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Papel é produzido a partir da fibra do caroço do açaí no Pará

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Foto: Divulgação/UFRA

Além de cultura alimentar na Amazônia, o açaí é um dos principais produtos de exportação do Pará. Dados divulgados pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) apontaram que só no primeiro quadrimestre de 2024, o Pará exportou 4,2 mil toneladas de açaí. Um número que mantém o estado na liderança nacional de produção do fruto.

Mas a preocupação de pesquisadores como a professora Lina Bufalino, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), não é o açaí consumido ou o que sai da região. Mas o que sobra disso tudo.

O caroço do açaí é um poluente ambiental que ainda não possui uma destinação adequada na região.

Diante dessa preocupação surgiu o AmazonCel, o primeiro laboratório de produção de celulose a partir da fibra de caroço do açaí. A fibra é aquele “pelinho” que encobre o caroço depois que é extraída a polpa. Pelo menos oito equipamentos instalados no laboratório possibilitam toda a linha de produção de celulose até a formação do papel.

“Existem outros laboratórios de celulose no Brasil, mas a intenção do AmazonCel é o contexto da Amazônia, porque a maioria dos laboratórios produz a partir do eucalipto, enquanto o AmazonCel visa atender demandas relacionadas à matérias-primas da Amazônia”, explica. O laboratório Amazoncel foi inaugurado na Ufra em junho de 2024, a partir de recursos da Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).

O projeto visa o potencial da fibra do caroço do açaí na produção de embalagens, que podem ser utilizadas na indústria de cosméticos, farmacêutica, alimentícia. “Hoje fazemos um protótipo desses papéis, porque precisamos descobrir a melhor forma de produção e aí sim pensar num escalonamento de produção”, explica Bufalino.

Os estudos iniciais focam na fibra do caroço do açaí, mas há a possibilidade de que sejam utilizadas outras fibras de plantas amazônicas. “A estrutura que temos vai permitir que futuramente possamos diversificar e testar outras matérias-primas, como o Miriti; cipó titica, Paricá, tachi branco, são várias possibilidades”, afirma.

Os pesquisadores já conseguiram produzir o papel de forma eficiente, agora estão realizando testes para verificar o quanto o produto é resistente.

O caroço, recolhido junto a batedores de açaí da cidade, precisa passar por um tratamento antes que vire papel. É preciso lavá-lo, secá-lo e depois separar as fibras.

“Nesse primeiro processo há um grande potencial de envolvimento e parceria de cooperativas e das comunidades nessa separação, porque para a fabricação do papel precisamos de fibra em muita quantidade”, diz.

A equipe também está planejando o desenvolvimento de máquinas que possibilitem essa remoção e auxiliem no processo, visando a transferência dessa tecnologia para mais pessoas.

Foto: Divulgação/UFRA

Etapas para a produção do papel

  • Com as fibras em mãos, o papel pode ser produzido em três dias, passando por oito equipamentos na linha de produção.
  • O primeiro processo se chama polpação ou cozimento, um processo em alta temperatura, pressão e com reagentes químicos. É um processo que serve para isolar a celulose.
  • A partir disso é preciso fazer uma limpeza dessa polpa, em um processo chamado depuração, onde será coletada qualquer sujeira ou fibra que não foi bem despolpada e precisa ser limpa.
  • Depois disso é feito um refino, que serve para deixar a fibra mais reativa, o que dá uma resistência melhor ao papel.
  • Então é feito o processo de formação da folha, onde são usados quatro equipamentos, incluindo uma prensa de folhas;
  • Aí se tem o papel pronto.

Óleo amazônicos

Outra etapa do projeto é associar esse papel à óleos amazônicos bem conhecidos na região, como a copaíba e a andiroba. Lina Bufalino explica que esses óleos poderiam agregar ao papel capacidade antifúngicas antibacterianas, por exemplo, o que seria interessante para a indústria de cosméticos.

“Ultimamente também estamos fazendo alguns papeis com valor decorativo, então seria interessante esses aromas para a identidade de papéis da Amazônia”, observa.

Para esses estudos é necessário um Nanofibrilador, equipamento que deve chegar ainda esse ano ao laboratório.

O caroço que fica

Enquanto a fibra tem potencial para produtos de maior valor agregado, ainda assim sobra o caroço. Segundo a pesquisadora, o caroço apresenta enorme potencial de virar bioenergia e biocarvão, ambas pesquisas que também são feitas pelo grupo.

“Bioenergia seria a queima direta do resíduo para produção de energia, algumas empresas já fazem isso”. Ela explica que para a bioenergia é necessário que tenha muita disponibilidade de resíduo (biomassa), o que é o caso do caroço.

O caroço também tem alta densidade, o que significa que num pequeno volume de caroço há bastante massa e consequentemente bastante energia estocada. “ Na prática isso significa maior rendimento energético ou maior rendimento em carvão vegetal”.

Já na produção como carvão, o Biochar, o caroço tem a vantagem de ter um tamanho regular, o que possibilita que a carbonização seja feita de modo regular. Mas é preciso ter cuidado com a carbonização, a partir de um processo chamado pirólise. “É um processo que temos que ter a presença controlada ou ausência de oxigênio. Se não tiver isso, a biomassa vira cinza, para ela virar carvão, essa degradação térmica tem que ser controlada”, explica.

O Biochar tem sido utilizado na agricultura, especialmente como potencial para recuperação de solos degradados e como retenção de carbono, estimulando os chamados créditos de carbono. O projeto também é desenvolvido por outros pesquisadores da universidade.

Lina Bufalino explica que o maior desafio com relação à bioenergia e biocarvão é a alta umidade do caroço. Mas a equipe já tem esse trabalho em andamento, testando formas de secagem para acelerar esse processo. “Além de perspectivas futuras, como secadores solar”, diz a professora.

*Com informações da UFRA

Quantas agremiações concorrem ao Festival Folclórico de Santarém? Saiba a resposta dessa e outras curiosidades

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A Associação Santarena dos Grupos Folclóricos (ASGRUF) e a Associação da Liga Independente dos Grupos Folclóricos de Santarém (ALISGRUF), juntos, realizam o Festival Folclórico de Santarém. No total, são 35 grupos e os espetáculos ocorrem na Praça Barão de Santarém, tradicionalmente na última semana de agosto.  

O festival valoriza a cultura e a história do município, através das modalidades folclóricas como: carimbós, danças folclóricas, quadrilhas tradicionais, quadrilhas estilizadas, quadrilhas de matutos e humorísticos. O evento conta ainda com o apoio da Prefeitura Municipal de Santarém (PMS) e Secretaria Municipal de Cultura (SEMC).

Confira as 35 agremiações: 

Foto: Divulgação/Prefeitura de Santarém

Grupos de Carimbó

  1. Mistura de Carimbó
  2. Carimbó do Pará
  3. Encantos do Tapajós
  4. Conquista de Carimbó
  5. Gingado Paraense
  6. Bailado de Carimbó
  7. Festa de Carimbó
  8. Sedução de Carimbó
  9. Encanto de Carimbó
  10. Regional Tapajoara

Grupos de Quadrilha Estilizada

  1. Flor Do Sertão
  2. Funk na Roça
  3. Aquarela do Brasil
  4. Furacão Junino
  5. Raiar do Sertão
  6. Coração Brasileiro
  7. Quadrilheiro Show
  8. Junina Caipira
  9. Big Ben
  10. Meu Xodó

Grupos de Quadrilha Humorística

Foto: Divulgação/Prefeitura de Santarém
  1. Só Fuleragem
  2. As Peruas Na Roça
  3. Daninhas Poderosas
  4. Bofes e Babados
  5. As Popozudas
  6. Fuzuê das Laranjeiras
  7. As Turbinadas da Bebel
  8. Indecisos na Roça
  9. Imperatriz Real
  10. Nós na Roça

Grupos de Quadrilha tradicional 

  1. Trevo do Amor
  2. Flor Do Pará
  3. 5 Aros
  4. Estrela Dalva
  5. Coração Paraense

Jurados e quesitos de avaliação  

Cada agremiação é avaliada por um grupo de 3 jurados, especialistas em conhecimentos de artes e cultura, que examinam cada categoria, de acordo com o que pede o regulamento do festival de forma imparcial. 

Quesitos avaliados

Por mais que em outros grandes festivais, como o de Parintins, no Amazonas, a avaliação seja dividida em diversas categorias, pelo volume de apresentações, o de Santarém criou um sistema mais simples, mas que abrange todas as características necessárias dos grupos:

Marcador

Coreografia  

Evolução  

Vestuário

Casamento na roça

Valsa e organização do conjunto folclórico

E aí? Já conhecia os detalhes dessa festa?

Especialista fala sobre causas e consequências dos incêndios na Amazônia: “proposital”

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A Amazônia teve 2.026.474 hectares de área queimada somente no mês de agosto, segundo o Monitor do Fogo, do instituto MapBiomas. O Pará é o segundo estado brasileiro mais afetado, ficando atrás apenas do Mato Grosso (MT).

Em 20 de setembro, véspera do dia da árvore, o estado do Pará contabilizava 309 focos de queimadas em 22 municípios, segundo monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O município de São Félix do Xingu, sudeste paraense, ocupava a terceira posição nacional entre os municípios brasileiros que mais estão queimando.

No dia 17 de setembro, o governador do Pará, Helder Barbalho, decretou situação de emergência no estado e autorizou a mobilização de todos os órgãos estaduais para “atuarem sob a coordenação da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil nas ações de resposta ao desastre e reabilitação do cenário, incluindo a execução de programas e projetos prioritários de recuperação”, conforme consta no decreto.

O agravamento das queimadas e da seca severa ocorre em todo o território paraense, sendo as regiões mais afetadas o Araguaia, Baixo Amazonas, Carajás, Guajará, Guamá, Lago de Tucuruí, Marajó, Rio Caeté, Rio Capim, Tapajós, Tocantins e Xingu. No mesmo dia o governador lançou o Plano Estadual de Ações de Combate à Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF 2024), com uma série de ações urgentes.

Em 27 de setembro o estado já havia decretado situação de emergência, proibindo a utilização do fogo, inclusive para limpeza e manejo, documento válido por 180 dias e que prevê sanções penais, civis e administrativas para quem descumprir as determinações.

Para o professor Divino Silvério, doutor em ecologia e docente da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Capitão Poço, há mais pessoas usando o fogo propositalmente. Isso, associado às condições climáticas de maior temperatura e menor umidade, o que acaba facilitando a propagação do fogo e a multiplicação dos incêndios na região.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Nessa entrevista, o professor, que atua na área de ecologia do fogo, fala sobre as principais causas de incêndio na Amazônia, as políticas de manejo do fogo, impactos do fogo para a biodiversidade, e o papel das terras indígenas e unidades de conservação na proteção contra o fogo.

Professor, quais seriam as principais causas do aumento de incêndios na região amazônica?

Divino Silvério: O uso do fogo na Amazônia está geralmente associado a três diferentes objetivos: manejo de áreas abertas, principalmente áreas de pastagem; limpeza de áreas recém desmatadas e sistema corte e queima na agricultura familiar e comunidades tradicionais. A maioria esmagadora dos incêndios está associado aos dois primeiros objetivos, ou seja, o uso como ferramenta de manejo das áreas abertas, geralmente pastagens, e a limpeza de áreas recém desmatadas. Um dos grandes problemas, é que esse fogo costuma sair do controle e avançar para as áreas de vegetação nativa, resultados em processos extensos de degradação florestal.

O uso do fogo aqui na região teria uma questão cultural?

Divino Silvério: A maioria dos incêndios está relacionada ao uso como ferramenta de manejo das áreas já degradadas, as pastagens. É uma grande quantidade dos incêndios iniciando nessas áreas já desmatadas. O fogo tem sido utilizado tradicionalmente com diferentes propósitos e faz parte da cultura de diversas comunidades tradicionais, principalmente as populações ribeirinhas e os povos indígenas. Isso é um fato. No entanto, para a Amazônia em particular, esse uso tradicional do fogo não é o responsável pelos grandes incêndios, não é a principal causa desses aumentos exacerbados da quantidade de queimadas. Eles contribuem para a soma total de incêndios, sobretudo em condições mais extremas de seca. Alguns desses incêndios, mesmo que conduzido de forma tradicional, podem sair do controle e avançar além da área planejada para ser queimada causando prejuízos indesejados. Assim, o fogo também pelas comunidades tradicionais também deve ser repensado nessas condições mais extremas como a que estamos passando agora, até como uma estratégia para amenizar os efeitos das mudanças climáticas.

Se dividirmos os números dos incêndios por causa do manejo de áreas desmatadas para pastagem, limpeza de áreas novas e desmatamento, eles representam a maioria dos incêndios. Especialmente aqueles que escapam do controle e acabam indo para as áreas de vegetação nativa. Há uma pequena fração que está associada ao uso tradicional. Este número pode variar de acordo com o ano, mas é uma fração menor”.

Por que é urgente a recomendação para que não ocorra essa queima? O que é queima prescrita?

Divino Silvério: Primeiro precisamos entender que o conceito do manejo do fogo é amplo e representa uma estratégia sobre como lidar com o fogo na paisagem. O manejo do fogo não quer dizer queima prescrita. Queimada prescrita é o uso do fogo de forma planejada e controlada, e seu uso tem ocorrido no Cerrado nos últimos anos, principalmente em áreas de conservação pelo ICMBio. Quando pensamos no manejo do fogo para o Cerrado, pode haver sim queimada prescrita. Manejo do fogo para a Amazônia, não deve incluir queimada prescrita para vegetação nativa, o ecossistema não é adaptado a este distúrbio e os prejuízos ecológicos são enormes. Mesmo assim, precisamos pensar o manejo do fogo na Amazônia, o fogo é um problema em grande escala que precisa de uma estratégia de gestão bem definida. Para agricultura familiar por exemplo, podemos incentivar e apoiar o uso de outras ferramentas para a limpeza de áreas para cultivo que dispensam o uso do fogo. Então, tem uma série de outras medidas, ações de manejo que podem ser pensadas e que não necessariamente implicam o uso do fogo.

A Amazônia possui alguma característica específica que a torna mais vulnerável?

Divino Silvério: A Amazônia é um ecossistema que não tem adaptações ao fogo. O normal é não ter fogo. O fogo sempre foi um fator bastante raro nesse ecossistema, ocorrendo somente em intervalos de milhares de anos. Então as espécies, o ecossistema como um todo, não estão adaptados ao fogo. Quando ocorre um incêndio, as consequências para a biodiversidade, para o funcionamento desse ecossistema são devastadoras em todas as dimensões.

Que tipos de consequências?

Divino Silvério: O fogo na Amazônia causa grandes prejuízos, como a morte de muitas árvores e a redução do estoque de carbono, o que afeta diretamente a capacidade da floresta de regular o clima. Espécies mais sensíveis ao fogo podem ser extintas localmente, prejudicando relações ecológicas, como a interação entre plantas e animais. Além disso, a ocorrência de um incêndio torna a floresta mais vulnerável a novos incêndios, pois nos anos seguintes as copas das árvores permitem a entrada de luz aumentando a temperatura e há um acúmulo de material seco que serve como combustível.

Os incêndios também afetam a saúde pública, pois aumentam a concentração de fumaça, piorando a qualidade do ar e causando problemas respiratórios. Esse impacto é prolongado e afeta principalmente as crianças e as pessoas idosas. Por isso, é crucial que todos evitem o uso do fogo, principalmente durante este período mais seco, quando o risco dos incêndios sair do controle é maior. A infraestrutura de combate a incêndios na região amazônica é muito pequena, o que torna as ações de prevenção a principal ferramenta para evitar catástrofes ambientais e sociais associadas aos incêndios.

Existem regiões aqui no Pará em que incêndios e queimadas são mais frequentes? Há um motivo para isso?

Divino Silvério: Em geral, o que temos observado é que os municípios com maior porcentagem de áreas já desmatadas também são os que apresentam maior frequência de fogo. Então, os municípios do Pará que estão no arco-do-desmatamento apresentam, invariavelmente, uma grande quantidade de incêndios. Por outro lado, a região oeste do estado onde estão os maiores contingentes de floresta intactas, e menor densidade de pessoas, coincide com a região com menor quantidade de incêndios. Este padrão tem se repetido nos últimos 20 anos. Além disso, a região ao longo das grandes rodovias, como a Belém-Brasília, com fronteira agrícola mais antiga, concentra uma quantidade de incêndios maior que em outras regiões.

Nesse sentido, os territórios indígenas e unidades de conservação ainda conseguem atuar como barreira climática, ou também estão sendo afetados?

Divino Silvério: Nas últimas décadas está muito claro que os territórios indígenas têm servido como uma forte barreira tanto contra o desmatamento quanto aos incêndios, que são muito mais reduzidos nessas áreas protegidas, assim como nas unidades de conservação. Esse é um padrão ainda vigente e importante. Porém nos últimos anos a gente observa que em anos com seca e, esse escudo de proteção está se enfraquecendo. As terras indígenas têm uma contribuição histórica para a redução dos incêndios florestais, mas é uma região que está também em transição. Essa força está se tornando um pouco mais fragilizada, devido às condições mais recentes de mudança do clima que acabam favorecendo grandes incêndios florestais, mesmo dentro das áreas protegidas. É uma situação mais nova.

É possível pensar num plano integrado de prevenção, reunindo todos os biomas, já que eles acabam se relacionando?

Divino Silvério: Sim, eu acho que é possível. Tem algumas experiências interessantes, o Estado tem um papel primordial nessas políticas, que é tanto de uma política de campanhas de conscientização quanto uma política de fiscalização, mais eficiente e até antecipada. Isso passa por ações planejadas de uso, de manejo integrado do fogo em todas as diferentes paisagens. Quando falamos em manejo, é uma coisa diferente para o Cerrado, é outra completamente diferente para a Amazônia, mas essa ideia da percepção do fogo e olhar como um manejo é uma questão que precisa avançar.

A Política Nacional de Manejo do Fogo (LEI nº 14.944, de 2024), recém aprovada, traz um arcabouço legal para ampliar essas ações associadas ao manejo integrado do fogo. É um marco importante, porque antes existia a política de fogo zero, que não permitia utilizar o fogo como ferramenta de manejo da paisagem, mesmo para o Cerrado que é mais adaptado ao fogo. Esta nova lei abre possibilidades desse manejo do fogo ser pensado em mais a longo prazo. Vale relembrar, no entanto, que para a Amazônia, manejo do fogo não precisa e não deve incluir queimada prescrita da vegetação nativa.

Esta nova lei representa um ganho, um avanço, mas outros aspectos, como a quantidade de recursos alocados para o combate aos incêndios, ainda são insuficientes. Uma resposta rápida com ações de comando e controle emergenciais, demanda mão de obra e equipamentos prontamente disponíveis. Mas isso precisa ser pensado como uma política de longo prazo para as brigadas de incêndio. Por exemplo o contrato dos brigadistas dura apenas alguns meses, por isso ações de prevenção que precisam de atenção no período de menor incidência do fogo ficam prejudicadas. As políticas públicas precisam serem repensadas para incorporar no manejo do fogo de longo prazo, tanto as ações de prevenção quanto de conscientização, que são mais baratas e mais eficientes do que ações de resposta nos momentos de crise.

O decreto emergencial do governo do estado do Pará, que proibiu qualquer uso do fogo na região, é importante?

Divino Silvério: É positivo porque prevê a mobilização de órgãos estaduais para ações de enfrentamento a atual crise relacionada ao grande número de incêndios no estado. Acredito que isso facilita a fiscalização e ajuda coibir os incêndios criminosos. Mas é bom lembrar que queimadas em áreas de vegetação são proibidas por lei a qualquer tempo. Isso não é algo temporário, é permanentemente proibido o uso do fogo em qualquer área com vegetação nativa.

*Com informações da Ufra

7 atos de incentivo à educação e cultura promovidos pelo projeto ‘Pipoca em Cena’

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Há quase 10 anos, o projeto ‘Pipoca em Cena’ tem a missão de difundir a sétima arte para o Amazonas. O projeto, que nasceu em 2015, já levou programação de qualidade para diversas comunidades do Estado, sempre pensando em como o audiovisual pode ajudar na educação e estimular os jovens.

Confira algumas curiosidades do projeto nessa década de atividades:

  • A primeira edição do ‘Pipoca em Cena’ aconteceu no dia 27 de junho de 2015, no Centro de Convivência Pedro Vignola, na Cidade Nova, já com o objetivo de difundir a sétima arte para todo o Amazonas.
  • No início, o ‘Pipoca em Cena’ levava sessão de cinema, intervenções artísticas e informativas para diferentes bairros de Manaus, sempre priorizando as comunidades mais carentes.
  • A primeira edição teve como tema ‘dança’, com apresentação ao público da Cia Sesc de Dança, e a exibição do filme ‘Hairspray‘, filme baseado em um musical da Broadway (EUA). Toda edição tem um tema e, em 2024, trata dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
  • O nome ‘Pipoca em Cena’ é levado a sério! Durante as exibições dos filmes, a equipe do projeto distribui pipoca para os espectadores, em um momento de relaxamento para os participantes.
  • A partir de 2017, o ‘Pipoca em Cena’ passou a desafiar estudantes de escolas públicas de Manaus. Além de aprender sobre a sétima arte, os jovens passaram a receber orientações de profissionais do audiovisual e desenvolver os próprios curtas-metragens.
  • Para celebrar o projeto, a equipe prepara um dia especial, geralmente, na escola onde as oficinas aconteceram. Na ocasião, os curtas-metragens desenvolvidos pelos estudantes participam de uma mostra e os familiares também são convidados a assistir o resultado do esforço e criatividade dos alunos.
  • Nessa jornada, o projeto já conta em seu currículo com mais de 50 produções feitas pelos alunos!
Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Comissão analisa uso de arrecadação do petróleo para proteção da Amazônia

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Foto: Ubirajara Machado/Agência Senado

O governo pode ser obrigado a aplicar parte dos ganhos da produção petrolífera — como royalties — na proteção da Floresta Amazônica e dos povos tradicionais. Para isso, projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) destina 20% dos recursos do Fundo Especial do Petróleo (FEP) a projetos em áreas afetadas pela atividade petrolífera.

O projeto de lei (PL) 13/2024 ainda será incluído na pauta da Comissão de Meio Ambiente (CMA) pela presidente do colegiado, senadora Leila Barros (PDT-DF). O texto busca conciliar a preservação ambiental com o desenvolvimento econômico, segundo informa Randolfe na justificação do projeto, que é relatado pelo senador Beto Faro (PT-PA) na forma de uma versão alternativa (substitutivo).

“Dessa forma, garantimos a manutenção da nossa floresta e desenvolveremos uma economia pujante e verde […]. Investiremos em integração logística e exploração sustentável dos recursos naturais, promovendo a pesquisa e lavra seguras e beneficiando a todos e todas que habitam essas regiões”, defende Randolfe.

O senador é favorável às pesquisas de viabilidade de produção de petróleo na chamada Margem Equatorial, com poços a 175 quilômetros da foz do Rio Amazonas. A exploração na região enfrenta impasse entre a Petrobrás, o governo federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável por conceder licenciamento ambiental.

Fundo

Neste ano, o FEP recebeu em média quase R$ 275 milhões por mês de royalties, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Para estados e municípios receberem os 20% dos recursos, a área deve ter sido afetada pela pesquisa (que objetiva descobrir a existência do recurso natural) ou pela lavra (que significa de fato extrair o petróleo ou gás natural). Além disso, os projetos beneficiados devem se relacionar a:

  • preservação da Floresta Amazônica na Região Norte;
  • integração logística;
  • uso sustentável dos recursos naturais;
  • promoção da justiça social; e
  • defesa das tradições e territórios dos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais da região.

A proposta altera a Lei 9.478, de 1997,  a Lei 12.351, de 2010, que criam regras para o fundo. O texto prioriza áreas atendidas pelo FEP, pois as leis já estipulam que os recursos devem ser direcionados a estados e municípios para melhorias em 14 temas, como adaptações às mudanças climáticas, segurança e reinserção social de dependentes químicos. 

Amazônia Legal

A intenção do relator é que apenas a Região Norte seja beneficiada com os 20%. Por isso, o relatório não acatou uma emenda do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) para incluir toda a Amazônia Legal na área protegida pelos projetos.

Para Faro, “os estados da Região Norte carecem de recursos para proteção ao meio ambiente” de forma mais intensa que outros estados que também compõem o conceito da Amazônia Legal, mas que são do Centro-Oeste, como Mato Grosso. A Amazônia Legal foi criado em 1953 para que o governo planejasse o desenvolvimento econômico da região de forma integrada.

Quilombolas

O relatório de Faro incluiu quilombolas e comunidades tradicionais entre os beneficiários. O texto original previa apenas o termo “povos originários”, que se refere aos indígenas. 

Além disso, Faro privilegiou a educação e a saúde dessas pessoas ao determinar que essas áreas recebam primariamente os investimentos aplicados nas comunidades. A emenda acatada também é do senador Mecias de Jesus.

Royalties

O Fundo Especial do Petróleo é composto por arrecadações devidas ao Estado brasileiro pela exploração de petróleo e gás natural — cujas jazidas pertencem à União, segundo a Constituição Federal. É abastecido por meio de:

  • royalties, que são cobrados das empresas produtoras dos recursos naturais e distribuídos entre União, estados, municípios e fundos;
  • participação especial pagas nos casos de grande volume de produção ou de grande rentabilidade;
  • excedente em óleo da União, que é a produção total do recurso descontado dos custos e dos repasses de royalties. Eles ocorrem nos chamados regime de partilha — quando a União participa das atividades petrolíferas sem precisar investir ou sofrer risco.

*Com informações da Agência Senado

Epidemiologista sugere medidas de efeito rápido para reduzir danos causados pela fumaça que encobre Manaus

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Foto: Filipe Jazz/TCE-AM

O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia, sugere a adoção de medidas emergenciais para reduzir os danos atuais e futuros causados pela inalação de fumaça, em níveis críticos, pela população de Manaus (AM), com o agravamento da situação na última semana.

O pesquisador afirma que os serviços de saúde devem garantir contratação emergencial de profissionais para aliviar a sobrecarga da rede, em centros de saúde e ambulatórios, bem como garantir medicações e insumos que estão com sua demanda aumentada, devido à emergência climática. Em termos de prevenção individual, Orellana recomenda a distribuição, pelos órgãos de saúde estadual e municipal, de máscaras N95 ou PFF2 para grupos prioritários, incluindo trabalhadores ambulantes, entregadores de aplicativo, trabalhadores da limpeza pública, guardas de trânsito e do transporte coletivo, por exemplo.

Evitar atividades ao ar livre, sobretudo corridas ou esportes coletivos como futebol. Beber muita água e procurar ambientes ventilados, distantes de áreas de intenso trânsito veicular ou com outras fontes de fumaça tóxica devem ser orientações divulgadas amplamente pelos meios de comunicação, segundo o epidemiologista.

Em caso de sintomas potencialmente associados a poluição, procurar o serviço de saúde mais próximo, em busca de suporte e orientação. O pesquisador defendeu também o endurecimento da legislação e principalmente rapidez na punição dos criminosos.

“Sabemos que na maioria das vezes os incêndios são de origem criminosa, de certa forma, a histórica explosão de queimadas está sendo impulsionada pela quase certa expectativa de impunidade, especialmente em locais onde o agronegócio pode avançar ainda mais”, afirmou, acrescentando que o rastreamento da origem de minérios e madeira ilegal, bem como do gado e grãos que abastecem grandes frigoríficos ou exportadores, é um caminho para inibir a degradação da Amazônia sob a falaciosa suposição de progresso e riqueza para o país.

Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

“Em termos de enfrentamento direto, aumento ainda maior de forças especiais para o combate de incêndios, especialmente em regiões críticas e com poucos recursos financeiros, humanos e de infraestrutura”, adverte Orellana, que recomenda também a adoção do sistema de trabalho remoto, pois garante a redução da circulação de veículos, fonte importante de poluentes do ar, bem como, ajuda a proteger a saúde da população geral, promovendo economia de energia elétrica e gastos evitáveis com atenção médica de trabalhadores adoecidos pela fumaça tóxica. “Também deveríamos ter suspendido aulas presenciais nas escolas e universidades”, afirmou.

Os efeitos, de acordo com Jesem, já são sentidos de imediato ou o serão em curto prazo. “Muitas pessoas apresentam sinais e sintomas como tosse, cansaço, crises de rinite alérgica, respiração ofegante ou sensação de falta de ar, rouquidão, ressecamento ou irritação na garganta e olhos ou mesmo lacrimejamentos e sangramento nasal, em caso de estiagem associada com baixa umidade do ar. Em médio prazo, os efeitos negativos da fumaça podem atuar como uma espécie de gatilho para crises de asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), enfisema pulmonar, bronquite ou mesmo problemas pulmonares em pessoas com histórico de fibrose pulmonar ou cística, por exemplo. Também podem agravar ou impulsionar problemas como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. No longo prazo, há indícios que a exposição crônica possa levar ao câncer de pulmão, por exemplo”, alertou.

*Com informações da Fiocruz Amazônia

Amapá lidera ranking de redução de focos de incêndio no país

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Foto: Divulgação/GEA

O Amapá registra redução de 72% de focos de incêndio e lidera o ranking nacional com o menor número de casos em pleno período de seca. O levantamento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), aponta que de 1º de agosto a 20 de setembro deste ano foram registradas 1.517 ocorrências, contra os 5.363 focos de incêndio no mesmo período em 2023.

Na contramão do que ocorre no restante do país, o Governo do Estado tem conseguido diminuir o quantitativo, que chegou a ser alarmante no ano passado, com o desenvolvimento de ações integradas de prevenção e combate a queimadas e incêndios florestais. Uma Sala de Situação coordenada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) monitora áreas em tempo real, via satélite, especialmente as que apresentam maior risco.

Foto: Divulgação/GEA

“O Governo do Estado vem atuando em várias frentes de trabalho com ações conjuntas envolvendo os órgãos competentes que estão na linha de frente. E, mesmo com os resultados positivos, estamos atentos, pois estamos enfrentando sérias mudanças climáticas, uma situação que é global”, enfatizou a secretária de Meio Ambiente, Taísa Mendonça.

A redução coloca o Amapá como o estado menos afetado pelos focos de incêndios, devido a um conjunto de ações da gestão envolvendo várias instituições. Entre as iniciativas que contribuem para o resultado favorável estão as ações de prevenção da Operação Amapá Verde – Protetor dos Biomas; Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas do Estado do Amapá; criação do Comitê Interinstitucional de Prevenção e Combate à Estiagem e Incêndios Florestais.

Além disso, a Sema já capacitou 26 brigadistas para atuarem nas frentes de trabalho, enquanto uma linha de frente integrada entre Operação Amapá Verde – Protetor dos Biomas, a Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), atuam de forma ostensiva na prevenção e combate.

Foto: Divulgação/GEA

Mudanças climáticas e seca

Mesmo com resultados positivos, o Governo do Amapá permanece atento diante do atual cenário de mudanças climáticas severas e a gestão já estuda novas medidas que serão implementadas para minimizar os impactos do período da seca.

Em outubro, mês considerado historicamente o mais quente do ano no estado, as fortes temperaturas chegam a devastar vegetações e influenciar o lençol freático com a seca. Em 2023, o município de Tartarugalzinho foi o mais afetado com a estiagem, com 1.788 focos de incêndio de 1º de agosto a 20 de setembro. Neste ano, Macapá lidera com 309 registros até o momento.

De 2019 a 2023, o Departamento de Desenvolvimento Ambiental da Sema vem analisando dados sobre distribuição de chuvas no território amapaense no período de estiagem. Segundo o levantamento, nos últimos cinco anos a última chuva considerada regular ocorreu em 2021.

Foto: Divulgação/GEA

Operação Amapá Verde – Protetor dos Biomas

A Operação Amapá Verde é um conjunto de ações desenvolvidas pelo Governo de Estado para prevenir e combater crimes ambientais e incêndios em vegetação no período de estiagem. A ação inicia o 6º ciclo neste sábado, 21, as atividades fazem parte da 7ª edição da Operação Protetor dos Biomas, do Governo Federal. Pela primeira vez são utilizados 15 sopradores costais, equipamentos eficazes para dar suporte aos militares no combate aos focos de incêndios.

O Governo do Amapá trabalha, ainda, em uma ação integrada com o Governo do Mato Grosso do Sul, para conter os incêndios florestais na região do pantanal mato-grossense, que sofre com os efeitos de estiagem rigorosa, clima seco e calor intenso. São 24 militares especialistas do Corpo de Bombeiros enviados para dar suporte ao combate às queimadas.

Ao avistar um foco de queimada, denuncie:

  • 193, Corpo de Bombeiros
  • 190, Defesa Civil e Centro Integrado de Operações de Defesa Social (Ciodes)

*Com informações da SEMA AP

Sociedade Beneficente Portuguesa do Amazonas – de Jorge de Moraes à Eduardo Manarte

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Hospital Beneficente Portuguesa em Manaus. Foto: Divulgação/HPAM

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

A verdade é que, para reconhecer-se em toda a sua extensão, em todo seu significado em todas as suas minucias, o que tem sido a ação dos portugueses no Brasil é fundamentalmente indispensável saber como ele aqui chegaram, como se aclimataram e de que forma exerceram sua tutela na formação do novo núcleo habitacional, quais foram os pontos de suas diretrizes no tocante a nova civilização, principalmente de que recursos se serviram para ocupar e construir o Hospital Português. Especialmente como administraram a construção de importantes casas de saúde com destaque para: a Beneficente e a Santa Casa de Misericórdia, ambas em Manaus.

Cumpre ver como eles aqui trabalharam e continuam trabalhando no passado e no presente, médicos, enfermeiros, funcionários administrativos, presidente da diretoria e diretores. Tudo isso construído em uma cidade em plena selva amazônica, com toda escassez daquele período. Portanto, temos que fazer embora em resumo, com possível clareza, um estudo histórico da presença da medicina no Amazonas, tema muito bem estudado e explorado pelo Professor, Doutor João Bosco Botelho com vários livros publicados neste segmento, criando dessa forma a oportunidade de divulgar esses fatos históricos, destacando nomes que permanecem no esquecimento, restituindo-se o respeito às suas memórias, como, por exemplo, na pessoa do Doutor Jorge de Moraes e, como se destaca atualmente, o Doutor Eduardo Manarte Gonçalo.

Jorge de Moraes

Dr. Jorge de Moraes – Médico – Sócio Benfeitor. Em 1910, na função de Senador da República, passou a se interessar pelos problemas da Beneficente Portuguesa. Em 1911 instalou o primeiro laboratório de Análises Clínicas. Em 10912, por sua determinação, foram comprados vários aparelhos hospitalares. Foi Diretor Clínico de 1912 a 1920. Em 1921 ausentou-se para o Rio de Janeiro até 1931 e faleceu em 1947 no Rio de Janeiro. Foto cedida pelo professor Mário Ypiranga Monteiro.

O Dr. Jorge de Moraes nasceu em Manaus a 18 de julho de 1878. Bem cedo, quando ainda menino revelou-se muito inteligente. Seu pai o mandou estudar na Bahia, em cuja capital, Salvador, fez o curso de Medicina, conquistando sempre notas bem altas.

Depois viajou para a Europa, percorrendo vários países, demorando-se em Paris para aprofundar seus estudos.

Regressa a sua terra, casa-se, mas sua esposa falece em pouco tempo.

O Dr. Jorge de Moraes dedicou-se a cirurgia, conseguindo ser primus inter pares, muito trabalhando e amealhando recursos para realizar nova viagem ao Velho Mundo, desta vez permanecendo mais tempo na Itália. Retornando a Manaus em um dos luxuosos paquetes da Companhia Ligure Brasiliana, que faziam duas linhas de navegação mensal a capital manauense, encontra grassando alarmante, em Belém, a peste bubônica, fazendo numerosas vítimas. O navio prosseguindo viagem ao passar pela cidade de Parintins, que não era porto de escala, é intimado a atracar para fazer expurgo. O comandante desobedece e o fato é comunicado às autoridades sanitárias de Manaus. Lá chegando, o navio é privado de encostar. O Dr. Vivaldo Palma Lima era a figura principal da ação na qualidade de inspetor de Saúde do Governo Federal. O paquete estava repleto de passageiros e o Dr. Jorge de Moraes, a frente de todos, berra e gesticula, protestando contra aquilo que chamava violência, ilegalidade. Nada houve que demovesse do seu dever o Dr. Vivaldo Lima. O barco italiano faz a manobra rumo a Parintins e, ali, realizou a profilaxia. E, assim, desembaraçado, sobe novamente o Amazonas e o Rio Negro, atracando em um dos flutuantes da Manaus Harbour. Se os navios nacionais cumpriam a lei brasileira, porque um barco estrangeiro haveria de desmoralizá-la? O Dr. Jorge de Moraes não tinha razão. O certo é que a peste, tão contagiosa, ficou circunscrita a Belém, não havendo um caso a lamentar no Amazonas.

O ilustre cirurgião reenceta as suas atividades e entra na política. Pelo seu trabalho de consultório e de hospital, amealha recursos e constrói o palacete de sua residencia, a rua que, mais tarde, teve o seu nome, mas hoje é Ruy Barbosa.

Vaga um lugar de senador pelo estado, o Dr. Jorge de Moraes é eleito e toma posse. A sua vasta cultura e o seu talento oratório fizeram-no um grande parlamentar.

Quando George Clemenceau, presidente do Conselho de Ministros da França esteve em nosso país, em setembro de 1910. especialmente para trazer as saudações do seu governo, dirigindo-se ao senado brasileiro, foi o Senador Jorge de Moraes o incumbindo de proferir o agradecimento. E o fez com brilho e veemência, em sessão de 21 de setembro de 1910.

A título de prova e curiosidade, transcrevo, aqui somente o exordio da peça oratória, no próprio idioma usado:

Monsieur George Clemenceau: Lei Senat Bresilian ayant I’honneur de vous recevoir comme veritable gloire de la France Republicaine, a montré son armour pour les contrastes, puisqu’il a choise le plus obscur des ses membres pour saluer un geante de votre taile intellectuele et politique.

Malgre cela, l’éclat de votre nom, la lumiere geniele de votre esprit, la noble hardiesse de vos combats, m’ont seduit de telle maniere que me voice ému, surpris de tant de courage innattendu, insoupçonné (O Dr. Jorge de Moraes, Senador pelo Estado do Amazonas, em 1909-1910, pág. 7 – Paris.)

Ao representante do Amazonas no Senado, estava ainda reservada, sem que o tivesse percebido outra gloriosa tarefa: a de defender sua terra da prepotência do bombardeio de Manaus efetuado a 8 de outubro de 1910, pelas forças federais para esse fim acantonadas naquela cidade. (Sobre o fato, reservo-me para falar em outra ocasião).

Por força da reforma da constituição na época, vigente no Amazonas, que determinou a outorga da autonomia politica aos municípios, o Dr Jorge de Moraes, Senador da República vai ao Governador e manifesta-lhe o desejo de ser o primeiro Prefeito de Manaus, por sufrágio popular. A suprema autoridade pondera-lhe o fato de ser cargo de senador muito mais importante e, politicamente bem mais valioso, no que Jorge de Moraes retruca: “Insisto na minha pretensão”. – Então pode contar comigo, diz-lhe o Coronel Bittencourt.

O Dr. Jorge de Moraes foi, realmente, o primeiro prefeito constitucional do Amazonas que não conhecia esse processo de investidura na rede dos seus municípios.

O Governador não podia deixar de anuir ao amigo que tanto o tinha defendido no caso do bombardeio de Manaus.

Uma vez investido no cargo para o qual não fora convidado, mas se impusera, planejou alguns melhoramentos na cidade, para cuja realização não poderia contar somente com os recursos da arrecadação tributaria normal. Cogitou, então, de um empréstimo tomado no estrangeiro, que dependia da anuência do Governador, que ao saber do destino do empréstimo, dá a sua aprovação verbal.

Aconteceu, porém, que os banqueiros exigiram que só o dariam se fosse empregado na reconversão de certas dívidas do estado e da municipalidade. Eram cerca de 33.000 (trinta devendo aquela fabulosa quantia, sem ter realidade um só melhoramento.

A administração do Dr. Jorge de Moraes foi quase toda consumida em debater aquela operação de crédito, que era combatia por todos os lados.

O ex-senador apenas pode realizar pequenos empreendimentos, arrancados ao magro orçamento do município. Terminada sua gestão, o prefeito estava cansado e irritado, coisa costumeira na sua psicologia.

Ao entregar o mandato ao seu sucessor legal, fez distribuir aos circunstantes centenas de exemplares de um manifesto, de um só teor: uns com a epigrafe “Aos Meus Amigos”, nos outros exemplares: Aos Cães.

Quem quiser melhor conhecer as realizações municipais do triênio administrativo do Dr. Jorge de Moraes, procure excelente Anuário de Manaus para 1913-1914, organizado por Heitor de Figueiredo – 1943 – Lisboa.

Somente agora posso penetrar no íntimo, não singular, mas extraordinário do nosso emérito senador. A psicologia é uma ciência que nos fatos, gestos e pensamentos dá-nos o facies da alma.

Sempre formei o conceito, referente ao Dr. Jorge de Moraes de se tratar de um homem neurastênico, parecendo conter dentro de si uma fornalha extravasante. Por motivos ou sem eles, explodia de quando em quando. Que se recordem as enfermeiras do hospital da Sociedade Beneficente Portuguesa e de outros.

Acontece, porém, que estas linhas já ultrapassam os seus limites.

Ninguém pode negar o tamanho de um gigante.

O Dr. Jorge de Moraes foi um dos vultos mais insignes de nosso passado.

Há quem construa na trajetória da vida sua própria história, o médico e professor Eduardo Manarte Gonçalo pôde apresenta-se, já a partir de sua inserção no mundo do saber e ao futuro, tendo como referência a busca do conhecimento e o trabalho.

Dr. Eduardo Manarte Gonçalo. Médico – Atual diretor clínico. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal

O diretor clínico do Hospital Português Eduardo Manarte Gonçalo tem outra identidade presente em sua vida é a afirmação de que a cada instante da vida ele se encontra com a dinâmica de fazer algo, algo inovador, diferente construtivo em benefício do Hospital Português e com tal magnitude que outras pessoas pudessem compartilhar essa grandeza. Ele afirma a sua convicção de que o homem é mestre de seu próprio destino, o grande homem olha o mundo e percebe que há nele a presença de algo que o desafia ao uma nova missão.

Tem sido brilhante a atuação do diretor clínico, médico e professor Eduardo Manarte Gonçalo, que nasceu em Manaus, no dia 20 de outubro de 1952. Filho de José dos Santos Gonçalo, natural de Moimenta da Beira-Portugal e, de Emiliana Manarte Gonçalo, natural de Manaus.

Recebeu os primeiros ensinamentos frequentando o Grupo Escolar Nilo Peçanha, no qual cursou o primário de 1960 à 1963. No Colégio Estadual do Amazonas cursou o Ginásio no período de 1964 à 1967, o colegial de 1968 à 1970. Estudou o curso de Medicina na Faculdade de Ciências e Saúde da Universidade do Amazonas de 1971 a 1977.

Após a conclusão do Curso de Medicina ingressou no Exército Brasileiro, a fim de cumprir serviço militar obrigatório, sendo destacado para trabalhar no 5° Batalhão de Engenharia de Construção, sediado em Porto Velho/RO, atuando com a patente de Tenente R-2, no período de 1978 a janeiro de 1979. Na ocasião, desempenhou sua profissão no Ambulatório Médico da própria Corporação e na Policlínica de Porto Velho.

Desejando desempenhar suas atividades profissionais na sua terra natal, voltou à Manaus em Janeiro de 1979. Aprovado em concurso público para docência na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Amazonas em 1979, permanecendo na função até se aposentar.

Participou de Curso de Pós-Graduação (PICD) promovido pela Universidade do Amazonas em 1974. Foi responsável pela disciplina de Ginecologia, do Departamento de Materno-Infantil da FCS/UA, no ano 1991. Plantonista da Maternidade do Hospital Beneficente Portuguesa desde 1980.

O Luso-Brasileiro Médico e Professor Eduardo Manarte Gonçalo faz parte de plêiade de jovens médicos raro e fecundo, cuja, humildade o faz ser retraído, porém, no exercício da profissão faz transbordar inteligência e responsabilidade, podemos dizer que é um apóstolo da Medicina especialmente como professor.

O Doutor e Professor Eduardo Manarte Gonçalo é um vitorioso, pois sua vida é alicerçada na crença de que o maior patrimônio que os pais podem legar aos filhos é o conhecimento e, isso ele o fez, pois tem um filho advogado, uma filha dentista e uma filha médica.

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

DNIT contesta 7ª Vara Federal e defende conclusão das obras da BR-319

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Foto: Reprodução/DNIT

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

Ao se opor clara e obstinadamente à conclusão das obras da BR 319, a ministra Marina da Silva, do Ministério do Meio Ambiente (MMA) omite uma verdade incontestável: a licença da obra foi concedida pelo próprio Ibama, órgão vinculado ao seu Ministério. Para ela, entretanto, a pavimentação da BR-319 “sem um estudo adequado pode ser prejudicial à região, podendo ‘agravar’ de maneira assustadora o problema da seca, da estiagem e, com certeza, aumentar inclusive esses incêndios que temos hoje”. Em sentido contrário, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ingressou com Agravo de Instrumento contra a decisão proferida nos autos da Ação Civil Pública movida pelo Laboratório do Observatório do Clima, que suspendeu a eficácia da Licença Prévia emitida pelo IBAMA, em 2022, autorizando a pavimentação da rodovia.

O recurso apresentado pelo DNIT ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) propõe reverter a suspensão da LP 672/2022, emitida pelo IBAMA em 2022, contestando a decisão da 7ª Vara Federal Ambiental e Agrária do Amazonas, de julho passado, segundo a qual os estudos ambientais subjacentes à concessão da referida LP apresentavam lacunas e falhas que poderiam gerar impactos significativos ao meio ambiente. No recurso, o DNIT defende o prosseguimento das obras, essencialmente no trecho Trecho do Meio, entre o km 250,7 e o km 656,4 da BR-319”, justificando a área como “de extrema importância para a economia local por se constituir no único acesso terrestre entre Manaus e Porto Velho”.

O DNIT argumenta que “a BR-319 não só facilita o trânsito entre o Amazonas e Rondônia, como também conecta o estado vizinho de Roraima ao restante do Brasil. O órgão salienta que a falta dessa ligação rodoviária impacta diretamente o escoamento de produtos e serviços da região, além de prejudicar o deslocamento de pessoas”. Considera, ainda, que o transporte rodoviário representa uma solução viável e necessária, uma vez que o modal fluvial via Rio Madeira é limitado pela geografia e sujeito a estiagens que assolam os rios da região, e o transporte aéreo é caro e de baixa disponibilidade”.

Reforça, por outro lado, que “a obra é estruturante, com grande impacto social e econômico, e pode, inclusive, salvar vidas, ao facilitar o acesso a serviços de saúde e emergências”. Além de sujeitas a desastres técnicos, como em decorrência do desabamento de duas pontes em 2022 – uma sobre o rio Curuçá, em setembro de 2022, deixando quatro mortos, um desaparecido e 14 pessoas feridas; e a segunda, sobre o rio Autaz Mirim, que não deixou feridos. A despeito de todos os percalços com que se defronta, a rodovia é alvo de debates ambientais negativistas recrudescidos junto a setores do governo Federal face a compromissos internacionais assumidos com ONGs ambientalistas consubstanciados no “desmatamento zero na Amazônia”.

As posições contrárias da ministra Marina Silva não foram consideradas pelo governo Federal, que, em novembro de 2023, enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 5787-23, assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, instituindo o Plano Regional de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA) – 2024/2027, na órbita da SUDAM. O PRDA considera que “muitas das estradas que existem na região são precárias e sem mínima observância de condições para o tráfego seguro de veículos, o que dificulta a circulação de pessoas e mercadorias”. Desta forma, “a região carece de novos meios para permitir transportes mais ágeis e eficientes”.

O principal objetivo do PL, segundo a exposição de motivos, “é tornar a Amazônia referência na valorização da sociobiodiversidade”. O Plano propõe o desenvolvimento de 11 programas, com uma série de ações estratégicas, dentre os quais a repavimentação da BR-319 e a construção de terminais hidroviários e de ferrovias visando maior eficiência do transporte regional”. Lamentavelmente, nenhuma dessas iniciativas saiu do papel até o momento. O PRDA continua adormecendo nos escaninhos da burocracia brasiliense. Longe do tabuleiro do poder à espera de decisões executivas do governo Federal para a posta em marcha dos investimentos e intervenções sociais e econômicas preconizadas no Plano. Definitivamente, Marina da Silva com apoio de suas ONGs internacionais têm mais força política do que o próprio presidente Lula da Silva.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Acordo de Pesca Marumaruá-Atapi recebe 1ª autorização de manejo do pirarucu no Amazonas

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Foto: Bernardo Oliveira

O grupo de manejo Marumaruá-Atapi, situado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA), no Amazonas, conquistou a autorização para realizar a pesca sustentável do pirarucu. O mais novo grupo a obter a autorização sustentável de pesca é formado pelas comunidades São Raimundo, Santa Teresa e Sítio Inamuí.

Esse marco foi formalizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que concedeu uma cota de 120 pirarucus, o equivalente a 6.000 kg de pescado, para o ano de 2024.  As comunidades devem iniciar o manejo em meados de novembro. 

Essa conquista é o resultado de um longo processo comunitário iniciado em 2008, com a mobilização das comunidades do entorno dos lagos Marumaruá-Atapi, que buscam o ordenamento do uso dos recursos pesqueiros na região. A autorização representa um reconhecimento dos esforços dessas comunidades em conservar e fortalecer a gestão sustentável dos recursos naturais.

Leia também: Manejo sustentável de pirarucu implementado nos rios amazônicos salvou a espécie da extinção

Foto: Reprodução/Instituto Mamirauá

Com a assessoria técnica do Instituto Mamirauá, o grupo foi capacitado ao longo dos anos em técnicas de contagem, pesca sustentável e boas práticas de manipulação do pescado. Esse acompanhamento técnico foi decisivo para a implementação de um manejo eficaz e que agora alcança um novo patamar de formalização. O grupo também se prepara para promover a 20ª Feira de Pirarucu de Manejo Sustentável, que acontecerá em novembro na cidade de Tefé, Amazonas, com a comercialização dos peixes manejados.

O evento da feira será uma oportunidade para celebrar o primeiro manejo, as práticas de conservação e o fortalecimento das cadeias produtivas da Amazônia.

A autorização do manejo do pirarucu é fundamentada pela Instrução Normativa SEMA/AM nº 09 de 28 de agosto de 2017, que regulamenta o uso sustentável dos recursos pesqueiros na região. Essa normativa fortalece a sustentabilidade dos sistemas de lagos protegidos e reitera a importância da atuação comunitária na gestão dos recursos.

O Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,  passa a atuar em 13 acordos de pesca e celebra os 25 anos do manejo do pirarucu junto às comunidades parceiras. Desde o início do manejo, em 1999, o Instituto Mamirauá já formou mais de 1.000 multiplicadores da técnica, no Brasil e demais países amazônicos.

Localização

A mais nova área de manejo do pirarucu, regulamentada para a gestão sustentável dos recursos pesqueiros, está localizada na Amazônia Central, no estado do Amazonas, mais precisamente dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDSA). Marumaruá-Atapi está situada à margem esquerda do paraná do Cubuá, um afluente do rio Solimões e abrange um complexo de 32 ambientes aquáticos e uma extensão de 238,32 km².

A área está localizada a 37,9 km da cidade de Tefé, município mais próximo e ponto de referência para os moradores das comunidades envolvidas. A capital Manaus está a 503,4 km de distância. Marumaruá-Atapi é cercado por outros importantes complexos pesqueiros, como Lauriana (a sudeste), Piranha (a nordeste), Capivara (a sudoeste), Janamã (ao sul) e Acará (ao norte), além dos paranás do Cubuá (oeste), Copeá (sul) e Castanha (noroeste).

Localizada inteiramente em uma região de floresta de várzea, a área é caracterizada por sua alta produtividade pesqueira, fundamental para a diversidade de espécies e a riqueza da biodiversidade aquática. A várzea, um ecossistema dinâmico, promove a abundância de espécies como o pirarucu e o tambaqui, que encontram nos lagos da região um habitat ideal para reprodução e alimentação.

Essa localização estratégica, cercada por outros grandes sistemas aquáticos, potencializa o sucesso do manejo sustentável, já que a conectividade entre os corpos d’água permite a renovação constante dos estoques pesqueiros quando manejados de forma sustentável e assegura a sobrevivência das comunidades que dependem desses recursos.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Mamirauá