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Ipês colorem a região amazônica, mas você sabia que as flores podem ser usadas na alimentação?

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De julho a setembro a região amazônica recebe uma coloração especial. É que esse é o período da florada dos ipês, árvores conhecidas principalmente por terem flores coloridas, embelezando as paisagens urbanas e naturais onde estão presentes.

O período de floração costuma durar poucas semanas. “A flor em si dura poucos dias. É frequente que a intensa floração seja sucedida pela formação de numerosos frutos”, diz. Os ipês adoram um lugar bem iluminado. “As espécies de ipê são heliófitas, isso significa que preferem o sol do que a sombra. Em condições de luminosidade adequadas, tendem a crescer com mais vigor e mais rapidamente”, diz.

E as flores coloridas dessas plantas tem um papel importante para assegurar a reprodução da espécie. “A coloração serve de atrativo visual para os polinizadores, especialmente abelhas. Após a fecundação da flor pelo polinizador, o fruto é formado. Esse fruto se abre quando maduro e as sementes são dispersadas através do vento”, explica.

Os ipês estão presentes em todos os seis biomas do Brasil: da Amazônia ao Pampa, com maior número de espécies na Mata Atlântica. Segundo o botânico, diversas espécies são popularmente chamadas de ipês, mas há diferenças significativas entre elas.

“No entanto, geralmente, compartilham o hábito arbóreo, apresentam folhas compostas formadas por folíolos, com tricomas (pêlos), flores tubulares e vistosas, e o fruto do tipo cápsula, que se abre quando maduro, liberando uma semente alada que é carregada pelo vento”, completa.

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Foto: Vanessa Monteiro

De acordo com o professor Felipe Fajardo, ‘Ipê’ é um termo popular associado a um conjunto de espécies arbóreas, ou, mais raramente, arbustivas, caracterizadas pelas flores tubulares coloridas. A maioria das espécies de ipês pertence ao gênero Handroanthus, da família Bignoniaceae. Algumas poucas espécies estão posicionadas no gênero Tabebuia, que também pertence à família Bignoniaceae. São reconhecidas 27 espécies de Handroanthus no Brasil, sendo 15 restritas ao país, das quais 6 espécies ocorrem no estado do Pará.

Foto: Vanessa Monteiro

“Ou seja, algumas espécies de ipês são exclusivamente brasileiras, enquanto outras apresentam uma distribuição geográfica mais ampla”, explica o professor.

Ipê na alimentação?

O que muitos não sabem é que flores de ipê, especialmente as amarelas também estão sendo usadas na alimentação. “As flores de ipê são empregadas na culinária em função da coloração, conferindo um destaque visual ao prato servido”, explica o professor.

De acordo com o professor, os ipês amarelos fazem parte de um grupo de plantas chamadas de PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Ele explica que as PANC são plantas com potencial alimentício, mas que não são usualmente consumidas. “Há inúmeras páginas na internet que, aos pouquinhos, estão apresentando as PANCs aos brasileiros, mas é um processo relativamente lento e gradativo”, diz.

Foto: Júlia Marques

Diferentes partes das PANC podem ser consumidas e adicionadas na alimentação humana. No caso do ipê, o que está sendo utilizado por alguns grupos e restaurantes especializados é a flor de cor amarela, sendo servida crua; cozida; refogada; salteada ou à milanesa.

Outro atrativo é que as flores também são empregadas nos pratos em função do leve amargor que elas possuem, sendo comparável ao gosto do alface.

“Por exemplo, quando servidas com batata ou abóbora proporcionam um contraste de sabor entre o doce e o amargo, que pode agradar o paladar de algumas pessoas”, diz o professor. 

Mas somente as flores de cor amarela são consumidas? Há contraindicações? Há propriedades medicinais ou nutritivas nessas flores? Segundo o professor, são respostas que a ciência ainda não possui.

Sobre as contraindicações ao consumo da flor, o professor diz que ainda não há registros específicos. “Contudo, recomenda-se colher as flores no pé ou utilizar aquelas recém caídas em locais limpos. Após lavá-las, deve-se retirar o cálice basal, e usar apenas a corola, que é o conjunto de pétalas que formam a flor”, diz.

*Com informações da Ufra

Glocal Amazônia destaca importância das ‘vozes’ dos amazônidas

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Apesar de sua importância, as vozes amazônidas frequentemente enfrentam desafios para serem ouvidas e respeitadas. A marginalização dessas comunidades em discussões políticas e econômicas, bem como a pressão de interesses externos, ameaça a continuidade de suas culturas e seu direito à terra.

Esse foi um dos temas debatidos no terceiro dia do ‘Glocal Experience Amazônia’ neste sábado (24). Durante o painel ‘A influência das vozes amazônidas no pertencimento local’, as influenciadoras Ira Maragua, Karen Mabel e Rita Flor falaram sobre a importância de amplificar as vozes dos amazônidas e, dessa forma, garantir que eles desempenhem um papel central nas decisões que afetam a Amazônia.

Com mais de 80 mil seguidores nas redes sociais, a influenciadora Ira Maragua mostra curiosidades sobre o universo indígena. “Acho importante ressaltar a importância da cultura indígena para a sociedade. Através das minhas produções, eu consigo passar para os meus seguidores um pouco do conhecimento que os indígenas carregam consigo”, disse.

No painel, a influenciadora falou sobre pertencimento local na Amazônia e que tudo está ligado à defesa dos direitos territoriais e culturais das comunidades amazônidas. “Quando essas vozes são valorizadas e respeitadas, o sentimento de pertencimento se fortalece, resultando em maior sentido de comunidade. Além disso, quanto mais pessoas são alcançadas, mais elas contribuem para a conservação da floresta e para a manutenção dos modos de vida tradicionais”, afirmou a indígena.

Foto: Dieg Oliveira/Rede Amazônia

Passando a tocha

Conhecida como a ‘dona de Manaus’, a influenciadora Karen Mabel afirmou que cabe a próxima geração continuar o trabalho da geração atual. “Para que o sentimento de pertecimento continua florescer, é fundamental que as histórias, osa sabores e as lutas desssas comunidades sejam ouvidos, respeitados e integrados nas políticas e ações voltadas para a região”, desta.

Karen destacou ainda que os jovens precisam se envolver em questões impartantes e que podem afetar a realidade deles. “Nunca é tarde para mudar e conhecer uma nova pespectiva. Espero que as pessoas façam das redes sociais uma oportunidade para divulgar e exaltar a Amazônia”, contou.

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Isabelle Nogueira, Luana Borba e Daniela Branches debatem papel da comunicação no Glocal Amazônia

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Três potências da comunicação do Amazonas se reuniram para um painel no Glocal Experience Amazônia 2024 na tarde deste sábado (24). A ex-BBB Isabelle Nogueira e as jornalistas do Grupo Rede Amazônica, Luana Borba e Daniela Branches, falaram sobre a importância da comunicação em massa na promoção da sustentabilidade.

Amada pelo público depois de sua participação no reality show Big Brother Brasil, Isabelle Nogueira ficou conhecida por ser a ‘embaixadora da cultura amazonense’. Além de divulgar a cultura do Norte, Isabelle também debateu pautas importantes durante sua participação no programa da Rede Globo, como por exemplo, a preservação da floresta amazônica.

“Se você parar para pensar, o Festival Folclórico de Parintins é uma aula lúdica de história, pois estamos contando sobre o passado. Então, o festival merece ser apreciado pela sua forma técnica de preservação e credibilidade. Porque a gente vive o ciclo perfeito do econômico, o ambiental e o social. Não só no Amazonas, não só em Manaus, não só em Parintins, mas no Norte”, destacou a influenciadora.

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Todas as noites, os telespectadores amazonenses têm um encontro marcado com a jornalista Luana Borba no Jornal do Amazonas Segunda Edição do Grupo Rede Amazônica. Há mais de 20 anos, Luana se dedica a levar notícias para o público.

“Acho extremamente importante a gente mostrar que a comunicação está inserida também na sustentabilidade. Nos noticiários, falamos muito sobre meio ambiente e a importância da preservação da natureza”, afirmou.

Quem também marcou presença no painel foi a jornalista Daniela Branches. Com mais de 30 anos atuando na comunicação, ela participou de diversas coberturas jornalística, mas o seu foco sempre foi a Amazônia. “É um prazer conhecer a região amazônica, já que é um lugar tão importante para todos nós”, destacou.

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

União e Funai são condenadas a pagar R$ 1 milhão a povo indígena do Acre por demora em demarcação

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A União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) foram condenadas a pagar R$ 1 milhão de dano moral coletivo ao povo indígena Huni Kuin que vive na TI Henê Baria Namakia, antigo Seringal Curralinho, em Feijó, interior do Acre.

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Funai afirmaram que “foram intimadas da decisão e avaliam, no momento, as medidas cabíveis”.

A Justiça Federal determinou também que o processo de demarcação da terra indígena seja concluído em até 24 meses. O procedimento administrativo de demarcação já dura mais de duas décadas.

“Diante desses elementos e reconhecida a mora do governo brasileiro na demarcação da Terra Indígena Henê Baria Namakia deve haver a condenação da União e da Funai, de forma solidária, ao pagamento de indenização por danos morais coletivos ao povo Huni Kui que lá vive”, diz um trecho da decisão.

O valor da indenização levou em consideração o tempo que a comunidade do local aguarda pela demarcação. A decisão atende a um pedido feito em janeiro de 2023 pelo Ministério Público Federal (MPF) em ação civil pública pelo procurador Lucas Costa Almeida Dias, do Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC).

Na época, o órgão federal destacou que a demora na conclusão do processo “somente tem servido para acirrar os conflitos entre indígenas e não indígenas, haja vista a ausência de reconhecimento do território tradicional”.

A ação civil estipulou o prazo de 180 dias para finalização dos trabalho ainda em 2023 e uma indenização por dano moral coletivo para os povos que residem no local de R$ 5 milhões.

No último dia 13, a juíza federal Raffaela Cássia de Sousa determinou que a União e a Funai “prossigam imediatamente com o procedimento administrativo de demarcação da terra indígena, retomando os estudos de identificação, delimitação e grupos de trabalho que ainda estiverem pendentes, tudo isso no prazo máximo de 24 meses”.

O prazo começa a contar a partir da intimação da decisão. “Não cumprida a tutela de urgência no prazo fixado e/ou não sendo informados os andamentos dos trabalhos nos prazos, incidirá multa diária de R$ 500 a ser revertida em favor do povo indígena, com acompanhamento da disponibilização e uso dos valores pelo MPF e Funai”, destaca o processo.

Demarcação já leva 22 anos

De acordo com o MPF, em 2001 teve início a primeira etapa do processo de identificação e delimitação do Seringal Curralinho, onde o território é localizado. Foi criado um grupo de trabalho, que após 7 anos de atuação não apresentou conclusões.

Em 2013, um novo grupo de trabalho foi criado para dar continuidade ao processo iniciado em 2001. Mas essa nova tentativa também não obteve resultados.

Foto: Reprodução

O MPF argumentou também que o histórico de conflitos demonstra que os povos do território Henê Baria Namakia tem a sobrevivência física e cultural ameaçada, e recomenda que o processo, que já leva muito tempo, seja finalizado e os invasores sejam retirados do local.

*Com informações da Rede Amazônica AC

Glocal Amazônia 2024 discute colaboração como estratégia de impacto sistêmico

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Ao longo das várias conferências proporcionadas pelo Glocal Experience Amazônia 2024 foram abordadas diversas temáticas voltadas ao impacto das mudanças ambientais na região, como também estratégias sociais para amenizar esses impactos.

Um desses métodos discutidos foi a colaboração como estratégia de impacto sistêmico. A conferência, realizada no último dia do evento, foi mediada por Rodrigo Baggio e apresentada por Tatiana Monteiro de Barros, Valcicleia Solidade, Roberto Brito, Raimundo Leite Souza e Enoque Ventura.

Ao longo da conferência foi citado que a colaboração envolve o poder público, o setor privado e membros da sociedade civil. A Superintendente de desenvolvimento sustentável de Comunidades da FAS (Fundação Amazônia Sustentável), Valcleia Solidade comenta um pouco sobre essa interação entre entidades.

Foto: Acervo/Portal Amazônia

Em relação às fumaças e a estiagem intensa vivenciada nesse período do ano na Amazônia, ela avalia:

Sobre o Acelera Amazônia

Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).

Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.

Nível do Rio Acre atinge menor marca em Brasiléia pelo terceiro dia seguido

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O nível do Rio Acre em Brasiléia, no Acre, chegou a 73 centímetros na manhã do dia 22 e teve o menor índice já registrado na história da cidade pelo terceiro dia seguido. De acordo com a Defesa Civil Municipal, o manancial começou a semana chegando a 75 centímetros na segunda-feira (19) e se manteve na marca até a terça (20). Na quarta (21), mais uma cota mínima histórica, com o rio em 74 centímetros, índice superado nesta quinta.

A situação atual, que preocupa as autoridades por conta do risco de desabastecimento, contrasta com o que foi vivenciado pelos moradores em fevereiro deste ano, quando o Rio Acre alcançou a maior marca de sua história na cidade: 15,58 metros. Na época, cerca de 80% do município ficou inundado.

Foto 1: Arquivo/Secom Brasiléia — Foto 2: Defesa Civil de Brasiléia

O coordenador da Defesa Civil, tenente Sandro Cordeiro, informou que já solicitou ajuda do governo federal através da Secretaria Nacional de Defesa Civil. A cidade também está na lista das que tiveram a situação de emergência reconhecida por conta da estiagem.

De acordo com o tenente, o apoio deve chegar em breve por meio de caminhões-pipa e caixas de 5 mil litros em comunidades da zona rural que já enfrentam problemas no abastecimento de água. Caso o cenário de redução do nível se mantenha, a distribuição também pode ser afetada na parte urbana de Brasiléia.

Maior enchente da história

Foto: Prefeitura de Brasiléia

Brasiléia é mais um município que passa por seca recorde após registrar enchente histórica no início de 2024. No dia 28 de fevereiro, o nível do Rio Acre iniciou com 15,56 metros no município. No decorrer do dia, o manancial aumentou mais dois centímetros.

Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que ficou conhecida como a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana do local.

Na época, quase 4 mil pessoas estavam desabrigadas ou desalojadas, segundo a prefeitura do município. Os moradores de Brasiléia e de Epitaciolândia, cidade vizinha, faziam filas para aguardar as embarcações que faziam o transporte de moradores para várias atividades. Naquela ocasião, 16 abrigos haviam sido montados para receber a população desabrigada.

No bairro Leonardo Barbosa, que chegou a ficar isolado do lado brasileiro, uma cratera se formou. A área, porém, não sofreu rompimento definitivo do território nacional.

*Por Victor Lebre e Aline Nascimento, da Rede Amazônica AC

UFRR concede título de Doutor Honoris Causa ao artista indígena Jaider Esbell

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Foto: RCCaleffi – Coordcom/UFRR

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) concedeu o título de Doutor Honoris Causa (post mortem) ao artista indígena Makuxi Jaider Esbell. A cerimônia ocorreu no dia 20 de agosto no Centro Amazônico de Fronteiras (CAF), no campus Paricarana.

O título é concedido pelo Conselho Universitário (CUni) a personalidades eminentes que tenham contribuído, de maneira notável, para o progresso da Universidade, da Região ou do País ou que tenham se distinguido, de forma excepcional, pela sua atuação em favor das ciências, das letras, das artes ou da cultura em geral.

A outorga da honraria para Jaider Esbell foi proposta, inicialmente, pela professora do Curso de Artes Visuais da UFRR, Ivete Souza da Silva, acolhida pelo Conselho do departamento do Curso e, posteriormente, enviada para Comissão Especial, designada para admissibilidade da solicitação, composta pelas professoras Ise de Goreth Silva, Priscilla Cardoso Rodrigues e pelo professor Flávio Corsini Lira.

A relatoria do processo no CUni ficou sob a responsabilidade da professora Luciana da Silva Barros. A concessão do título foi aprovada em reunião do CUni, realizada no dia 26 de julho, e publicada no dia 2 de agosto.

O reitor da UFRR, professor José Geraldo Ticianeli, destaca o tamanho da arte de Jaider Esbell e o compromisso da Universidade em valorizar a educação, a cultura e as artes em âmbito regional e nacional:

Para a professora Ivete Silva, Esbell expandiu a arte produzida na Amazônia para o mundo. “A busca dele era sempre manter um diálogo aberto e, dessa forma, levou sua arte para o cenário nacional e internacional. Era uma arte universal. Ele queria os filhos de Macunaima falando dos seus sonhos, saberes, lutas e buscou ser um representante do Povo Makuxi e de outros povos indígenas”, observa.

*Com informações da UFRR

Impacto de estudo sísmico de petróleo em animais encalhados é monitorado na costa do Amapá

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Projeto é uma parceria entre o Ifap e o Iepa. Foto: Divulgação/PCMC

Pesquisadores do Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC) buscam monitorar os impactos de estudo sísmico – usado para detectar poços de petróleo – em animais marinhos encalhados na costa do Amapá. O monitoramento é parte da exigência do Ibama para exploração na Bacia Pará-Maranhão, na Margem Equatorial.

O projeto é realizado pelo Instituto Federal do Amapá (Ifap) em parceria com o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa). Ao todo, 13 profissionais estão trabalhando desde julho deste ano na busca desses animais.

Até o dia 19 de agosto oito animais foram encontrados sem vida. Entre eles, dois botos adultos, com quase 2 metros de comprimento, e um filhote.

O último encontrado foi um peixe-boi (dia 19) na região do bairro das Pedrinhas, na Zona Sul de Macapá. Apenas a parte da cabeça do peixe foi localizada.

Segundo o médico veterinário Luiz Alberto Sabioni, um dos responsáveis técnicos pelo monitoramento no Amapá, o projeto existe há décadas por uma exigência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas essa é a primeira vez sendo executado no Amapá.

Sabioni destaca também que atualmente, o estudo de busca de petróleo abrange a área da bacia conhecida como Pará/Maranhão, que apesar de estar localizada na costa dos dois estados, têm influência no Amapá em razão de questões geográficas.

“É estudo para avaliação. É uma avaliação prévia para a exploração de petróleo. Então para que esse estudo sísmico acontecesse o Ibama colocou uma condição de que toda essa área fosse monitorada dentro do projeto”, afirmou o veterinário.

Pesquisadores percorrem as principais regiões do Amapá. Foto: Divulgação/PCMC

Os pesquisadores buscam entender, por exemplo, se esses animais que encalham nas regiões da foz do rio Amazonas estão encalhando em razão do estudo.

Uma das hipóteses estudadas é que esses bichos podem estar desviando caminho para o Amapá em razão da frequência sonora emitida no fundo d’água pelos equipamentos do estudo. Sabioni alerta que a audição é um dos principais condutores dos animais aquáticos.

Quando colhido, o material dos ouvidos é levado para um laboratório fora do Amapá para a realização das pesquisas.

O que é um estudo sísmico? A atividade de levantamento sísmico constitui-se do uso de equipamentos e análises para poderem ser obtidas informações sobre reservatórios de petróleo e gás natural.

Conheça o projeto

O projeto ocorre em três etapas. Na primeira fase, os pesquisadores trabalham percorrendo as comunidades para conscientizar pescadores e moradores da área costeira do Amapá e das ilhas do Pará sobre a importância de acionar os órgãos competentes caso localizem esses animais.

Além disso, os pesquisadores repassam para a população noções básicas de primeiros socorros desses animais, caso eles estejam vivos, até a chegada das equipes.

De acordo com o veterinário responsável, as primeiras horas após encontrado o animal são cruciais para a observação das condições que ele vivia e o porquê que ele morreu.

“É interessante para a gente ele está vivo, claro, para que a gente preste atendimento o mais rápido possível, mas morto também porque esses animais, mesmo mortos, trazem informações muito importantes para a pesquisa que a gente está realizando. Quanto mais cedo a gente chega no local, a gente consegue ter mais informações. A gente pode estar através do exame daquela carcaça, avaliando por que ele morreu, por que encalhou, se existe algum sinal de interação com humanos, de repente foi cassado, foi emalhado em rede (…)”, detalhou o médico.

Em alguns casos, como o desta segunda-feira, o animal sofre maus-tratos por parte da população mesmo após estar morto. Nesta ocorrência, foi encontrada apenas a cabeça do peixe-boi, o resto do corpo, segundo o médico, foi ‘cortado’ pela população.

Sabioni levou o material para a sede do Iepa. Foto: Divulgação/PCMC

A segunda etapa envolve o monitoramento do período dos encalhes na praia do Goiabal, em Calçoene. No local foi encontrado em abril deste ano um filhote de baleia cachalote.

Na terceira fase, os trabalhos consistem no atendimento por meio do “Disque Encalhe”, a partir do chamado, uma equipe se desloca para o local e realiza o resgate. Dos oito resgates, quatro foram feitos por meio do acionamento.

Após a retirada do animal do local, ele é levado para o acervo do Iepa onde diversos estudos são feitos. A coordenação prevê apresentar os diagnósticos do projeto em um ano, quando finalizarem as pesquisas.

A expectativa é uma ampliação dos estudos e monitoramento caso a exploração de petróleo seja liberada no Amapá também.

Quem tiver informações sobre avistamento de animais encalhados, pode entrar em contato com a equipe do projeto pelos números: (96) 99116-3712 e (96) 99206-3344.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

Exploração madeireira no Acre cai 60% em 2023, aponta estudo da Simex

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Toras de madeira em pátio de serraria. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A exploração madeireira no Acre passou por uma transformação entre agosto de 2022 e julho de 2023, registrando uma redução de 60% na área explorada em comparação ao período anterior. Dados publicados hoje, 19, pelo Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) apontam que 10.359 hectares de floresta foram submetidos à atividade madeireira no último ciclo, uma queda considerável se comparada aos 25.667 hectares mapeados no ano anterior. 

Este declínio acentuado corresponde a cerca de 15 mil hectares a menos de exploração. Em 2022, a exploração madeireira havia mais que dobrado em relação a 2021, alcançando um pico de 25.667 hectares. Contudo, 2023 marca uma reversão significativa dessa tendência, possivelmente devido à forte retração do mercado consumidor nacional e internacional, ou em resposta a regulamentações mais restritivas e uma pressão global por práticas mais sustentáveis. 

A análise da dinâmica econômica, elaborada pelo Imaflora com informações da plataforma TimberFlow, também sugere uma retração no mercado madeireiro, evidenciada pela diminuição nas transações de madeira em tora registradas nos sistemas oficiais de controle para o mesmo período e analisadas pela plataforma Timberflow que apontam redução de 8% que os valores registrados em 2021-2022. 

Concentração geográfica 

Apesar da redução na exploração, a atividade permaneceu fortemente concentrada em três municípios: Feijó, Rio Branco e Tarauacá. De acordo com Júlia Niero Costa, analista de certificação e geotecnologias do Imaflora, os dois primeiros municípios são os principais polos do setor madeireiro no Acre e ao lado do terceiro citado são responsáveis por 90% da exploração autorizada.

Feijó, que liderou em 2022 com 9.505 hectares explorados, manteve-se no topo da lista em 2023, ainda que com uma área significativamente menor (5.189 ha). A persistência desses municípios como principais centros de exploração sugere desafios e oportunidades locais que devem ser explorados em políticas públicas específicas. 

Legalidade e conformidade 

Em um cenário onde a exploração ilegal de madeira é uma preocupação constante na Amazônia, os dados de 2023 trazem uma boa notícia: 100% da exploração mapeada no Acre estava devidamente autorizada. Em comparação, em 2022, embora a maior parte da exploração (98%) também fosse autorizada, ainda havia 2% (554 hectares) de exploração não autorizada, evidenciando uma melhora na observação das conformidades legais. 

De acordo com Leonardo Sobral, diretor de Cadeias Florestais do Imaflora, esse avanço reforça o papel das autoridades locais como agentes de um controle rigoroso e legalmente responsável sobre a exploração de recursos naturais. “A ausência completa de atividades ilegais de exploração madeireira em Terras Indígenas e Unidades de Conservação em 2023 sugere que as estratégias de monitoramento e fiscalização estão funcionando conforme o planejado”, argumenta. 

Essa proteção efetiva de áreas protegidas é particularmente significativa no contexto da Amazônia, onde a exploração ilegal frequentemente ameaça Terras Indígenas e Unidades de Conservação. O caso do Acre contrasta positivamente com outras regiões da Amazônia brasileira, onde as invasões e a exploração ilegal são problemas recorrentes.  

Segundo Júlia, os resultados apontam que 93% das atividades foram realizadas em imóveis rurais privados. “Este dado, que se mantém consistente em relação a 2022, quando a mesma proporção foi observada, indica que a exploração madeireira no estado está predominantemente concentrada em áreas de propriedade particular”, destaca.  

A predominância de imóveis privados na exploração, no entanto, levanta outras questões, pois embora a conformidade com as autorizações seja um ponto positivo, é essencial que haja um monitoramento contínuo para garantir que essas áreas sejam exploradas de forma sustentável, respeitando as diretrizes ambientais e contribuindo para a conservação da biodiversidade. 

O setor madeireiro no Acre 

Com uma queda expressiva na área explorada e uma concentração geográfica cada vez mais definida, o estado se encontra em um ponto de inflexão. A busca por um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental será fundamental nos próximos anos. Para os municípios que se tornaram o foco dessa atividade, o desafio será encontrar maneiras de diversificar suas economias e garantir que a exploração madeireira, ainda que reduzida, continue a ser uma atividade gerida de forma sustentável e legal. 

*Com informações do Imaflora

SGB alerta que Rio Solimões tem 65% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica

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Pesquisadora Jussara Cury durante o Alerta de Vazante. Foto: Divulgação/SGB

A Bacia do Rio Amazonas enfrenta um cenário de grande seca e algumas regiões podem registrar cotas mínimas históricas. De acordo com projeções do Serviço Geológico do Brasil (SGB), há 65% de probabilidade do Rio Solimões chegar à menor cota já observada em Tabatinga (AM), abaixo da marca de -86 cm, de 2010. O Rio Negro, em Manaus (AM), tem 16% de probabilidade de ficar abaixo da mínima histórica. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (23), no Alerta de Vazante. 

O cálculo foi realizado com base na série histórica de dados e na mediana das descidas. Martinelli ressalta que foram calculadas as probabilidades para as mínimas históricas. “Mesmo as regiões que não têm altas probabilidades de atingir as mínimas históricas (o que seria o pior cenário), enfrentam uma grande seca, que afeta toda a população”. 

EstaçãoRioCota mínimaProbabilidade 
Tabatinga (AM)Solimões-86 cm (2010)65% de ficar abaixo
Fonte Boa (AM)Solimões8,02 m (2010)53% de ficar abaixo
Itapéua (AM)Solimões1,31 m (2010)31% de ficar abaixo
Beruri (AM)Purus4,07 m (2023)34% de ficar abaixo
Manaus (AM)Negro12,70 m (2023)16% de ficar abaixo
Itacoatiara (AM)Amazonas36 cm (2023)14% de ficar abaixo
Fonte: SGB

Cotas históricas

Tabatinga (AM) chegou a registrar a cota de 2 cm no início da semana, nos dias 18 e 19 de agosto, conforme dados do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Amazonas. Essa já é a 3ª menor marca da série histórica – atrás apenas das cotas de -75 cm (2023) e -86 cm (2010).

“Já temos uma seca extrema estabelecida nessa região do Alto Solimões. No Médio Solimões até Manaus (AM), ainda não foram alcançadas as cotas que trazem transtorno, mas a tendência é que isso ocorra”, disse Martinelli. Nesta semana, já começaram a ser observadas descidas mais intensificadas, da ordem de 20 cm por dia, no Rio Negro, em Manaus (AM), efeito do que ocorre em Tabatinga (AM).

O pesquisador enfatiza que as secas extremas refletem uma mudança no padrão dos regimes hidrológicos observados nos últimos 20 anos: “A gente tem vivenciado, cada vez de forma mais frequente, esses eventos hidrológicos extremos, tanto de cheia quanto de vazante. Isso tem muita relação com as mudanças climáticas”.

Políticas públicas 

Esse é o 1º Alerta de Vazante da Bacia do Rio Amazonas e tem por objetivo chamar a atenção para a intensificação da seca na região e apoiar políticas públicas que visem mitigar e prevenir seus efeitos. “É só por meio da informação que podemos planejar e investir em ações de enfrentamento a eventos extremos. Esse trabalho está alinhado à missão do SGB de gerar e disseminar conhecimento geocientífico, contribuindo para a qualidade de vida da população e desenvolvimento sustentável do país”, destaca Martinelli.

*Com informações do SGB