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Patrulhamento comunitário reduz crimes ambientais na Amazônia, mostra estudo

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Foto: Daniel Marques (ASCOM/SEAPC/MCTI) via Wikimedia Commons (CC BY 2.0)

Um estudo realizado na Amazônia brasileira descobriu que iniciativas voluntárias de patrulhamento comunitário em duas áreas protegidas estiveram associadas a uma redução de 80% nos crimes ambientais registrados ao longo de dez anos.

No mesmo período, não houve queda significativa nas violações ambientais detectadas fora dessas áreas, sugerindo que as patrulhas comunitárias foram mais eficazes. Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados coletados entre 2003 e 2013 por agentes comunitários em 12 unidades territoriais de duas reservas de desenvolvimento sustentável no estado do Amazonas: Mamirauá e Amanã.

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Os registros fazem parte do programa Agentes Ambientais Voluntários (AAV), criado em 1995 pelo governo do Amazonas, que envolve moradores locais no patrulhamento voluntário de seus territórios para complementar o sistema federal de fiscalização e monitoramento. Nos anos analisados, os agentes do AAV realizaram 19.957 patrulhas, registrando um total de 1.260 crimes ambientais, a maioria relacionada a infrações de pesca e caça.

Como efeito de comparação, os autores do estudo analisaram operações de fiscalização feitas pelo governo fora das reservas, entre 2002 e 2012. Nesse período, as autoridades realizaram 69 operações, detectando 917 crimes.

Uma década de patrulhamento comunitário

A década de patrulhas comunitárias coincidiu com uma queda de 80% nos crimes ambientais registrados em 11 das 12 áreas analisadas. Em contraste, as operações lideradas pelo governo não apresentaram redução clara nos crimes detectados ao longo do tempo. Essa diferença “destaca a importância de defender intervenções lideradas por comunidades”, mesmo fora de áreas protegidas, escreveram os autores.

“Precisamos colocar as comunidades no centro desse processo de conservação e entender que é por meio de seu empoderamento que elas se tornam protagonistas na conservação e no desenvolvimento da Amazônia. Porque, na verdade, elas já são”, disse Caetano Franco, autor principal do estudo e pesquisador do Instituto Mamirauá de Desenvolvimento Sustentável, à Mongabay.

Leia também: Plataforma potencializa combate a crimes ambientais na Amazônia

Felipe Nunes, do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais, que pesquisa a aplicação de leis ambientais na Amazônia, mas não participou do estudo, ressaltou que ações comunitárias e federais não podem ser comparadas diretamente, pois ocorreram em tipos diferentes de uso do solo. Ainda assim, o estudo é válido e reforça a importância de iniciativas conjuntas, disse ele.

Franco destacou a necessidade de apoio financeiro para iniciativas comunitárias e de políticas públicas de segurança para as comunidades envolvidas no patrulhamento. No entanto, alertou que o aumento da responsabilidade das comunidades em ações de conservação e vigilância pode levar governos a assumir que elas conseguem se autogerir, reduzindo o apoio oficial.

“O primeiro passo é entender que as comunidades não são responsáveis por esse tipo de atividade, nem deveriam ser. Elas devem ser vistas como parceiras em uma responsabilidade que cabe principalmente aos governos estaduais e federal”, afirmou Franco.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Fernanda Biasoli

Arqueologia no Coração da Amazônia: pesquisa destaca a contribuição de comunidades tradicionais para a arqueologia

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Urnas descobertas por Késia Silva, 28 anos, no quintal de seu pai, o agricultor Ciriaco Silva, após dias intensos de chuva, no sítio “Fazendinha”, em Alvarães. Foto: Miguel Monteiro/Instituto Mamirauá

Arqueólogos colaboradores e do Instituto Mamirauá produziram artigo sobre a contribuição e atuação das comunidades ribeirinhas na arqueologia e na conservação de objetos arqueológicos encontrados na região do Médio Solimões, no Amazonas.

Intitulado ‘Os ‘Ajuntadores de Memória’ e a manutenção do patrimônio arqueológico e cultural em comunidades do Médio Solimões – Amazonas’, o artigo foi publicado na edição 43, volume XII, do periódico semestral Cadernos do LEPPAARQ, administrado pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (LEPAARQ/UFPEL), no Rio Grande do Sul, cujas publicações são focadas em artigos de antropologia, arqueologia e patrimônio cultural.

O trabalho foi assinado por cinco arqueólogos do Grupo de Pesquisa ‘Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia’, do Instituto Mamirauá.

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O artigo teve início pela arqueóloga e preservadora patrimonial Geórgea Holanda, e contou com a colaboração do arqueólogo Anderson Márcio Amaral, após uma experiência em visita a sítios arqueológicos do Médio Solimões, no Amazonas, em 2019. Na ocasião, os dois arqueólogos passaram um mês em campo, período onde identificaram mais de 40 sítios arqueológicos, dando início ao primeiro artigo intitulado “Narrativas Sobre o Modo de Vida dos Povos Amazônicos do Passado e do Presente em Comunidades do Médio Solimões”, publicado pela revista Arqueologia Pública, em 2023.

Posteriormente, com o objetivo de narrar a forma como os ribeirinhos e indígenas veem, guardam e preservam “cacos” e peças arqueológicas, até que elas sejam pesquisadas, surgiu o artigo “Os Ajuntadores de Memória’ e a manutenção do patrimônio arqueológico e cultural em comunidades do Médio Solimões – Amazonas”, que contou com a colaboração de mais três arqueólogos vinculados ao Grupo de Pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia do Instituto Mamirauá: o historiador e educador Maurício André da Silva; a arqueóloga Erêndira Oliveira; e o historiador e coordenador do grupo de pesquisa, Eduardo Kazuo Tamanaha.

“Durante minhas idas em campo, pude notar que os moradores da região juntam ´cacos`, guardam e nos apresentam com bastante curiosidade, perguntando sobre as peças e a quem pertenciam. Dizem que ´são dos antigos`, de seus parentes e antepassados. Inclusive é bem comum, nos avisarem quando encontram algo, e é a partir desse contato conosco que passa a existir um trabalho colaborativo de grande importância para nós, arqueólogos. Além disso, elas sempre trazem uma narrativa de onde e como encontram as peças, nos ajudando bastante em nosso trabalho”, relatou a arqueóloga, Geórgea Holanda.

Valorização da arqueologia

A Amazônia é um lugar de mistérios e histórias, muitos ainda escondidos embaixo dos pés de quem mora na região. E para desvendar essas histórias, pesquisadores e arqueólogos do Instituto Mamirauá têm trabalhado cada vez mais junto das comunidades ribeirinhas e territórios indígenas, ao mesmo tempo em que dão protagonismo e reconhecimento a essas populações que inspiram o artigo, sendo elas peças fundamentais para novas descobertas.

“Das comunidades que escavamos aqui na região, muitas já sabiam da importância desses achados, sabem que ali viveram seus avós, bisavós, tataravós, enfim seus ancestrais. Então essas pessoas acabam sendo as protagonistas de suas próprias histórias, porque são elas que encontram esses materiais, nos informam e é nossa obrigação acolhê-las e valorizar o material encontrado nos sítios arqueológicos que elas chamam de lar”, destacou Márcio Amaral, arqueólogo no Instituto Mamirauá.

Com as experiências, reconhecimento e envolvimento por meio do Instituto, as comunidades tradicionais passaram a atuar de modo efetivo perante os estudos arqueológicos na Amazônia, assumindo papel de destaque na chamada “arqueologia colaborativa” e contribuindo com a história de modo geral.

Vale destacar que, nas últimas décadas, as pesquisas arqueológicas com colaboração de  comunidades têm sido peças-chave para provar que a região amazônica é habitada há milhares de anos por populações indígenas, bem antes da chegada dos colonizadores, fato este de grande importância para a história da Amazônia e do Brasil.

“Cada sítio arqueológico conta a história de um lugar e das pessoas que moraram ali há milhares de anos. No entanto, os vestígios possuem uma limitação de alcance dessa linha temporal, sendo essencial a memória e a história contada pelos moradores. Dessa maneira, conseguimos reconstruir uma longa história de ocupação de uma região”, explicou o coordenador do grupo de pesquisa, Eduardo Kazuo Tamanaha.

Arqueólogos Márcio Amaral e Geórgea Holanda no sítio “Fazendinha”, em Alvarães. Foto: Miguel Monteiro/instituto Mamirauá

A arqueologia pelo Instituto Mamirauá

A atuação do Instituto Mamirauá na arqueologia do Médio Solimões começou em 2001, após moradores da comunidade Boa Esperança revelarem à comunidade acadêmica a existência de urnas funerárias. A partir disso, o antropólogo Glen Sheppard alertou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o que resultou nas primeiras escavações realizadas por arqueólogos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Com base nessa experiência, o Instituto elaborou seu primeiro projeto voltado à gestão do patrimônio arqueológico da Reserva Amanã, em 2006. Dois anos depois, foi oficialmente reconhecido pelo IPHAN como Instituição de Guarda e Pesquisa (IGP), tornando-se a única IGP localizada no interior do Amazonas, um passo importante para descentralizar a conservação de vestígios históricos na região.

Desde então, o acervo do Mamirauá reúne milhares de fragmentos cerâmicos, líticos, ossos, carvões, e mais de 20 urnas funerárias de diferentes culturas indígenas. Muitas dessas peças foram doadas por moradores que convivem, há gerações, com vestígios arqueológicos e reconhecem no Instituto um parceiro para preservá-los.

Leia também: Quintais amazônicos: fragmentos de cerâmica compõem empreitada coletiva na busca de entender passado da Amazônia

As descobertas mais marcantes incluem a escavação de urnas na comunidade Tauary e a identificação de ilhas artificiais em áreas de várzea no sítio arqueológico identificado como Lago do Cochila, no município de Fonte Boa, revelando estratégias de ocupação até então inéditas na Amazônia.

A pesquisa arqueológica do Mamirauá tem como diferencial o envolvimento direto das comunidades locais. Moradores participam da logística, escavações e registro das memórias orais, contribuindo para reconstruir a história da região a partir de múltiplas perspectivas.

Atualmente, o Instituto Mamirauá conta com o grupo de pesquisa em Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia, sendo composto por seis arqueólogos que atuam em sete projetos voltados para pesquisas em laboratório, arqueologia, história e antropologia.

Orientações para achados arqueológicos

Os pesquisadores do Instituto Mamirauá orientam que qualquer achado arqueológico encontrado na região do Médio Solimões seja comunicado ao Instituto.

A comunicação pode ser feita por meio do grupo de pesquisa “Arqueologia e Gestão do Patrimônio Cultural da Amazônia”, via contato telefônico pelos números (97) 3343-9745 e (97) 3343-9801.

Para achados arqueológicos encontrados nas demais regiões do Amazonas, deve-se entrar em contato com a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Manaus pelos telefones (92) 3633-2822 ou (92) 3633-1532, ou ainda pelo e-mail 1sr@iphan.gov.br.

Para saber mais sobre o tema, os resultados e conhecer os profissionais que atuaram nesse projeto, acesse o link:  https://x.gd/7xFzQ.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Mamirauá

54ª Expofeira tem aplicativo oficial com foco em segurança, inclusão e negócios

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Foto: Iago Fonseca/GEA

O Governo do Amapá lançou no dia 25 de agosto o aplicativo oficial da 54ª Expofeira do Amapá, que acontece de 30 de agosto a 7 de setembro no Parque de Exposições da Fazendinha, em Macapá. Gratuito e disponível em português, inglês e francês, o app reúne informações sobre o evento e oferece recursos de segurança, inclusão e alertas em tempo real.

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Com o tema ‘Amazônia Sustentável e Desenvolvida’, a feira é considerada a maior vitrine de negócios da região Norte. A expectativa é gerar entre 12 mil e 14 mil empregos e movimentar até R$ 625 milhões em setores como agronegócio, energia limpa e empreendedorismo popular.

Leia também: Fundação Rede Amazônica lança projeto “ExpoFeira na Rede” e amplia visibilidade do maior evento cultural e econômico do Amapá

Aplicativo funciona como guia virtual e vitrine de negócios

O aplicativo foi desenvolvido pelo Centro de Gestão da Tecnologia da Informação (Prodap) e é atualizado pela Secretaria de Estado da Comunicação (Secom). Compatível com Android (versão 11 ou superior) e iOS (a partir da versão 13), a ferramenta funciona como um guia virtual da feira.

Entre os recursos disponíveis estão mapa interativo, agenda cultural, notícias atualizadas, playlist oficial no Spotify com músicas de artistas nacionais, cupons de desconto e avaliações de eventos e produtos.

Clique aqui para baixar Android iOS

Expositores e empreendedores também têm acesso a um painel administrativo com métricas de desempenho, além da possibilidade de criar vitrines virtuais e realizar sorteios dentro da plataforma.

“O aplicativo busca proporcionar uma ferramenta digital para a população acompanhar em tempo real, com transparência e dinamismo, as informações da Expofeira. Os expositores poderão mostrar seus produtos e interagir com os clientes”, explicou o diretor de Transformação Digital do Prodap, Célio Conrado.

Cadastro de dependentes

O app oferece um sistema de cadastro para dependentes — como crianças, idosos, pessoas com deficiência e animais — com identificação por QR Code. A funcionalidade segue as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) e tem como objetivo facilitar a localização durante o evento.

“Para você que vem com criança, aproveita pra cadastrar o seu filho por uma questão de segurança. No app você vai encontrar todas as informações da Expofeira, notícias atualizadas e o calendário de shows”, destacou a secretária de Estado da Comunicação, Ana Girlene.

Além disso, o efetivo de segurança foi ampliado em 35% e estratégias de atendimento de urgência e emergência foram reforçadas.

*Com informações de Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Expofeira na Rede

A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.

Dia do Carimbó: ritmo paraense ecoa nos palcos de festivais nacionais como o Psica

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À direita, a Batucada Misteriosa; à esquerda, o Toró Açu. Coletivos fortalecem o carimbó em festivais como o Psica. Foto: Duda Santana

O Dia do Carimbó é celebrado em 26 de agosto e a data que homenageia o nascimento de Mestre Verequete, considerado o ‘Rei do Carimbó’ e um dos maiores nomes da música popular amazônica. Desde 2014, o ritmo é reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um marco que reforça a importância da tradição afro-indígena paraense que segue se reinventando a cada geração.

Leia também: Carimbó e siriá: as principais diferenças entre dois ritmos paraenses

É nesse contexto que o Festival Psica, realizado em Belém (PA), reforça o papel do gênero como parte essencial da música pan-amazônica. Na edição de 2025, o destaque vai para o Toró Açu, coletivo originário do território quilombola de Abacatal, em Ananindeua (PA), que mistura carimbó, guitarrada e ritmos afro-brasileiros em uma estética urbana e experimental.

Em um encontro inédito, o grupo se apresenta ao lado da Batucada Misteriosa, formada por jovens da periferia de Icoaraci, que exploram a potência da percussão em diálogos com batuques afro-amazônicos, sanfona e ritmos latinos. Juntos, representam a vitalidade do carimbó dentro de uma cena plural, que conecta tradição, periferia e inovação musical.

“A ideia desse encontro no Psica nasceu da certeza de que o carimbó precisa estar presente nos nossos line-ups. É uma forma de valorizar e reconhecer uma das expressões culturais mais importantes da nossa cidade. O Psica não existiria se não abrisse espaço para o carimbó. Hoje, o festival é um palco de alcance nacional, e abrir esses slots é essencial para que novos artistas, jovens que tocam carimbó, tenham visibilidade. É assim que nossa cultura ganha força e ecoa em todo o Brasil”, afirma Gerson Dias, sócio-fundador do Psica.

festivais paraenses- psica
Foto: Vitória Leona

Leia também: PSICA: há mais de uma década festival celebra multicultura amazônica

“A Batucada Misteriosa surgiu em 11 de dezembro de 2016, no espaço cultural Coisas de Negro, e fomos abençoados naquele dia pelo nosso mestre Nego Ray. Carregamos o título de conjunto mais jovem do nosso distrito, mas não o de mais novo, porque depois de nós outros grupos também surgiram. Cada um traz sua linguagem, sua poética e a nossa é essa… essa paixão como sujeitos de Icoaraci, respirando o carimbó urbano”, conta Yuri Moreno, que faz parte do conjunto musical.

Guardiões do Carimbó

Mestre Nego Ray é um dos grandes guardiões do carimbó no Pará, especialmente em Icoaraci, onde sua atuação se tornou referência. Reconhecido como líder comunitário e formador cultural, ele criou espaços de acolhimento e troca, como o Coisas de Negro, que se transformou em um verdadeiro berço de novos grupos e manifestações.

Mais do que memória, o carimbó se consolidou como identidade e pertencimento. Antes associado principalmente ao turismo e às apresentações folclóricas, hoje ocupa ruas, praças, casas culturais e palcos de grandes festivais, representando um movimento urbano, periférico e contemporâneo.

Leia também: Dia do Carimbó é marcado pela perda de Mestre Damasceno

O carimbó é uma das manifestações culturais mais emblemáticas do Pará. Nascido do encontro de matrizes afro-indígenas e populares que moldaram a identidade da região, vai além da música e da dança: é também linguagem que expressa território, comunidade e pertencimento, conectando gerações e dando voz ao espírito da Amazônia.

“O Toró Açu nasceu como uma comunidade de resistência. Nossa música é a voz do lugar onde vivemos e da luta dos mais velhos que abriram caminho antes de nós. Cada composição é também uma memória coletiva, uma forma de manter viva a história do nosso território e afirmar nossa identidade no carimbó”, comenta Dawidh Maia, integrante da banda.

Esse é outro aspecto importante do carimbó, comentado por Toró Açu: a maneira como as letras das músicas costumam localizar sua origem. É comum que as canções façam referência direta a lugares, pessoas ou acontecimentos específicos, o que reforça a relação do gênero com o território e com a memória coletiva da Amazônia.

Festival Psica 2025

O Festival Psica 2025 celebra o Retorno da Dourada e acontece nos dias 12, 13 e 14 de dezembro, na Cidade Velha e no Mangueirão, em Belém (PA). Veja as atrações AQUI.

Mudanças do clima: Amazônia reúne pesquisadores do Brasil e França em Belém

Encontro vai até o dia 29 de agosto no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém. Foto: Divulgação/Museu Goeldi

O desafio global de fazer frente às mudanças climáticas reforçou os laços entre o Brasil e França, em um esforço científico pela Amazônia. Pesquisadores dos dois países estão reunidos em Belém, no Pará, para dar início a mais uma temporada de projetos que pensam o futuro do planeta a partir da ciência, cultura e política.

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O Seminário Conexões Amazônicas – Pesquisas Colaborativas entre Brasil e França, inaugurou nesta terça-feira (26) as atividades científicas da Temporada Brasil-França 2025. O encontro vai até o próximo dia 29, no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém, como parte da agenda bilateral realizada a cada ano em duas temporadas – uma em cada país.

Segundo a representante da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, a Temporada França-Brasil 2025 traz este ano um foco especial na cooperação científica que tem laços históricos e muito fortes através dos séculos, com um olhar ambiental reforçado pela realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

“Estamos em um momento em que a Amazônia se aproxima de um ponto de não retorno pela mudança climática e isso é uma preocupação muito forte de ambos os governos e também dos pesquisadores brasileiros e franceses. Por isso, precisamos estruturar ainda mais esse compartilhamento de conhecimento e a interdisciplinaridade dos eixos de pesquisa”, destaca.

Leia também: Portal Amazônia responde: a maior fronteira da França é com o Brasil?

Relação bilateral de combate às mudanças do clima

Criada em 2023, a temporada é fruto de um novo impulso da relação bilateral, que celebra agora 200 anos. Do mesmo esforço, nasceu ainda o Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica (CFBBA), inaugurado em novembro de 2024, na Guiana Francesa, que também aproxima o trabalho de cientistas dos dois países.

“As universidades, tanto aqui da Amazônia brasileira, quanto da Guiana Francesa, são enraizadas em um território que tem desafios enormes sociais e ambientais, mas também tem a capacidade de pensar quais são as soluções e nos futuros compartilhados”, afirma Nadège Mézié, assessora internacional do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica.

Ao longo de três dias, as comunidades científicas dos dois países apresentarão os avanços recentes das pesquisas sobre sociobiodiversidade, meio ambiente e enfrentamento da mudanças do clima para que possam trabalhar na apresentação de soluções e novas perspectivas a serem levadas aos tomadores de decisões na COP30. “Vamos ter antropólogos, arqueólogos, cientistas da saúde, da biodiversidade e meteorologistas que podem ser capazes de juntos encontrarem soluções concretas”.

Construção de conhecimento

Nesta terça-feira, o dia é dedicado a jovens pesquisadores que compartilham seus estudos com cientistas experientes, em um esforço conjunto na construção de conhecimento. “São eles que vão fazer a ciência de amanhã, que têm ideias disruptivas, que têm novas soluções, especialmente os jovens cientistas da Amazônia, que trabalham pela Amazônia”, afirma Sophie.

Para ela, o documento construído ao final do seminário vai percorrer os próximos eventos científicos para coletar inovações que podem se transformar em soluções ambientais em um processo de construção coletiva até a conferência climática.

“É o papel da ciência servir de base às decisões de governos e dos tomadores de decisões e construtores de políticas públicas”, afirma.

Programação

A programação foi estruturada em três eixos: clima e transição ecológica, diversidade das sociedades e democracia e globalização equitativa e terá a participação de pesquisadores como Stéphan Rostein, Laure Emperaire, Pascale de Robert, da ex-ministra da Justiça na Holanda, Christiane Taubira, Bepunu Kayapó, Lúcia Hussak van Velthem e Loudes Furtado.

O seminário é promovido pela Embaixada da França no Brasil, Museu Emilio Goeldi, com CFBBA e a Associação Comercial do Pará.

A programação completa pode ser conferida no site oficial da Temporada Brasil-França 2025.

*Fabíola Sinimbú, enviada especial da Agência Brasil a convite do Institut Français

Países amazônicos aprovam criação de Fundo Florestas Tropicais para Sempre

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Foto: Ricardo Stuckert/PR

Os nove países alcançados pela Floresta Amazônica na América do Sul divulgaram no dia 22 de agosto um comunicado oficial em que apoiam a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).

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O mecanismo é complementar a outras formas já existentes de apoio e financiamento a ações de preservação, conservação e recuperação ambiental na região.

Leia também: Portal Amazônia responde: qual a porcentagem que os países da Amazônia Internacional possuem do bioma?

Além disso, será lançado em Belém (PA), durante a Cúpula de Líderes da COP 30, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.

Quais são os países Amazônicos?

• Brasil
• Peru
• Colômbia
• Bolívia
• Equador
• Venezuela
• Guiana
• Guiana Francesa
• Suriname

Leia também: Entenda a diferença entre Amazônia Legal, Internacional e Região Norte

Comunicado conjunto

Os Presidentes e Chefes de Delegação dos Estados Parte do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), reunidos na cidade de Bogotá, Colômbia, em 22 de agosto de 2025,

ACOLHENDO os princípios e orientações da Declaração de Belém, adotada durante a IV Reunião de Presidentes dos Estados Parte do TCA, em particular no que se refere ao fortalecimento de mecanismos financeiros regionais e à consolidação de soluções compartilhadas e sustentáveis;

RECONHECENDO o trabalho conjunto dos governos do Brasil e da Colômbia no âmbito do Comitê Diretor Interino do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (“Tropical Forest Forever Facility “, TFFF) no seu desenho e promoção como uma iniciativa concreta de países do Sul Global, para mobilizar recursos financeiros voltados à conservação, restauração e gestão sustentável das florestas tropicais; e destacando os espaços de diálogo sobre o TFFF no marco da V Reunião de Presidentes dos Estados Parte do TCA, como o café da manhã dos países membros da OTCA e o workshop de nivelamento conceitual, realizados em 20 de agosto , em Bogotá;

SALIENTANDO que o TFFF representa um instrumento inovador e complementar para a conservação, que busca responder às particularidades técnicas, institucionais e sociais dos países com florestas tropicais, destacando os Estados Parte do TCA, especialmente no que se refere aos Povos Indígenas e Comunidades Locais, respeitando a soberania sobre os recursos naturais;

CONSCIENTES da importância do TFFF como um novo mecanismo financeiro que mobilizará investimentos para a conservação e restauração das florestas tropicais;

  1. APOIAM com determinação a criação e consolidação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como um mecanismo para o financiamento de longo prazo, previsível e baseado em resultados, voltado à conservação, restauração e uso sustentável das florestas tropicais, incluindo a região amazônica.
  1. RESPALDAM o TFFF como um instrumento financeiro pragmático, concebido para proporcionar pagamentos por desempenho aos países com florestas tropicais que consigam reduzir o desmatamento, impulsionar a restauração para manter e ampliar a cobertura florestal, reconhecendo os serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas em pé.
  1. DESTACAM que o TFFF é complementar, e não excludente, a outras iniciativas existentes e permite avançar no cumprimento dos compromissos assumidos na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e no Acordo de Paris, adotado em seu âmbito, na Convenção sobre Diversidade Biológica e seu Marco Global de Biodiversidade de Kunming -Montreal, na Agenda 2030, bem como em outros instrumentos multilaterais pertinentes.
  1. APOIAM o lançamento do TFFF na cidade de Belém, Brasil, durante a Cúpula de Líderes da Trigésima Conferência das Partes (COP 30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
  1. INCENTIVAM os potenciais países investidores, organismos multilaterais, bancos de desenvolvimento, fundos climáticos, agências de cooperação internacional, filantropia e setor privado a anunciarem contribuições ambiciosas e concretas para a capitalização do TFFF, a fim de garantir sua pronta operacionalização.
  1. DESTACAM que o desenho do TFFF incorpora, como princípio fundamental, o reconhecimento e a valorização do papel desempenhado pelos Povos Indígenas e Comunidades Locais na conservação das florestas tropicais, o que se reflete, entre outras medidas, em uma alocação apropriada de recursos, em retribuição às suas ações de conservação e de desenvolvimento sustentável, reconhecendo as especificidades de cada país.
  1. REITERAM seu compromisso de continuar cooperando de forma solidária, coordenada e ambiciosa para a consolidação do TFFF como uma ferramenta transformadora para os países com florestas tropicais, incluindo os Estados Parte do TCA, que promova o desenvolvimento sustentável e o bem-estar das gerações presentes e futuras.

*Com informações do Ministério das Relações Exteriores

Dia do Carimbó é marcado pela perda de Mestre Damasceno

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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Carimbó do Pará perdeu uma das suas referências da cultura popular, Mestre Damasceno, nesta terça-feira (26). Damasceno Gregório dos Santos faleceu nesta madrugada, aos 71 anos, em Belém. Sua morte no dia que se comemora um dos ritmos tradicionais paraenses é simbólica, pois ele foi um dos grandes detentores do saber dessa manifestação cultural.

Mestre Damasceno se tratava de complicações de um câncer em estado de metástase no pulmão, fígado e rins desde o dia 22 de junho, quando foi internado. 

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A 28ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro o homenageou este ano, no Centro de Convenções de Belém, no início de agosto. Ainda no dia 16 deste mês foi realizada a primeira exibição do documentário ‘Mestre Damasceno: a trajetória de um afromarajoara’. 

No mesmo evento, Mestre Robledo, Mestre Eliezer e os Nativos Marajoaras, grupo fundado por Damasceno, celebraram a obra do artista. Durante a Feira, também foi lançado o livro ‘Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó’, obra organizada pelo jornalista Antônio Carlos Pimentel Jr. e ilustrada por Mandy Modesto, que fala da obra e da vida do artista, que possui mais de 400 composições, seis álbuns lançados e dois documentários.

Quem é Mestre Damasceno

Cria da comunidade quilombola Salvá, na Ilha de Marajó, Mestre Damasceno nasceu em 1954 e é fundador do grupo Nativos do Marajó e do Cortejo Cultural Carimbúfalo. Em 2023, teve sua obra declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Pará. 

Em 2023, o cantor, compositor, diretor, escritor de autos juninos e pescador completou 50 anos de carreira. É o criador do Búfalo-Bumbá, a brincadeira junina que iniciou como boi-bumbá, e em homenagem à força e a tradição de criação de búfalos em terras marajoaras, ganhou o atual nome.

No mesmo ano, sua trajetória foi celebrada no templo sagrado do samba, a Marquês da Sapucaí, no Rio de Janeiro, com a homenagem na Paraíso do Tuiutí; e, neste ano, pela Grande Rio. 

Leia também: Do quilombo paraense para a Sapucaí: quem é Mestre Damasceno, o criador do Búfalo-Bumbá

mestre damasceno Foto: Camila Lima/Divulgação
Foto: Camila Lima/Divulgação

Por meio de nota, o Ministério da Cultura lamentou a morte do Mestre Damasceno, destacando que ele era uma liderança inquestionável da cultura marajoara e lembrando que, em maio passado, ele recebeu a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta condecoração pública concedida pelo Ministério da Cultura para personalidades e instituições que contribuem de forma significativa para a cultura brasileira. 

O Governo do Pará decretou luto oficial de três dias. O velório será aberto ao público em Belém, no Museu do Estado do Pará, na Praça D.Pedro II, na Cidade Velha, bairro da capital paraense. Após o velório em Belém, ele deve ser levado para Salvaterra, sua cidade natal, onde será velado e sepultado.

*Com informações da Agência Brasil e Agência Pará

Conheça os sambas-enredo que vão representar o Amapá na final de seletiva da Mangueira

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Duas composições de sambistas do Amapá são selecionadas para a final da Mangueira. Foto: Jorge Junior/GEA

Os sambas 103 e 105 venceram a etapa Amapá do concurso de samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, no dia 23 de agosto. As composições agora seguem para a final, que será realizada no Rio de Janeiro (RJ), representando o estado em um dos concursos mais tradicionais do carnaval brasileiro.

A homenagem ao pesquisador Mestre Sacaca garantiu ao estado um feito inédito: pela primeira vez, sambas criados no Amapá vão disputar espaço no carnaval carioca.

Leia também: Mestre Sacaca, do Amapá, vai ser enredo da Mangueira no Carnaval de 2026

O tema “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Floresta Negra” inspirou os compositores do Amapá a criar sambas que exaltam a sabedoria popular e a espiritualidade amazônica.

Com a classificação dos sambas 103 e 105, o Amapá garante presença na final do concurso de samba-enredo da Mangueira, no Rio de Janeiro. Os vencedores terão apoio do governo do Amapá, que vai oferecer passagens, ajuda de custo e estrutura para representar o estado na disputa.

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sambas enredo mestre sacaca
Mestre Sacaca. Foto: Blog Porta Retrato AP

Leia também: Doutor da floresta: saiba qual é o legado do Mestre Sacaca para a cultura amapaense

Confira os sambas-enredos da etapa Amapá classificados:

Samba 103 – Verônica dos Tambores e Parceria
Compositores: Verônica dos Tambores e parceria

Sacaca, escutei uma voz.
Era você. No meio de nós,
eu sou Mangueira. Na magia da floresta
a sabedoria que respeita a terra.
O vento sopra, o transe do pajé rompe a meia-noite.
É ritual. Ture, fumaça de tawari.
O xamã Babalaô, num gole de kaxixi, encantos revelou.
Maré me leva nas águas do Curipi,
de quem sempre esteve aqui: Waiapis e Caripunas pelo Jari, esperança em cada olhar.
Ribeirinho nunca deixa de sonhar entre os furos e buritis.

Risca o amapazeiro, põe a seiva na cachaça.
Cura o corpo, curandeiro. Benzedeira cura a alma!
Preto-velho “engarrafou” riquezas naturais.
“Caboco”, não se esqueça dos saberes ancestrais!

Bebericando gengibirra com o mestre,
“Mar abaixo”, “mar acima”, a gente segue.
Saia florida, “Sá Dona”, no Curiaú,
a fé “encruza” no “Em Canto” Tucujú.

“É de manhã, é de madrugada”,
“É de manhã, é de madrugada”,
couro de sucurijú no batuque envolvente.
Quilombola da Amazônia jamais se rende!

Eu vi… em cada oração, o corpo arrepiar,
bandeiras vibrando à luz do luar.
Tambores se encontram cantando em louvor.
Senti os sabores, aromas e cores
nas mãos que moldam nossos valores.
“Meu preto”, da mata és o griô!

Ajuremou, deixa a Juremar.
O samba é verde e rosa e guia meu caminhar.
Ajuremou, deixa Ajuremar.
Cuidado, chegou Mangueira, na ginga do Amapá.

Samba 105 – Francisco Lino e Parceria
Compositores: Francisco Lino e parceria

Turé…
Quem invocou o ritual?
Eu trago a força ancestral
Do Povo da floresta
Banzeiro de memórias
Navegam as histórias
Onde meu país começa
Remei, Remei a maré me levou
Pra revelar o que não vês a olho nu
Todo encanto Tucuju

Tem mandinga verde-rosa
Na Estação Primeira
Mangueira vem sambar
Benzi tua bandeira
Nesse Rio caudaloso de fé
Desce o morro banhada de axé

Contra todo o mal tem garrafada
Ervas e Flores pra dores curar
Tiro quebranto nas mãos sagradas
Lição de Preto Velho, Saravá!
Xamã, Doutor, Guardião, Babalaô
Saberes vibrando no tambor
Tem Marabaixo no “Encontro” ao luar…
Encantado folião na passarela
Coroado Rei do Laguinho à Favela

Mangueira chamou: “Sacaca!”
Minha voz ecoou na mata!
O meio do mundo é a nossa aldeia
Incorporou! A Amazônia é negra!

*Por Crystofher Andrade, estagiário sob supervisão de Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Prefeitura adquire drones e capacita técnicos para ampliar serviços a produtores e impulsionar a agricultura familiar

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A formação contou com especialista de Curitiba (PR), que fez e entrega técnica dos equipamentos. Foto: Diane Sampaio/PMBV

O uso de tecnologias no setor agrícola tem revolucionado o trabalho no campo. Após adquirir dois drones, geradores de energia e tanque misturador de calda que darão suporte a agricultura do município, a Prefeitura de Boa Vista capacitou servidores e técnicos agrícolas no Centro de Difusão Tecnológica (CDT) para manuseio das novas ferramentas. A formação contou com especialista de Curitiba (PR), que fez e entrega técnica dos equipamentos.

A inovação permite o mapeamento das lavouras, monitoramento de pragas, aplicação em área total ou localizada de defensivos e fertilizantes. Isso representa redução de custos aos agricultores, tornando a tecnologia uma aliada na ampliação da produtividade agrícola.

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Técnicos da SMAAI e funcionários da Coopercinco passaram por uma capacitação técnica de operação dos drones. Foto: Diane Sampaio/PMBV
Técnicos da SMAAI e funcionários da Coopercinco passaram por uma capacitação técnica de operação dos equipamentos. Foto: Diane Sampaio/PMBV

Capacitação técnica com drones

Para que as ferramentas sejam usadas da melhor forma, técnicos da Secretaria de Agricultura e Assuntos Indígenas (SMAAI) e funcionários da Cooperativa Agropecuária dos Cinco Polos (Coopercinco) passaram por uma capacitação técnica de operação dos drones com segurança e precisão.

Um drone ficará disponível na SMAAI para uso de técnicos agrícolas. Já a segunda unidade será destinada para a Coopercinco, atendendo a proposta de reinvestimento da cooperativa. Márcia Lima, técnica agropecuária da prefeitura, passou pelo treinamento e afirma que a ferramenta é mais uma dentre uma grande quantidade de máquinas e implementos que apoiam o trabalho no campo.

“Essa ferramenta vai somar ainda mais com o trabalho desenvolvido em Boa Vista. Os drones permitem mais agilidade, pois hoje, parte das operações ainda são feitas de forma manual, método que demanda tempo dos produtores e da nossa equipe. A prefeitura sempre investe em tecnologia, pois tem consciência que esses mecanismos impulsionam a produção agrícola”, contou.

A inovação permite o mapeamento das lavouras, monitoramento de pragas, aplicação em área total ou localizada de defensivos e fertilizantes. Foto: Diane Sampaio/PMBV

Mais investimento, mais benefício

Responsável pela capacitação técnica, Rafael Rocha, piloto de drone agrícola, afirma que os equipamentos da prefeitura são de altíssima qualidade e líderes de mercado. “São de última geração. É uma tecnologia precisa na captação de radar, entrega de voo, GPS [Sistema de Posicionamento Global] bem desenvolvido. Esse modelo proporciona mais rendimento e produtividade para setor agrícola”, destacou.

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Investimentos

A atual gestão investiu mais de R$ 62 milhões no campo, disponibilizando assistência técnica especializada, máquinas agrícolas e sistemas de irrigação com energia fotovoltaica, dentre outros benefícios. Ao todo, são 144 máquinas e implementos disponíveis para atender as comunidades indígenas e as 1.781 famílias atendidas pelo Plano Municipal de Desenvolvimento do Agronegócio (PMDA).

Captura sustentável de mais de 6 mil pirarucus em Tonantins é autorizada pelo Ibama

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Comércio legal de pirarucu no Vale do Javari, no Amazonas. Foto: Divulgação/Ibama

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) autorizou o manejo sustentável de 6.617 pirarucus, no município de Tonantins, no Alto Solimões, interior do Amazonas. A autorização foi publicada por meio de duas portarias e é válida até 30 de novembro de 2025.

De acordo com o Ibama, atividade será realizada por comunidades ribeirinhas e indígenas organizadas em acordos de pesca, sob coordenação da Associação dos Produtores e Manejadores de Lagos de Tonantins (Amat).

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Do total autorizado, 3.878 peixes serão manejados em 12 lagos do município, com supervisão da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas (SEMA). Outros 2.739 serão capturados em Terras Indígenas homologadas, com fiscalização do Ibama, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e órgãos municipais.

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manejo pirarucu
Manejo sustentável do pirarucu. Foto: Divulgação

A autorização faz parte do Programa Arapaima, lançado pelo Ibama em fevereiro deste ano, com foco na conservação da espécie e dos ecossistemas de várzea. O transporte do pescado só poderá ocorrer com guias de trânsito emitidas pelo órgão ambiental, acompanhadas de planilhas biométricas e declaração de venda. Entre as exigências estão:

  • Biometria individual dos peixes (peso, comprimento e sexo);
  • Lacre numerado para rastreabilidade;
  • Relatórios técnicos anuais com dados econômicos;
  • Monitoramento georreferenciado das áreas de pesca;
  • Supervisão permanente de órgãos ambientais e indígenas.

Peixes capturados fora dos critérios legais , como abaixo do tamanho mínimo ou em período de defeso, deverão ser doados, conforme determina a autorização.

Geração de renda e conservação do pirarucu

O manejo do pirarucu é considerado uma das práticas mais bem-sucedidas de conciliação entre conservação ambiental e geração de renda na Amazônia. Em Tonantins, dezenas de famílias ribeirinhas e indígenas são beneficiadas com a atividade.

“O manejo do pirarucu é símbolo de que é possível conciliar preservação da biodiversidade, segurança alimentar e desenvolvimento comunitário”, afirmou o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo.

*Por Lucas Macedo, da Rede Amazônica AM