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Saiba quais estádios da Amazônia irão sediar a Copa do Mundo Feminina 2027 

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A próxima Copa do Mundo Feminina, que será realizada no Brasil em 2027, contará com dois estádios da Amazônia legal na rota dos jogos de futebol. O anúncio aconteceu no Congresso da Federação Internacional de Futebol (FIFA) em Bangkok, na Tailândia, com abertura prevista para 24 de junho e a decisão em 25 de julho, de acordo com o projeto apresentado.

A Arena da Amazônia é um dos dois estádios selecionados. Está localizada no Amazonas e o espaço esportivo já foi palco de quatro jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014, e jogos das Olimpíadas de 2016. O centro esportivo, terá a capacidade de abrigar 26.948 torcedores e quatro jogos estão previstos para ocorrem no estádio amazonense na fase de grupos. 

Saiba mais sobre a Arena da Amazônia.

Arena da Amazônia, em Manaus (AM). Foto: Bruno Zanardo/Secom-AM

Outro Estado da Amazônia Legal que irá receber os jogos é Mato Grosso. A Arena Pantanal, em Cuiabá, é que será o centro da festa do futebol mundial feminino no Estado. O local também foi sede de quatro partidas da Copa do Mundo FIFA e ainda de cinco jogos da Copa América 2021. No período da Copa feminina, o estádio comportará 26.386 torcedores e deve receber outros quatro jogos na fase de grupos.

Arena Pantanal, em Cuiabá (MT). Foto: Daniel Meneses/Secom-MT

Experimento com vinho: produto de dissertação gera pedido de patente no Pará 

Produto milenar, consumido em inúmeros países e utilizado em diversas comemorações, o vinho é uma das bebidas alcoólicas mais famosas do mundo. De acordo com dados da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS), o brasileiro consome, em média, cerca de dois litros da bebida por ano, número que tende a crescer, principalmente pela popularização e barateamento da bebida.

Quando caem os preços, um alerta vem à tona: a fraude em produtos alimentícios. Um levantamento feito em 2023 pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apontou que o vinho está entre os cinco produtos mais fraudados do país, o que representa riscos à saúde, pois os componentes adicionados, muitas vezes, são imperceptíveis.

Dessa maneira, buscando garantir a segurança de consumidores, a professora Luiza de Marilac Pantoja Ferreira desenvolveu um sensor nanoestruturado, com base em buckypaper, capaz de identificar alterações em bebidas etílicas.

O buckypaper é um material fino e flexível, semelhante a uma folha de papel, composto de emaranhados nanotubos de carbono que lhe garante uma alta resistência, superior à do aço.

“A versatilidade dos filmes buckypapers reside na facilidade de sua preparação e manuseio. Em geral, eles são produzidos por meio de filtração a vácuo de uma solução de nanotubos de carbono, método que permite o controle de diversos parâmetros durante o processamento, originando filmes com espessura e formatos distintos”, explica a professora.

A pesquisa intitulada ‘Desenvolvimento de ‘Língua Eletrônica’ nanoestruturada baseada em buckypaper e seu uso para autenticação de bebidas etílicas‘ teve como objetivo principal produzir, testar e observar se um elemento sensor era capaz de emitir um sinal resposta ao ser exposto a um estímulo químico, que, nesse caso, seria a amostra de vinho.

“A ideia da pesquisa surgiu durante o pós-doutorado de um dos meus orientadores, o professor Marcos Reis, na Universidade do Porto, em Portugal. Como o grupo de pesquisa do qual participo já vinha trabalhando com filmes buckypapers, surgiu, então, a ideia de testá-los na análise de soluções líquidas, nesse caso, bebidas etílicas como o vinho”, detalha a pesquisadora.

Vinho de açaí deu toque regional ao experimento

E quando se fala em vinho, a região do Vale do Douro, em Portugal, é uma das mais lembradas. Com paisagem reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, a região é um bom exemplo de equilíbrio entre economia e meio ambiente, além de produzir uma das bebidas mais cobiçadas pelas adegas: o vinho do Porto.

Devido à popularidade relacionada à prevenção de doenças, sobretudo as cardiovasculares, o vinho do Porto foi escolhido para análise na dissertação. Contudo, Luiza Ferreira queria que sua pesquisa abrangesse a região amazônica. Sendo assim, ela acrescentou ao estudo uma bebida feita à base de açaí.

“A ideia de testar o ‘vinho de açaí’ veio da necessidade de adequação do projeto de pesquisa ao nosso mercado. O ‘vinho de açaí’ é uma bebida de fabricação artesanal que contém 12% de teor alcoólico. Ela é produzida com a fermentação da polpa do açaí, em um processo de vinificação semelhante ao das uvas, porém, usando etapas químico-laboratoriais. O resultado é uma solução com coloração e sabor adocicado, semelhante ao vinho tinto, por isso recebe a denominação de ‘vinho’ pelos fabricantes”, explica Luiza Ferreira.

A metodologia da pesquisa envolveu análises durante a produção, os testes de utilidade e a eficácia do sensor. “Preparamos dois filmes buckypapers utilizando nanomateriais, em seguida executamos a montagem de amostras com o elemento sensor. Essas amostras foram expostas às bebidas (não adulteradas e adulteradas intencionalmente com água destilada e álcool etílico) e os testes realizados em temperatura ambiente. Os resultados (resposta, tempos de resposta e recuperação) obtidos foram tratados pela técnica de Análise de Componentes Principais (PCA), no intuito de verificar os padrões de similaridades e diferenças nos dados”, conta a pesquisadora.

Resultados satisfatórios geram pedido de patente

Os resultados do trabalho foram satisfatórios e o sensor preparado com buckypaper foi capaz de fazer a distinção entre as bebidas com e sem adulteração.

Com base nisso, Luiza Ferreira e os seus orientadores, os professores Newton Martins Barbosa Neto e Marcos Allan Leite dos Reis, entraram com um pedido de patente e já fazem planos para o futuro: querem utilizar o produto fruto da dissertação para desenvolver um protótipo de ‘língua eletrônica’, um sensor químico para análise de soluções líquidas.

“A ideia final é que a ‘língua eletrônica’ emita o resultado de uma análise em tempo real por meio de um aplicativo de celular e seja utilizada por qualquer pessoa: um consumidor que necessita testar a autenticidade das informações contidas em um rótulo de vinho; um funcionário de uma indústria testando a produção da bebida durante todas as etapas até o engarrafamento; um técnico especialista em fraudes, o qual poderá executar as análises in situ, sem necessitar coletar amostras para análise em laboratório”, finaliza Luiza Ferreira.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 170, escrito por André Furtado

Instituto reúne pesquisadores para combater contaminação por mercúrio na Amazônia

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Instituições públicas, entre elas, cinco universidades federais, estabeleceram um esforço conjunto, para preencher o “apagão” de dados e desenvolver estratégias de enfrentamento à contaminação por mercúrio na Amazônia.

E, para marcar o início dessas ações, foi lançado em 21 de maio o Instituto Amazônico do Mercúrio, em Belém, no Pará.

O Instituto, que vai agregar esforços de grupos de pesquisa, nasce para estabelecer ao menos um polo de testagem de contaminação em cada Estado da região.

A iniciativa será a primeira rede dedicada especificamente ao problema, integrando pesquisa científica, treinamento profissional e engajamento comunitário para enfrentar um dos principais problemas ambientais e de saúde pública.

A coordenadora do Instituto e professora da Universidade Federal do Pará, Maria Elena Crespo López, destaca que a questão não se restringe apenas à Amazônia.

“A ciência já demonstrou que o mercúrio gerado na América do Sul, onde 80% é gerado na Amazônia, chega em regiões como o polo ártico. Se ele chega ao polo ártico, ele chega em todo o Brasil. É por isso que as ações de conscientização serão promovidas em todo o país”.

A presença de mercúrio na Amazônia, metal perigoso para o homem e o meio ambiente, é um problema sistêmico de grande complexidade, com efeitos devastadores sobre a segurança alimentar e saúde das comunidades locais.

Sua utilização na região se dá principalmente pela atividade ilegal de garimpeiros, que utilizam o metal para separar o ouro dos sedimentos encontrados em rios ou na terra. O mercúrio forma uma reação química com o ouro em estado bruto, o que facilita sua extração.

O mercúrio não se decompõe facilmente no meio ambiente, o que o leva a entrar em um ciclo contínuo de deposição e remoção entre o solo, os corpos d’água e a atmosfera.

*Com informações da Rádio Nacional

Exames revelam presença de mercúrio em amostras de cabelo de yanomamis

Observatório da Indústria concentrará centro de inteligência no Pará

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Fornecer uma leitura sistêmica dos diversos cenários econômicos e apontar caminhos para que as indústrias locais consigam desenvolver todo o seu potencial de negócios, são alguns dos motivos que levaram o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Pará (Sistema FIEPA) a criar o Observatório da Indústria do Pará, um centro de inteligência dedicado à análise, monitoramento, pesquisa e informações relevantes e atualizadas sobre tendências, desafios e oportunidades do setor industrial do Pará.

Sediado no prédio da FIEPA em Belém, com equipe própria especializada, o Observatório foi inaugurado dia 10 de maio para empresários, entidades parceiras do setor produtivo e instituições acadêmicas e de pesquisa, que puderam conhecer as soluções da nova plataforma de negócios que nasce com a missão de contribuir para a melhoria do desempenho socioeconômico da região.

De acordo com o presidente da FIEPA, Alex Carvalho, a expectativa é de que o Observatório atue como um referencial de informações para subsidiar a tomada de decisões estratégicas para o desenvolvimento das indústrias do Estado.

“A partir do trabalho desenvolvido pelo Observatório, vamos conseguir coletar dados econômicos, estatísticas de produção, análises de mercado e outras fontes de dados confiáveis e relevantes para fornecer uma visão abrangente da atividade industrial e seus impactos na economia do nosso estado, antecipando cenários e formulando projeções futuras”, explicou.

Segundo Carvalho, as informações geradas pela plataforma poderão ser utilizadas por empresas, governos, pesquisadores e outras partes interessadas no perfil econômico e industrial do Estado. “Esse centro de inteligência é um marco para a indústria do nosso Estado e extremamente importante não apenas para nós do setor industrial, mas para qualquer um que tenha interesse em conhecer as potencialidades econômicas e de negócios do Pará, seja para tomar decisões de negócios, seja para o propósito social de contribuir para a formulação de políticas públicas, identificar oportunidades de investimento ou para subsidiar pesquisas e estudos socioeconômicos”, completou o presidente da FIEPA.

Iniciativa da FIEPA, do Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), o Observatório da Indústria do Pará é credenciado à Rede de Observatórios do Sistema Indústria – mantida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – um ecossistema de alto capital intelectual, prospectiva, multidisciplinar e colaborativa, que gera inteligência estratégica para a indústria brasileira, atuando de forma sinérgica e complementar.

Entre as soluções estão a análise, processamento e interpretação de dados; estudos técnicos em áreas específicas da indústria; análise setorial com a identificação dos desafios, tendências e oportunidades nos diferentes segmentos do mercado industrial; e soluções cognitivas a partir de algoritmos, Inteligência Artificial e Big Data para análises mais rápidas do contexto econômico.

É direcionado a empresários locais, nacionais e a potenciais investidores internacionais com interesse em fazer negócios na região. “Ter a informação correta é fundamental para a elaboração de planejamentos, investimentos, acordos, contratações enfim, para que qualquer movimentação ou negociação no mercado seja feita de forma mais segurança e tranquila”, avaliou o presidente da FIEPA.

Para Dário Lemos, diretor do SENAI/PA e superintendente do SESI/PA, o Observatório também subsidiará a atuação do Sistema FIEPA no apoio às empresas do Estado. “O Observatório também se reverte em uma potente ferramenta de inteligência para a nossa instituição, porque a partir dela vamos conseguir enxergar de forma mais sistêmica as necessidades das indústrias e projetar melhores formas de atender a esses anseios, ampliando o alcance das nossas ações no Estado, oportunizando educação básica, qualificação de mão de obra, consultorias em gestão empresarial, suporte para exportações e fortalecimento dos fornecedores locais, entre tantas outras ações”, detalhou Lemos.

Para Eliane Oliveira, representante da Cerpa presente no evento de lançamento, a iniciativa deve contribuir para a tomada de decisões da empresa. “Trabalhei muitos anos na área de dados da CERPA e de outras empresas e sei que a consolidação desses dados é algo importante para os resultados. Então, acredito que com o Observatório teremos um local onde a gente consiga visualizar essas informações do setor industrial do Estado do Pará e, com certeza, esse Observatório veio para somar e fortalecer as nossas tomadas de decisões”, afirmou Oliveira.

Livro destaca necessidade de ações coordenadas contra crimes ambientais na Amazônia

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Nos últimos anos, a Amazônia testemunhou um alarmante aumento dos crimes ambientais, incluindo desmatamento e extração ilegal de recursos naturais. Diante desse cenário, a Plataforma CIPÓ lançou o livro ‘Crimes Ambientais na Amazônia: Lições e Desafios da Linha de Frente’, resultado de um esforço colaborativo para entender e analisar as principais dificuldades enfrentadas na proteção da região.

Com treze capítulos, que abordam desde a tipificação de crimes ambientais até as estratégias de resistência de povos indígenas e comunidades tradicionais, a obra oferece uma visão abrangente dos desafios e das possíveis soluções para a preservação do bioma. Ela foi escrita por 24 autores com diferentes atuações, entre eles promotores, procuradores, policiais federais, pesquisadores e representantes de órgãos públicos e organizações não governamentais.

Segundo Maiara Folly, diretora-executiva da Plataforma CIPÓ e editora do livro, a publicação destaca a necessidade urgente de ações coordenadas e sinérgicas entre órgãos governamentais e sociedade civil para enfrentar a criminalidade na região. Além disso, ressalta a importância da cooperação internacional e da elaboração e implementação de políticas públicas efetivas que incorporem o conhecimento e a experiência dos povos indígenas e quilombolas, que tradicionalmente têm sido guardiões da floresta.

Os pesquisadores do Imazon Paulo Henrique Coelho Amaral e Alexandra Monteiro Alves são autores, juntamente com os promotores do MPPA Dirk Costa De Mattos Junior e Albely Miranda Lobato Teixeira, do capítulo “Cooperação técnica como estratégia de fortalecimento da atuação do Ministério Público Estadual do Pará na prevenção e no combate ao desmatamento ilegal”. No texto, os cientistas e os servidores detalham o uso dos dados do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e da plataforma de previsão de derrubada por inteligência artificial PrevisIA, ambos desenvolvidos pelo Imazon, nas ações do órgão com objetivo de proteger a floresta em pé.

“Um grande desafio para otimizar a atuação ministerial para a prevenção e responsabilização de infratores por danos ambientais é ter acesso tempestivo a informações seguras, atualizadas e padronizadas. Para vencer esse desafio, o CAO Ambiental e o Imazon estão atualmente em processo de desenvolvimento do parecer técnico ideal (coloquialmente chamado de “Laudo dos Sonhos”), que deve reunir todas as informações necessárias e padronizadas para que possa ser utilizado pelos órgãos de execução ministerial em procedimentos judiciais e extrajudiciais para a responsabilização do dano ambiental”, informam os autores.

Conforme o capítulo, o modelo de laudo já foi validado e testado em campo nas promotorias de Altamira, Marabá e Santarém. Ele contém:

  1. Identificação do CAR vinculado no alerta:
    a) Documentação do imóvel submetido no CAR;
    a) Dados do imóvel;
    c) Dados do responsável legal do CAR e do cadastrante do mesmo.
  2. Análise dos alertas de desmatamento presentes na propriedade:
    a) Fonte dos dados;
    b) Informações sobre a circunscrição da área do alerta, bem como o estado e o município em que ele se localiza;
    c) Área total do alerta;
    d) Data de detecção do desmatamento;
    e) Imagens em alta resolução mostrando o antes e depois da área afetada;
    f) Cruzamento do alerta com diferentes modalidades territoriais, como: Terras Indígenas, Unidades de Conservação, quilombos, assentamentos e áreas privadas;
    g) Memorial descritivo do alerta;
    h) Metodologia utilizada na análise.
Foto: Divulgação/Imazon

Além disso, os autores listam cinco recomendações necessárias para o fortalecimento da atuação do MPPA no combate aos crimes ambientais:

  1. Especialização e regionalização das Promotorias: É necessário que sejam instituídas mais promotorias especializadas, além do estabelecimento de Coordenações Regionais Ambientais. Essa já é uma visão institucional do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA). Além disso, no ano de 2022, o CAO Ambiental apresentou uma proposta ao Conselho Superior do MPPA acerca da criação de Coordenações Regionais Ambientais, com o objetivo de fomentar uma atuação institucional mais eficaz na prevenção e enfrentamento dos danos ambientais.
  2. Engajamento dos membros do MPPA: Mais do que o interesse pessoal dos promotores com atribuições gerais, a atuação ministerial no tema ambiental deve fazer parte do rol de matérias a serem acompanhadas pelos órgãos de controle (tal como o controle externo da atividade policial), a fim de que a agenda ambiental possua sua prioridade reconhecida formalmente.
  3. Fortalecimento da estrutura das promotorias já existentes: As promotorias do interior do estado do Pará têm condições limitadas para atuação no tema ambiental, seja no que diz respeito ao acesso de informações (internet de baixa qualidade), seja em relação à ausência de uma equipe de apoio especializada no tema, além da escassez de recursos de infraestrutura como veículos, GPS, máquinas (software e hardware), entre outros.
  4. Padronização de atuação nos processos judiciais e nos procedimentos extrajudiciais: Respeitada a independência funcional, é necessária a difusão de boas práticas funcionais para otimizar o trabalho dos membros do MPPA, tanto na atuação extrajudicial como na judicial, a fim de estabelecer estratégias mais eficientes.
  5. Automatização do acesso a dados nos fluxos de procedimentos: As demandas judiciais, a instrução de processos, a análise de procedimentos e as fiscalizações representam uma carga de trabalho já extenuante e que tende a ser mitigada a partir da automatização no fornecimento de informações e condução dos procedimentos.

Clique aqui para baixar a obra gratuitamente

*Com informações do Imazon

Fauna de Rondônia é monitorada para tentar salvá-la do desmatamento

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Rondônia ocupa o sétimo lugar no ranking de desmatamento nacional e é o quarto Estado com maior emissão bruta de gases de efeito estufa. Na Amazônia Legal, é o terceiro que mais retira a cobertura vegetal, só ficando atrás do Pará e do Mato Grosso. Esses dados, divulgados em 2023 no Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (do MapBiomas Alerta), no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG, do Observatório do Clima) e no TerraBrasilis (do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), confirmam a tendência de mudança da paisagem nesse estado amazônico nas últimas décadas.

Em 1970, início da série histórica do SEEG, Rondônia estava na 26a posição entre os estados, com pouco desmatamento e atividade pecuária em relação ao restante do país. Em 1994, subiu a terceiro lugar, e nos últimos dez anos se manteve entre os 10 maiores emissores de gases de efeito estufa do Brasil.

“Nas décadas de 1970 e 1980, os agricultores que colonizaram o estado vindos principalmente da região Sul sabiam trabalhar com a terra exposta, então houve muito desmatamento. Já havia em nosso território comunidades indígenas, quilombolas e extrativistas que estavam na floresta e tinham outros modelos para extrair riquezas, mas perderam espaço diante da força dos que chegaram e das políticas que direcionaram esta forma de atuar”,

conta o biólogo Samuel dos Santos Nienow, Coordenador Regional de Porto Velho no ICMBio (órgão federal responsável pelas unidades de conservação).

Ele explica que em Rondônia há floresta amazônica, cerrado e campos alagáveis, e com isso, fauna de diferentes biomas. Mas mudanças no uso da terra em decorrência do avanço do desmatamento fazem com que animais como anta, onça-pintada e diversas espécies de macacos tenham sua população diminuída, enquanto aquelas que se adaptam a áreas impactadas ou que migraram de outras regiões fiquem mais numerosas, caso do lobo-guará, espécie que já existe por aquelas terras.

“O cachorro-do-mato e o quero-quero, nativos de outros biomas, ocuparam Rondônia conforme a expansão de cidades e a pecuária. Por outro lado, no vale do Guaporé, na divisa com a Bolívia, o cervo-do-pantanal, que vive nos campos alagáveis, está ameaçado por espécies invasoras, como búfalos introduzidos por lá”, diz.

Desmatamento em Rondônia em 2019. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

Análise da riqueza nos diferentes ecossistemas

Para acompanhar essas mudanças de habitat e saber seu impacto na fauna, seja na quantidade de indivíduos em uma população ou na variedade de espécies encontradas, é preciso fazer levantamento do que existe e um monitoramento contínuo.

Em Rondônia, as primeiras informações sobre a fauna no estado surgiram no início do século 20, durante as expedições do marechal Cândido Rondon pela Amazônia. Mas só nos anos de 1990 os dados foram atualizados, através do Plano Agropecuário e Florestal de Rondonia (Planafloro), de trabalhos científicos e do planejamento das unidades de conservação e Terras Indígenas.

Nas décadas seguintes, o monitoramento da biodiversidade passou a fazer parte do Programa Monitora, iniciativa do governo federal nas unidades de conservação para verificar a efetividade das ações de conservação e subsidiar o manejo e o planejamento, gerando informações e envolvendo as comunidades locais como agentes para realizar o monitoramento.

Em Rondônia, o Monitora está presente em Florestas Nacionais, Reservas Extrativistas, Parques Nacionais e Reservas Biológicas, entre elas a Floresta Nacional (Flona) do Jamari, em que Samuel coordenou o programa até 2022, durante nove anos. Nessa unidade de conservação, aliás, há monitoramento da fauna desde 2014, antes mesmo de o Monitora ser lançado, em 2017.

“Precisamos conhecer o que temos e falar sobre a importância da biodiversidade. O monitoramento pode levar conhecimento para as populações locais, ajudar a identificar as espécies ainda desconhecidas e ser termômetro para verificar se as estratégias de conservação estão sendo eficientes”,

diz.
No Programa Monitora, as saídas a campo incluem armadilhas para capturar e identificar borboletas, fotografá-las e soltá-las em seguida. Foto: Zeziel Ferreira de Moura Silva

Monitoramento participativo

A Flona do Jamari, umas unidades monitoradas, fica a duas horas de Porto Velho, capital de Rondônia, em Itapuã do Oeste, onde Zeziel Ferreira de Moura Silva mora. Nascido na região, ele fez parte da equipe que coletou dados da biodiversidade em campo durante oito anos. A cada seis meses, Zeziel percorria as mesmas trilhas na floresta para procurar mamíferos, aves e borboletas e então registrá-los com fotos, no papel ou através de armadilhas fotográficas.

“Eu sou apaixonado pela natureza”, diz ele. “Fazendo o monitoramento, passei a conhecer o quanto a natureza é importante e que é essencial cuidar dela. Quem tá mais longe, não pensa assim.”

Ter Zeziel e outros moradores vizinhos às unidades de conservação à frente da coleta de dados faz parte do monitoramento participativo previsto no Programa Monitora, o que favorece a logística de mão de obra, valoriza o conhecimento da população, gera renda local e conscientiza os moradores sobre a importância da biodiversidade onde vivem.

“Vai ficar pra vida meu encontro com a onça”, lembra Zeziel. “Quando avistei, ela estava a uns 20 metros de distância, mas veio caminhando, chegou a 4 metros e foi embora. Fiquei assustado, mas me senti sortudo.”. Se ver onça foi sorte, avistar aves como jacu, mutum e nhambu ou mamíferos como cotia, veado e anta, faziam parte da sua rotina e dos registros.

No Plano de Manejo da Flona do Jamari estão previstas visitação, conservação ambiental, mineração, exploração sustentável da madeira e moradia de populações tradicionais, mas não é raro ser preciso lidar com atividades ilegais, como caça, retirada de madeira ou garimpo. E Zeziel nota como as mudanças nos habitats afetam as espécies: “A borboleta-estaladeira [Hamadryas feronia], por exemplo, é comum em áreas desmatadas. Se a encontramos na mata fechada, quer dizer que ali perto não tem mais floresta”.

Zeziel Ferreira de Moura Silva e seu encontro com antas (Tapirus terrestris) durante trabalho de monitoramento na Floresta Nacional do Jamari (RO).  Foto: Zeziel Ferreira de Moura Silva

Automonitoramento da fauna pelos indígenas Paiter-Suruí

Outra frente de monitoramento da biodiversidade em Rondônia é feita em Cacoal, a sete horas de Porto Velho, na divisa com Mato Grosso. Os protagonistas são o povo Paiter-Suruí em seis das 32 aldeias da Terra Indígena Sete de Setembro.

Desde 2009, os moradores registram os animais que são caçados para servir de alimento e como base de artesanato. O trabalho de monitoramento começou quando os indígenas fizeram uma pergunta a Israel Vale, biólogo que atua com os Paiter-Suruí desde 2004: “Se o nosso povo aumentar, vamos ter caça suficiente para todos?”.

Para responder à questão, Israel, que é coordenador de monitoramento ambiental e territorial da Associação Kanindé, construiu em parceria com a comunidade formas de os próprios indígenas acompanharem a variedade e volume da caça ao longo dos anos.

A análise dos resultados gerou diversos aprendizados, tanto para os pesquisadores quanto para os indígenas. Israel achava, por exemplo, que a invasão das queixadas nas roças fosse um problema: “Os indígenas me explicaram que é proposital, que faz parte de suas estratégias de manejo. Preparam parte de seus cultivos para consumo próprio e a outra parte para atrair esses porcos do mato e facilitar a caça”.

Com apoio da Associação Kanindé, os Paiter-Suruí instalam e aprendem a usar armadilha fotográfica para identificar os animais nas suas terras. Foto: Israel Vale

Já os Paiter-Suruí notaram que tem sido mais difícil encontrar macacos, alguns de seus animais preferidos para alimentação, por causa do roubo de madeira em suas terras, devastação para criação de gado e consequente alteração do habitat (os primatas, aliás, foram assunto do guia de identificação das espécies elaborado por um biólogo Paiter-Suruí em seu mestrado).

Com isso, conta Israel, passaram a dialogar com madeireiras ilegais e também procuraram combatê-las. “Quando diminui o volume de madeiras roubadas nas Terras Indígenas, mais animais estão presentes e espécies mais raras são avistadas. Os moradores notam diferença no dia a dia: se antes andavam 10 quilômetros para encontrar caça, agora caminham de 4 a 6 quilômetros”, diz.

A cada nova análise de dados, mais perguntas e discussões aparecem para apoiar a gestão do território indígena, buscando a qualidade de vida do povo e a conservação das espécies. “Estamos curiosos para observar os dados da caça no período da grande seca que atingiu a Amazônia no fim de 2023. Vamos ver se, e como, os índices de chuva e de temperatura afetaram a atividade”, diz Israel.

Monitoramento em áreas de restauração

Além das unidades de conservação e da Terra Indígena, as áreas de restauração florestal em propriedades privadas do estado também têm sido alvo de monitoramento da biodiversidade, já que 39% do bioma, segundo o MapBiomas, é ocupado pela pecuária.

Paulo Henrique Bonavigo é coordenador do programa Natureza e Comunidades da Ecoporé, instituição que realiza esse monitoramento nas propriedades privadas. “Há fragmentos de mata cada vez menores e poucos corredores interligando as áreas. Com isso, a perda da biodiversidade é grande, porque há animais que precisam de grandes áreas para alimentação e para viver. É essencial saber se a restauração de Áreas de Proteção Permanente, as APP [como beiras de rio e nascentes] e de Reservas Legais está sendo benéfica para todo o ecossistema, com o retorno da fauna aos ambientes”, ele conta.

Paulo Henrique diz que já existem primatas em áreas restauradas há cinco anos e jaguatiricas em um ambiente que era pasto há 10 anos e onde hoje crescem árvores com até 10 metros de altura: “Esses animais estão usando os ambientes para viver ou para se deslocar, o que é um resultado muito interessante”. E complementa: “Existem muitas lacunas sobre o conhecimento da fauna em toda a Amazônia. Fazer o monitoramento das espécies conhecidas precisa acontecer em paralelo com o levantamento do que existe para termos informações cada vez mais confiáveis e gerar políticas públicas e iniciativas de conservação.”

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Mongabay, escrito por Beatriz Santomauro

Vírus mayaro e chikungunya circulam ao mesmo tempo em Roraima 

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Estudo publicado este mês na revista Emerging Infectious Diseases mostra que os vírus mayaro e chikungunya estão circulando ao mesmo tempo (cocirculação) no Estado de Roraima. Segundo os autores, o achado reforça a necessidade de ações mais efetivas de vigilância epidemiológica na região.

A descoberta contrariou a expectativa dos pesquisadores. A hipótese inicial era de que os locais onde a taxa de infecção por um dos patógenos fosse alta seriam refratários à circulação do outro vírus, conta José Luiz Proença-Modena, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e um dos autores principais do artigo.

“Como mayaro e chikungunya têm alto grau de compartilhamento antigênico, era esperado que uma infecção protegesse o indivíduo da outra. Ou seja, a crença era de que os anticorpos específicos e os linfócitos T [células do sistema imune] produzidos como resposta à infecção por um dos vírus tivessem a capacidade de reconhecer o outro. Entretanto, ao contrário disso, detectamos mayaro e chikungunya nas mesmas regiões”, diz. Ele ressalta, contudo, que não foram identificados casos de indivíduos infectados simultaneamente pelos dois patógenos.

Na avaliação dos autores, a cocirculação desses arbovírus indica a necessidade da implementação de métodos moleculares para o diagnóstico preciso (exames do tipo RT-PCR, que detectam o material genético presente em amostras biológicas). “São doenças que clinicamente se confundem, pois causam sintomas semelhantes, como febre alta, dores articulares e cansaço”, pontua Julia Forato, ex-bolsista da FAPESP e autora do estudo.

Como explica a pesquisadora, o vírus mayaro é transmitido por um mosquito silvestre [Haemagogus janthinomys] – o mesmo vetor da febre amarela. Mas o desmatamento causado pela exploração ilegal de recursos naturais, sobretudo o garimpo, pode fazer com que a transmissão do mayaro passe a ocorrer em ambientes urbanos.

Segundo Forato, pessoas que trabalham em ambientes florestais – na mineração, exploração madeireira ou pesca, por exemplo – poderiam atuar como ponte, facilitando a eventual introdução e o estabelecimento da transmissão do mayaro em ambientes urbanos. No estudo, 11% das amostras infectadas por esse vírus eram de pescadores.

“Só com a implementação de vigilância molecular e genômica aumentada, tanto em humanos quanto nos mosquitos vetores, será possível monitorar o potencial estabelecimento do mayaro num ciclo de transmissão amplificado pelos humanos. Precisamos de uma vigilância robusta, não só para identificar o quanto a atividade humana em áreas de floresta pode impactar a dinâmica da circulação dos vírus, mas também para prever possíveis novos surtos. Todas essas doenças são muito incapacitantes, geram prejuízos financeiros e sociais aos pacientes, além de onerar em demasia o sistema de saúde para atendimento desses pacientes”, sublinha Proença-Modena.

Amazônia+10

O projeto que deu origem ao artigo em pauta busca avaliar como a atividade humana em áreas de floresta impacta a dinâmica de circulação viral. A equipe se propôs a investigar essa relação em três pontos focais: na reocupação da BR-319 (Rodovia Manaus-Porto Velho, que está sendo recuperada), em uma área de mineração no Estado do Pará e no Estado de Roraima, que registra alta populacional de migrantes e onde há forte presença de garimpo em áreas de mata próximas a cidades.

A empreitada envolve, além da Unicamp, grupos da Universidade Federal de Roraima (UFRR), do Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima, da Universidade de São Paulo (USP), da Fiocruz Amazônia, do Imperial College de Londres (Reino Unido) e da University of Kentucky (Estados Unidos). E recebe apoio da FAPESP por meio de três projetos (22/10442-0, 17/22062-9 e 16/00194-8).

O trabalho integra a Iniciativa Amazônia+10, que reúne diversas agências de fomento do Brasil e do exterior, entre elas a FAPESP, no apoio à pesquisa e à inovação tecnológica na Amazônia Legal, promovendo a interação natureza-sociedade e o desenvolvimento sustentável e inclusivo da região.

“Este é o primeiro trabalho realizado no projeto, com o objetivo de entender quais vírus estavam circulando em Roraima. A partir da análise de amostras coletadas entre dezembro de 2018 e dezembro de 2021 – durante surtos de dengue e chikungunya em Roraima – montamos um panorama de quais arbovírus estavam circulando por lá”, informa Proença-Modena.

Das 822 amostras de sangue coletadas de pacientes atendidos em postos de saúde e que apresentavam doença febril aguda (febre alta associada a calafrios, cefaleia, dores musculares ou tosse geralmente relacionada a um agente infeccioso), 190 (23,1%) testaram positivo para algum arbovírus (vírus transmitidos por vetores invertebrados, sobretudo mosquitos).

Os pesquisadores extraíram o RNA de todas as amostras de sangue e, por meio de testes moleculares do tipo rRT-PCR, detectaram dengue em 146 delas (17,8%), mayaro em 28 (3,4%) e chikungunya em 16 (2%). Além desses patógenos, também foram buscados (mas não encontrados) os vírus zika e oropouche.

“Além de identificarmos a cocirculação de mayaro e chikungunya e uma frequência muito alta de dengue [inclusive coinfecção de dengue 1 e dengue 2], notamos que, na maioria dos casos [76,9%], não se sabe qual vírus está causando a infecção. Portanto, é provável que tenha algo novo por aí”, alerta Proença-Modena à Agência FAPESP.

O artigo Molecular Epidemiology of Mayaro Virus among Febrile Patients, Roraima State, Brazil, 2018–2021 pode ser lido em: wwwnc.cdc.gov/eid/article/30/5/23-1406_article.htm.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por Maria Fernanda Ziegler

Área degradada no Pará é restaurada por meio de projeto sustentável

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Cada vez mais se tem falado da importância do desenvolvimento sustentável para o futuro da sociedade. Recuperar alguma área degradada que tenha sofrido dano socioambiental está entre as principais ações pautadas para que isso ocorra. É a partir desse propósito que foi criado o projeto ‘Recuperação florestal em áreas degradadas no Sudeste Paraense’, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), campus Parauapebas (PA).

Coordenado pela professora Daiane de Cinque Mariano, as ações do projeto resultaram na estabilidade ecológica na área trabalhada, localizada na fazenda Santa Rita da União, no entorno da Floresta Nacional de Carajás (FLONA de Carajás), zona rural do município de Canaã dos Carajás, no Pará. O objetivo principal do trabalho foi avaliar o crescimento e comportamento de espécies nativas introduzidas em área degradada em processo de recuperação florestal. 

O processo de restauração do local teve início com o plantio de mudas de castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl.) e arbóreas heliófilas nativas, através da parceria entre a Ufra campus Parauapebas, ICMBio e a empresa Salobo Metais S.A., no ano de 2018. A iniciativa começou por meio de um convite realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que envolveu também os professores Drs. Ricardo Shigueru Okumura e Ângelo Augusto Ebling. Em 2021 o projeto foi cadastrado na Ufra. 

A escolha das espécies utilizadas para a recuperação da área foi realizada pelos parceiros do projeto e ocorreu a partir de um levantamento florístico de áreas de floresta próximas à região.

“Na área experimental havia 174 indivíduos, que se estabeleceram por meio de regeneração natural e para o enriquecimento com as demais espécies, foram inseridas 2.211 mudas de espécies nativas”, diz. 

A professora Daiane de Cinque Mariano ressalta que um dos pontos mais delicados no processo de restauração florestal é a escolha das espécies nativas que irão compor a comunidade de determinada área degradada. Dentre as espécies inseridas no local destacam-se: Bertholletia excelsa Bonpl. (Castanheira); Clitoria fairchildiana R. A. Howard (Faveira); Cordia goeldiana Huber (Freijó); Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos (Ipê); Hymenaea courbaril L. var. stilbocarpa (Hayne) Lee et Lang. (Jatobá); Astronium lecointei Ducke (Muiracatiara); Byrsonima crassifolia L. (Murici) e Schizolobium parahyba var (Paricá).

Fotos: Divulgação UFRA-arquivo do projeto.

“O projeto permitiu observar o crescimento de espécies nativas tropicais de diferentes grupos ecológicos e destacar a necessidade de planejamento prévio visando o aumento da taxa de sobrevivência de algumas espécies por se divergir da literatura”, explica a professora. Quatro vezes ao ano realizava-se as avaliações acerca do crescimento das espécies nativas introduzidas nas áreas de estudo, além da verificação da taxa de sobrevivência. 

“Por meio do projeto foi possível obter resultados importantes como: trilhar as espécies de crescimento acelerado; espécies que apresentam altas taxas de mortalidade quando introduzidas em área de sequeiro; os efeitos positivos e negativos da herbivoria; e o crescimento de espécies por meio de análise de agrupamento ecológico”, diz a professora. 

*Com informações da Ufra

‘O Pequeno Príncipe’ inspira pesquisadora paraense a criar obra imersa no mundo TEA 

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Que ‘O pequeno príncipe’, obra de Antoine de Saint-Exupéry, vem conquistando gerações desde 1943, não é novidade. São anos guiando crianças, jovens e adultos em uma fantástica jornada sobre amizade, responsabilidade e laços afetivos, que ultrapassa os limites do imaginário literário. Cativada, assim como a raposa, pelo pequenino príncipe, a pesquisadora paraense Adeline Oliveira da Silva criou laços com a obra e, imersa nela, desenvolveu sua dissertação baseada na sua realidade pessoal e profissional com pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Intitulada ‘INTENSITEA – Protocolo de exercício físico para funções executivas de universitários(as) com TEA’, a pesquisa foi apresentada, em 2021, ao Programa de Pós-Graduação Criatividade e Inovação em Metodologias de Ensino Superior (PPGCIMES/ NITAE) da Universidade Federal do Pará e resultou em um produto educacional, de mesmo título, orientado pelas professoras Netília Silva dos Anjos Seixas e Arlete Marinho Gonçalves.

“O Pequeno Príncipe traz para mim a importância de criar laços e dedicar-se àquilo e/ou àquele que você cativou, o que já é um desafio, mas, cativar uma pessoa com TEA é um desafio ainda maior, demanda dedicação para enxergar o essencial para além do que os olhos veem. Durante a minha trajetória com pessoas com TEA, esse livro me faz lembrar que é preciso exigir de cada pessoa aquilo que ela pode nos dar, celebrar cada mínimo retorno, e ficar contente por tê-la conhecido. Além disso, os ensinamentos do livro mantêm viva em mim a imaginação, a humanização e a importância em criar laços, o que foi essencial para desenvolver o INTENSITEA”, explica a professora de educação física e terapeuta ocupacional, Adeline Oliveira.

A autora reuniu todos esses interesses, seus nove anos de experiência profissional, suas motivações pessoais, saberes acadêmicos e sua crença de que ‘o essencial é realmente invisível aos olhos’ para explorar o que na obra de Saint-Exupéry seria um novo planeta: o Transtorno do Espectro do Autismo na graduação, mais especificamente na Universidade Federal do Pará.

Foi o tempo que dedicastes à tua rosa que a fez importante

Dividida em sete capítulos, a pesquisa apresenta o processo de construção e o produto IntensiTEA: um protocolo de exercício físico destinado ao melhor desempenho de funções executivas para estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) do ensino superior, de maneira aguda, ou seja, a partir de uma única sessão. 

A opção por trabalhar com as funções executivas, em especial a atenção, o controle inibitório e a memória de trabalho, se deu pelo grande número de estudos que abordam as disfunções executivas como características de pessoas com autismo. Essas disfunções impactam diretamente seus processos de ensino-aprendizado, seu desempenho ocupacional acadêmico e sua autonomia.

Dentro do contexto universitário, a pesquisa foi realizada quando o campus Belém da UFPA contava com 529 discentes PcDs matriculados(as) em cursos de graduação, sendo 22 diagnosticados(as) com TEA. Hoje, o número de discentes PcDs matriculados(as) aproxima-se de mil, sendo 89 diagnosticados(as) com TEA. Para desenvolver o protocolo, foram selecionados dez discentes com TEA, do sexo masculino. A participação dos alunos se deu em três sessões on-line, devido ao contexto da pandemia de covid-19.

Nas sessões, após uma análise inicial, a pesquisadora aplicou uma série de exercícios físicos em forma de circuito. A partir desta etapa, pôde observar os efeitos agudos (ou seja, aqueles presentes logo após uma única sessão de exercício físico) nas funções de atenção, controle inibitório e memória de trabalho dos participantes da pesquisa.

A validação do protocolo de exercícios físicos pelos alunos com TEA permitiu a elaboração do produto IntensiTEA, sendo este também validado por uma banca de especialistas das áreas da educação física, terapia ocupacional, pedagogia, publicidade e design gráfico. Por fim, os resultados obtidos foram tabulados e iniciou-se o processo de elaboração dos formatos do protocolo, que são: em PDF e em videoaula, esta disponível no Youtube.

O estudo permitiu concluir que o protocolo contribuiu para literaturas do TEA, ao apresentar os efeitos agudos de 25 minutos de exercício físico de intensidade moderada, baseado em circuito, com indicação de melhor funcionamento das funções de atenção, inibição e memória de trabalho.

“A elaboração do produto foi desafiadora, principalmente devido ao reduzido número de estudos científicos que abordam, de maneira específica, os efeitos de uma sessão de exercício físico nas funções executivas de universitários com TEA. Outra dificuldade foi a pandemia de covid-19, que diminuiu o público amostral em 80%, mas, apesar disso, o resultado foi gratificante. Pude usar toda minha dedicação e experiência. O IntensiTEA, para mim, é um presente”, afirma Adeline Oliveira.

“Tu te sentirás contente por me teres conhecido

O nome ‘IntensiTEA’ é uma junção do prefixo ‘Intensi’, que se refere à ‘Intensidade’, elemento constituidor da identidade visual das atividades profissionais exercidas pela pesquisadora, desde o ano de 2014; e o sufixo ‘TEA’, relativo ao objeto de estudo do produto. Juntos, eles representam as motivações pessoais e profissionais que a acompanham ao longo de nove anos de atuação nessa área.

O protocolo é indicado a profissionais que atuam na educação superior, em qualquer área do conhecimento, que atendam alunos com Transtorno do Espectro do Autismo e que desejam melhor desempenho em atividades que exijam atenção, inibição e memória de trabalho, de modo instantâneo, desses alunos. É destacado pela pesquisadora que é importante o profissional considerar o nível do espectro e/ou da capacidade dos usuários em realizar os exercícios propostos.

Seu uso pode proporcionar, a curto prazo (com duração média de 30 minutos): maior e melhor capacidade de atenção às informações recebidas; maior controle frente aos elementos distratores, aumentando o tempo de inibição de estímulos externos que possam desviar o foco da atividade principal; maior retenção de informações recebidas, para que possa aplicá-las, instantaneamente, em alguma tarefa, ao responder questões ou questionamentos referentes ao assunto apresentado.

No formato em PDF, o protocolo pode ser acessado no site do repositório da UFPA. O documento contém as descrições dos exercícios, bem como todas as orientações necessárias para sua aplicação com segurança. A videoaula do protocolo pode ser acessada no Youtube, por meio do canal da professora (Adeline Oliveira). O conteúdo online é voltado para profissionais que não estão familiarizados(as) com exercícios físicos, podendo ser realizados de forma simultânea com a pesquisadora.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 170, escrito por Por Isabelly Risuenho

NASA busca proteger onças-pintadas no Peru com ajuda de satélites

À medida que as populações humanas crescem, a perda de habitat se torna uma ameaça crescente para inúmeras espécies animais, incluindo grandes felinos, as onças-pintadas. Para resolver este problema, a NASA lançou um esforço para utilizar tecnologia de satélite para ajudar a proteger estas criaturas vulneráveis.

Os esforços de conservação no Peru se concentram no rastreamento e proteção de habitats ameaçados usando a tecnologia espacial. Os satélites da NASA desempenham um papel crucial no mapeamento do habitat da vida selvagem, permitindo que os cientistas monitorem áreas que seriam logisticamente difíceis de estudar a partir do solo.

Tigres, onças e elefantes são apenas algumas das espécies vulneráveis ​​cujos habitats a NASA está ajudando a rastrear a partir do espaço.

Foto: Reprodução/Agência Andina

Embora os tigres tenham perdido grande parte da sua área de distribuição histórica, com um declínio de 11% no seu habitat conhecido desde 2001, as onças-pintadas também enfrentam uma situação crítica. No último século, as onças perderam cerca de 50% de sua área de distribuição.

Esta perda foi agravada pelo desmatamento e pela caça, razões pelas quais a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) as classificou como quase ameaçadas.

Usando tecnologia de satélite e dados sobre o uso da terra e infraestrutura, pesquisadores financiados pela NASA mapearam áreas prioritárias de conservação para onças-pintadas. Cerca de 36% destas áreas no Chaco argentino são atualmente zonas de “baixa proteção”, onde o desmatamento é permitido.

“Gestores e conservacionistas poderiam usar as novas informações espaciais para ver onde o atual zoneamento florestal está protegendo animais importantes e onde pode precisar de reavaliação”,

explicou Sebastian Martinuzzi, principal autor do estudo e professor da Universidade de Wisconsin em Madison.

A utilização de dados de satélite fornecidos pela NASA não só ajuda a rastrear os habitats das onças-pintadas, mas também permite que os conservacionistas identifiquem áreas que poderiam ser restauradas para criar novos habitats adequados para estes grandes felinos.

Esta abordagem inovadora oferece esperança de que, com uma gestão adequada e esforços concentrados, um futuro mais seguro possa ser assegurado para as onças-pintadas e outras espécies ameaçadas na região amazônica internacional.

*Com informações da Agência Andina