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Futebol na Amazônia #3: saiba quais são os principais times e campeonatos que movimentam Roraima

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GAS é o atual bicampeão do Estadual em Roraima. Foto: Divulgação

Roraima se tornou um Estado somente em 1988, com a Constituição Federal. Antes era conhecido como Território Federal do Rio Branco, até 1962, quando passou a ser Território Federal de Roraima, mas o futebol já estava presente no estado desde 1920, segundo Ivonisio Lacerda Júnior, jornalista e editor esportivo do ge Roraima, do Grupo Rede Amazônica.

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“Os registros indicam que o futebol roraimense iniciou nos anos 1920, sendo que a primeira entidade oficial foi em 1948, quando Roraima ainda não era oficialmente um estado como nos moldes atuais”, apontou Ivonisio ao Portal Amazônia.

Apesar do Brasil ser conhecido como o “país do futebol”, ainda algumas federações caminham a pequenos passos, como o caso da Federação Roraimense de Futebol (FRF).

No artigo “O futebol profissional em terras de Macunaíma: no contexto histórico e cultural do estado de Roraima”, produzido por Marcos Costa, o futebol em nível profissional no estado ainda é muito restrito a competições locais, não alcançando grandes competições nacionalmente, ou não avançando.

Em 2025, o único time roraimense competindo no Brasileirão, o Campeonato Brasileiro de Futebol, é o Grêmio Atlético Sampaio, na série D do campeonato.

Já na Copa do Brasil, os times profissionais conseguem classificação para participar da competição, mas não conseguem passar na 2° fase.

Em 2025, apenas o São Raimundo-RR e o GAS se classificaram para a 1ª fase da Copa do Brasil, enfrentando Grêmio e Remo, respectivamente, e foram desclassificados.

“Apenas em 1995 o futebol roraimense se tornou profissional, que foi quando o campeonato roraimense passou a classificar equipes locais para representar o estado em competições nacionais da CBF, como Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. […] Na era profissional, Roraima só avançou da primeira fase da Copa do Brasil em duas oportunidades e disputou a Série C do Campeonato Brasileiro quando essa ainda era a última divisão à época”, destacou Ivonisio.

Mesmo com a profissionalização tardia, o futebol roraimense alcançou grandes vitórias durante 1980-1990, como o bicampeonato do Baré Esporte Clube no Torneio Integração da Amazônia, 1983 e 1985, equivalente a atual Copa Verde.

O torneio foi o principal torneio de futebol amador realizado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD), atual CBF.

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Primeiro time de futebol de Roraima
Primeiro time do Baré, campeão em 1950. Em pé: Luiz do Valle (segundo secretário), Sabá, Domingos, Lula, João, Átino e Zeno. Agachados: Ademar, Aquilino, Zé Maria, Pinheiros e Mário. Crédito: Domínio público

A nível estadual, a principal competição é o Campeonato Roraimense de Futebol, organizado pela Federação estadual. Nos últimos anos o São Raimundo-RR conseguiu construir uma hegemonia entre 2016-2023, tornando-se octacampeão da competição.

Mas a longevidade das vitórias foram rompidas com o bicampeonato (2024-2025) do Grêmio Atlético Sampaio (GAS) no campeonato.

Além disso, um time que tem aparecido bastante na tabela estadual é o Monte Roraima. Com apenas dois anos desde a sua fundação, o auriverde macuxi é a primeira Sociedade Anônima do Futebol (SAF) de Roraima.

Um modelo empresarial previsto na Lei 14.193/2021 que permite que clubes de futebol se transformem em empresas, visando profissionalizar a gestão, atrair investimentos e melhorar a saúde financeira.

E mesmo com o seu pouco tempo em campo, em comparação com os outros times que competem no Campeonato Roraimense, o Monte Roraima já alcançou marcos importantes, alcançando as fases finais da competição e é o atual vice-campeão.

Bareima”

Estádio
Estádio Flamarion Vasconcelos, o Canarinho, que já recebeu jogadores como Zico, Joel Santana e Ronaldo Angelim. Foto: Laudinei Sampaio

As rivalidades movimentam os torcedores e os times, e em Roraima a principal rivalidade, que vem desde a fundação, é entre o Baré e o Atlético Roraima. Segundo Ivonisio Lacerda, essa rivalidade é a única que possui um nome para o clássico: Bareima. Mas de onde ela surgiu?

Durante a época amadora, entre as décadas de 40 a 90, os dois times eram os maiores campeões. O Atlético Roraima, fundado em 1944, deu origem ao Baré (1946), devido a divergências entre os sócios do time tricolor.

Clássico Bareima
Clássico Bareima durante o Campeonato Roraimense 2025, com placar em 0x0 e expulsão para os dois times. Foto: Athirson dos Santos/@athirson_sports

“A história conta que o Atlético Roraima, fundado em 1944, deu origem ao Baré em 1946, isso porque sócios do Atlético Roraima estariam de alguma forma insatisfeitos com algo no clube, e decidiram fundar um time próprio, daí nasceu o Baré e a mais tradicional rivalidade do futebol local”, contou Ivonisio para o Portal Amazônia.

Representação na Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

Após polêmicas envolvendo falsificação de documentos que resultaram na eleição e culminaram no afastamento do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ednaldo Rodrigues, o vice-presidente da organização, Fernando Sarney – que denunciou Rodrigues para Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro – e o ministro do STF, Gilmar Mendes, em maio de 2025, ocorreram novas eleições que constituíram o roraimense Samir Xaud, ex-presidente da FRF, como presidente da Confederação.

A esquerda o roraimense Samir Xaud, presidente da CBF, e a direita o amazonense Ednailson Rozenha, um dos oito vice-presidentes da confederação. Foto: Bia Pereira

No comando do futebol brasileiro desde 25 de maio de 2025 até 2029, Samir Xaud foi eleito com a chapa única ‘Futebol para Todos: Transparência, Inclusão e Modernização’, aumentando a expectativa de jogadores, torcedores e empresários da Região Norte, principalmente de Roraima, de maior visibilidade e investimentos para o futebol nortista que continua fora de grandes competições a nível nacional.

De acordo com o jornalista Ivonisio Lacerda, o ex-presidente da FRF, também filho de um ex-presidente da Federação, já realizou melhorias significativas na organização do Campeonato Roraimense.

“Desde os anos 2000, já questionei campeões que não receberam medalhas, mas isso, por mais que básico, passou a ser feito com Samir gerindo o futebol local de forma indireta e até mais diretamente em 2024 e 2025. As categorias passaram a ter troféus personalizados para cada campeão, entre homens e mulheres”, apontou o jornalista.

Houve também o início das transmissões das partidas estaduais gratuitamente no canal do Youtube da FRF, que já acumula 4 mil inscritos e possui um acervo de diversas rodadas e finais dos campeonatos principais.

“A expectativa de futuro é boa, o futebol roraimense tem crescido, tem sido mais vistoso, e a esperança é termos um clube masculino chegando mais longe nas edições de Copa do Brasil e conquistando um acesso para uma Série C muito em breve”, disse Ivonisio sobre o futuro de Roraima no esporte.

Principais competições

Tabela dos times do Campeonato Roraimense 2025. Foto: Reprodução/ge

Roraima conta com diversas competições que movimentam o futebol local, tanto no profissional quanto na base e no feminino. Dentre os principais torneios estão:

  1. Campeonato Roraimense
  2. Campeonato Roraimense Feminino Adulto
  3. Campeonato Roraimense Sub-20
  4. Torneio Roraimense Feminino Sub-17
  5. Campeonato Roraimense Sub-17
  6. Torneio Roraimense Feminino Sub-15
  7. Campeonato Roraimense Sub-15

Principais times

GAS

Nomes do clube: Grêmio Atlético Sampaio, Leão Dourado, Leão do Norte, Time de Seu Agenor e Boca Roraimense

Nomes dos torcedores: Torcida do Leão

Fundação: 11 de junho de 1965

Mascote: Leão

Técnico: Chiquinho Viana

Instagram: @gremioatleticosampaio

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense: 2024, 2025
  2. Taça Boa Vista: 1996

São Raimundo

Nomes do clube: São Raimundo Esporte Clube RR, Mundão, Alviceleste Roraimense

Nomes dos torcedores: Alviceleste

Fundação: 2 de janeiro de 1963

Mascote: Pássaro Azul

Técnico: Chiquinho Viana

Instagram: @saoraimundorr

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense: 1977, 1992, 2004, 2005, 2012, 2014, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023
  2. Campeonato Roraimense Feminino: 2009, 2013, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022
  3. Taça Boa Vista: 1997, 1998, 2005, 2012, 2014, 2018, 2019, 2020, 2022, 2023
  4. Torneio de Macajaí: 2008
  5. Campeonato Roraimense Sub-20: 2005, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022

Baré

Nomes do clube: Baré Esporte Clube, Colorado da Consolata, Índio da Consolata e O Mais Querido

Nomes dos torcedores: Colorados

Fundação: 26 de outubro de 1946

Mascote: Índio da Consolata

Técnico: Walter Lima

Instagram: @bareesporteclube

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense: 1950, 1953, 1954, 1955, 1956, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968, 1969, 1970, 1976, 1982, 1984, 1986, 1988, 1990, 1993, 1994, 1996, 1997, 1999, 2006 e 2010
  2. Copa Amazônia: 1983 e 1985
  3. Torneio Início: 1948, 1949, 1950, 1951, 1971, 1986 e 1987

Monte Roraima

Nomes do clube: Monte Roraima Futebol Clube, Auriverde Macuxi

Nomes dos torcedores: Auriverde

Fundação: 22 de março de 2023

Mascote: Tamanduá

Técnico: Paulo Morgado

Instagram: @monteroraimafutebol

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense Sub-17: 2024 e 2025

Progresso

Nomes do clube: Atlético Progresso Clube, Verdão de Mucajaí, Canarinho de Mucajaí

Nomes dos torcedores: Auriverde do interior

Fundação: 21 de julho de 1959

Mascote: Canarinho

Técnico: Fábio Duarte

Instagram: @atleticoprogressorr

Atlético Roraima

Nomes do clube: Atlético Roraima Clube, Tricolor, Tricolor da Mecejana, Tricolor de Ouro, Clube dos Milionários

Nomes dos torcedores: Tricolor, Milionário

Fundação: 01 de outubro de 1944

Mascote: Cartola

Técnico: Julio Cesar dos Santos

Instagram: @atleticororaimaclube

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense: 1946, 1948, 1949, 1951, 1975, 1978, 1981, 1983, 1987, 1995, 1998, 2001, 2002, 2003, 2007, 2008 e 2009
  2. Campeonato Roraimense Feminino: 2010
  3. Torneio Sesquicentenário: 1972
  4. Torneio Início: 1964, 1976 e 1989

Rio Negro

Nomes do clube: Atlético Rio Negro Clube (RR), Negão de Aparecida, Galo do Norte

Nomes dos torcedores: Alvinegro

Fundação: 26 de abril de 1971

Mascote: Galo

Técnico: Jonas Manu

Instagram: @atleticorionegrorr

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense: 1991 e 2000
  2. Campeonato Roraimense Feminino: 2023 e 2024

Náutico

Nomes do clube: Náutico Futebol Clube, Alvirrubro, Timbu

Nomes dos torcedores: Nauticano

Fundação: 22 de março de 2023

Mascote: Timbu

Técnico: Mário Tilico

Instagram: @nauticorr

Títulos:

  1. Campeonato Roraimense: 2013 e 2015
  2. Taça Boa Vista: 2013, 2015 e 2021
  3. Taça Roraima: 2012
  4. Torneio Início: 1963
  5. Campeonato Roraimense Sub-20: 2004
  6. Taça Roraima : 1964

*Por Heloise Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Saneamento que transforma: como a distribuição de água e tratamento de esgoto impulsionam o turismo em Manaus

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Essencial para uma vida digna e para o pleno desenvolvimento das cidades, o saneamento básico é um direito humano fundamental e um dos pilares do desenvolvimento sustentável. Em Manaus (AM), o avanço da infraestrutura de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto tem transformado o cenário urbano, impulsionado o crescimento econômico, valorizado imóveis, fortalece o turismo e, principalmente, também melhora a qualidade de vida da população.

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De acordo com a Lei Federal nº 11.445/2007, o saneamento básico compreende um conjunto de serviços e infraestruturas voltadas à promoção da saúde pública, à preservação ambiental e à melhoria das condições de vida.

“A população, em geral, entende que saneamento básico é esgoto, mas não é. Esgoto é só um quarto dos elementos que são contidos dentro do saneamento básico”, explicou o geógrafo Deivison Molinari, ao Portal Amazônia. 

De acordo com Molinari, o saneamento compreende: 

  • abastecimento de água, 
  • esgotamento sanitário, 
  • manejo de resíduos sólidos 
  • e drenagem urbana. 

Assim, apesar da divisão estabelecida, ainda há confusão sobre o conceito geral. 

Leia também: Serviço universalizado: Manaus é cidade com maior evolução em atendimento de água no país, aponta Ranking do Saneamento

O especialista lembra que o saneamento é um serviço público essencial, geralmente administrado pelas prefeituras, e que tem respaldo legal na Política Nacional de Saneamento Básico, criada pela Lei nº 11.445 e atualizada pelo novo marco do saneamento (Lei nº 14.026/2020).

“É o ‘marco geral do saneamento’ que estabelece o que é o saneamento, quais as obrigações dos municípios e dos estados e do governo federal ligado ao saneamento. Além disso, estabelece diretrizes para que a sociedade civil organizada participe do saneamento, como associação de catadores e o incentivo fiscal que a prefeitura e os estados devem dar para essas associações, para a questão de participar do processo ligado a resíduos sólidos”, ressaltou Molinari. 

Situação alarmante

De acordo com informações do Instituto Trata Brasil, o déficit ainda é alarmante, já que cerca de 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável, e mais de 90 milhões vivem sem coleta de esgoto. Além disso, apenas 52,2% do esgoto gerado no país é tratado, e quase 38% da água tratada se perde antes de chegar às residências. 

O Instituto Trata Brasil por meio de indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano-base de 2022, aponta que Manaus (AM) ocupa atualmente a 86ª posição no ranking nacional de saneamento, resultado de investimentos graduais na ampliação do acesso à água tratada e tratamento de esgoto. Atualmente a cidade opera com um aterro controlado, que é um modelo intermediário entre os lixões e os aterros sanitários completos. 

“Por exemplo, Manaus é um aterro controlado, já que tem canalização de gás, controle para os efluentes e evita que o chorume contamine os igarapés como o da região da Avenida das Flores”, detalha Molinari.

A diferença entre os tipos de destinação final de resíduos é grande e impacta diretamente o meio ambiente e a saúde da população. Os lixões, ainda comuns em boa parte das cidades brasileiras, são áreas de descarte a céu aberto, sem impermeabilização do solo, tratamento de chorume ou controle de gases, o que causa contaminação dos lençóis freáticos e a proliferação de vetores de doenças.

Saneamento básico: Aterro sanitário de Manaus. Foto: Reprodução/arquivo Semcom
Aterro sanitário de Manaus. Foto: Reprodução/Arquivo Semcom

Já o aterro controlado, como o de Manaus, adota medidas parciais de contenção, como a cobertura de solo, canalização de gás e drenagem de efluentes, mas ainda não possui todas as estruturas técnicas exigidas para um aterro sanitário, que é o modelo ideal de destinação, com tratamento completo dos resíduos e controle rigoroso para evitar impactos ambientais.

De acordo com Molinari, boa parte das cidades brasileiras ainda usam lixões, sem controle nenhum. Colocado em uma hierarquia, o aterro sanitário seria o ideal, seguido do aterro controlado, que é o caso de Manaus. 

Nesse contexto, investir em saneamento básico vai muito além da gestão adequada dos resíduos: a ampliação do acesso à água potável e ao esgotamento sanitário reduz doenças, melhora o desempenho escolar, aumenta a produtividade e atrai investimentos. Além disso, contribui para a valorização dos imóveis e fortalece o turismo, fatores que tornam o saneamento um dos motores do desenvolvimento urbano sustentável.

Leia também: Turismo sustentável e pesca esportiva geram faturamento de R$ 6,3 milhões no Amazonas

O saneamento influencia no turismo?

Manaus abriga diversos cartões postais, como o Teatro Amazonas e o Mercado Adolpho Lisboa, localizados no Centro Histórico. Mas áreas como igarapés, praias de rios e outros locais em que a conexão com as águas é o foco estão espalhados no município e também atraem diversos turistas de todos os lugares do mundo. 

Com esse fato, o sistema de abastecimento de água e de tratamento de esgoto da cidade precisou ser transformado ao longo dos anos, até mesmo pelo aumento populacional e a expansão de bairros. Atualmente, Manaus é uma das capitais com mais de 1 milhão de habitantes que mais cresce no Brasil. 

De acordo com o Censo do IBGE de 2018, a capital possuía cerca de 2,1 milhão de habitantes. Já em 2025, a estimativa é de 2,3 milhões, o que representa um aumento de 1,05% ao ano. 

Além disso, o estado do Amazonas, somente no primeiro quadrimestre de 2025, recebeu mais de 132,5 mil turistas, conforme a Amazonastur, com Manaus sendo um dos destinos mais procurados por viajantes nacionais e internacionais.

“Eu já tinha ouvido falar muita coisa daqui, tinha muito interesse também na culinária, muita fruta que só existe aqui, que não tem mais nenhum lugar. E outra coisa é que eu gosto muito de pescar e gosto muito de peixe, então aqui também é o lugar para fazer isso, né? Sempre tive vontade de visitar e conhecer”, contou o turista Daniel Fischer (26), de Belo Horizonte (MG). 

Por isso, o turismo também é diretamente influenciado pela infraestrutura de saneamento básico, esgotos e acesso à água potável. A falta de saneamento, aponta o Instituto Trata Brasil, pode fazer com que os locais turísticos percam sua atratividade tanto por questões estéticas ou mau cheiro, quanto pela proliferação de doenças de veiculação hídrica, como amebíase, giardíase, gastroenterite, febre tifóide e paratifóide, hepatite infecciosa (Hepatite A e E) e cólera.

Portanto, sim, o investimento no saneamento, além de melhorar a saúde e vida dos habitantes nos centros urbanos, atrai e aumenta o fluxo de turistas. 

Como exemplo disso, o programa ‘Trata Bem Manaus’, da concessionária Águas de Manaus, propõe a universalização do tratamento de esgoto da capital até 2033. Com avanços significativos desde 2018, um dos destaques é a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) Ponta Negra.

Isso porque está inserido na região em que se é possível encontrar um dos pontos turísticos naturais mais visitados em Manaus: o Encontro das Águas, onde o Rio Negro e o Rio Solimões convergem e criam uma das imagens mais marcantes da capital amazonense.

Saneamento Básico: Encontro das águas em Manuas. Foto: Chico Batata
Encontro das águas em Manuas. Foto: Chico Batata

Leia também: Galerias Subterrâneas de Manaus: a realidade do aterramento de igarapés

A ETE Ponta Negra contempla todo o entorno da Praia da Ponta Negra, na Zona Oeste da cidade, sendo diretamente beneficiada pela estação de tratamento, já que a melhora no saneamento básico ajuda na recuperação dos corpos hídricos e igarapés que desaguam no Rio Negro. 

Em entrevista para o Portal Amazônia, o coordenador de projetos e porta-voz da Águas de Manaus, Hegno Silva, explicou que a ampliação da rede de esgoto na Ponta Negra colabora para a preservação do meio ambiente e do corpo hídrico da região. 

“O marco importante nessa expansão é a ampliação da rede de esgoto na Ponta Negra,  no qual a gente ajuda a despoluir os igarapés que lançam esse corpo hídrico diretamente no Rio Negro. Com ele despoluído, recebendo esse tratamento, esse esgoto não retorna diretamente ao rio. E a gente tem aí a preservação do meio ambiente, tem a preservação desse corpo hídrico, contribuindo diretamente para o turismo na região”, apontou Hegno Silva. 

Além disso, a concessionária também entregou a ETE Raiz, localizada no bairro Raiz, Zona Sul de Manaus, contribuindo para a recuperação ambiental do Igarapé do 40, um dos principais corpos hídricos da cidade. A estação é considerada uma das maiores de toda a Região Norte, segundo a concessionária.

Dados da Águas de Manaus especificam que “a estação vai tratar mais de 230 milhões de litros de esgoto por mês, beneficiando 50 mil pessoas e contribuindo para a recuperação do Igarapé do 40”.

Com um centro urbano mais limpo, como acesso a água potável, saneamento básico, tratamento de esgoto, serviço de coleta e despoluição de corpos hídricos, o turismo é impulsionado e os visitantes passam a conhecer outras áreas da cidade para além do Centro Histórico, que também está incluído no programa Trata Bem Manaus, com a renovação da Galeria dos Ingleses.

“Através disso, a gente deve ampliar a qualidade de vida, o turismo na cidade, à medida que a gente vai ter esses igarapés recuperados aqui no município de Manaus”, explicou o porta-voz da concessionária.

Agora que você já sabe tudo sobre saneamento básico, que tal testar os seus conhecimentos com um quiz?

*Por Heloíse Bastos e Rebeca Almeida, estagiárias sob supervisão de Clarissa Bacellar

Aposematismo, camuflagem e mimetismo: conheça 6 animais que “somem” na natureza amazônica

Urutau se disfarça para se proteger de predadores por meio da camuflagem. Foto: Dominic Sherony [CC BY-SA 2.0]

Os animais desenvolvem diversas estratégias para sobreviver e se reproduzir, especialmente os menores, que estão mais vulneráveis à predação. Entre essas estratégias, destacam-se os mecanismos de disfarce, que vão desde a camuflagem até o mimetismo.

Disfarces são essenciais para animais pequenos que precisam se proteger. A evolução impôs que os seres se adaptassem ao meio. Com modificações, diversos insetos conseguem se camuflar em árvores e folhagens, como é o exemplo do besouro do gênero Cratosomus que imita a coloração da rã-flecha (Ameerega trivittata), um anfíbio venenoso de coloração preta e verde neon utilizada para afastar predadores. Descoberto na Amazônia em 2019, este é considerado o primeiro caso descrito de mimetismo entre um inseto e um anfíbio.

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Na esquerda rã-flecha (ameerega trivittata), espécie venenosa que ocorre na floresta amazônica e na direita besouro do gênero Cratosomus descoberto na Amazônia, em 2019. Foto: Luís Felipe Toledo e Erika Schulz

Na Amazônia, esses mecanismos podem ser observados em diferentes grupos de animais, desde insetos e anfíbios até mamíferos. A seguir, conheça os principais tipos de mimetismo e camuflagem presentes na região:

Mimetismo batesiano

Os animais conseguem mudar de cor, sumir no meio das folhas e alguns considerados inofensivos se parecem com outros perigosos, mas você sabe o porquê?

O mimetismo batesiano ocorre quando uma espécie inofensiva imita outra perigosa para afastar predadores. Um exemplo clássico é o das cobras-corais.

A cobra-coral verdadeira, pertencente à família Elapidae e ao gênero Micrurus, possui veneno neurotóxico e coloração aposemática com anéis vermelhos, pretos e brancos.

Por outro lado, várias espécies de serpentes inofensivas, como outras falsa-coral amazônicas (Oxyrhopus spp., Atractus latifrons, Erythrolamprus aesculapii, Anilius scytale), imitam esse padrão de cores.

Leia também: Entenda a diferença entre as cobras coral-verdadeira e falsa-coral

A semelhança entre as espécies torna difícil distingui-las a olho nu, e ajuda a falsa-coral a evitar tentativas de predação.

A esquerda vemos espécies de corais-verdadeiras (Micrurus lemniscatus em cima e Micrurus hemprichii em baixo) e a direita vemos espécies de falsas-coral (Oxyrhopus guibei em cima e Oxyrhopus vanidicus em baixo) com padrões de cor semelhantes ao das verdadeiras. Fotos: Lywouty Nascimento

Na América do Sul existem diversas espécies de falsas corais, como a Falsa-coral Amazônica (Oxyrhopus rhombifer). De acordo com o pesquisador Lywouty Nascimento, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), responsável por encontrar novas espécies de cobra-coral, a crença popular de que “vermelho com preto é veneno certo” não é confiável, sendo necessária uma análise morfológica do animal.

“Essa frase é uma tentativa de regra mnemônica, mas não se aplica de forma precisa no Brasil. O padrão de anéis pode variar e divergir daquele padrão clássico, e muitas falsas-corais apresentam coloração quase idêntica à das verdadeiras. Além disso, a regra foi criada para as cobras-corais da América do Norte, com espécies diferentes. A identificação segura exige análise de detalhes morfológicos ou bom conhecimento taxonômico”, afirmou Lywouty Nascimento ao Portal Amazônia.

Leia também: Entenda a diferença entre as cobras coral-verdadeira e falsa-coral

Mimetismo mülleriano

No mimetismo mülleriano, duas ou mais espécies perigosas compartilham características semelhantes, reforçando o sinal de alerta para predadores. Na Amazônia, algumas espécies de Micrurus possuem padrões de cor semelhantes entre si, o que pode ser um exemplo de mimetismo mülleriano entre serpentes verdadeiramente peçonhentas.

“Ocorre entre duas ou mais espécies perigosas ou peçonhentas que compartilham padrões de coloração semelhantes. Nesse caso, todas são realmente perigosas, e reforçam mutuamente a aprendizagem dos predadores sobre aquele sinal de alerta”, destacou o pesquisador do Inpa.

O veneno da coral-verdadeira é neurotóxico, afetando o sistema nervoso, podendo causar paralisia respiratória e levar à morte em casos não tratados. Entretanto, os acidentes são raros, pois elas são escavadoras (fossoriais) e tímidas. Segundo o pesquisador, a inoculação do veneno pode ser difícil por causa do tipo de dentição das cobras, possuindo presas pequenas e fixas, e a maioria dos acidentes ocorre por manuseio indevido ou contato acidental.

Mimetismo agressivo

Há também casos em que o mimetismo não tem como função a defesa, mas sim o ataque. A aranha Aphantochilus rogersi imita formigas do gênero Cephalotes, que são sua presa principal.

Saiba mais: Parece, mas não é: conheça aranha que se disfarça de formiga

A esquerda aranha Aphantochilus rogersi e a direita formiga do gênero Cephalotes. Foto: Reprodução/Butantan

Ao se parecer com essas formigas, ela consegue se infiltrar nas colônias e se alimentar com maior facilidade, além de se proteger de outros predadores.

Camuflagem (cripticidade)

A camuflagem permite que um animal se assemelhe ao ambiente em que vive, dificultando sua detecção por predadores. Essa estratégia é comum em animais com coloração semelhante à casca de árvores, folhas secas ou musgo.

Um exemplo é o macaco parauacú (conhecido como “macaco velho”), cuja pelagem se assemelha ao musgo das árvores, o que o ajuda a se esconder em florestas fechadas, onde enfrenta predadores como harpias, onças e jaguatiricas.

Registro do macaco parauacú, ou macaco velho, de 2008. Foto: Ana Cotta/Flickr

A camuflagem limita o organismo a viver somente em áreas em que ele consiga se “esconder”. Outro caso é o do bicho-preguiça, cuja pelagem também facilita o mascaramento visual em seu hábitat.

Leia também: ‘Mestre da camuflagem’: registro raro de macaco parauacu é feito em Rondônia

Camuflagem por disfarce

Alguns animais vão além da camuflagem tradicional e se disfarçam como objetos não comestíveis. Esse tipo de camuflagem, chamado também de mascaramento, não visa desaparecer completamente no ambiente, mas sim enganar o predador quanto à natureza do objeto.

O bicho-pau é um exemplo clássico de camuflagem. Outro é o gafanhoto do gênero Cephalocoema, que se assemelha a um ramo seco e pode ser confundido com o bicho-pau, dificultando sua detecção por predadores.

Gafanhoto da ordem Orthoptera, da família Proscopiidae e do gênero Cephalocoema sp. Foto: Reprodução/Butantan

Diferentemente da camuflagem em que o ser “some” no meio, a cripticidade é uma forma de camuflagem em que o organismo se confunde com o ambiente por semelhança de cor, forma ou textura, dificultando sua detecção por predadores.

O bicho-pau utiliza essa capacidade, mas você sabia que existe o falso bicho-pau? Pois é, um gafanhoto do gênero Cephalocoema sp se passa por bicho-pau, tendo somente algumas diferenças imperceptíveis a olho nu. Os dois se assemelham a um ramo ou galho seco, o que os protege de predadores.

Leia também: Gafanhoto ou bicho-pau? Conheça espécie que usa artimanha adaptada para sobreviver

A floresta é um ambiente onde a pressão por sobrevivência gerou uma diversidade impressionante de adaptações. Imitar, esconder, enganar ou parecer perigoso são apenas algumas das muitas estratégias desenvolvidas pelos animais para persistir nesse sistema complexo.

Aposematismo

O aposematismo é uma estratégia evolutiva em que os animais exibem colorações vibrantes e chamativas como forma de alertar predadores sobre sua periculosidade ou sabor desagradável. Diferente da camuflagem, essa estratégia busca ser vista e reconhecida como um aviso.

Na Amazônia, esse fenômeno é bem representado pelos sapos ponta-de-flecha, pertencentes à família Dendrobatidae. Esses anfíbios apresentam cores vivas (vermelho, azul, amarelo, verde, entre outras) que sinalizam a presença de toxinas na pele. Apesar de pequenas, essas espécies são evitadas por muitos predadores devido à sua “coloração de alerta”, como é conhecido.

Espécies de Dendrobatidae amazônicos, Ranitomeya toraro e Adelphobates galactonotus, também conhecidos como sapo-ponta-de-flech. Fotos: Lywouty Nascimento

As cobras-corais verdadeiras (Micrurus spp.) também são um exemplo de aposematismo. Seus anéis vermelhos, pretos e brancos servem de aviso visual para predadores, indicando a presença de veneno potente com ação neurotóxica.

Mas de onde surgiu o nome “ponta-de-flecha”? Esse nome vem da história em que indígenas utilizavam o veneno dos sapos nas flechas, assim, ao atingir o inimigo, ele seria envenenado com o conteúdo na ponta da flecha.

Saiba mais: Veneno mortal: conheça o sapo da Amazônia que está entre os mais perigosos do mundo

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Jasmim-manga: flor cheirosa, cheia de simbologias, mas tóxica

Jasmim-manga. Foto: Clarissa Bacelar/Arquivo pessoal

Conhecida cientificamente como Plumeria rubra, as flores de jasmim-manga possuem diversas colorações que variam do branco ao rosa e um cheiro agradável, por isso ela é utilizada no meio cosmético para a fabricação de hidratantes e cremes corporais.

Mas além de perfumada, as flores de jasmim-manga são ricas em antocianinas, substância que dá cor à planta, e que representa uma ação antioxidante benéfica para os seres humanos. 

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Típica da América Central, essa planta é encontrada em todo o Brasil. Resistindo ao frio da Região Sul e ao calor da Região Norte, ela é comumente utilizada na ornamentação de jardins, sendo conhecida popularmente como jasmim, jasmim-manga, frangipani, árvore-pagode, ou “ai Santo Antônio” (nome falado no Timor Leste).

De acordo com o artigo ‘Estudo fitoquímico, avaliação da atividade antioxidante e biológica da espécie jasmim (Plumeria rubra L.)‘, pesquisas revelam que os extratos da planta Plumeria rubra L. possuem algumas atividades biológicas importantes tais como antimicrobiana, anti-inflamatória, antioxidante, antitumoral, anticancerígena entre outros, porém ainda não há muitos estudos acerca das capacidades da planta.

“Mais estudos devem ser realizados na busca de atividade biológica, fitoquímicos, isolamento e demais atividades no futuro para o desenvolvimento de novos produtos na área farmacêutica, alimentícia entre outras aplicabilidades”, aponta Octavio Fernandes, autor do artigo.

Jasmim-manga. Foto: Clarissa Bacelar/Arquivo pessoal

Com aspecto exótico, a árvore de jasmim-manga possui em seu caule uma seiva leitosa considerada tóxica, não podendo ser ingerida. Já as folhas secas podem ser consumidas em chás e as flores podem ser empanadas e fritas, compor geleias e molhos doces e aromatizar carnes e peixes, além de servirem para a fabricação de hidratantes, devido a sua fragrância e coloração agradáveis.

PANC

De acordo como pesquisador e professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Valdelly Ferreira Kinupp, autor do livro ‘Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil’, não se recomenda, a priori, o consumo das flores de jasmim-manga cruas, pois ela é uma planta da famílias Apocinácea, podendo conter algumas propriedades tóxicas, como alcaloides.

Professor Valdely Kinupp, autor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil. Foto: Reprodução/PANC

“Não tem muita informação dos usos medicinais, mas é uma planta aromática que traz os benefícios da abrasibilidade. Pode fazer o chá, a infusão, a decocção, e esse chá pode ser até fermentado virando um refrigerante natural que a gente chama de frisante de flor de jasmim-manga. E a geleia dela é maravilhosa, que pode ser usado em recheio de bolo, de tortas, sobremesas em geral, sorvetes e outros produtos”, afirmou Kinupp.

Considerada uma pequena árvore, a frangipani é muito conhecida, pois com ela são confeccionados os famosos colares havaianos, denominados “hawaiian leis”: estes colares são presenteados em diversas ocasiões, como nascimento, aniversário, casamento, formatura e morte, e marcam cerimônias religiosas, políticas e pessoais, demonstrando carinho e boas-vindas. Tendo até um feriado nas terra havaianas: o Lei Day, ou Dia do Lei, comemorado no dia 1° de maio.

Percorrendo continentes, a Plumeria é considerada a flor nacional de Laos, país localizado no Sudeste asiático, e também é a Flor Símbolo de Palermo, na Itália.

“No México eles falam que é a árvore da imortalidade, porque ela mesmo cortada, como ela é uma Apocinácea – é uma suculenta, assim como a rosa do deserto – da mesma família – ela tem muita água, muito nutriente no caule, então mesmo os caules cortados e quando eles estão maduros e foram podados e jogados no chão por aí, eles continuam a florescer, então é uma árvore sobrevivente”, apontou Valdely Kinupp.

Segundo Sandra Zorat Cordeiro, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), a Plumeria rubra é usada na medicina Ayurveda, por ter inúmeras propriedades farmacológicas, sendo considerada bactericida, vermífuga, calmante, eficaz no tratamento de reumatismo, doenças venéreas, indigestão e insônia.

Há também uma questão mitológica, já que a planta é conhecida por sua eficaz ação abortiva, os colares de Plumeria jamais são oferecidos a mulheres grávidas, pois são considerados de mau agouro.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Futebol na Amazônia #2: saiba quais são os principais times e campeonatos que movimentam o Pará

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Foto: Thiago Lobato/Federação Paraense de Futebol

A história do futebol paraense é marcada por clubes tradicionais e rivalidades históricas que passam por gerações. O estado foi o quarto no Brasil a sediar um campeonato e, para alguns pesquisadores, o futebol chegou ao Brasil pelo Pará em 1895.

Porém, antes de citarmos os times e campeonatos que movimentam o Pará, é necessário traçar um paralelo com a história da modalidade no Estado.

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Segundo o cronista esportivo e ex-vice presidente da Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (ABRACE) Carlos Castilho, o futebol paraense deu o pontapé inicial para o futebol na Região Norte.

“O futebol no Pará surgiu em 1892 pelos membros do Clube de Esgryma, que realizaram  as primeiras partidas no Largo de Nazaré em frente à sede  do Clube”, afirmou Castilho ao Portal Amazônia.

O futebol veio para o Brasil através das famílias abastadas que mandavam seus filhos para a Inglaterra, e também com ingleses que vieram para o Brasil na descoberta da nova terra. Com isso, a Imprensa paraense passou a registrar algumas notas sobre o assunto, inclusive o interesse pela aquisição de bolas trazidas da Europa. Os jornais passaram então a ter colunas sobre o assunto em 17 de dezembro de 1905.

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O jornal Folha do Norte registrou, em 1898, a primeira escalação de uma equipe, obedecendo a sua origem (goalkeeper, full-back, half-back e center forward). O Pará foi o quarto Estado do Brasil a organizar e colocar em disputa um campeonato de futebol. Antes dele foram os Estados de São Paulo (1902), Bahia (1905) e Rio de Janeiro (1906).

“A primeira entidade fundada para dirigir o futebol paraense foi a Pará Football Association. O primeiro campeonato paraense foi realizado em 1906, mas entrou até o início de 1907. Disputaram a competição as equipes Pará Foot-Ball Club (formada por Ingleses que viviam no Estado), Pará Clube, Sport Club Football Team, Belém Clube, Clube Sportivo, Brasil Club, Club Recreativo e Internacional Foot-Ball Club. A competição não foi concluída por desavenças”, explicou o ex-comentarista Carlos Castilho.

“Em 23 de maio de 1913 foi fundada a Liga Paraense de Foot-Ball com os seguintes integrantes: Clube do Remo, Guarani Club, International Club, Rio Branco e Panther Club”, acrescentou Castilho.

De acordo com o  jornalista, o auge dos clubes paraenses ocorreu a partir dos anos de 1985, com o Tuna Luso campeão da Taça de Prata (1985), Paysandu bi-campeão brasileiro da Série B (1991 e 2001) e o Remo campeão da terceira divisão brasileira (2005). Falando em Paysandu e Remo… de onde surgiu essa rivalidade histórica?

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O Paysandu Sport Club e o Clube do Remo são os maiores clubes do Estado, mantendo uma rivalidade centenária e realizando o maior clássico do mundo 772 vezes. A rivalidade vem desde a fundação do Paysandu, em 2 de fevereiro de 1914, que surgiu de uma dissidência do Clube do Remo, fundado em 5 de fevereiro de 1905, e a cada ano fica mais acirrada, passando de geração em geração, chegando a criar animosidade inclusive familiar.

“Tenho um amigo torcedor bicolor que tem a casa de veraneio na ilha do Mosqueiro que é toda alviazul, inclusive o vaso sanitário. O mesmo cidadão quando vai pagar uma conta em bares e restaurantes, se for 33 reais, ele prefere pagar 34 só para não ter de pagar 33, que foi o maior tabu da história esportiva entre os dois clubes (33 jogos sem que o Paysandu ganhasse do Remo)”, relatou Castilho.

Os clubes mais fortes têm feito muitos investimentos, montando equipes com a intenção de obter o acesso à divisão principal do futebol brasileiro. “A infraestrutura melhorou muito, inclusive com Centros de treinamentos, ainda embrionários, mas com investimentos razoáveis”, comenta.

Apesar dos investimentos, o futebol de base continua sendo deixado de escanteio, com mais jogadores contratados vindo de outros Estados do país, sendo poucos da Região Norte. “Pela política de importação de jogadores de outros centros, a base fica relegada a um plano secundário”, diz Castilho. Nos grandes clubes estaduais, Remo e Paysandu, apenas dois jogadores paraenses foram acionados na final do Parazão 2025, Kadu pelo Remo, e Rossi, que veio do Vasco da Gama, pelo Paysandu. 

O futebol feminino, que vem tomando grande visibilidade no cenário mundial com eventos como a Copa do Mundo Feminina sendo transmitida na TV aberta, continuam sem grandes investimentos. “As três equipes mais populares disputam as divisões inferiores, inclusive com resultados negativos”, aponta o comentarista esportivo. 

Apesar disso, o futebol paraense apresentou grandes nomes no esporte mundial, como: Alcino e Bira, jogadores do Clube do Remo; Quarenta, eleito o craque do século por cronistas esportivos; Yago Pikachu, ex-jogador do Paysandu que atualmente defende a camisa do Ceará; e China, meia do Tuna Luso Brasileira, que foi autor do primeiro gol de folha seca no Brasil. 

Curiosidades

Você sabia que o Clube do Remo tem música que já foi trilha sonora da novela das 9? O cantor e compositor Gonzaga Blantez, autor da música Curió do Bico Doce – música tema da personagem Ritinha, na novela A Força do Querer – fez essa música em homenagem ao time azulino.

E também a cantora e compositora Lia Sophia já declarou o seu amor pelo Remo nas redes sociais. Cantando o hino do time no seu ritmo mais conhecido: o Carimbó.

Principais competições

Taça do Campeão Paraense. Foto: Federação Paraense de Futebol.

O Pará conta com diversas competições que movimentam o futebol local, tanto no profissional quanto na base e no feminino. Dentre os principais torneios estão:

  1. Campeonato Paraense Série A
  2. Super Copa Grão Pará
  3. Copa Grão Pará
  4. Copa Pará Feminino Adulto
  5. Copas Regionais Sub-20 (Metropolitana, Nordeste, Oeste, Sul)
  6. Super Copa Pará Sub-20

Principais times

Remo

Nomes do clube: Clube do Remo, Leão Azul, Leão da Amazônia, Clube de Periçá
Nomes dos torcedores: Azulino, Remista, Fenômeno Azul
Fundação: 5 de fevereiro de 1905, como Grupo do Remo, voltado para atividades náuticas
Mascote: Leão Malino
Técnico: Daniel Paulista

Instagram: @clubedoremo

Títulos:

Copa Verde: 2021

Campeonato Brasileiro – Série C: 2005

Campeonato Norte Nordeste: 1971

Taças Norte: 1968, 1969, 1971

Campeonatos Paraense: 1913, 1914, 1915, 1916, 1917, 1918, 1919, 1924, 1925, 1926, 1930, 1933, 1936, 1940, 1949, 1950, 1952, 1953, 1954, 1960, 1964, 1968, 1973, 1974, 1975, 1977, 1978, 1979, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999, 2003, 2004, 2007, 2008, 2014, 2015, 2018, 2019 e 2022, 2025

Torneios Início do Campeonato Paraense: 1920, 1921, 1922, 1923, 1925, 1928, 1934, 1939, 1945, 1952, 1955, 1956, 1959, 1964

Torneio Quadrangular de Salvador: 1967

Torneio Pará-Goiás: 1972

Torneio Pará-Maranhão: 1977

Torneio Pará-Ceará: 1993

Paysandu

Nomes do clube: Paysandu Sport Club, Papão, Papão da Curuzu
Nomes dos torcedores: Fiel bicolor, Papão bicolor, Fiel
Fundação: 2 de fevereiro de 1914
Mascote: Lobo mau (bicho-papão)
Técnico: Luizinho Lopes

Instagram: @paysandu

Títulos:

Campeonato Paraense: 1920, 1921, 1922, 1923, 1927, 1928, 1929, 1931, 1932, 1934, 1939, 1942, 1943, 1944, 1945, 1947, 1956, 1957, 1959, 1961, 1962, 1963, 1965, 1966, 1967, 1969, 1971, 1972,1976, 1980, 1981, 1982, 1984, 1985, 1987, 1992, 1998, 2000, 2001, 2002, 2005, 2006, 2009, 2010, 2013, 2016, 2017, 2020, 2021 e 2024

Campeonato Brasileiro (Série B): 1991, 2001

Copa dos Campeões: 2002

Copa Verde: 2016, 2018, 2022, 2024, 2025

Copa Norte: 2002

Super Copa Grão-Pará: 2025

Torneio Início do Pará: 1917, 1926, 1929, 1930, 1932, 1933, 1937, 1938, 1944, 1957, 1958, 1962, 1965, 1966, 1967, 1969 e 1970

Bragantino (PA)

Nomes do clube: Bragantino Clube do Pará, Tubarão, Tubarão do Caeté
Nomes dos torcedores: Tubarão branco, Bragantino
Fundação: 6 de março de 1975
Mascote: Tubarão
Técnico: Robson Melo

Instagram: @bragantinoclubedopara

Títulos:

Campeonato Paraense – Série B1: 2002, 2011, 2017

Castanhal

Nomes do clube: Castanhal Esporte Clube, Japiim, Aurinegro
Nomes dos torcedores: Aurinegro, Japiim
Fundação: 7 de setembro de 1924
Mascote: Pássaro Japiim
Técnico: Jairo Nascimento

Instagram: @castanhalec

Títulos

Campeonato Paraense – Série B1: 2003

Taça ACLEP (Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Pará): 2006, 2009

Campeonato Paraense – Sub-20: 2007, 2012, 2018

Tuna Luso

Nomes do clube: Tuna Luso Brasileira, Elite do Norte, Águia guerreira
Nomes dos torcedores: Tunante, Cruzmaltino
Fundação: 1 de janeiro de 1903
Mascote: Águia
Técnico: Ignácio Neto

Instagram: @tunaluso.oficial

Títulos

Campeonato Brasileiro – Série B: 1985

Campeonato Brasileiro – Série C: 1992

Campeonato Paraense: 1937, 1938, 1941, 1948, 1951, 1955, 1958, 1970, 1983 e 1988

Campeonato Paraense – Série B1: 1941, 2020

Copa Grão Pará: 2024

Torneio Início do Pará: 1941, 1942, 1943, 1947, 1948, 1953, 1983, 1990, 1991 e 1997

Taça Cidade de Belém: 2007

Águia de Marabá

Nomes do clube: Águia de Marabá Futebol Clube, Alvirrubro-azul, Azulão
Nomes dos torcedores: Aguiano
Fundação: 22 de janeiro de 1982
Mascote: Águia
Técnico: Silvio Criciúma

Instagram: @aguiademaraba

Títulos

Campeonato Paraense: 2023

Super Copa Grão-Pará: 2024

Copa Grão-Pará: 2025

Campeonato Paraense – Série B1: 2015

Campeonato Marabaense: 1989, 1992 e 1993

Copa Meio-Norte “Ferreirinha”: 2000

Copa Meio-Norte “Maranhão-Pará-Tocantins”: 2002

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Você sabia que a maior mariposa do mundo é encontrada na Amazônia?

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Foto: K. Zyskowski & Y. Bereshpolova

A mariposa-imperador (Thysania agrippina) é uma das residentes da floresta amazônica que impressionam por seu tamanho. Ela possui o recorde de maior mariposa do mundo e um gosto interessante por cervejas.

A bruxa-branca, como também é conhecida, é encontrada na região sul dos Estados Unidos e nas Américas Central e do Sul. Mesmo sendo um animal grande, consegue se camuflar nas árvores devido a sua coloração branca e cinza que se disfarça nos troncos. Outra estratégia de defesa desses insetos é a presença de um órgão timpânico no tórax, um tipo de “ouvido”, que permite às mariposas captar o ultrassom dos morcegos – seus predadores naturais – e fugirem.

De acordo com o livro ‘RankBrasil: O livro dos recordes brasileiro’ (2015), ela é a mariposa com a maior envergadura do mundo, com média de 30 centímetros de uma asa a outra.

Gilcélia Lourido, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), informou ao Portal Amazônia que a Thysania agrippina foi descrita em 1776 pelo entomologista holandês Pierre Cramer.

No entanto, a espécie já havia sido retratada em 1705, na obra Metamorphosis insectorum Surinamensium de Maria Sibylla Merian, junto a uma lagarta que, tempos depois, descobriu-se que se tratava de outra espécie de mariposa, inclusive de uma família diferente (Sphingidae).

Foto: Ilustração do livro Metamorphosis insectorum Surinamensium, Maria Sibylla Merian, pg. 20.

Da ordem Lepidoptera, juntamente com as borboletas, a nomenclatura faz referência às escamas presentes nas asas desses insetos, que também possuem um aparelho bucal sugador conhecido como espirotromba para se alimentar de néctar e líquidos de frutos. Durante a metamorfose, os hábitos alimentares da mariposa-imperador se alteram.

Borboletas e mariposas são insetos holometábolos, o que significa que passam por quatro fases de desenvolvimento: ovo, larva/lagarta, pupa e adulto.

A mariposa-imperador está amplamente distribuída, sendo encontrada em ambientes antropizados, inclusive em áreas urbanas. Apesar disso, não se conhece as fases imaturas (ovos, lagartas e pupas) da espécie.

Dada a estreita relação dos Lepidoptera com as plantas, a ausência da planta hospedeira e devastação de habitats (seja por queimadas ou desmatamento) podem levar ao processo de extinção das espécies.

Extinção

Em alguns países da América do Sul, como a Argentina e Uruguai, a bruxa-branca é considerada em risco de extinção ou extinta desde 2003. Muito do desaparecimento dessas mariposas é devido a queimadas e desmatamento que tem devastado seu habitat.

Foto: Renato Rodrigues/Comunicação Butantan

As mariposas gostam de “uma gelada”?

De acordo com a especialista, sim. Algumas mariposas e borboletas apreciam cervejas e até vinho, um fato curioso que já foi pesquisado, uma vez que, segundo Gilcélia, as bebidas fermentadas podem favorecer essas espécies de insetos.

Ela ainda afirmou que “frutas fermentadas e/ou caldo-de-cana fermentado são utilizados nas armadilhas de captura de borboletas frugívoras”. E que “inclusive há algum tempo misturava-se cerveja para acelerar o processo de fermentação das iscas utilizadas para atrair as borboletas”.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Lendas amazônicas são contadas por estudantes de Tefé em livro criado por projeto da UEA

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Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

O boto, o curupira e a Iara estão no imaginário amazônico por séculos com as histórias de vivências reais com esses seres míticos sendo contadas de geração em geração entre as famílias da região.

O livro ‘Lendas Amazônicas: legitimando a identidade cultural dos estudantes da Escola Estadual São José, em Tefé/Amazonas’, organizado pela coordenadora da Área de Letras da CEST/UEA, Núbia Litaiff, e pela supervisora de Área de Letras da SEDUC/Tefé, Thaila Fonseca, apresenta o ponto de vista de alunos do interior do Amazonas sobre essas lendas tão conhecidas.

A obra foi concebida por meio da apresentação da literatura regional para os alunos de ensino fundamental. Com aulas expositivas e oficinas artísticas organizadas por bolsistas do projeto na escola em Tefé, os estudantes tiveram contato com a cultura local e a prática da escrita.

No livro os objetivos principais descritos são: “promover a valorização da cultura local e despertar o interesse para a prática da escrita, por intermédio das narrativas amazônicas, coletadas entre os alunos da referida escola”.

Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Além disso, o livro também aponta a importância do gênero textual ‘lendas’, já que elas carregam uma tradição oral da região, apresentando a fantasia com elementos reais para tentar explicar fenômenos que foram considerados sobrenaturais.

“A lenda configura-se como uma modalidade narrativa (oral ou escrita) e constitui um misto de religião, de ideologia popular e de aspectos maravilhosos que permeiam o imaginário do homem. Desse modo, as histórias lendárias ‘nos fornecem um caminho simples para os fatos culturais de uma civilização’ (MACHADO, 1994, pg. 97)”, explica a apresentação da obra.

Registro das atividades pedagógicas do projeto de ensino, desenvolvidas em sala de aula. Foto: Arquivo do PIBID/Letras – Escola Estadual São José – Ano: 2018.

O processo de criação ocorreu a partir da orientação dos alunos para realizarem entrevistas entre os seus familiares, que contariam as diversas histórias dos seres que povoam o imaginário popular. Os jovens ficaram responsáveis por transcrever a fala e criar ilustrações necessárias para representar as lendas contadas.

A obra versa sobre várias lendas – com destaque para o boto, história mais citada pelos familiares. O guaraná, o saci (ou mati), a castanha, a vitória-régia, a cobra norato, o mapinguari, o curupira, o corpo seco e o kurupi também são citados em diversas versões.

Com informações do livro ‘Lendas Amazônicas: legitimando a identidade cultural dos estudantes da Escola Estadual São José, em Tefé/Amazonas’.

*Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Pesquisas revelam benefícios do uso de Ayahuasca em tratamentos terapêuticos

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Imagem criada por meio de IA

A Ayahuasca é um chá feito a partir da infusão de duas ervas amazônicas – o cipó de Mariri (Banisteriopsis caapi) e as folhas de Chacrona (Psychotria viridis) – que é muito utilizado em rituais religiosos. A combinação de ervas possui potenciais alucinógenos e são essenciais em cerimônias criadas por antigas tribos amazônicas.

Segundo a crença, o chá promove uma expansão da consciência para encontrar respostas para angústias. A pessoa que ingerir a infusão das ervas terá uma espécie de “miração”, como é chamado no ritual, e poderá encontrar a solução para os problemas durante o processo.

Leia também: Ayahuasca, o ”ouro” prometido na Amazônia

Atualmente existem três religiões principais que realizam a ingestão do chá para os rituais com a Ayahuasca: o Santo Daime, a União do Vegetal e a Barquinha. As três possuem diferentes vertentes religiosas, porém encontram no consumo do chá durante os seus rituais uma forma de expansão da consciência e autoconhecimento.

Na composição das ervas do cipó e as folhas, há o DMT (dimetiltriptamina) e beta-carbolinas, que funcionam como agonistas – um fármaco que possui afinidade com um receptor influenciando no resultado de uma ação bioquímica – nos receptores de serotonina, aumentando seu nível no cérebro. A serotonina é popularmente conhecida como um ‘hormônio regulador do humor’, proporcionando bem-estar e prazer.

De acordo com o artigo ‘Potential therapeutic use of ayahuasca: A literature review’, ensaios clínicos abertos, realizados em uma unidade de internação psiquiátrica, apresentaram resultados em humanos de redução significativa nos escores depressivos, devido a presença de beta-carbolinas, que diminuem o inibidor de serotonina, ocasionando no aumento desse ‘hormônio’.

Foto: Reprodução/Fapesp

Alterações no metabolismo da serotonina após o consumo de Ayahuasca resultam na inibição da MAO (monoamina oxidase), que é responsável por danificá-la, o que resulta no acúmulo de serotonina no cérebro. Logo, segundo o artigo, o aumento dos níveis de serotonina são resultados positivos da ingestão da Ayahuasca, ou Huasca, podendo ser uma alternativa para pessoas em tratamento de depressão e ansiedade.

Há também pesquisas no uso do chá de Ayahuasca para o tratamento de dependências em outros psicoativos, como o álcool. Nos experimentos realizados em camundongos os resultados se mostraram positivos, a partir da ingestão de etanol nos animais, o chá de Huasca mostrou-se capaz de atenuar significativamente o desenvolvimento da sensibilidade comportamental induzida por etanol, sem afetar a atividade locomotora espontânea.

Pesquisa ainda é limitada

Entretanto, devido a questões ideológicas e políticas, o tratamento terapêutico com Ayahuasca não é permitido pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), sendo permitido apenas para rituais religiosos. Logo, não é possível, eticamente, realizar mais testes.

Segundo a psicóloga clínica Alcilene Moreira: “embora alguns estudos indiquem potenciais benefícios da Ayahuasca no tratamento de ansiedade e depressão, é fundamental ressaltar que a pesquisa nessa área ainda é limitada e os mecanismos de ação exatos não são totalmente compreendidos”.

Ainda de acordo com Alcilene, “a Ayahuasca é uma substância complexa com efeitos psicodélicos e pode desencadear experiências intensas e desafiadoras”, por isso, os efeitos mais apresentados da infusão, de acordo com diversos relatos, são mudanças na percepção de tempo, de cores, de luminosidade e de realidade.

Também pode causar alterações da memória; náuseas e vômitos; dificuldade de concentração; dificuldade de comunicação e entre outros. Porém muitos fatores influenciam nos efeitos, podendo ser variáveis de pessoa para pessoa, alerta a psicóloga.

Alcilene afirmou que “existem relatos de pessoas que pontuam os benefícios da Ayahuasca no tratamento de dependências, mas as evidências científicas ainda são insuficientes para afirmar que seja um tratamento eficaz e seguro”.

A especialista alerta que “a Ayahuasca pode induzir experiências profundas que levam à reflexão sobre o uso de outras substâncias, mas não há garantias de que isso resulte em uma mudança duradoura no comportamento”.

*Com informações do artigo ‘Panorama Contemporâneo do Uso Terapêutico de Substâncias Psicodélicas: Ayahuasca e Psilocibina

**Por Heloíse Bastos, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar

Na Colômbia, Marina destaca necessidade de ações rápidas para proteção da biodiversidade

Foto: Reprodução/MMA

A ministra Marina Silva defendeu avanços rápidos na implementação de medidas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade, no dia 29 de outubro. A ministra representou o Brasil no segmento de alto nível da COP16 da Biodiversidade, em Cali, na Colômbia.

A ministra afirmou que os resultados da conferência de dez dias devem avançar na regulamentação de partes do Marco Global de Kunming-Montreal, documento que definiu 23 metas para 2030 e 4 objetivos de longo prazo para 2050. Entre outros objetivos, o acordo firmado em 2022, na COP15, busca reverter a perda de biodiversidade e promover o seu uso sustentável e a restauração ecológica.

Marina afirmou que o Brasil usou a presidência do G20 para ampliar e promover ações climáticas e urgentes de conservação e uso sustentável da natureza. Entre elas, a criação de uma inédita Iniciativa de Bioeconomia, que adotou 10 princípios de alto nível relacionados ao tema.

Outra inovação da liderança brasileira do G20, afirmou a ministra, foi a Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, que anunciou na última quinta-feira (24/10) instrumentos e medidas para acelerar e ampliar os fluxos financeiros voltados à implementação de ações climáticas. A Força-Tarefa também concordou com medidas para incentivar a transformação ecológica e reforçar o papel de bancos multilaterais no combate à mudança do clima.

Marina também destacou o mecanismo Florestas Tropicais para Sempre, proposta apresentada pelo Brasil em 2023 para remunerar países em desenvolvimento que conservam suas florestas tropicais. Na segunda-feira (28/10), a iniciativa recebeu apoio de cinco países: Alemanha, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Noruega.

Outras iniciativas que ajudarão a garantir a implementação das metas de Kunming-Montreal, discursou a ministra, incluem o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), lançado na segunda, que cria estratégias, instrumentos e arranjos para cumprir a meta de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa no país até 2030. A nova fase do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que irá promover a inclusão socioeconômica das comunidades locais, também foi mencionada.

Marina também defendeu maior participação dos povos indígenas, afrodescendentes e comunidades tradicionais na COP da Biodiversidade, em especial nas decisões relacionadas ao reconhecimento e à repartição justa e equitativa dos benefícios derivados do uso do patrimônio genético, incluindo direitos decorrentes do acesso às informações de sequências digitais.

*Com informações do MMA