 393 hectares; enquanto que a área de terras dos 58,2 mil agricultores familiares têm em média apenas 52 hectares.

No caso das agricultoras familiares, a situação não é diferente. A área média das mulheres que lidam com a terra para o cultivo familiar é cerca de cinco vezes menor que a das grandes produtoras rurais. Os 2% de agricultoras não familiares possuem área média de 192 hectares por propriedade, ao mesmo tempo em que os 13% das agricultoras familiares concentram sua produção em uma área média de 43 hectares.

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Essa diferença nos tipos de agricultura explicam os altos índices de utilização de agrotóxicos. Enquanto a agricultura familiar, especialmente as mulheres, busca alternativas ecológicas, as lavouras ostensivas de monocultura de soja, milho, algodão e cana-de-açúcar consomem juntas 80% dos insumos comercializados no Brasil, de acordo com o IDEC.

Decisões como essa, da não utilização de veneno, são o reflexo de uma preocupação com a saúde familiar e com o meio ambiente que é possível verificar na fala das agricultoras, já que, além dos danos ao meio ambiente, como envenenamento do solo e das águas ou a morte de insetos polinizadores, os agrotóxicos geram graves problemas associados à saúde sexual e reprodutiva feminina.

Estudos da  Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) mostram diversos prejuízos causados pela exposição às altas taxas de insumos agrícolas, como infertilidade, má formação dos fetos durante a gestação, resíduo no leite materno, intoxicação, cânceres, distúrbios neurológicos e mentais e até aumento nas taxas de suicídio.

Para Maria das Graças Silva, geógrafa e pesquisadora da Universidade Federal de Rondônia (Unir), as mulheres se preocupam mais com esses fatores por causa do seu papel dentro do ambiente familiar, como mãe e cuidadora.

“Pela minha observação nesses 20 anos de campo, a mulher vai conciliar o plantio com o ambiente, com a natureza, porque elas pensam na segurança alimentar e nutricional, em não usar agrotóxico, em reaproveitar, para garantir a alimentação e o sustento de toda a família a longo prazo”.

Segundo a pesquisadora, a diferença entre as propriedades geridas por mulheres e pelos homens é sentida até visualmente. “É nítida a mudança ao visitar um lote manejado por uma mulher e outro por um homem. Uma mulher que ganha um lote não vai desmatar 100% para fazer a roça”, explica a geógrafa. “Ele é muito mais verde e vivo, porque elas diversificam seus cultivos”.

(A agricultora Cida, além da produção de colorau, produz hortaliças para a alimentação de casa. Foto: Aparecida de Sousa)

Essa observação faz parte da vivência da Cida, ou Maria Aparecida de Sousa, agricultora familiar do assentamento Antônio Conselheiro II, no interior de Rondônia. “Nós, mulheres, olhamos mais para o lado da lavoura branca, ter horta, café, colorau, cana, cacau, milho, arroz, feijão. A gente quer produzir para alimentar”, conta.

A diversidade de cultivos é uma das características essenciais da Agricultura Familiar, de acordo com o agroecólogo e pesquisador da Unir, Emanuel Maia. “Estudando esse tipo de agricultura percebe-se que ela tem funções para além da produção financeira e sustento das famílias, ela ajuda a manter a paisagem com mais diversidade, o que é fundamental para conservação da floresta”.

Feito principalmente por mulheres, quintais produtivos não foram reconhecidos no Censo

Com pouco incentivo técnico e financeiro, as mulheres da agricultura familiar recorrem a caminhos alternativos para a produção no campo e a conservação do meio ambiente em Rondônia.

Entretanto, esse caminho mais sustentável apontado pelas mulheres ainda é invisibilizado. A pouca informação oficial em documentos, órgãos e pesquisas sobre a produção feminina nas áreas rurais é a primeira barreira para construir uma visão geral de como as mulheres se relacionam com o meio ambiente. Não há dados expressivos sobre as relações de gênero no campo, e até mesmo no Censo Agropecuário de 2017, utilizado nesta reportagem, ainda há lacunas a serem preenchidas.

A exemplo da estratégia para a manutenção alimentar e financeira da casa apontada pelos pesquisadores entrevistados, os chamados “quintais produtivos”. Esses quintais são um sistema agroflorestal que combina espécies florestais, lavoura e pastoreio de animais, apresentando biodiversidade, capacidade de produção e de reaproveitamento. Essa produção diversificada ajuda a equilibrar a saúde e a manutenção do solo, diminuindo a necessidade de utilizar agrotóxicos.

Porém, os quintais produtivos e a variedade de cultivos que as mulheres do campo fazem para alimentação não são registrados pelo IBGE, uma vez que o órgão não sistematiza informações da produção dos agricultores para consumo próprio.

O que se torna um problema nesse contexto, já que estudos, como o Terra & Mata, da Ecoporé, demonstram que são as mulheres as principais responsáveis pela produção de alimentos para autoconsumo, doações, trocas entre famílias camponesas e comercialização de excedentes, e mesmo assim, não entram nas estatísticas.

A agrônoma Miriam Nobre, integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF), vem trabalhando junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a ampliação dos dados de gênero coletados no Censo Agropecuário e na melhoria do cruzamento de informações com outras bases de dados.

Ela alerta que, sem o recorte de gênero, a invisibilidade pode se tornar mais acentuada. Integrar questões como a renda obtida no estabelecimento agropecuário e das múltiplas atividades desenvolvidas pelas mulheres, como os quintais produtivos e seus subprodutos (horticultura, floricultura, geléias, bolos, farinha), possibilitaria compreender melhor sua posição e suas práticas no campo.

Como no caso de Eliana Buss da Rocha, do Acampamento de Reforma Agrária Che Guevara, na Zona da Mata em Rondônia. Mais conhecida como Lia, ela conta que hoje, a produção de pasto é majoritariamente masculina, enquanto as mulheres plantam café, milho, arroz, feijão, mas, principalmente hortaliças, que são comercializadas para as escolas pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e utilizadas no consumo próprio, o que acaba não sendo considerado para o Censo.

O caso se repete na casa de Josiane Santos de Souza, a Jô, do Assentamento 14 de Agosto, em Ariquemes. As mulheres trabalham coletivamente cultivando verduras como alface, rúcula, agrião, ervas medicinais e flores, tanto para o embelezamento – nas palavras dela – como para confecção de remédios e repelentes.

Além disso, as mulheres fazem o plantio do cacau, que tem grande potencial para a geração de renda e de reflorestamento. Dentro da lavoura cacaueira, as agricultoras constroem suas hortas e o viveiro de mudas na intenção de reflorestar. “Isso porque queremos criar autonomia, tomar a frente, do nosso jeito, por perceber o que é bom para a família, para a saúde e para a natureza”, explica Jô.

Um projeto que atua nessa linha com as mulheres de Rondônia é o Viveiro Cidadão, da Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé. A proposta atende 138 mulheres, de 8 municípios, com a distribuição de mudas e acompanhamento técnico para criação de quintais produtivos. Entre as cadastradas, 52% têm a titularidade da terra, o que assegura o aproveitamento futuro com a plantação de cultivos permanentes, de plantas frutíferas e espécies florestais nativas.

Políticas públicas para mulheres no campo são recentes e de difícil acesso

A posse da terra, por si só, já é um elemento de significativa importância na agricultura familiar e na conservação ambiental, como ressalta o agroecólogo Emanuel Maia (Unir). De acordo com ele, quando se dá a garantia da titularidade, o proprietário tende a conservar.

E para as mulheres, a posse extrapola a condição econômica, tornando-se garantia de sobrevivência para ela, sua família e o mais importante, seus filhos. Lia, do acampamento Che Guevara, ressalta que as famílias sempre tiveram uma mesma posição: quando a situação se regularizar, a posse será em nome das mulheres. “É uma segurança para nós, porque, independente do que acontecer entre o casal, a mulher tem como amparar os filhos”.

Porém, este é um direito recente. A regularização fundiária em nome da mulher foi permitida apenas na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 189. E foi somente em 2003 com a Portaria do Incra nº 981, que se tornou obrigatória a titularidade da terra em nome do casal, independentemente de haver contrato de união formal.

Mesmo com esse avanço, ainda são poucas propriedades em nome de mulheres, poucas pesquisas que possuem o recorte de gênero e poucas políticas públicas voltadas à mulher do campo.

Maria das Graças (Unir) ressalta que mesmo que as mulheres rurais tenham conquistado direitos para sua categoria nas últimas décadas, no sentido de ter acesso à terra, de poder ser proprietária e ter direito à assistência técnica direcionada ao trabalho dela, essas mulheres continuam não acessando estas políticas públicas.

“Durante nossas pesquisas de campo, descobrimos que elas não acessam essas políticas, pois nem documentação elas têm. Quando houve o mutirão para retirada de documentos para as mulheres do campo, muitas vezes quem encontrávamos nas filas eram os homens. Questionados sobre onde estavam suas companheiras, eles abertamente falavam – estão em casa, cuidando dos filhos, da horta.”

Mesmo com incentivos como o do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura (Pronaf-Mulher), até a obtenção do crédito o caminho é sinuoso, pois existe a dificuldade no acesso à informação, na burocracia bancária, na criação do projeto e na aplicação técnica. Com pouca orientação e gestores públicos que não estão abertos ao diálogo, sobram ideias e falta ajuda.

Com menos da metade dos estabelecimentos rurais do estado com acesso à assistência profissional, são também as mulheres as mais prejudicadas, sendo que menos de 20% recebem ajuda técnica, de acordo com dados de 2020 da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO).

Para a pesquisadora Maria das Graças (Unir), há a dificuldade de identificar quem é essa mulher, onde ela está e o que ela faz, porque a pouca visibilidade que se dá à questão de gênero no campo fica condicionada a um micro recorte das pesquisas científicas. E como ressalta Miriam Nobre, mesmo que o Censo Agropecuário tenha começado a incluir a questão de gênero desde 2006, o percurso para abarcar toda a realidade do campo, ainda levará um tempo considerável.

(A produção de horticultura para consumo próprio não é contabilizada no Censo Agropecuário como produto do estabelecimento. Foto: Aparecida de Sousa)