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AgroBV 2025 impulsiona economia com mais de R$100 milhões em negócios

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Volume total foi de R$ 101.216.450,00 em negócios fechados e prospectados. Foto: Andrezza Mariot/PMBV

Com a participação de agricultores, pecuaristas, empresários de vários segmentos e instituições financeiras, a AgroBV 2025 resultou em mais R$ 100 milhões em volume de negócios gerados durante quatro dias (31 de julho a 3 de agosto) no Centro de Difusão Tecnológica (CDT), localizado na zona rural de Boa Vista, região do Bom Intento. Com isso, o Maior Evento do Agro de Roraima se consolida como um ambiente propício para fechar vendas e divulgar produtos e serviços do setor.

O volume total foi de R$ 101.216.450,00 em negócios fechados e prospectados. Máquinas e implementos agrícolas estão entre os mais procurados pelos clientes, atingindo o montante de R$ 22,32 milhões, seguido pela comercialização de sementes, fertilizantes e defensivos agrícolas, que atingiram o valor de R$ 21,5 milhões.

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Esse movimento intensifica a circulação de recursos, fortalece cadeias produtivas e contribui para o crescimento sustentável do campo e da cidade, segundo o secretário de Agricultura e Assuntos Indígenas, Cezar Riva. Além disso, ele ressalta que a AgroBV disponibiliza oportunidades de mercado para agricultores e empresários, ampliando possibilidades de renda e geração de emprego no município.

Máquinas e implementos agrícolas estão entre os mais procurados pelos clientes. Foto: Andrezza Mariot/PMBV

“O evento é uma vitrine para produtores e empresários e, ao mesmo tempo, mostra o trabalho da prefeitura no setor agrícola da nossa capital. Durante os dias de AgroBV, foram confirmadas vendas de tratores e implementos, caminhões, camionetes, pás carregadeiras, escavadeiras, dentre outros insumos. Atingimos a marca de mais de R$ 100 milhões no volume de negócios fechados, confirmando o sucesso do evento nesta edição”, disse.

Leia também: AgroBV 2025: Campo Experimental é vitrine de inovação no maior evento do agro de Roraima

Entre os expositores, estiveram empresas com tratores, colheitadeiras, dentre outros implementos agrícolas, caminhões, máquinas pesadas, equipamentos tecnológicos como drones e sistemas de energia solar, pivôs de irrigação, animais, apresentação de cultivares no campo experimental, além de instituições de ensino e financeiras. Matheus Albuquerque, gerente da empresa Jumasa afirma que esta edição da AgroBV foi gratificante, pois gerou grandes oportunidades de negócios.

Gerente da empresa Jumasa afirma que AgroBV foi gratificante. Foto: Andrezza Mariot/PMBV

“Nossas expectativas foram cumpridas, pois uma quantidade satisfatória de negócios foram gerados. Temos segmentos tanto na parte agrícola, quanto na linha de construção. Registramos uma grande procura por tratores agrícolas, empilhadeira e a pá carregadeira. Sem contar que levantamos intenções de negócios que serão concretizados nos próximos meses”, contou.

Neste ano, o evento contou com a participação de 84 empresários, que tiveram a oportunidade de expor produtos, inovações e tecnologias do mercado para melhorar a produção no campo. Durante os quatro dias de programação, cerca de 75 mil pessoas prestigiaram a edição AgroBV, acessando conhecimentos, experiências e contato com o que há de mais atual no setor agrícola.

Os visitantes puderam conhecer de perto o campo experimental, com uma área de 26 hectares plantados. Os talhões compreenderam 16 cultivares de soja, 21 híbridos de milho, 2 espécies de sorgo e 2 de girassol, além de batata-doce e macaxeira. O público prestigiou também, o famoso Campo de Girassóis, que preenche uma área de 6 hectares, onde puderam eternizar o momento em vídeos e fotografias.

Campo segue aberto para visitação

O campo de girassóis segue aberto para visitas até o dia 10 de agosto. Foto: Richard Messias/PMBV

A AgroBV 2025 chegou ao fim, mas quem ainda não visitou o campo de girassóis tem até o dia 10 de agosto para apreciar a paisagem, além de aproveitar a oportunidade para registrar lindas fotografias. O Centro de Difusão Tecnológica (CDT), localizado na região do Bom Intento, zona rural de Boa Vista, segue aberto ao público, das 8h às 17h, recebendo visitantes, dentre eles, integrantes de projetos sociais da prefeitura e alunos da rede municipal de ensino.

Livro analisa representação de Manaus na obra ‘A Jangada’, de Júlio Verne

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Foto: Divulgação/Ufam

O livro ‘Manaus refletida no espelho de Verne’, do professor aposentado da Faculdade de Artes (Faartes) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Otoni Mesquita, é um estudo sobre a representação da cidade de Manaus na obra ‘A Jangada’, de Júlio Verne. O livro discute elementos iconográficos que moldaram a imagem da cidade e sua fundação.

O livro de Verne é uma história que se passa em 1852, abordando uma viagem ao longo do Rio Amazonas, em uma jangada autossuficiente, da foz, no Peru, até Belém (PA).

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Ao tratar a descrição da cidade de Manaus no século XIX, conforme aponta Mesquita, Verne reproduz a ideia de vários viajantes acerca da cidade.

“Recorri à literatura para apontar o que os viajantes, os naturalista e outros que passavam pelo lugar pensavam sobre a cidade. E, lógico, a literatura reproduzia”, explica o autor.

No livro, Mesquita aborda algumas questões que merecem atenção: o que tudo indica, o ilustrador do livro de Verne deve ter se inspirado em imagens de Manaus da década de 1880 e acabou não reproduzindo a cidade de 30 anos antes.

“A cidade da Barra, lá em 1852, não tinha, por exemplo, a catedral. Não havia sequer a pedra fundamental da Igreja Matriz. Mas, no livro de Verne, há ilustrações sobre a vista da cidade como se já houvesse essa construção”, diz.

Leia também: A representação da Amazônia na obra de Otoni Mesquita

Livro ressalta relevância das imagens que retratam Manaus

Em ‘Manaus refletida no espelho de Verne’, Otoni usa a literatura quase como um pretexto para rever e discutir elementos iconográficos que compõem a paisagem manauara, seja a relação do homem branco com a natureza ou dele com os povos originários.

A obra ressalta a relevância das imagens produzidas por desenhistas, gravadores e fotógrafos, que deixaram verdadeiros documentos visuais para a posteridade. Conforme sustenta o autor, esse é um pretexto para iluminar dois temas principais: o estudo sobre a imagem da cidade e a discussão em torno dos elementos iconográficos que integram esses estudos.

livro Manaus refletida no espelho de Verne de otoni mesquita
Livro ‘Manaus refletida no espelho de Verne’, de Otoni Mesquita. Foto: Divulgação/Ufam

Leia também: Documentário inédito retrata trajetória de artistas visuais do Amazonas

Uma das citações mais importantes do livro reforça a abordagem inovadora da pesquisa: 

“Ainda que o caráter ficcional da descrição literária não exija compromisso com a narrativa histórica, nem necessite das características da abordagem factual que marcaram estudos históricos da época, entende-se que já não ocorram maiores resistências em aceitar um estudo histórico da ‘imagem’ da cidade a partir de fontes desta natureza” (página 11).

A obra oferece uma forma inédita de ver e conhecer a cidade de Manaus, resgatando e analisando as narrativas e imagens históricas que moldaram o imaginário da região.

*Com informações da Ufam

Plácido de Castro, o homem por trás da Revolução Acreana

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Plácido de Castro liderou fase final da guerra pelo Acre. Foto: Reprodução/Acervo Digital Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural (FEM)

O Acre celebra a Revolução Acreana nesta quarta-feira (6), marco histórico que consolidou a luta pela anexação do território ao Brasil no início do século XX. No centro deste episódio, está a figura de Plácido de Castro, exaltado como herói acreano, mas que segundo historiadores, era, acima de tudo, um homem comum, com virtudes e um temperamento forte.

No dia 6 de agosto de 1902, iniciaram-se os confrontos da Revolução Acreana. Os conflitos entre brasileiros que ocupavam a região desde meados de 1870 e o governo boliviano a quem o território pertencia legalmente pelos direitos de exploração da terra já duravam pouco mais de três anos. O principal interesse dos dois grupos era a exploração do látex. Os confrontos só acabaram em 1903 com a anexação do Acre ao Brasil.

Leia também: Revolução Acreana: historiador diz que guerra que tornou o Acre independente atrasou por falta de armas

Plácido de Castro

Plácido de Castro foi o principal líder militar da chamada última fase da Revolução Acreana. Gaúcho, nascido em São Gabriel (RS), seguiu a carreira militar influenciado pela tradição da família, mas abandonou o Exército após se decepcionar com a derrota de seu lado na Revolução Federalista (1893-1895), conflito que opôs forças estaduais ao governo central.

Desiludido, ele veio para a Amazônia em busca de oportunidades na economia da borracha, como tantos outros brasileiros no final do século XIX. Por volta de 1895, já estava no território que viria a se tornar o Acre, atuando como agrimensor e demarcador de terras, graças à formação técnica que havia recebido na vida militar.

Em entrevista ao Grupo Rede Amazônica, o historiador Marcus Vinícius Neves explicou que Plácido de Castro foi por muito tempo “endeusado” pela historiografia local, muito em função do simbolismo da Revolução como ato de resistência da sociedade acreana frente à dominação boliviana, e, indiretamente, ao próprio governo federal brasileiro, que nomeava governantes sem conexão com a realidade regional.

“Ele foi superestimado em vários momentos, e seus defeitos muitas vezes foram deixados de lado em prol dessa imagem de herói. Mas ele era um homem do seu tempo: uma época marcada por forte autoritarismo, militarismo, patriotismo com outro sentido do que conhecemos hoje e uma sociedade extremamente masculinizada”, falou.

Acre já abasteceu 60% do mercado mundial de borracha. Avelino Chaves Medeiros – Exploração da Hevea. Acervo: Edunyra Assef/Dept° de Patrimônio Histórico e Cultural (FEM)

Antes da liderança

Mesmo já vivendo na região, Plácido de Castro não participou da primeira insurreição acreana, em 1899, nem da criação do Estado Independente do Acre, liderado por Luís Galvez.

Ainda assim, acompanhava de perto os acontecimentos. Em 1900, teria recusado convite para participar da chamada “expedição dos poetas”, uma tentativa fracassada de retomada do controle da região.

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Foi só em 1902, com o avanço do contrato entre Bolívia e Bolívia Syndicate, consórcio com participação dos EUA e Inglaterra, que Plácido aceitou liderar o movimento armado. Com uma condição: teria total autonomia, inclusive com autoridade para punir com morte qualquer desobediência.

”Imperador’ Galvez, jornalista espanhol, declarou independência do Acre. Foto: Giselle Lucena/Arquivo pessoal

A luta armada contra o exército boliviano foi o ápice de um conflito que se desenhava desde 1870, quando os primeiros brasileiros, vindos na maioria da região Nordeste do Brasil, começaram a ocupar a região do “Aquiry”, nome indígena que significa ‘rio dos jacarés’ e acabou dando nome ao estado.

Conflito

A chegada de Plácido de Castro ao Acre finalmente mudou a sorte dos brasileiros que desejavam se estabelecer no território.

“Quando Plácido de Castro, à frente de um exército de seringueiros, invade a cidade de Xapuri e a toma das autoridades, dá início a última fase da Revolução Acreana. A fase mais sangrenta, que levou os seringueiros a pegar em armas e ir a luta contra os bolivianos”, ressaltou Marcus Vinícius.

Segundo o historiador, até hoje não é possível saber com clareza quantas pessoas morreram no conflito e qual lado teve mais perdas, já que as histórias são divergentes.

Com apoio de seringueiros e financiadores do Amazonas, Plácido liderou um ousado movimento militar contra o domínio boliviano. Com estratégias e avanços arriscados, saiu vitorioso e consolidou o território como parte do Brasil.

Leia também: Xapuri, a ‘princesinha do Acre’, foi berço do início da Revolução Acreana

Da glória à emboscada

O sucesso nas batalhas lhe deu grande prestígio político. Após a Revolução, ganhou reconhecimento do Barão do Rio Branco e se tornou uma figura central na política local.

Mapa mostra locais onde os revolucionários enfrentaram o exército boliviano. Foto: Acervo Digital: Dept° de Patrimônio Histórico e Cultural (FEM)

Mas o Acre, transformado em território federal, passou a ser governado por prefeitos nomeados, o que levou Plácido a frequentes embates com as autoridades.

A tensão culminou em 1908, quando Plácido foi morto numa emboscada a caminho de seu seringal, o Capatará.

O crime teria sido encomendado pelo então prefeito departamental Gabino Besouro. O executor, segundo os relatos históricos, foi Alexandrino José da Silva, ex-comandado de Plácido na Revolução.

Legado

Plácido de Castro é, até hoje, lembrado como símbolo de coragem e determinação. Mas, segundo Marcus Vinícius Neves, é essencial compreendê-lo em sua totalidade.

Para o historiador, mais que anexação do território acreano ao Brasil, a Revolução deixou marcas culturais que podem ser notadas ao longo dos últimos 123 anos.

“Nem herói intocável, nem vilão. Apenas um homem complexo, produto do seu tempo e das contradições da história do Acre”, falou.

*Por Jhenyfer de Souza, Rede Amazônica AC

Dom Júlio Endi Akamine é nomeado novo arcebispo de Belém pelo Papa Leão XIV

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Arcebispo Júlio Endi Akamine. Foto: Wesley Cordeiro Prado/CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons

O Papa Leão XIV aceitou, nesta quarta-feira (6), a renúncia ao Governo pastoral da Arquidiocese Metropolitana de Belém do Pará, apresentada pelo arcebispo Alberto Taveira Corrêa. Desta forma, Corrêa é sucedido pelo arcebispo Júlio Endi Akamine, até então arcebispo coadjutor da mesma Arquidiocese Metropolitana, tornando-se o 11º arcebispo metropolitano da capital paraense.

Leia também: HABEMUS PAPAM: Robert Francis Prevost, o Papa Leão XIV, é cidadão do Peru

Dom Julio integrou a Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação e foi o bispo referencial da Pastoral da Educação de 2013 a 2019.

Atualmente, ele preside o regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e tinha sido nomeado arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Belém do Pará pelo Papa Francisco em março de 2025.

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Dom Júlio 

Dom Julio Endi Akamine nasceu em 30 de novembro de 1962 em Garça (SP). Em 1975, entrou no Seminário da Sociedade do Apostolado Católico (SAC), os Palotinos, em Londrina (PR), onde completou os estudos no Seminário Menor São Vicente Pallotti. Fez o noviciado em 1979 no seminário Rainha da Paz, em Cornélio Procópio (PR). Sua primeira consagração foi a 8 de dezembro de 1980, na mesma cidade.

Cursou Licenciatura em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica (PUC), de 1981 a 1983, e Teologia no “Studium Theologicum Claretianum”, de 1984 a 1987, na arquidiocese de Curitiba (PR). Foi ordenado sacerdote em 24 de janeiro de 1988, na cidade de Cambé (PR). Obteve o mestrado em Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma (1993 a 1995) e doutorado na mesma Universidade (2001 a 2005).

Como sacerdote palotino desempenhou a função de vigário paroquial, pároco e reitor do seminário maior Palotino, em Curitiba. Também foi assessor da Organização dos Seminários e Institutos Filosófico-Teológicos do Brasil (Osib) no regional Sul 2 da CNBB. Entre outras funções, atuou como diretor do Período Introdutório da Província Regina Apostolorum, na Itália (2003-2004).

Como sacerdote palotino, as seguintes funções: vigário paroquial na paróquia Santo Antônio, Cambé (PR) – (1988-1990); pároco na paróquia Santo Antônio, Cambé (PR) – (1990-1993), na arquidiocese de Londrina; Reitor do seminário maior Palotino, Curitiba (PR) – (1996-2001); assessor da OSIB regional Sul 2 (1996-1998); Secretariado-geral da SAC para a Formação (1999-2005); Consultor local da Comunidade da Casa Geral, em Roma (2001-2003); Diretor do Período Introdutório da Província Regina Apostolorum, Itália (2003-2004); Secretário provincial para a formação (2005-2007); e Diretor espiritual do Seminário Maior Palotino, Curitiba (PR) –  (2006-2007).

No período de 1996 a 2001 e de 2005 a 2011, foi professor de teologia no Studium Theologicum, em Curitiba (PR), onde lecionou as matérias de Teologia Sacramentária Geral, Sacramentos da Iniciação Cristã, Eclesiologia, Trindade, Introdução à Teologia e Teologia Fundamental.

Foi reitor provincial da província Palotina São Paulo Apóstolo, com sede na capital paulista, de 2008 a 2011, quando foi nomeado bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, em 4 de maio daquele ano, sendo vigário episcopal da região Lapa. Sua ordenação episcopal foi em 9 de julho de 2011 e seu lema é “Bonum Facientes Infatigabiles” – “Não vos canseis de fazer o Bem”.

Em 28 de dezembro de 2016, dom Julio foi nomeado arcebispo metropolitano de Sorocaba, sendo o quinto bispo e o terceiro arcebispo, pelo Papa Francisco. De acordo com comunicado da Nunciatura Apostólica no Brasil, o pontífice acolheu o pedido de renúncia apresentado por dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues por motivo de idade, e o nomeou arcebispo de Sorocaba (SP).

Dom Julio integrou a Comissão Episcopal para a Cultura e a Educação e foi o bispo referencial da Pastoral da Educação de 2013 a 2019. Atualmente, ele preside o regional Sul 1 da CNBB, e em março de 2025 foi nomeado arcebispo coadjutor da arquidiocese de Belém do Pará, pelo Papa Francisco.

Agradecimentos da CNBB

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou sua saudação a dom Júlio por sua nova missão e expressou gratidão a dom Alberto pelos anos dedicados ao pastoreio da Igreja em Belém:

Estimado dom Júlio, 

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acolhe com alegria sua nomeação como novo arcebispo metropolitano de Belém do Pará, sucedendo a dom Alberto Taveira Corrêa, que se torna arcebispo emérito.

Como bispo coadjutor da arquidiocese de Belém, o senhor já vinha caminhando com o povo de Deus dessa Igreja particular, conhecendo seus desafios e alegrias, e preparando-se com zelo e espírito fraterno para esta missão.

Agradecemos a sua generosa disponibilidade em continuar servindo à Igreja na região Amazônica, agora como arcebispo metropolitano, dando continuidade à missão evangelizadora desta arquidiocese tão significativa para a fé do povo brasileiro.

Que o Senhor o fortaleça nesta nova etapa do ministério episcopal, concedendo-lhe sabedoria, coragem e mansidão para pastorear com amor o rebanho que lhe é confiado, especialmente neste tempo em que a Igreja é chamada a viver com intensidade a sinodalidade e o cuidado com a Casa Comum.

A CNBB se une ao povo de Belém em oração, pedindo que Nossa Senhora de Nazaré, Rainha da Amazônia, acompanhe e interceda pelo senhor em sua missão.Com estima e comunhão fraterna”.

Foto: Wesley Cordeiro Prado/CC BY-SA 4.0 via Wikimedia Commons

Agradecimento da CNBB a dom Alberto Taveira:

Estimado dom Alberto,

A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta profundo agradecimento por sua dedicada missão à frente da arquidiocese de Belém do Pará.

Ao longo de seus mais de 30 anos como bispo, o senhor sempre se destacou por seu zelo apostólico, profunda espiritualidade, firme compromisso com a evangelização e sua dedicação à formação do clero e do laicato. À frente da arquidiocese de Belém, desde 2010, soube conduzir o povo de Deus com sabedoria e amor, especialmente nas grandes celebrações da fé amazônica, como o Círio de Nazaré, expressão da piedade popular e patrimônio espiritual do Brasil.

A CNBB reconhece com gratidão sua contribuição em diversos âmbitos da missão da Igreja no Brasil, incluindo sua participação ativa e sua presença fraterna nos trabalhos da Conferência, especialmente como membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos.

Desejamos que esta nova etapa de sua vida, como arcebispo emérito, seja marcada pela serenidade, pela oração e pela continuidade de sua entrega ao Reino de Deus, agora de forma renovada e em novas formas de serviço à Igreja.

Com estima e comunhão fraterna,

Cardeal Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Presidente da CNBB

Dom João Justino de Medeiros da Silva
Arcebispo de Goiânia (GO)
1º Vice- Presidente da CNBB

Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo de Olinda e Recife (PE)
2º Vice-Presidente da CNBB

Dom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília (DF)
Secretário-Geral da CNBB

*Com informações do Vatican News

AgroBV 2025 bate recorde com público de 75 mil pessoas

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O evento é promovido pela prefeitura no Centro de Difusão Tecnológica (CDT). Foto: Manoel Kipissy/PMBV

A AgroBV 2025 encerrou neste domingo, 3, com recorde de público. Foram cerca de 75 mil pessoas que prestigiaram o Maior Evento do Agro de Roraima, onde os visitantes tiveram acesso a conhecimentos, experiências e contato com o que há de mais atual no agronegócio durante quatro dias de feira.

“Os investimentos constantes da prefeitura no setor agropecuário refletem no sucesso da AgroBV, com recorde de público, muitas negociações e renda circulando entre os empreendedores”, destacou o secretário de Agricultura e Assuntos Indígenas, Cezar Riva.

Promovido pela Prefeitura de Boa Vista, o evento transformou o Centro de Difusão Tecnológica (CDT), região do Bom Intento, em um laboratório a céu aberto para produtores rurais, técnicos, pesquisadores, estudantes, empreendedores e apaixonados pelo campo.

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Entre as inovações que chamaram a atenção do público, destacam-se o cão robô, o pivô de irrigação e os drones de pulverização. As tecnologias demonstraram, na prática, como o uso da robótica e da automação pode transformar o dia a dia no campo, tornando as atividades mais eficientes, seguras e sustentáveis.

Além disso, o público encontrou exposições de máquinas, produtos da agricultura familiar, praça de alimentação e a fazendinha. Embora pensado para o setor produtivo, a prefeitura também ofertou uma variedade de serviços municipais que beneficiaram famílias inteiras, da vacinação à diversão infantil.

As famílias aproveitaram para garantir o seu registro. Foto: Diane Sampaio/PMBV

Campo experimental

Com uma área de 26 hectares de demonstrações do campo, foram apresentadas 16 cultivares de soja, 21 híbridos de milho, duas espécies de sorgo e duas de girassol, além de batata-doce e macaxeira, todas acessíveis e testadas em solo roraimense, mostrando que é possível produzir mais, com eficiência, sustentabilidade e inovação.

O cenário perfeito para cultivar memórias em família

Entre os espaços mais visitados do evento, o Campo de Girassóis foi, sem dúvida, um espetáculo à parte. O amarelo das flores se destacou no Campo Experimental e é parada obrigatória para quem quer levar lembranças e belas imagens para casa. Este ano, os girassóis ocuparam 6 hectares do CDT, o que garantiu um cenário ainda mais impressionante.

Ellen Schuertz, fisioterapeuta, de 33 anos, foi uma que eternizou o momento. “Foi a primeira vez que eu vim à AgroBV e achei muito organizado. Chegar aqui e encontrar essa paisagem incrível me deixou encantada. Nem parece que estamos em Roraima. Eu estou muito feliz de ver que temos potencial e que a capital está crescendo neste segmento”, disse.

Empreendedores celebraram as vendas. Foto: Diane Sampaio/PMBV

Oportunidade de negócio

O sol forte que marcou os dias da AgroBV 2025 foi um aliado das vendas para Edson Wander Arruda, de 56 anos, que apostou no clima como oportunidade de negócio. Sem loja física, ele atua como revendedor para outras lojas, mas decidiu levar chapéus, cintos e botinas, diretamente ao público durante o evento. E a aposta deu certo.

“Superei minhas expectativas. As vendas foram muito boas. O que mais saiu durante o evento foi o chapéu, porque o sol estava muito quente, mas vendi um pouco de tudo. Graças a Deus, deu muito certo. O pessoal tem me incentivado a participar de outros eventos e, com certeza, onde tiver espaço para eu trabalhar eu vou estar lá”, afirmou.

Clima de aventura e adrenalina

Com recorde de participantes, a 5ª edição da AgroBVRun reuniu cerca de 1.500 competidores em um percurso de 5 km com trilhas, estrada de barro, tanques d’água e outros obstáculos no CDT. Não faltou aventura e alegria para o público infantil. A 1ª edição da AgroBVRun Kids, garantiu a participação inédita de 150 crianças de 2 a 13 anos no evento esportivo.

Corrida AgroBVRun já é tradição dentro da feira. Foto: Richard Messias/PMBV

Acesso para todos: Prefeitura ofereceu transporte gratuito até a AgroBV

Para facilitar o acesso de todos, a prefeitura disponibilizou uma linha especial de ônibus, com trajeto entre o Terminal José Campanha Wanderley, no Centro, e o CDT. O transporte oferecido gratuitamente entre os dias 31 de julho e 3 de agosto, viabilizou a participação de 8 mil pessoas na AgroBV 2025.

Agro é tecnologia, educação e futuro

O evento também foi palco para o lançamento do aplicativo Farmbov, ferramenta desenvolvida para otimizar o controle de rebanhos para produtores que trabalham com gado de corte. Uma parceria da Farmbov com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), o aplicativo conta com dados exclusivos de cada animal, relatórios de manejo sanitário e reprodutivo, além de funcionar online e offline.

Leia também: AGROBV 2025: Campo Experimental é vitrine de inovação no maior evento do agro de Roraima

Valorização dos artistas da terra

Artistas regionais comandaram o palco do Maior Evento Agro de Roraima, proporcionando muita música boa e descontração aos visitantes da AgroBV. O encerramento foi embalado por música ao vivo e clima de confraternização. Ao todo, 12 atrações musicais, tornaram o ambiente leve e acolhedor para o público.

Até logo, AgroBV!

A AgroBV 2025 chegou ao fim, mas quem ainda não visitou o campo de girassóis tem até o dia 10 de agosto para aproveitar. O Centro de Difusão Tecnológica (CDT), na região do Bom Intento, zona rural de Boa Vista, segue aberto ao público, das 8h às 17h, recebendo visitantes.

5 artistas que fortalecem a identidade indígena e amazônica com o rap

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Jander Manauara. Foto: Roberto Coelho/Divulgação

O rap surgiu no Brasil por volta dos anos 1980 e, desde então, tem se firmado como uma forma de denunciar os problemas sociais e força educativa em busca de transformar a sociedade em mais justa e inclusiva. Na Amazônia Legal, diversos artistas tem mostrado com o rap a realidade dos povos ribeirinhos, indígenas e caboclos que muitas vezes passa sem ser percebida pelas grandes massas.

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O Dia do Rap Nacional é celebrado em 6 de agosto e o Portal Amazônia buscou algumas vozes da região que fortalecem a cultura local, a identidade indígena e o dia a dia da população amazônida por meio dessa vertente da música:

Jander Manauara

Rapper, ativista e articulador cultural, Jander Manauara é rapper há mais de 20 anos e faz letras de cunho político e cultural sobre a cidade de Manaus e a Amazônia. Membro da Associação Intercultural de Hip Hop Urbanos da Amazônia, já foi homenageado como uma das vozes atuantes na luta pela agenda climática pela ONU Brasil.

Bruna BG

A cantora paraense conhecida como Bruna BG buscou em diversos estilos musicais seu lar, mas foi no rap que encontrou seu estilo de vida. Nascida em Breves, no Pará, Bruna Guedes fala da vida ribeirinha e transforma suas vivências em música desde a adolescência.

Kaê Guajajara

Nascinda no Mirizal, Maranhão, Kaê Guajajara é uma cantora, compositora, atriz, autora e ativista indígena fundadora da Azuruhu, selo musical voltado ao desenvolvimento de artistas indígenas no Brasil. Kaê cresceu no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, tendo deixado o Maranhão ainda criança com a família em busca de melhores condições de vida. Foi no Rio que ela fundou um grupo de rap, ‘Crônicos’, que denunciava as violências vividas na comunidade e, depois, já em carreira solo, percebeu que precisava mostrar a realidade dos indígenas.

Nativos Mc’s

Em suas composições, os músicos da Nativos Mc’s defendem o combate ao desmatamento, queimada e poluição, temáticas que impactam os povos indígenas e a biodiversidade da floresta amazônica. A dupla Urysse Kuykuro e Macc JB é da etnia Kuikuro e se conheceram na aldeia Afukuri, no Território Indígena Xingu, localizado no Alto Xingu, no Estado do Mato Grosso (MT), que faz parte da Amazônia Legal. As letras das músicas são compostas na língua portuguesa e dialeto Kuikuro, como forma de alcance a diversos públicos, tanto indígenas como não-indígenas. 

Leia também: Rappers indígenas fazem sucesso com composições em defesa da Amazônia; Assista

Kaemizê

Com uma cena de rap crescente, o Acre também tem nomes que tem encontrado no rap uma forma de mostrar pela música a realidade de um povo. Um dos nomes Kaemizê, ou Carlos Silva de Oliveira, que ganhou destaque em 2023, quando venceu a categoria de ‘Álbum do Ano’ no ‘Prêmio 5lemento Hip Hop’ em São Paulo (SP).

4 INCTs do Inpa aprovados para desenvolver pesquisas e soluções para desafios da Amazônia

Torre ATTO faz parte de uma das INCTs. Foto: Divulgação/Acervo Inpa

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) aprovou quatro projetos na chamada mais recente do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs). O resultado, segundo o instituto, “reafirma” sua posição “como uma das principais instituições científicas do país, com atuação estratégica na pesquisa, formação de recursos humanos e inovação para os desafios enfrentados pela Amazônia”.

Os INCTs são redes de pesquisa de excelência que visam fomentar estudos estratégicos e inovadores em áreas prioritárias para o desenvolvimento do Brasil, promovendo avanços científicos com impacto direto na sociedade. O Programa INCTs é coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e operacionalizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Leia também: Novo instituto tem a missão de produzir sínteses sobre a biodiversidade amazônica para políticas públicas

Com as novas aprovações, o Inpa totaliza sete INCTs, fortalecendo atuação estratégica em áreas como biodiversidade, mudanças climáticas, manejo sustentável e conservação de ecossistemas. Juntos, os quatro projetos recentes somam um financiamento de R$49,3 milhões. 

  • Os INCTs aprovados são:
  • ATTO-Equilibrium,
  • Rede de Paisagens Úmidas Brasileiras (INCT-Wetscape),
  • Madeiras da Amazônia
  • e Adaptação da Biota Aquática da Amazônia (Adapta III).

Os outros três projetos que já estão em execução são BioDossel – insetos na copa das árvores, Valor Ambiental da Amazônia (Valamb) e Biodiversidade Amazônica (Cenbam).

ATTO-Equilibrium

Coordenado pelo pesquisador Carlos Alberto Quesada, o projeto Observatório da Torre Alta da Amazônia – ATTO-Equilibrium – conectando sistemas simbióticos na Amazônia, um dos projetos aprovados pelo INCT, tem como objetivo ampliar a compreensão sobre como a floresta amazônica interage com a atmosfera, contribuindo para a redução de incertezas em previsões climáticas. 

“O ATTO é atualmente a mais sofisticada plataforma de pesquisa em florestas tropicais do planeta. Vamos investigar como os diferentes componentes do sistema terrestre, como solo, vegetação, atmosfera e microbiota, interagem com eventos extremos e influenciam a dinâmica do clima global”, explica Quesada.

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A estrutura do projeto permitirá a coleta contínua de dados sobre troca de gases, emissão de compostos orgânicos voláteis, formação de nuvens e reciclagem de água, além de aprimorar modelos regionais e globais sobre a floresta tropical.

Rede de Paisagens Úmidas Brasileiras

Outro destaque entre os novos projetos é a Rede de Paisagens Úmidas Brasileiras (INCT Wetscape), liderada pelo pesquisador Jochen Schöngart, que atuará em diferentes biomas do Brasil com foco na conservação e no uso sustentável das áreas úmidas. A iniciativa reúne 76 pesquisadores de 26 instituições e pretende gerar conhecimento técnico e científico para subsidiar políticas públicas e estratégias de adaptação às mudanças climáticas.

“Nosso objetivo é analisar de forma integrada a resiliência dessas paisagens frente a estressores como eventos climáticos extremos, fogo, espécies invasoras e o aumento do nível do mar, entre outros. A missão do Wetscape é apoiar políticas públicas inclusivas e promover ações de conservação junto às populações tradicionais”, destaca Schöngart. 

Árvores mortas de Eschweilera tenuifolia no PARNA Jau. Foto: Divulgação/Acervo Peld Maua

A rede abrange paisagens úmidas estratégicas no Brasil como o Interflúvio Negro-Branco, o Pantanal, o Araguaia, as áreas alagáveis da Amazônia Central, o Complexo Estuarino de Paranaguá e a Restinga de Jurubatiba e o Taim.

Além dessas novas propostas, foram renovados dois projetos já reconhecidos por sua excelência: o INCT Madeiras da Amazônia, coordenado por Niro Higuchi, e o Adapta, coordenado por Adalberto Val. 

INCT Madeiras da Amazônia

Com foco na sustentabilidade da indústria madeireira, o projeto de Higuchi investe no uso de tecnologia para otimizar o aproveitamento da madeira, reduzir desperdícios e gerar produtos com menor impacto ambiental. 

“Hoje, mais da metade de uma tora de árvore é desperdiçada. Nossa proposta é reverter esse quadro com o uso de sensores, drones e algoritmos para mapear e otimizar o manejo, além de desenvolver produtos sustentáveis a partir de resíduos florestais”, conta Higuchi. 

Niro Higuchi na ZF-2 – Manejo Florestal. Foto Paulo Vinicius/Ascom Inpa

Entre os avanços mais recentes, estão iniciativas que reaproveitam madeiras naturalmente caídas ou de pequeno diâmetro em peças para construção civil, setor moveleiro e até painéis interativos que como o instalado no Bosque da Ciência.

Adaptação da Biota Aquática da Amazônia – Adapta III

Com foco na resposta da biodiversidade amazônica às mudanças climáticas, o Adapta III propõe uma investigação inédita sobre os impactos de cenários ambientais extremos projetados para o fim do século.

Laboratório LEEM Adapta. Foto: Cimone Barros/Ascom Inpa

Em salas experimentais que simulam condições previstas para 2100 – como aumento de temperatura, acidificação da água e baixos níveis de oxigênio – pesquisadores brasileiros, em parceria com grupos internacionais, buscam compreender como a biota aquática será afetada. 

“Trata-se de uma iniciativa única no mundo, voltada à ciência de fronteira, à conservação do bioma e à formação de uma nova geração de especialistas em clima e biodiversidade”, afirma Adalberto  Val.

*Com informações do Inpa

Incêndios criminosos podem estar por trás de novo ‘boom’ de desmatamento na Amazônia

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Tronco de árvore queimada em uma área da floresta amazônica no estado de Rondônia. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama via Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)

Em 2025, a agenda ambiental brasileira caminha em uma encruzilhada. Enquanto os olhos do mundo se voltam para a cidade de Belém (PA), futura sede da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro, vários alarmes soam na Amazônia em resposta a um aumento excessivo nos números de desmatamento.

Apenas no mês de maio, a derrubada de floresta atingiu 960 km², um aumento de 92% em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente.

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As cifras, no entanto, pintam um quadro ainda mais chamativo: monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já havia indicado em abril um aumento de 55% nos alertas de desmatamento este ano, dando a entender que uma tendência crescente — e em larga escala — estaria em andamento.

As previsões foram corroboradas em julho em um relatório semestral do governo, também baseado em análises do Inpe: entre janeiro e junho de 2025, um total de 2.090 km² de áreas da floresta amazônica esteve sob alertas de desmatamento, um número que supera as estatísticas do primeiro semestre de 2024 em 27%; o valor também é o mais alto para o período desde 2023.

Em nota, a pasta do Meio Ambiente disse que, durante os primeiros seis meses do ano, “as áreas sob alerta de ‘desmatamento com vegetação’, que correspondem a locais atingidos pelo fogo, cresceram 266%” na comparação ao mesmo período do ano anterior.

Autoridades, agora, tentam desvendar o quebra-cabeça para entender os motivos por trás dos números em alta. O caso intriga especialistas à medida que os relatórios trazem alguns aspectos atípicos: no começo de junho, quando expôs os dados em coletiva de imprensa, o secretário-executivo do Ministério, João Paulo Capobianco, disse que mais da metade (51%) do desmatamento detectado nos primeiros meses do ano se deu em trechos de floresta que já haviam sido queimados.

O problema ganha força de forma acelerada ano após ano: partindo de uma média de 6,6% entre 2016 e 2022, a parcela de área queimada no montante total de floresta perdida saltou para 21% em maio de 2024, até atingir os níveis recordes registrados no início de 2025.

Nas palavras de Capobianco, o governo brasileiro está frente a frente com um “fato novo”. Segundo ele, “o impacto dos incêndios florestais ao longo da história foi relativamente baixo sobre a taxa de desmatamento”. Esse padrão, no entanto, tem se alterado. “Agora, com o agravamento das mudanças climáticas, com a maior fragilidade da cobertura florestal, primária inclusive, estamos começando a assistir a uma mudança de cenário que comprova os alertas que vinham sendo feitos pela ciência (…)”, disse.

Do ponto de vista do poder público, explicar o que ocorre na Amazônia é tão importante quanto encontrar soluções para evitar uma avalanche de más notícias climáticas na antessala da COP30. Mais ainda, o momento atual é particularmente desafiador para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem na conservação ambiental um dos pilares de seu terceiro mandato, iniciado na sequência dos anos de desmonte ambiental sob Jair Bolsonaro (2019-2022).

Embora o desmatamento na Amazônia tenha caído 30% já nos primeiros anos desde a volta de Lula (considerando dados que vão de agosto de 2023 a julho de 2024, no que se tornou o menor nível em nove anos), os últimos relatórios colocam um ponto de interrogação no horizonte do governo. Para aumentar a dor de cabeça das autoridades, a próxima compilação anual deve ser anunciada às vésperas da conferência em Belém — e, caso os números tragam um panorama negativo, questionamentos sobre a situação do maior bioma brasileiro serão inevitáveis.

Como o fogo redefine a crise do desmatamento

Segundo Capobianco, análises técnicas recentes confirmam alertas trazidos pela ciência. “A floresta tropical, que é naturalmente imune a grandes incêndios pela sua umidade, está sofrendo um impacto muito grande das mudanças climáticas, reduzindo a sua resistência a incêndios e se tornando mais vulnerável. Os dados infelizmente começam a aparecer nas estatísticas”, disse o secretário, em junho.

O governo federal já trabalha há um bom tempo com a hipótese de que muitos desses incêndios são criminosos. Muitos desmatadores se aproveitam da baixa fiscalização para incendiar a floresta como forma de acelerar o processo de derrubada e “limpeza” de vastas áreas de vegetação nativa.

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A Mongabay questionou o Ministério do Meio Ambiente sobre se os incêndios criminosos já são observados por autoridades como uma “nova tática” para a subtração da floresta. A pasta não respondeu especificamente à pergunta enviada, mas reiterou a preponderância inédita de incêndios nos estudos recentes sobre desmatamento.

A luta contra as chamas se tornou uma prioridade para o Brasil nos últimos tempos. Em 2024, uma “guerra” foi anunciada contra uma epidemia de focos de incêndio que ameaçou não apenas a Amazônia, mas também os biomas do Cerrado e do Pantanal — ambos igualmente biodiversos. Estudos mostraram que o fogo também foi o principal agente de destruição em áreas de Mata Atlântica.

Os esforços não pararam em 2025. Entre fevereiro e março, para se antecipar a uma nova temporada de incêndios, o governo decretou emergência ambiental em diversas áreas vulneráveis às queimadas florestais. Em seguida, foi dada a largada a uma campanha nacional de prevenção aos incêndios — essa, com foco em regiões amazônicas e desenvolvida em parceria com estados e municípios. A iniciativa, segundo o documento, tem o objetivo de “conscientizar a população local sobre as consequências das queimadas não autorizadas”.

Fogo tem gerado preocupações. Foto: Christian Braga/Greenpeace

No entanto, nenhum dos alertas recentes foi tão a fundo nas reais dimensões da crise como o Relatório Anual do Fogo, desenvolvido pelo MapBiomas. Divulgado no final de junho, o estudo revelou que a Amazônia registrou, em 2024, a maior área queimada desde 1985 (ano inaugural da série histórica), destacando-se como “o bioma que mais queimou no país” no último ano.

“Foram aproximadamente 15,6 milhões de hectares queimados, um valor 117% superior à média histórica. Essa área correspondeu a 52% de toda a área nacional afetada pelo fogo em 2024, tornando a Amazônia o principal epicentro do fogo no Brasil”, diz a análise.

Os dados e inferências trazidos em junho aumentam a preocupação de especialistas sobre a correlação entre o atual surto de incêndios e o crescimento do desmatamento.

Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), diz que diferentes condições ambientais transformaram a floresta em uma “presa fácil” para incendiários oportunistas.

“Em 2024, como a floresta estava seca, inflamável e propensa à propagação do fogo, o bioma criou uma ‘oportunidade’ para grileiros e outros interessados em invadir a área e mudar o status da floresta usando o fogo”, disse, em entrevista à Mongabay. “As condições climáticas permitiram essa estratégia: usar o fogo como ferramenta direta para converter floresta em ‘não-floresta.’”

Segundo a especialista, queimar a natureza se tornou uma forma mais segura para quem busca limpar os terrenos de mata e escapar impune. “[Usar o fogo nesse contexto] ofereceria aos criminosos menos risco, por exemplo, de ser pego em flagrante. É diferente do caso do desmatamento ilegal [tradicional], que exige que os desmatadores tragam pessoas, maquinário, etc. Muitas pessoas que querem desmatar ilegalmente se beneficiam das condições do bioma — e usarão o fogo para isso.”

Incêndios florestais: novos padrões, novos riscos

Em seu novo relatório, além da enorme extensão de área queimada, o MapBiomas cita uma “mudança em termos qualitativos.” De forma inédita, a vegetação florestal foi a classe de cobertura mais afetada pelo fogo na Amazônia — foram 6,7 milhões de hectares de floresta atingidos diretamente pelas chamas em 2024, o equivalente a 43% da área queimada em todo o bioma; o patamar também supera a quantidade de pastagem queimada (33,7%).

“Historicamente, as pastagens sempre haviam sido a classe mais atingida pelo fogo”, diz a pesquisa.

Para Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, essas alterações chamam a atenção ao revelarem um novo método de degradação florestal. Isso, por sua vez, traz perigos adicionais para um bioma que se torna, nas palavras do especialista, “cada vez menos resiliente.”

“Incêndios [geralmente] ocorrem depois que a floresta é desmatada”, disse. “Alguém entra em uma área, derruba a floresta e a incendeia, dando início ao processo de ‘limpeza’ do local. Agora, o que surpreende em análises recentes é que essas florestas estão sendo queimadas antes mesmo de serem desmatadas”.

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A crise que faz a Amazônia arder não se limita às fronteiras do Brasil. Nos últimos anos, o fogo vem se espalhando, e de forma agressiva, por todos os nove países amazônicos da América do Sul, mostrando a face continental da crise. Em 2024, mais de meio milhão de focos de incêndio foram registrados na porção sul das Américas — os números mais altos em 14 anos.

Astrini diz que essa dinâmica pode manter a floresta em um ciclo de destruição que se retroalimenta.

“Estamos falando de partes da floresta que estão sendo derrubadas ainda vivas, acelerando o processo de desmatamento. E essa ação acelerada, como observado pelas autoridades, acontece à medida que as regiões inteiras se tornam cada vez mais quentes, mais vulneráveis e mais expostas à perda florestal. A agressão contínua à floresta, juntamente com o aquecimento global, torna o bioma menos resiliente. O resultado: torna-se fácil desmatar a Amazônia usando fogo”, diz o secretário.

Fogo e agricultura impulsionam a degradação do solo no sul da Amazônia

Ações, desafios e oportunidades às vésperas da COP

À medida que o desmatamento avança na Amazônia, e enquanto a COP30 se aproxima, o Brasil busca soluções para um problema incômodo.

O primeiro item de um novo pacote de ações foi anunciado em junho, quando o presidente Lula confirmou a liberação de 825,7 milhões de reais do Fundo Amazônia para reforçar a fiscalização da floresta. Foi o maior repasse financeiro já concedido pelo fundo desde a criação da iniciativa, em 2008.

O governo diz que o plano, com duração prevista de 60 meses, visa “ampliar a presença do Estado” na Amazônia, bem como “modernizar a resposta ao desmatamento ilegal.” O programa inclui a compra de grandes equipamentos, como helicópteros e drones, além da instalação de centros de treinamento e monitoramento e o uso de sistemas de inteligência artificial para fiscalizar áreas remotas de difícil acesso.

Ao lado de integrantes do governo, em 2024, o presidente Lula fala sobre um plano para reduzir o desmatamento e os incêndios florestais na Amazônia. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Magno Botelho Castelo Branco, professor de Mudanças Climáticas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, fala em um ajuste de expectativas.

“Em certa medida, sempre há a percepção de que os governos [em exercício] podem fazer mais”, disse. “No entanto, o governo brasileiro conta com alguns elementos que jogam a seu favor: a atual gestão pode mostrar que está investindo mais, que as taxas [de desmatamento] caíram em geral e que a mudança climática é algo que frequentemente foge ao controle. Além disso, os países mais ricos são emissores históricos [de gases de efeito estufa]. Caso notícias ruins [sobre desmatamento] surjam [perto da COP], pode ser o momento de pedir mais apoio”.

Botelho se diz preocupado com a mudança nos padrões de desmatamento na Amazônia. Para ele, isso também reforça a necessidade do Brasil manter suas metas de “desmatamento zero” até 2030 — ainda que o objetivo se mostre desafiador.

“As metas são ambiciosas, utópicas, mas precisam ser buscadas. Enquanto isso, o Brasil precisa dizer ao mundo que a Amazônia é gigante e que lidar com a crise dentro dela não é fácil. E dizer aos países preocupados com a destruição da floresta que eles também têm potencial para contribuir muito mais, inclusive destinando verba ao Fundo Amazônia”, disse.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Lucas Berti

Governo Federal anuncia investimento de R$ 53 milhões na saúde de Belém

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Hospital Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Pará, em Belém. Foto: Reprodução/Site oficial

O Governo Federal anunciou que, por meio do Ministério da Saúde, um investimento de R$ 53 milhões para fortalecer a rede de saúde em Belém (PA). Os recursos, segundo o governo, ampliam a capacidade de atendimento na cidade e deixam um legado duradouro para a população após a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro.

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Durante o anúncio na capital paraense, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância dos recursos anunciados.

“A COP30 será a primeira realizada na Amazônia, e nosso compromisso é deixar um legado real para Belém. Não estamos preparando a cidade apenas para o evento, mas para o futuro, com investimentos permanentes na saúde pública”, afirmou.

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Entre os principais investimentos está a construção de oito Unidades Básicas de Saúde (UBS), com R$ 9 milhões destinados à ampliação, reforma e custeio das equipes. Uma dessas unidades é a UBS Jurunas, que recebeu R$ 2 milhões em investimentos.

“Essa ação visa melhorar o atendimento, valorizar os trabalhadores e garantir cuidados de qualidade para a população antes, durante e depois da COP30”, ressaltou Padilha.

Confira as ações que fazem parte do investimento:

Hospital: Também foi anunciado o investimento de R$ 35,5 milhões para o Hospital Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Pará, que será utilizado para comprar equipamentos, aumentar o número de leitos e reduzir a lotação das UPAs 24h da região.

Especialistas: Ainda no hospital, foi lançado o mutirão do programa Agora Tem Especialistas, que amplia o acesso a consultas, exames e cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A ação prevê a realização de 20 exames de imagem e 86 cirurgias em áreas como cardiologia, angiologia, ginecologia, cirurgia geral, urologia e oftalmologia.

Agentes comunitários: O Governo Federal também vai investir R$ 6,7 milhões na contratação de 554 novos Agentes Comunitários de Saúde em Belém. Esses profissionais irão realizar visitas domiciliares, monitorar famílias e levar informações e cuidados à população. Até 2027, o total previsto para essa ação chega a R$ 23,4 milhões.

Durante a visita de Padilha também foi anunciado o investimento de R$ 35,5 milhões para o Hospital Benemérita Sociedade Portuguesa Beneficente do Pará, para compra de equipamentos, aumento do número de leitos e redução da lotação das UPAs 24h da região. Foto: João Risi/MS

Recursos aplicados: Desde 2023, o Pará recebeu R$ 4,7 bilhões em investimentos federais, sendo R$ 1,6 bilhão destinados exclusivamente à capital, Belém. Os recursos têm sido aplicados em atenção primária e especializada, vigilância em saúde, assistência farmacêutica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, cirurgias e custeio dos serviços.

COP 30: A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) será realizada de 10 a 21 de novembro de 2025, em Belém. É a primeira vez que a Conferência acontece na Amazônia, região estratégica tanto para o clima quanto para a saúde das populações que vivem ali.

Plano de ação

Durante o evento, o Brasil apresentará o Plano de Ação em Saúde de Belém, em 13 de novembro, Dia da Saúde na COP. O plano visa ser uma referência global e foca na resposta aos impactos climáticos sobre a saúde, com destaque para o enfrentamento de eventos extremos, fortalecimento de sistemas de alerta precoce e a implementação de estratégias de adaptação locais.

Além disso, o Governo Federal prepara o Plano + Saúde para a Amazônia, focado em ampliar atendimento especializado, acesso a diagnósticos e a presença do SUS em toda a região da Amazônia Legal. Outros planos nacionais, como o AdaptaSUS, estão sendo desenvolvidos para deixar legados concretos à saúde da população.

Novo PAC

No Pará, estão em andamento 239 empreendimentos de saúde e 126 obras, incluindo UBS, Caps, CER, oficina ortopédica, maternidades, policlínicas e Unidades Básicas de Saúde Indígena.

Além disso, em Belém serão entregues 86 veículos, entre Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Unidade Odontológica Móvel (UOM). O investimento total das ações pelo Novo PAC chega a R$ 460 milhões.

*Com informações do Ministério da Saúde

Parque Nacional de Pacaás Novos, em Rondônia, recebe expedição científica inédita

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Parque Nacional de Pacaás Novos. Foto: Reprodução/Acervo ICMBio

Servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), pesquisadores, e membros de associações indígenas das etnias Jupaú, Amondawa, Oro Win e Cabixi, além de agentes especializados no turismo de observação de aves realizaram uma expedição científica ao Pico do Tracoá, no Parque Nacional de Pacaás Novos, em Rondônia.

Ao todo, 23 pessoas colaboraram na atividade, que aconteceu entre 28 de maio e 4 de junho de 2025, e teve por objetivo avaliar o potencial atrativo para o turismo de observação de aves.

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“Nós aplicamos três métodos complementares de levantamento de aves: observações diretas com registro fotográfico e sonoro, captura com redes de neblina e coleta seletiva de exemplares”, detalha Thiago Laranjeiras, Analista Ambiental do ICMBio. “Apesar das temperaturas incomuns para a região amazônica, inferiores a 15 °C, nós registramos quase 100 espécies de aves”, observa Glauko Corrêa, guia de observação de aves, baseado em Porto Velho.

“Áreas em topos de montanha na Amazônia não são esperadas para ter uma riqueza muito grande de aves, como nas florestas de terras baixas”, complementa Arthur Gomes, também guia de observação de aves.

Entre os ambientes investigados estavam campinas rupestres arbóreo-arbustivas, florestas de igarapés com alta presença de epífitas e áreas afetadas por queimadas de incêndios passados. Com os novos registros, a expedição acrescenta 25 espécies à lista do parque, que agora soma cerca de 390 espécies de aves registradas (quando inclui florestas e outros ambientes no pé da chapada). 

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A lista de espécies registradas incluiu tanto aves típicas da Amazônia quanto espécies migratórias provenientes do sul do Brasil e da região andina. Entre as espécies registradas, destaca-se o pintassilgo (Spinus magellanicus).

“Coletamos dados valiosos da população isolada dessa espécie na expedição”, comenta Vítor Piacentini, ornitólogo responsável pela curadoria dos exemplares coletados.

O pintassilgo é típico de áreas abertas no Centro-Sul do Brasil ou dos Andes, bem distantes da chapada de Pacaás, onde se mostrou localmente comum. Diversos indivíduos da espécie foram fotografados, gravados e dois foram coletados, e análises futuras deverão investigar a origem e o status da população de Rondônia. 

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Em comparação com áreas intactas, foi constatada pela equipe uma menor diversidade e abundância de aves nas áreas atingidas pelo fogo em 2022. “A vegetação queimada ainda apresenta sinais claros de degradação, e é provável que sua recuperação seja lenta, especialmente quando comparada ao Cerrado, onde as espécies possuem maior resiliência ao fogo”, explica Damião de Oliveira, analista ambiental do ICMBio e coordenador-geral da expedição. 

Equipe que realizou os estudos no Parque Nacional de Pacaás Novos. Foto: Reprodução/Acervo ICMBio

Turismo de Base Comunitária no parque

Além dos resultados científicos, a expedição teve importância estratégica para o monitoramento do território indígena. “A expedição foi a primeira atividade integrada, com a participação de representantes de quatro etnias indígenas que habitam a Terra Indígena Uru Eu Wau Wau”, ressalta Guilherme Martins, servidor da Funai, responsável pela frente de proteção territorial.

“Nós entendemos que foi uma excelente oportunidade de fortalecer os laços entre os parentes e de marcar presença no nosso território ancestral”, comenta Yampá, representante da etnia Oro Win.

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“Queremos que ações assim tenham continuidade”, complementa Avajupá, representante da etnia Amondawa.

As associações indígenas manifestaram interesse em estruturar um turismo de base comunitária, incluindo atividades de observação de aves, com produção de materiais informativos e capacitações.  

Uma segunda expedição foi proposta para novembro, além da implementação do protocolo avançado de monitoramento de avifauna do Programa Monitora nas estações amostrais já instaladas no Parque Nacional de Pacaás Novos. 

A coordenação da expedição ficou a cargo do ICMBio, enquanto a Funai atuou como articuladora junto às associações indígenas, garantindo sua participação e promovendo o monitoramento do território. Foto: Acervo

*Com informações do ICMBio