Home Blog Page 347

Alerta de saúde é emitido em Roraima após morte de macaco por febre amarela

0

Foto: Divulgação/Sesau-RR

A Secretaria Estadual de Saúde informou neste sábado (19) que foi confirmado o diagnóstico de febre amarela em um macaco encontrado morto em uma comunidade indígena em Alto Alegre, no interior de Roraima. Com o registro, um alerta epidemiológico foi emitido para que os 15 municípios do estado intensifiquem as ações de vigilância quanto à circulação do vírus da doença.

A confirmação de que o macaco morreu devido à doença saiu na sexta-feira (18). Uma amostra de material biológico do animal foi analisada no Instituto Evandro Chagas (IEC), do Pará, uma referência na Amazônia. O diagnóstico de febre amarela em macacos é chamado de Epizootia.

O animal morreu no dia 18 de agosto. Além desse caso, a Saúde estadual também registrou esse ano dois casos de febre amarela em humanos, ambos em pacientes da Guiana, país na fronteira com o município de Bonfim, no Norte de Roraima. Os dois foram tratados no maior hospital do estado.

A febre amarela é uma doença hemorrágica, causada por um vírus, do gênero flavivírus, que se destaca entre as doenças infecciosas imunopreviníveis. Ela é comum em 47 países de baixa e média rendas nos continentes africano e sul-americano.

Entre as orientações enviadas aos municípios, estão o alerta para que gestores das Secretarias Municipais de Saúde intensifiquem campanhas que sensibilizem a população sobre a necessidade de se proteger contra a doença por meio da vacinação.

O caso da epizootia, segundo a Saúde, é uma importante ferramenta para que o governo e prefeituras implementem ações para controlar os riscos de transmissão da Febre Amarela.

“Essas duas situações, os casos confirmados oriundos da Guiana e a epizootia confirmada em primata não humano em Alto Alegre, são fatores de grande relevância para que o Estado entre em alerta quanto à possível ocorrência de febre amarela silvestre. A vigilância de epizootias e a cobertura vacinal estão sendo intensificadas nos municípios, com foco principalmente naquelas pessoas que frequentam as matas, realizam atividades ligadas ao turismo ecológico, praticam caça e pesca ou são adeptas de caminhadas e trilhas, pois estão mais expostas ao risco de infecção pelo vírus”, destacou Rosângela.

Saiba mais sobre a febre amarela

  • A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos infectados.
  • Em área rural ou de floresta, os macacos são os principais hospedeiros e a transmissão ocorre pela picada dos mosquitos transmissores infectados Haemagogus e Sabethes.
  • Nas cidades, a doença pode ser transmitida principalmente por mosquitos da espécie Aedes aegypti.
  • Não há transmissão direta de pessoa para pessoa.
  • Os sintomas iniciais da febre amarela são: febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza.
  • Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode desenvolver algumas complicações, como febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.

*Com informações da Rede Amazônica RR

Imagens registradas pelo Greenpeace mostram novas áreas de garimpo em TIs na Amazônia

0

Foto: Christian Braga/Greenpeace

O Greenpeace Brasil identificou novos pontos de garimpo nas Terras Indígenas (TIs) Kayapó e Yanomami, que já estão no topo das mais prejudicadas pela atividade. Os locais ficam distantes de outros focos de garimpo mais antigos e já consolidados.

Em nota encaminhada com exclusividade à Agência Brasil, a organização informa que de julho a setembro deste ano o garimpo provocou o desmatamento de 505 hectares nas TIs Kayapó, Yanomami, Munduruku e Sararé. Os locais ficam distantes de outros focos de garimpo mais antigos e já consolidados.

A medição do perímetro destruído, que equivale a 707 campos de futebol, foi feita com o uso de imagens dos satélites Planet Lab e Sentinel-2.

Quando se observam as mudanças nas três primeiras TIs, constata-se um aumento de cerca de 44% da área desmatada no trimestre analisado em comparação com o mesmo período de 2023.

O território Kayapó foi o que mais perdeu florestas, com aumento de 35% de área, no período de análise. No total, foram desmatados 315 novos hectares, o que equivale a aproximadamente duas vezes o tamanho do Parque Ibirapuera, em São Paulo.

De acordo com o Greenpeace, a TI Kayapó atingiu outros três recordes no trimestre: maior concentração de área de garimpo (15.982 hectares); maior quantidade de novas áreas desmatadas para a atividade garimpeira; e maior concentração de incêndios florestais em 2024.  

Em relação à TI Yanomami, a área total de garimpo é de 4.123 hectares, dos quais 50 hectares são mais recentes, registrados no trimestre avaliado. Nesse caso, o aumento foi ligeiramente menor do que o da TI Kayapó, de 32%.

Em 4 de outubro, a Casa Civil divulgou nota em que afirma que, apenas em setembro deste ano, foram realizadas 2.048 operações na TI Yanomami, focadas no combate ao garimpo ilegal e que, “desde o início dessas ações, em março de 2024, houve uma queda expressiva de 96% na abertura de novos garimpos, em comparação aos números de 2022”.

“As imagens de satélite ainda revelam que houve expansão da nova fronteira de garimpo no sul do território Yanomami, denunciada pelo Greenpeace no início de 2024. Novas fronteiras também foram identificadas no Parque Nacional Pico da Neblina, localizado no sul da região”, complementa a entidade.

A organização também se deparou com uma alta de 34,7% na área devastada pelo garimpo em solo munduruku. O total foi de 32,51 hectares abertos no último trimestre. O território também teve 3% da área afetada por queimadas e pela estiagem, que agravaram as crises alimentar e hídrica.

Na TI Sararé, o desmatamento promovido pelos garimpeiros compreendeu uma área de 106,98 hectares entre agosto e setembro deste ano. A área total de garimpo é de 1.863,78 hectares, de acordo com o Greenpeace, que salienta a escalada de violência no território.

“Informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) utilizadas no estudo revelam que 13 operações conjuntas da Polícia Judiciária, Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] e Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas] já ocorreram nestas TIs, mas ainda não é o bastante”, assinala o Greenpeace.

Os ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Povos Indígenas, a Casa Civil, e a Funai ainda não responderam sobre as Terras Indígenas ameaçadas. 

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Brasil, escrito por Letycia Bond

Polo Industrial de Manaus tem melhor faturamento do ano em agosto, diz Suframa

0

Produção de motocicletas na Zona Franca de Manaus. Foto: Reprodução/Abraciclo

O Polo Industrial de Manaus (PIM) obteve um faturamento de R$ 132,86 bilhões entre janeiro e agosto deste ano, o que representa um aumento de 14,08% na comparação com o mesmo período de 2023 (R$ 116,46 bilhões). Segundo a Suframa, agosto, inclusive, marcou o melhor resultado mensal de faturamento do PIM no ano: R$ 18,44 bilhões, superando julho (R$ 17,11 bilhões).

Em dólar, o faturamento do PIM no período de janeiro a agosto foi de US$ 25.25 bilhões, indicando crescimento de 8,3% em comparação com o mesmo intervalo de 2023 (US$ 23.31 bilhões).

Até agosto, as exportações do PIM totalizaram US$ 435.84 milhões, o que representa crescimento de 11,07% na comparação com igual intervalo do ano passado (US$ 392.40 milhões).

Com relação à mão de obra, as empresas do PIM fecharam agosto com um total de 123.156 trabalhadores, entre efetivos, temporários e terceirizados. Na comparação com agosto do ano passado (114.646 trabalhadores), o aumento da geração de empregos diretos é de 7,42%. Com os resultados apurados até agosto, a média mensal de mão de obra do PIM, em 2024, é de 120.155 trabalhadores.

Segmentos e produtos

Bens de Informática (faturamento de R$ 5,78 bilhões entre janeiro e agosto e participação de 22,91% no resultado global do PIM), Duas Rodas (faturamento de R$ 4,65 bilhões e participação de 18,41%), Eletroeletrônico (faturamento de R$ 4,52 bilhões e participação de 17,94%), Químico (faturamento de R$ 2,44 bilhões e participação de 9,67%) e Termoplástico (faturamento de R$ 2,31 bilhões e participação de 9,18%) foram os cinco segmentos mais representativos do PIM nos oito primeiros meses deste ano.

Entre os principais produtos fabricados pelo Polo no período de janeiro a agosto, são destaques:

  • as linhas de televisores com tela de LCD e OLED, com 9.780.488 unidades produzidas e aumento de 13,23%;
  • motocicletas, motonetas e ciclomotos, com 1.233.252 unidades e aumento de 13,42;
  • condicionadores de ar do tipo split system, com 3.826.601 unidades e aumento de 62,80%;
  • e condicionadores de ar de janela ou de parede de corpo único, com 274.542 unidades e aumento de 161,68%.

Outros produtos que se destacaram no período de janeiro a agosto deste ano incluem receptores de sinal de televisão, com 5.390.763 unidades e aumento de 102,96%; rádios aparelhos reprodutores e gravadores de áudio (não portáteis), inclusive, toca discos digital a laser, com 766.219 unidades e aumento de 54,75%; monitores com tela de LCD para uso em informática, com 2.054.477 unidades e aumento de 26,23%; entre outros.

“São números positivos, números alvissareiros aqui do nosso Polo Industrial de Manaus, que continua crescendo para cima e para frente”, disse o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva.

*Com informações da Rede Amazônica AM

Restauração florestal cresce 90% no Brasil em relação a 2021, mas Amazônia representa menor porcentagem

0

Mesa de abertura no evento de lançamento da versão 2.0 do Observatório da Restauração e Reflorestamento. Foto: Marcelo Freitas/IPAM

As áreas em processo de restauração no Brasil cresceram 90% na comparação com 2021, segundo dados apresentados pelo Observatório da Restauração e Reflorestamento em Brasília no dia 17 de outubro. O dado de três anos atrás faz referência ao primeiro mapeamento do Observatório. Hoje, a área de restauração no país chega a 150 mil hectares.

Os principais biomas beneficiados são a Mata Atlântica, com 77% da área em processo de restauração em território nacional; o Cerrado, com 13% deste total; e a Amazônia, com 9,5% da área restaurada. Na plataforma online é possível verificar que o Observatório também mapeou 8,76 milhões de hectares de reflorestamento e 18,58 milhões de hectares de vegetação secundária.

André Guimarães, diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) realizou a abertura e moderou o painel inicial do evento que lançou a versão 2.0 do Observatório na capital federal. Guimarães compõe o Grupo Executivo da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.

O Observatório da Restauração e Reflorestamento é uma iniciativa da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Florestas e Agricultura; Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia); The Nature Conservancy Brasil; World Resources Institute Brasil e WWF-Brasil.

Para Fabiola Zerbini, diretora do departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, o Observatório faz história. “É preciso celebrar, de fato, este trabalho. É muito positivo e acredito que o Observatório da Restauração e Reflorestamento esteja fazendo história, com toda a potência do capital político, social e tecnológico que o alinha. É uma verdadeira arquitetura de gente e de atores nos territórios, com seus desafios, também, mas que inaugura um novo momento, junto ao monitoramento público, para o Brasil ter uma informação correta de sua terra no que toca à restauração”.

A diretora mencionou o Planaveg (Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa), atualizado neste ano, como ferramenta conectada ao Código Florestal e à sua implementação, visando o cumprimento do objetivo de recuperar ao menos 12 milhões de hectares até 2030. E anunciou medida prevista pelo governo para o ano que vem, em direção à COP30 em Belém.

“Em abril de 2025, o Brasil vai lançar sua primeira linha-base de onde estamos na meta de restauração, ainda pautada na vegetação secundaria, com atributos que definem a vegetação secundária que pode ser inserida e considerada como parte na meta de 12 milhões [de vegetação recuperada]. A partir deste número, a gente quer chegar na COP30 trazendo os elementos e dados dos sistemas que operam com esses monitoramentos. A gente quer agregar os dados do Recooperar, de todas as recuperações associadas a licenciamentos, integrando dados de unidades de conservação e terras indígenas, também agregando dados do Observatório na ótica desta camada de gestão voluntária”, disse Zerbini.

O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, também esteve no evento e falou sobre a plataforma Recooperar, ferramenta do órgão para gestão de áreas degradadas.  “Eu acho que o tema da restauração cresceu muito. A gente acabou criando uma estratégia interessante nesta plataforma, em que você consegue lançar todos os polígonos das áreas que precisa acompanhar, seja por licenciamento, algum desastre, ou qualquer outro motivo. A ideia é que possa olhar do ponto de vista espacial e que essa plataforma esteja na mão dos estados e da sociedade civil, de maneira integrada, inclusive, a outras plataformas, como a MapBiomas”.

Ana Paula Destefani, secretária-executiva da Rede para a Restauração da Caatinga, ressaltou o papel dos movimentos e associações comunitárias na restauração da vegetação e destacou como o Observatório confere visibilidade para o trabalho dessas pessoas.

Para Thiago Belote, líder de Restauração do WWF Brasil, a restauração é como um elo que conecta as agendas socioambientais do país. Em sua fala, lembrou o momento oportuno para a pauta e ressaltou o papel da sociedade civil para o cumprimento de metas globais.

“Acho que a sociedade civil tem o papel de fazer as pontes, ajudando a fomentar, desenvolver e escalonar. O contexto é super favorável. A gente está na década da restauração. Tem a COP16 na América Latina, tem a COP30 no Brasil. Está muito claro que restauração é o elo entre todos os compromissos. Neste momento oportuno, o Observatório da Restauração e Reflorestamento vem para mostrar o que a sociedade vem fazendo de forma voluntária. A sementinha do Observatório teve a participação da sociedade civil, porque entendeu a necessidade de conectar uma plataforma com os movimentos, isso dá visibilidade para as pequenas organizações, como as redes de sementes”.

As organizações parceiras do Observatório realizando a restauração nos biomas são: o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, a Araticum – Articulação pela Restauração do Cerrado, a Aliança pela Restauração da Amazônia, a Rede Sul, a Rede pela Restauração da Caatinga e o Pacto pela Restauração do Pantanal.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo IPAM, escrito por Bibiana Alcântara Garrido

Pesquisadores planejam adestrar abelhas-sem-ferrão amazônicas para polinizar cacau

Abelhas jataí (Tetragonisca cf. angustula) podem visitar flores de cacau. Foto: Luciano Costa / ITV

Pequenas e frágeis, as flores de cacau são polinizadas manualmente por produtores rurais em várias plantações pelo Brasil. Durante o processo, é preciso pegar cuidadosamente uma das flores, coletar o pólen, com ajuda de uma pinça ou de um pincel, e aproximar da parte reprodutora feminina de outra planta. O procedimento deve ser feito pela manhã, quando a fertilidade das flores está no auge. Nesse processo, flores podem cair e outras não serem fecundadas. Por isso, investir em um polinizador profissional pode ser a chave para garantir melhores resultados.

Ela e outros especialistas da USP e do Instituto Tecnológico Vale (ITV) Desenvolvimento Sustentável, em Belém (PA), planejam “adestrar” abelhas brasileiras sem-ferrão para polinizar as flores do cacau. Entre as mais de 180 espécies que existem na região amazônica, onde a planta é cultivada, 52 têm o tamanho ideal para serem polinizadoras, de acordo com um estudo publicado em agosto na revista Frontiers in Bee Science.

A polinização manual exige técnica e paciência. O agricultor a usa pela eficiência: o método pode triplicar a produção do cacau onde é feita, quando comparado a plantios sem intervenção humana. Esse aumento foi observado pelo biólogo mexicano Manuel Toledo-Hernández, estudante de pós-doutorado na Universidade Westlake, na China, e publicado em outubro de 2023 na revista Agriculture, Ecosystems & Environment. A expectativa dos pesquisadores é de que a polinização assistida feita por abelhas treinadas aumente o cultivo de forma significativa.

Moscas das famílias Ceratopogonidae e Cecidomyiidae são consideradas as principais polinizadoras do cacau, com base em registros desses insetos visitando as flores. Com cerca de 3 milímetros (mm) de comprimento, aproximadamente cinco vezes menores que as flores do cacau, elas conseguem chegar aos órgãos reprodutores inacessíveis a insetos maiores.

Segundo o botânico José Rubens Pirani, do Instituto de Biociências (IB) da USP, sabe-se muito pouco sobre a polinização natural das flores de cacau, quando se compara com estudos sobre outras espécies frutíferas brasileiras. A dificuldade acontece justamente por conta do tamanho das flores, que têm entre 10 e 15 mm de diâmetro.

Os órgãos reprodutores dessas flores estão protegidos por estruturas que atuam como barreiras e dificultam a chegada de polinizadores tanto até o pólen quanto ao estigma, que conduz aos ovários.

As moscas, aparentemente, não são eficientes no trabalho de polinização. “Alguns estudos já observaram que esses insetos carregam muito pouco pólen quando visitam as flores de cacau”, afirma a bióloga Vera Lúcia Imperatriz-Fonseca, da USP, coautora do estudo e referência no estudo de abelhas. Outra limitação das moscas diz respeito aos seus hábitos. “São mais ativas à noite e ao amanhecer, enquanto as abelhas trabalham durante o dia, principalmente de manhã”, comenta o biólogo Michael Hrncir, do Laboratório de Fisiologia Ambiental de Abelhas do IB-USP, outro coautor. “A parte feminina das flores têm sua fertilidade máxima pela manhã, até a hora do almoço.”

Segundo o pesquisador, as abelhas são atraídas para as flores pelo cheiro. “A ideia é treiná-las, associando o perfume da flor do cacau a uma recompensa para que elas busquem o pólen e fertilizem outras plantas”, explica Hrncir. “Não basta colocar as abelhas onde está o cacau, é preciso ensiná-las a trabalhar ali.”

A ideia de cooptá-las para incrementar a produtividade do cacau é inspirada em exemplos que já existem de treinamento de abelhas-africanas com ferrão (Apis mellifera). Na Argentina, o biólogo Walter Farina, da Universidade de Buenos Aires, apresentou em 2022 na revista Scientific Reports resultados positivos de polinização assistida em plantações de maçãs e peras. No Brasil, há aplicações similares em cultivos de soja, diz Imperatriz-Fonseca. O grupo espera pôr em prática o treinamento das abelhas nas plantações de cacau em breve.

Imperatriz-Fonseca é otimista: “Tem muita chance de dar certo”. Outra vantagem do projeto, segundo ela, diz respeito à adaptação às novas condições impostas pela crise climática. “No futuro, a polinização será assistida em boa parte dos cultivos, porque o impacto do clima sobre a distribuição de abelhas é tão grande que o número de espécies vai diminuir”, afirma.

“Essas menores terão mais chance de aguentar o calor porque seu sistema de termorregulação é diferente daquele das abelhas maiores, essenciais na produtividade de muitas plantas usadas como alimento”.

Artigos científicos
MAIA-SILVA, C. et alSmall Amazonian stingless bees: An opportunity for targeted cocoa pollinationFrontiers in Bee Science. On-line. 1º ago. 2024.
TOLEDO-HERNÁNDEZ, M. et alHand pollination under shade trees triples cocoa yield in Brazil’s agroforestsAgriculture, Ecosystems & Environment. On-line. 1º out. 2023.
FARINA, W. M. et alIn-hive learning of specific mimic odours as a tool to enhance honey bee foraging and pollination activities in pear and apple cropsScience Reports. On-line. 28 nov. 2022.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Revista Pesquisa Fapesp, escrito por Letícia Naísa

Descubra a beleza dos chapéus colombianos

0

Foto: Reprodução/ProColombia

Os chapéus na Colômbia são mais que um acessório, são uma amostra da diversidade cultural e artesanal do país que faz parte da Amazônia Internacional. Cada região do país é representada por cada uma destas peças que são verdadeiros emblemas da identidade colombiana. Conheça a história de alguns desses chapéus, suas raízes e tradições:

Chapéu Vueltiao

Foto: Divulgação/ Procolombia

O chapéu vueltiao é um dos elementos mais representativos da cultura colombiana, tanto a nível nacional como internacional. Este chapéu colombiano foi desenhado há mais de duzentos anos e ficou conhecido internacionalmente quando o boxeador Miguel ‘Happy’ Lora o usou ao se sagrar campeão mundial na categoria peso galo.

O “sombrero vueltiao” é feito com a fibra da cana-flecha, da qual é extraída a fibra vegetal com a qual a comunidade indígena Zenú produz diversos produtos sob o artesanato da tecelagem. Para fazê-lo, escolhem-se as fibras mais longas, com textura homogênea e melhor desenvolvimento.

Após a seleção, as fibras são retiradas pela conhecida ‘raspagem’ e expostas ao sol, e em seguida as fibras são divididas em brancas e pigmentadas ou manchadas. Depois de obter as fibras, são feitas as tranças que constituem cada chapéu.

Seu nome vem do processo de tecelagem, onde as tiras são enroladas e viradas. A simbologia de suas figuras segue formas geométricas que terminam em uma infinidade de combinações, que dão origem a animais e plantas como a flor do maracujá (triângulos), a flor do limão (losangos) e a espiga de milho (triângulos com linhas na diagonal), entre outros.

Chapéu aguadeño

Foto: Reprodução / Procolombia

O chapéu Aguadeño é um símbolo da tradição de Aguadas. Esta peça artesanal tecida na serra de Aguadas nasceu há mais de 160 anos e a sua produção faz parte do estilo de vida de mais de 800 artesãos e agricultores, que se dedicam a esta arte no norte do distrito de Caldas.

O chapéu é feito de palmeira iraca, fibra de origem vegetal utilizada em diversas partes do país para produção artesanal. Pela sua resistência e docilidade, os botões das folhas e pecíolos são as peças utilizadas para a confecção do chapéu. Na hora da confecção, a fibra é extraída da palmeira iraca ou toquilla, depois é cozida e seca à sombra. Também é submetida a vapores de enxofre, para lhe dar o tom branco característico deste chapéu.

Este chapéu tem sido um acessório típico em diversas festas realizadas no país e é conhecido por sua cor clara e durabilidade. Com aba larga e vidro alto, representa a cultura do café, tornando-se uma peça única cuidadosamente confeccionada por habilidosos artesãos que herdaram seus conhecimentos ao longo de gerações.

Chapéu Wayúu

Foto: Reprodução / Procolombia

Também conhecido como chapéu ‘Wuama’, o chapéu Wayúu é feito de apis, fibra natural encontrada nas pastagens da Serranía de la Macuira, único oásis no meio das dunas do Deserto de Alta Guajira, no município de Uribia, da capital indígena da Colômbia.

Este chapéu é feito não só como acessório que enfeita as coloridas mantas Wayúu usadas pelas mulheres, mas também para proteger o rosto do sol e acompanhar as comemorações das festividades da região. É decorado com pompons e bordas coloridas que são símbolo de hierarquia, quanto maior a borla, mais importante ela é na cultura Wayúu.

Este chapéu colombiano é feito pelas mãos dos artesãos da Alta Guajira, na técnica de cestaria, e apresenta múltiplas formas geométricas que decoram sua coroa e aba. Nos últimos anos, os Wayúu aplicaram tinta a óleo para ampliar a gama de cores do chapéu, tornando-se um acessório artesanal colombiano que representa sua cultura.

Chapéu Tolimense

Foto: Reprodução / Procolombia

O chapéu Tolimense tem suas raízes no município de El Guamo, onde diversas famílias dedicaram gerações à sua fabricação. Sua história remonta a aproximadamente 200 anos atrás e, com o tempo, ganhou fama e popularidade em diferentes regiões da Colômbia.

O chapéu é feito com o botão da palmeira real. A confecção do traje final possui diversas fases. Começa separando com a palma da mão e depois trançando-a e iniciando sua execução, que pode ter entre 8 e 9 voltas, dependendo da fita. Por fim, o acessório pode ser finalizado em um ou dois dias.

É um traje tão típico e nativo do departamento de Tolima que todo dia 23 de julho se comemora o Dia do Chapéu Tolimense, feriado que homenageia esse artesanato. É uma ocasião especial para celebrar a herança e as tradições que tornam Tolima única.

*Com informações do Procolombia

Política de pagamento por serviços ambientais para preservação da cultura indígena recebe reforço da Funai

0

Foto: Rosinei Coutinho/STF

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) apresentou as ações que desenvolve relacionadas à Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNSA). A instituição também reforçou a importância de se avançar nessa pauta para a preservação dos modos de vida nos territórios tradicionalmente ocupados. A apresentação ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, durante a quinta reunião de conciliação que discute as questões que envolvem os dispositivos da Lei 14.704/2023 e que ameaçam os direitos dos povos indígenas

O evento contou com a participação da presidenta da Funai, Joenia Wapichana; da diretora de Proteção Territorial, Janete Carvalho; da diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta; do procurador-chefe da Procuradoria Federal Especializada junto à Funai, Matheus Antunes; e do coordenador-geral de Assuntos Fundiários, Manoel Prado.

A apresentação da Funai foi uma solicitação da mesa de conciliação na reunião anterior do STF para incrementar o debate sobre o aperfeiçoamento da Lei 14.704/2023. A diretora Lucia Alberta, que fez a explanação, falou sobre as legislações que embasam o pagamento por serviços ambientais, as ações que a Fundação desenvolve junto com as organizações indígenas, os desafios para se avançar nessa pauta e como essas iniciativas se relacionam com a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).

Foto: Rosinei Coutinho/STF

Segundo a diretora, está em curso no Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) o processo de regulamentação da Política Nacional de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais). “A meta é fortalecer a participação da Funai e dos povos indígenas nesse processo para que as diversas modalidades de PSA possam ser acessadas por esses povos de modo a promover a conservação da biodiversidade, na medida em que o retorno financeiro pelos serviços prestados apoia a manutenção dos modos de vida e de seus territórios”, ressaltou.

Por fim, Lucia Alberta reforçou o papel da autarquia indigenista na promoção dos direitos dos povos indígenas e de sua autonomia.

*Com informações da Funai

Povos indígenas se unem para fortalecer o manejo do pirarucu no Vale do Javari

0

Foto: Thiago Arruda/CTI

O manejo sustentável do pirarucu transformou a realidade do povo indígena Paumari do rio Tapauá, no sul do Amazonas. A prática não apenas recuperou a população do peixe e de outras espécies, mas também trouxe diversos benefícios ambientais e socioeconômicos às comunidades.

Com mais de uma década de experiência, iniciada em um intercâmbio com manejadores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, os Paumari se tornaram pioneiros na implementação do manejo do pirarucu em Terras Indígenas, inspirando comunidades ribeirinhas e povos indígenas de outras regiões.

Desde 2020, os povos Kanamari e Mayuruna, da Terra Indígena Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, buscam o apoio dos Paumari para fortalecer suas próprias práticas de manejo. Para atender essa demanda, o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) iniciou um diálogo com a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e a Associação Indígena do Povo das Águas (AIPA), com o objetivo de organizar um intercâmbio de saberes entre os povos.

A visita, prevista inicialmente para 2022, foi adiada em razão dos trágicos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Em 2024, as articulações foram retomadas e o encontro finalmente aconteceu. Entre junho e julho, três experientes manejadores Paumari — Germano, José Lino e Francisco — visitaram quatro aldeias no Vale do Javari.

O intercâmbio durou 14 dias e reuniu, além dos Paumari, cerca de 80 indígenas dos povos Mayuruna e Kanamari. A troca de conhecimentos foi intensa e promete fortalecer ainda mais o manejo sustentável do pirarucu na região.

Foto: Thiago Arruda/CTI

4º Encontro de Manejadores e Manejadoras de Pirarucu do Vale do Javari

O início das atividades aconteceu durante a programação do 4º Encontro de Manejadores e Manejadoras de Pirarucu do Vale do Javari, na Aldeia São Luís, Terra Indígena Vale do Javari. O evento reuniu indígenas dos povos Mayuruna e Kanamari para atualizar o acordo de pesca e debater questões de organização do trabalho.

Germano, José Lino e Francisco Paumari participaram do encontro como convidados e contribuíram nas discussões sobre a divisão dos recursos e organização de equipes, apresentando experiências práticas de seu povo.

Compartilhar para fortalecer

O intercâmbio aconteceu de forma itinerante e percorreu quatro aldeias ao longo da Terra Indígena Vale do Javari. Exercícios práticos de contagem e vigilância deram início às trocas de experiências entre os povos, momento em que também trabalharam juntos na elaboração dos planejamentos de contagem e pesca. Outra experiência compartilhada durante o encontro foi a etapa de evisceração do pirarucu.

Foto: Thiago Arruda/CTI

Geovan Miguel Mayuruna, coordenador do manejo do Vale do Javari e membro da Organização Geral dos Povos Mayuruna (OGM), explica que a prática de evisceração compartilhada pelos Paumari foi especialmente importante, já que a maioria não tinha experiência nesta etapa do manejo.

“O povo Mayuruna gostou muito do povo Paumari. Para muitos foi a primeira vez que puderam aprender a fazer a limpeza do pirarucu. Ficou essa experiência do povo Paumari para o povo Mayruna e nós nunca vamos esquecer isso”, relata.

Mais intercâmbios previstos para 2025

Recentemente, o manejo pesqueiro do povo Paumari foi um dos vencedores da 12ª edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social. Com o apoio financeiro recebido através da premiação, em 2025 será viabilizada a ida de manejadores e manejadoras dos povos indígenas do Vale do Javari até o território Paumari, no sul do Amazonas, para vivenciar na prática a pesca manejada do pirarucu realizada pelos Paumari no rio Tapauá.

Germano Paumari conta que os detalhes da ida dos povos do Vale do Javari serão planejados na próxima assembleia da AIPA.

“Estamos esperando chegar a hora para receber os parentes. Assim como a gente mostrou a nossa cultura, eles vão poder mostrar a cultura deles, para a gente caminhar junto. São pessoas que estão trabalhando, fazendo esforço assim como nós e nós temos que apoiar. Nós vamos fazer o que for possível para ajudar nossos amigos!”, finaliza.

*Com informações do Coletivo do Pirarucu

7 dos 10 municípios mais ricos do agronegócio no Brasil em 2023 são de Mato Grosso

0

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio da Secretaria de Política Agrícola (Mapa/SPA), mapeou os 100 municípios mais ricos do Brasil no agronegócio. A análise se baseia nos dados da pesquisa anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Produção Agrícola Municipal (PAM).

Em 2023, a produção agrícola brasileira alcançou um valor total de R$ 814,5 bilhões, sendo que os 100 municípios mais produtivos contribuíram com 31,9% desse montante, totalizando R$ 260 bilhões.

Integram a lista, municípios localizados em 14 estados brasileiros: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantis.

Imagem: Reprodução/Mapa

A região Centro-Oeste se destacou, com o estado de Mato Grosso à frente, abrigando 36 dos municípios mais produtivos do país. Sorriso (MT) ocupou a primeira posição, com uma produção de R$ 8,3 bilhões, seguido por São Desidério (BA), com R$ 7,8 bilhões.

Os 100 municípios mais ricos em valor de produção ocupam uma área colhida de 33,1 milhões de hectares, representando 34,5% da área total de 95,8 milhões de hectares do Brasil. A base das informações abrange 70 produtos das lavouras temporárias e permanentes produzidas nos 5.563 municípios brasileiros, e a classificação dos 100 municípios é fundamentada no valor da produção.

Entre os produtos, a soja permanece no topo, representando R$ 348,6 bilhões, ou 42,8% do valor total da produção agrícola. O milho também apresentou resultados significativos, com R$ 101,8 bilhões, seguido pela cana-de-açúcar, com R$ 101,9 bilhões. Culturas como algodão, café e laranja também tiveram grande importância, demonstrando a diversidade da produção agrícola brasileira.

A participação dos cinco principais municípios produtores em culturas específicas é notável. Sapezal (MT) e São Desidério (BA) respondem por mais de 30% da produção de algodão. Já na produção de arroz, o Rio Grande do Sul lidera com Santa Vitória do Palmar, responsável por 5,6% da produção nacional.

*Com informações do Mapa

Observadores identificam 82 espécies de aves na Grande Belém durante o ‘Global Big Day’

0

Foto: Divulgação

O Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna” e o Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, localizados na Grande Belém, foram o cenário para a edição deste ano do Global Big Day. O evento, que reúne observadores de aves de todo o mundo, com o objetivo de identificar o máximo de espécies de aves em um período de 24 horas. A competição é organizada pelo Laboratório de Ornitologia de Cornell, em Nova York (EUA), e os registros são inseridos na plataforma de ciência cidadã eBird.

Neste ano, as Unidades de Conservação (UCs) estaduais ampliaram seus horários de funcionamento, recebendo o público das 5h até meia-noite. Essa iniciativa foi promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com o Clube de Observação de Aves do Pará (Coapa), para fomentar a observação de aves na região e ampliar o conhecimento sobre a diversidade das espécies que habitam a área.

A programação do Global Big Day na Grande Belém resultou na identificação de 82 espécies de aves. Entre os destaques, os observadores capturaram o canto do Pinto-do-mato-de-cara-preta, uma ave de difícil visualização, sem registros anteriores na capital paraense.

O evento reuniu especialistas e amantes da ornitologia, contribuindo significativamente para a pesquisa e a preservação das aves locais.

Foto: Divulgação

Destaque

“O Global Big Day é um evento de extrema relevância porque possibilita uma grande mobilização mundial de observadores em apenas 24 horas. Por meio dessa ação, conseguimos realizar registros que, muitas vezes, são raros ou inéditos em determinadas regiões”, explicou Humberto Pereira, presidente do Coapa. Ele também destacou a importância do evento para a sensibilização sobre a conservação ambiental. “Esses momentos revelam a necessidade de mais iniciativas de observação, inclusive com o apoio dos poderes públicos, para que possamos garantir a preservação do meio ambiente e da fauna local”, complementou.

Durante o evento, foram feitas descobertas importantes em municípios próximos, como Benevides, onde os membros do Coapa, Gustavo Melo, Martônia Caetano e Yan Teixeira, registraram pela primeira vez o “Cabeça-branca”, o “Caneleiro-bordado” e o “João-teneném-castanho”. Esses novos registros ampliam o conhecimento sobre a fauna local e reforçam a importância de se manter atividades regulares de monitoramento das aves na região.

O gerente da Região Administrativa de Belém do Ideflor-Bio, Júlio Meyer, enfatizou a importância do evento para a conservação ambiental e o desenvolvimento de políticas públicas. “A participação de observadores de aves no Global Big Day fortalece a preservação das áreas de conservação em nossa região. Além de contribuir com a ciência, essa mobilização atrai o interesse da população para a preservação da biodiversidade local. A administração pública deve apoiar cada vez mais eventos como este, que reforçam a importância da preservação do meio ambiente e da fauna”, frisou.

*Com informações da Agência Pará