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Mais da metade das crianças em 2 municípios na Terra Yanomami não tem registro de nascimento, aponta o Censo

Cinco cidades de Roraima e duas do Amazonas estão entre as dez primeiras do Brasil com os maiores números de crianças de até 5 anos sem certidão de nascimento. É o que indicam novos dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As cidades de Roraima são Alto Alegre, Amajari e Iracema, onde está quase metade da Terra Indígena Yanomami — o maior território indígena do país —, e Pacaraima e Uiramutã, que é proporcionalmente o município mais indígena do país e onde está a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

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As cidades amazonenses são Barcelos, onde o povo Yanomami também vive, e Japurá, a cidade menos populosa do Amazonas. De forma geral, Roraima lidera com a menor cobertura do registro civil de nascimento, entre as unidades federativas — uma porcentagem de 89,3%.

Além disso, outra cidade da região Norte integra o ranking: Pedra Branca do Amapari, no interior do Amapá.

Terra Indígena Yanomami. Foto: Reprodução / FUNAI

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Em Roraima, apenas oito dos 15 municípios possuem Cartórios de Registro Civil, incluindo Alto Alegre e Pacaraima. Para obter a certidão de nascimento, moradores de Amajari, Iracema e Uiramutã precisam se deslocar para as outros municípios. Existem cartórios nas duas cidades amazonenses e na cidade do Amapá.

A certidão de nascimento é o primeiro documento civil que oficializa, para o estado e a sociedade, a existência de um novo indivíduo natural. Ela é emitida por cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais (RCPN), instituições que também são responsáveis pelo registro civil de nascimento.

Mesmo com um cartório, Alto Alegre é o município com o menor percentual de crianças com registro de nascimento. Na cidade, há 3.638 crianças de até 5 anos e apenas 37,7% delas tiveram o nascimento registrado. Alto Alegre é o município onde está a maior parte do território Yanomami (19,28%).

Foto: Reprodução/Anoreg-PR

O registro civil de nascimento é feito uma única vez em livro específico do cartório e fica na instituição, diferente da certidão de nascimento, que é entregue para o responsável pela pessoa. A certidão:

  • Funciona como a identidade formal do cidadão;
  • É pré-requisito para a retirada de outros documentos, como a Carteira de Identificação Nacional (CIN);
  • Permite o acesso a serviços sociais básicos, incluindo saúde, educação e justiça. Por exemplo, as primeiras vacinas, matrícula em escola ou creche e auxílio social.
  • Evita risco de apatridia e buscar proteção contra violência e exploração infantil. Por exemplo, a prova de idade é necessária para ajudar a prevenir o trabalho infantil, o casamento infantil e o recrutamento de menores para as forças armadas.

De acordo com o IBGE, as informações dos municípios estão alinhadas com as elevadas estimativas de sub-registro de nascimentos ocorridos em 2022, segundo o lugar de residência da mãe de cada criança.

Os sub-registros de nascimentos correspondem ao conjunto dos eventos vitais não registrados no prazo legal previsto, uma vez que as vulnerabilidades sociais e econômicas, como gastos com transporte e a distância entre as comunidades e cartórios podem dificultar o acesso das populações ao serviço.

O Instituto estima que 756 crianças de mães residente em Alto Alegre nasceram em 2022. No entanto, 508 delas não foram registras até o 1° trimestre de 2023, gerando um sub-registro de 67,2% para a cidade.

Em Amajari, localizado ao Norte de Roraima, a estimativa para o sub-registro de nascimento foi de 65,2% em 2022. Naquele ano, 434 crianças nasceram no município, mas 283 não foram registradas em cartório.

Crianças indígenas e Roraima no ranking

Roraima é o estado brasileiro com o maior percentual de indígenas sem o registro de nascimento em cartório ou Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani), realizado em livros próprios por funcionários da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Para cada Rani, é emitido um documento correspondente, devidamente autenticado e assinado. Ele pode servir como documento para solicitar o registro civil e não substitui a certidão de nascimento.

Conforme o IBGE, nos municípios de Alto Alegre, Amajari e Uiramutã mais de 75% da população de até 5 anos que não possui certidão de nascimento é indígena. Para se ter ideia, só no Uiramutã, município proporcionalmente mais indígena do Brasil, 96,8% das crianças sem o documento são indígenas.

Em Iracema, ao Sul do estado, cerca de 27,6% das crianças de até 5 anos identificadas pelo estudo são indígenas.

Além disso, de forma geral, Roraima lidera com a menor cobertura do registro civil de nascimento no grupo de crianças de até 5 anos, entre as unidades federativas. Em 2022, o percentual do estado foi de 89,3%.

A segunda posição nesse ranking é ocupada pelo Amazonas, que teve 96%. O Amapá ficou com a terceira colocação, com percentual de 96,7%. Nos outros estados brasileiros, o percentual de crianças de até 5 anos foi superior a 98%.

Se considerar o grupo com crianças com menos de 1 ano, os três estados ainda se mantém no topo da lista. Roraima permanece na liderança, com 87,1%, mas as posições se invertem com o Amapá e o Amazonas.

Por Yara Ramalho, g1 RR — Boa Vista

Cerca de 40% da região amazônica está sob algum manejo de conservação, afirma pesquisa

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Uma equipe de pesquisadores descobriu que mais de 40% das terras na Pan-Amazônia — área que abarca nove países — estão sob alguma forma de manejo de conservação, um número significativamente maior do que os 28% indicados em registros oficiais. Essa número inclui todos os ecossistemas da região. Só na Floresta Amazônica, 62,44% das terras estão definidas como algum tipo de área de conservação.

Leia também: Pan-Amazônia: reforma agrária e sistemas nacionais de registro de terras

Para chegar a esse número, os autores olharam para além das áreas protegidas tradicionais, como parques nacionais e reservas ambientais. Eles reuniram informações de artigos científicos, documentos legais e conhecimento local para incluir terras manejadas por povos indígenas, áreas de manejo de recursos naturais mantidas por comunidades locais, regiões cobertas por programas de pagamento por serviços ecossistêmicos e até mesmo áreas de produção florestal de manejo sustentável.

Os pesquisadores dizem que este método fornece um quadro mais completo das iniciativas de conservação do que os atuais sistemas de rastreio e ajudará outros atores a avaliar a eficácia de diferentes tipos de sistemas de governança de conservação.

O estudo enfatiza o papel dos povos indígenas e das comunidades locais na conservação. Os territórios indígenas correspondem a 16% da área total da Pan-Amazônia, enquanto as áreas de conservação administradas por comunidades locais somam outros 3,5%. Grandes ganhos de conservação vêm das reservas indígenas, especialmente onde as comunidades conquistaram direitos consolidados à terra.

Reservas de uso sustentável e florestas de manejo comunitário também ocupam áreas significativas da região. Embora nem todas essas terras sejam geridas estritamente para a conservação, os autores observam sua importância para manter serviços ecossistêmicos e modos de vida sustentáveis.

No mundo todo, o estudo estima que 45% ou mais das terras pertençam tradicionalmente a povos indígenas e comunidades locais, embora nem todas essas terras estejam formalmente reconhecidas ou tenham a conservação como principal objetivo.

Os territórios indígenas da Amazônia enfrentam inúmeras e crescentes ameaças, incluindo a exploração ilegal de madeira, a mineração e a expansão agrícola. Muitas comunidades enfrentam a falta de reconhecimento legal do seu direito à terra, o que dificulta a defesa de seus territórios contra pressões externas.

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De acordo com um relatório do Projeto Monitoramento da Amazônia Andima (MAAP) de 2023, os territórios indígenas na Floresta Amazônica tiveram apenas um terço da perda de floresta primária em relação às áreas não protegidas.

Foto cedida pelo Goldman Environmental Prize

“Empoderar comunidades historicamente marginalizadas e garantir seu papel como protetores da natureza é fundamental em áreas onde faltam serviços públicos”, afirma Vilisa Morón Zambrano, bióloga da Universidade Simón Bolívar na Venezuela e coautora do estudo. Ela explica que isso dá a essas comunidades uma chance de mostrar sua importância na proteção da natureza e dos serviços ambientais para além de seus territórios.

Brooke Williams, pesquisadora e fellow da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, que não esteve envolvida no estudo, comentou sobre a importância de identificar e classificar adequadamente os diferentes tipos de esforços de conservação. Ela observa que todas as medidas de conservação baseadas em áreas devem fornecer benefícios duradouros à biodiversidade para contribuir com as metas globais.

Qin observa que, em mais de 30% das áreas que estão sob algum manejo de conservação, a Floresta Amazônica continua sob risco de desmatamento e incêndios. As mudanças climáticas exacerbam esses problemas, alterando os padrões de chuva e aumentando a frequência das secas e de incêndios que se espalham das áreas agrícolas para a floresta.

Cientistas alertam que a Amazônia está se aproximando do ponto de não-retorno, a partir do qual começaria a se transformar numa savana seca e degradada.

Dadas essas ameaças, Qin questiona se a meta global de “30×30” (proteger 30% das terras e águas do planeta até 2030) é suficiente, especialmente para ecossistemas de importância tão crucial quanto a Amazônia. Alguns especialistas pedem ainda mais proteções para a maior floresta tropical do mundo.

Foto: 350.org via Flickr (CC BY-NC-SA 2.0)

Em abril, centenas de organizações endossaram uma declaração pela proteção de 80% da Amazônia até 2050.

“Nossos dados mostram que a proteção de 80% da Amazônia é necessária e possível, mas acima de tudo, urgente. Se a atual tendência de desmatamento continuar, a Amazônia como conhecemos hoje não chegará a 2025”, informou um relatório de 2022 baseado na análise de dados de desmatamento de 1985 a 2020.

As taxas de desmatamento ilegal no Brasil caíram no último ano, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu a conter a crescente perda de florestas no Brasil. Os incêndios, contudo, estão em alta.

A coautora do estudo Clara L. Matallana-Tobón ressalta que, embora existam diversas estratégias de conservação na Amazônia, muitas precisam ser fortalecidas em termos de governança, monitoramento e financiamento.

Para fortalecer as áreas já destinadas à conservação, especialistas sugerem melhorar as estruturas de governança, aprimorar os sistemas de monitoramento da biodiversidade, aumentar o financiamento e basear as decisões de manejo em pesquisas sólidas. Há também uma forte ênfase em ampliar o envolvimento das comunidades locais nos esforços de conservação, uma vez que sua participação pode aumentar em muito a eficácia dos mesmos.

O dinheiro para proteger a natureza deve se destinar não só aos parques e reservas, dizem os autores do estudo. Eddy Mendoza, pesquisador que trabalha com conservação no Peru, defende que haja mais financiamento para diferentes tipos de áreas de conservação, especialmente para aquelas onde os moradores locais estão envolvidos.

Cada área de conservação tem seus próprios desafios e pode precisar de estratégias específicas para seu fortalecimento. O objetivo é criar áreas protegidas bem geridas que possam suportar melhor as pressões ambientais e preservar efetivamente a biodiversidade no longo prazo.

“Esperamos que esse inventário sirva como ponto de partida para o planejamento dos esforços de conservação”, diz Yifan He, uma das principais autoras do estudo, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA). “Antes de decidir onde criar novas áreas de conservação ou como priorizar recursos limitados, precisamos primeiro entender o que já existe e como essas áreas são geridas.”

Esta reportagem foi publicada originalmente pela equipe da Mongabay Global em 01/07/2024.

Luto: conheça Tuíre Kayapó, ícone da defesa dos direitos indígenas

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A liderança indígena da Terra Las Casas, Tuíre Kayapó, morreu aos 54 anos, neste sábado (10), no Pará, após lutar contra um câncer de colo de útero. A notícia foi confirmada pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Kaiapó do Pará.

Tuíre ficou conhecida em 1989, durante o 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, quando, aos 19 anos, em um ato de resistência contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, pressionou um facão contra o rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes.

Após o episódio, a imagem ganhou repercussão mundial e o projeto da hidrelétrica no Rio Xingu, inicialmente chamado de Kararaô, foi interrompido e posteriormente renomeado para Belo Monte.

Tuíre Kayapó. Foto: Mídia NINJA

A obra foi adiada 22 anos, mas a batalha indígena foi perdida, quando, em 2011, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu a licença para que a construção da usina fosse iniciada.

A Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) divulgou nota de pesar lamentando a perda e destacando o legado de luta, coragem e determinação deixado por Tuíre. “Sua passagem para outra dimensão nos deixa um vazio imenso, mas também uma responsabilidade ainda maior de continuar sua luta. Seguiremos firmes com a força e o exemplo que você nos deixou, Tuíre”, destacou.

Leia também: Povo Kayapó já foi conhecido como Kayapó do Norte e teve comunidade indígena homônima no Brasil

Nota da Funai

Tuíre Kayapó, liderança indígena. Foto: Benjamin Mast

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) expressa seu profundo pesar pelo falecimento de Tuíre Kayapó, liderança indígena, mulher cuja força e coragem marcaram a história do Brasil. Conhecida por sua defesa incansável pelos direitos dos povos indígenas e pela proteção das florestas, Tuíre se tornou um símbolo de resistência e luta por justiça, sendo precursora no protagonismo da luta das mulheres indígenas por direitos.

Sua luta, em especial contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, destacou-se como um momento fundamental pelo respeito aos direitos territoriais e culturais dos povos indígenas. O gesto de Tuíre, colocando-se diretamente diante de decisões que afetavam sua terra e seu povo, representou um ato de resistência que permanecerá para sempre na memória daqueles que lutam por justiça.

Tuíre Kayapó dedicou sua vida à proteção de seu povo e de seu território, sempre guiada pela busca por direitos e respeito aos povos indígenas. Seu legado de resistência continuará a inspirar aqueles que lutam por um Brasil mais justo para os povos indígenas.

Neste momento de dor, a Funai presta sua solidariedade à família, aos amigos e ao povo Kayapó. Que a memória de Tuíre siga viva como exemplo de luta, resiliência e perseverança na defesa dos direitos indígenas.

Terra Indígena Yanomami recebe suporte logístico da Funai para monitoramento ambiental

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A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) atua no suporte logístico para as atividades do Projeto Rede de Monitoramento Ambiental no Território Indígena Yanomami (TIY) e Alto Amazonas. O projeto é a maior iniciativa do Governo Federal de monitoramento ambiental na TIY e coordenado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

O monitoramento acontece desde novembro de 2023 para verificar a qualidade da água, sedimento e pescado na Terra Indígena Yanomami e no Alto Amazonas. O objetivo é possibilitar ações de recuperação ambiental, garantia da segurança alimentar e continuidade da geração de conhecimento sobre o território.

Saiba mais: Conheça os Yanomami: povos indígenas que vivem isolados na Floresta Amazônica

O projeto foi criado em atendimento a uma demanda de ação conjunta de diversas instituições desde a instauração da emergência causada pelos garimpos ilegais na região. O Ibama elaborou o projeto e promoveu a articulação da parceria com a Funai, a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde (MS), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Monitoramento

A coleta de amostras de água, sedimentos e pescado dos rios e cursos d’água do território indígena é realizada mensalmente em 26 pontos, com foco nas áreas mais afetadas pelos garimpos. A atividade também cobre 15 pontos nas Unidades de Conservação adjacentes: Estação Ecológica (Esec) de Maracá, Floresta Nacional (Flona) de Roraima, Esec Niquiá e Parque Nacional Serra da Mocidade.

Pesquisadores do Cetem deslocam-se via aérea, com suporte logístico da Funai, até os pontos de coleta na TI Yanomami. Dentro das Unidades de Conservação, a logística é realizada pelo ICMBio. 

As amostras coletadas são enviadas para análises laboratoriais. São elas que devem apontar a potabilidade da água, a contaminação da área por substâncias derivadas do garimpo, como o mercúrio, e a eventual contaminação do pescado da região. 

Segundo o Ibama, o conhecimento gerado a partir dessas informações vai possibilitar a adoção de medidas preventivas ou de reparação a serem implementadas nas áreas afetadas. E, com isso, melhorar a qualidade de vida dos povos do território e do meio ambiente daquela região.

A expectativa é que nesta primeira etapa sejam concluídos três ciclos de coletas em cada ponto amostral, com continuidade da ação por pelo menos mais dois anos.

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Efeitos do mercúrio

Utilizado na extração de ouro, o mercúrio, quando aplicado de forma indiscriminada e sem a devida licença dos órgãos competentes na atividade de garimpo, pode provocar efeitos sobre o sistema nervoso central, resultando em doenças neurológicas. Também pode afetar a gestação, com consequências para o feto, ou durante a amamentação, ao ser ingerido pelo recém-nascido. Na natureza, a contaminação pelo metal pode afetar o comportamento dos animais e sua capacidade reprodutiva, causando declínio das populações e perda de biodiversidade.

*Com informações da Funai

Após registros de casos, agentes de saúde são preparados para controlar Doença de Chagas no Acre

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As autoridades em saúde de Cruzeiro do Sul, interior do Acre, estão adotando medidas para controlar o foco da doença de chagas no município, após nove pessoas serem diagnosticadas com a doença na cidade.

Durante a última semana, todos os agentes de saúde da cidade participaram de uma capacitação para orientar a população sobre como se prevenir, além dos cuidados com os pacientes que apresentarem os sintomas. 

O diretor técnico da Secretaria Municipal de Saúde, Lindomar Ferreira, diz que o intuito é capacitar os profissionais da cidade. 

“A gente teve como meta e objetivo também trazer os nossos profissionais ao conhecimento e também tá capacitando e orientando pra que eles possam desenvolver um trabalho qualificado e também para as pessoas que precisam nas unidades básicas de saúde”, diz.

Saiba mais: Doença de chagas: especialista responde principais dúvidas

Higiene

O açaí é um produto extraído da floresta nativa da região e gera renda para muitas famílias que vivem da produção do alimento. Para evitar impactos na economia local, a Vigilância Sanitária do município também vai atuar para garantir a qualidade do produto. 

O técnico da Vigilância Epidemiológica do Estado, Advagner Prado, orienta que, para evitar a transmissão, é importante manter os cuidados com manipulação dos alimentos.

A coordenadora da Vigilância Sanitária de Cruzeiro do Sul afirma que os empresários que vendem o açaí serão orientados sobre as práticas de manipulação do alimento.

“Com relação ao nosso trabalho de Vigilância Sanitária, nós já estamos fazendo a busca ativa nos locais, para identificar quais são os locais que fabricam açaí. É uma parceria com os agentes de saúde, que eles vão identificar e passar os endereços pra Vigilância Sanitária, para nossa equipe ir aos locais e orientar sobre as boas práticas de manipulação”, assegura.

Agentes de saúde são preparados para lidarem com a Doença de Chagas — Foto: Rede Amazônica/Mazinho Rogério

Casos registrados

Nove pessoas foram diagnosticadas com Doença de Chagas em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, após participarem de uma festa de aniversário há cerca de um mês no bairro Miritizal. Ao todo, 14 pessoas buscaram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com sintomas da doença após a festa. Cinco casos ainda estão sob análise.

A Secretaria Municipal de Saúde suspeita que a contaminação possa ter ocorrido após as vítimas tomarem dois vinhos derivados de frutas típicas da região Amazônica: açaí e patuá.

A Vigilância Epidemiológica do município segue com os estudos para esclarecer como os pacientes foram contaminados com a doença, que é transmitida pelo barbeiro. O inseto geralmente é encontrado em palmeiras e a principal suspeita é que a contaminação tenha ocorrido por meio do consumo de açaí. 

Os pacientes passaram sentir os sintomas após o consumo do alimento que foi produzido por um morador do local. Alguns também se alimentaram com patoá, outro alimento extraído de palmeira que também é consumido na região. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum paciente evoluiu para quadros graves. Um deles já teve alta e oito ainda estão no hospital, mas podem receber alta a qualquer momento. As famílias estão mais tranquilas com a melhora do estado de saúde dos pacientes.

Na casa da doméstica Graciete Lima, dos onze filhos, três foram hospitalizados após exames atestarem que eles contraíram a doença. Ela também reclama dos sintomas e já passou por exames, mas os resultados foram negativos. 

“Tão falando que foi do açaí né, e do patoá, mas do patoá eu não tive contato com o patoá, só com o açaí. A gente comprou aí do vizinho. Todos tomaram”, comenta ela.

Doentes estão internados no Hospital Regional do Juruá — Foto: Rede Amazônica/Mazinho Rogério

Saiba mais sobre a doença de chagas AQUI

Sobre a doença

A doença de Chagas é transmitida pelo inseto conhecido como “barbeiro”. Infectado, o inseto ao picar uma pessoa sadia deposita fezes contaminadas no ferimento, permitindo a entrada do parasita Trypanosoma cruzi na corrente sanguínea. 

A transmissão pode ser via oral, por meio de alimentos contaminados pelas fezes do protozoário, devido à falta de controle de higiene e de cuidados no momento do processamento. O açaí é um dos principais meios de contaminação.

Sintomas

Na fase aguda, os principais sintomas são:

  • – dor de cabeça,
  • – febre,
  • – cansaço,
  • – edema facial e dos membros inferiores,
  • – taquicardia,
  • – palpitação e dor no peito,
  • – falta de ar.

Como os sintomas iniciais parecem com o de outras doenças, a pessoa deve procurar a unidade de saúde mais próxima para atendimento médico imediato e realizar exames. 

O diagnóstico precoce é fundamental nos casos de doença de Chagas, pois quanto mais tempo leva para o paciente iniciar o tratamento, mais danos o parasito causa no organismo, principalmente no coração e sistema digestivo.

Um paciente com suspeita da doença precisa ser logo notificado e imediatamente encaminhado para exame e início do tratamento.

O paciente com Chagas deve receber medicamento específico por dois meses e permanecer sob acompanhamento pelo período de 5 anos na atenção básica municipal e, quando necessário, por especialista cardiologista, infectologista e gastroenterologista.

Por Mazinho Rogério, Hellen Monteiro, JAC 2ª edição e g1 AC — Rio Branco*

3 espécies de peixes da Amazônia que tem um cuidado especial com os filhotes

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Você sabia que peixes podem ser “paizões”? Zelo, cuidado e proteção com a família são características essenciais daqueles que são considerados ótimos papais. Entre algumas espécies de peixes, o cuidado parental também é levado muito a sério e garante a sobrevivência da espécie na natureza. Conheça três dessas espécies, que são bem comuns na região amazônica:

Pirarucu

Gigante das águas amazônicas, é o macho do pirarucu quem cuida dos filhotes. “O pirarucu obedece ao que a gente chama de desova parcial, não realizando uma única desova no ano, porém é uma desova com menos animais. Ele cava os ninhos em lagos e em regiões com águas calmas, para que a fêmea deposite os ovos. E apresenta um cuidado parental, ou seja, é o macho que cuida dos filhos, os alevinos, até que atinjam a fase juvenil”, explica o professor Igor Hamoy, doutor em genética e biologia molecular e docente da Ufra campus Belém.

O macho fornece cuidados intensivos, que podem ser de até 3 meses e chega a guiar os filhotes em cima da cabeça, como forma de camuflagem para proteger a prole contra ataques de predadores.

Pirarucu. Foto: Kurga/Gettyimages

Gurijuba

Um pai superprotetor que carrega os filhotes na própria boca. Esse é o macho da espécie conhecida popularmente como Gurijuba. Segundo a professora Rosália Souza, docente do curso de Engenharia de Pesca da Ufra campus Belém, assim como outros peixes da família Ariidae, a Gurijuba tem baixa fecundidade e baixa fertilidade, então desenvolveu estratégias para garantir a sobrevivência.

“São peixes chamados estrategistas-k, como eles possuem poucos ovos e poucos filhotes, os machos protegem a prole na própria boca, para evitar predadores”, diz. O peixe realiza essa proteção mesmo quando larvas eclodem e se tornam alevinos, que é a fase inicial dos peixes. “Essa proteção permanece até que os alevinos atinjam um tamanho adequado”, explica a professora.

Gurijuba. Foto: Blog do pescador

Tamoatá

Nós dois e nosso ninho. Para o Tamoatá, é importante que os filhotes tenham conforto e proteção na hora de nascer.

“O tamoatá macho produz uma substância na saliva que funciona como cola. Usando disso, ele constrói o ninho, juntando cobertura vegetal, folhas e restos de galhos, e deposita os filhotes próximo à superfície da água. Lá ele fica de guarda até que as larvas eclodam”, diz a professora Rosália Souza.

Tamoatá. Foto: Blog do pescador

*Com informações da Ufra

Iepa ensina como ribeirinhos podem proteger baleias, botos e golfinhos que possam encalhar no Amapá

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O Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) realizaram reuniões e orientações de educação ambiental no dia 8 de agosto, em comunidades do Arquipélago do Bailique, em Macapá, e na Vila do Sucuriju, no município de Amapá. As ações seguem até terça-feira (13).

A ação é uma forma de conscientização para a população da região leste do Amapá, que recebe orientações importantes a respeito da proteção dos cetáceos, como baleias, botos e golfinhos, que têm aparecido encalhados com frequência.

Cláudia Funi, geógrafa do Iepa e mestre em biodiversidade tropical, disse que a ação é uma oportunidade de mostrar mais sobre as espécies à comunidade em geral.

Saiba mais: Arquipélago do Bailique

Foto: Arquivo/IEPA

A programação integra o Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos, que é uma exigência estabelecida pelo Ibama, para uma pesquisa que levanta os dados geológicos das regiões nas bacias do Pará-Maranhão e Foz do Amazonas.

Foto: Arquivo/IEPA

A equipe passa pelos locais com a programação através de embarcações que dependem da maré, por conta disso, podem haver mudanças no cronograma pré-estabelecidos.

*Por Isadora Pereira, g1 AP — Macapá

Com nível em queda, Agência Nacional de Águas decreta situação de escassez hídrica no Rio Purus

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Com o nível em queda, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de escassez hídrica no Rio Purus que, no Acre, corta os municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus.

Em decisão da diretoria colegiada, divulgada no dia 29 de julho, a agência ressaltou que a medida coloca o rio em uma lista de atenção especial para que seja intensificado o monitoramento e os esforços para a mitigação dos impactos.

De acordo com a Defesa Civil Estadual, as chuvas têm se mantido abaixo da média na região e as consequências podem ser sentidas no transporte de insumos, na produção agrícola na região, e no transporte de alunos que precisam atravessar o rio para ir à escola. Além do Purus, no Acre e Amazonas, a decisão também abrange o Rio Madeira, no Amazonas.

Foto: Reprodução/ SEMA

Conforme o boletim hídrico divulgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o Purus teve redução de sete centímetros em uma semana no município de Manoel Urbano.

Já em Santa Rosa do Purus, a queda foi de pelo menos quatro centímetros no período. Além disso, ainda segundo o levantamento, o nível do rio tem se mantido abaixo do registrado em anos anteriores.

A Sema também ressalta que o estado vive uma seca extrema, e atribui a situação ao prolongamento dos efeitos do El Niño. Com isso, o governo montou um gabinete de crise, em vigor até 31 de dezembro, para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais.

*Por Victor Lebre, g1 AC — Rio Branco

Projeto com mulheres indígenas fortalece conhecimento tradicional e protagonismo feminino nas aldeias

Em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 09 de agosto, o Programa REM MT destaca as ações do projeto ‘Jóias e Saberes da Floresta’, que realiza o fortalecimento do conhecimento tradicional e do protagonismo feminino nas aldeias

Saiba mais: Qual a origem do Dia Internacional dos Povos Indígenas?

Comprometido com pautas que valorizem e empoderem as mulheres indígenas, o programa apoia cerca de dez iniciativas voltadas para as mulheres indígenas de Mato Grosso, dentre elas, ‘Jóias e Saberes da Floresta’, que se destaca como um exemplo de valorização e preservação da cultura e dos saberes ancestrais das mulheres da região.

A execução do projeto, que é realizada especificamente por mulheres Rikbaktsa e Coordenado pela Associação Indígena das Mulheres Rikbaktsa (AIMURIK), começou a ser desenvolvido em 2022, alcançando 39 aldeias, dos territórios Erikbaktsa, Japuíra e Escondido, beneficiando em torno de 600 indígenas. 

O objetivo principal da iniciativa foi o de atuar no fortalecimento e promoção do conhecimento tradicional sobre ervas medicinais e artesanato desenvolvido pelas mulheres, fortalecer as estruturas de gestão das associações que promovem o empoderamento feminino por meio do incentivo ao desenvolvimento de práticas produtivas e culturais, buscando o fortalecimento do conhecimento tradicional, medicinal e de artesanato nos territórios.

Leia também: Isabelle Nogueira fala sobre o Dia Internacional dos povos indígenas

Mulheres Rikbaktsa participantes do projeto ‘Jóias e Saberes da Floresta’ – Foto: Programa REM MT

Para alcançar esses objetivos deste projeto, foram realizadas diversas iniciativas como a realização de três oficinas para troca de experiências sobre ervas medicinais e artesanato, cinco expedições para coleta de plantas medicinais e matéria prima para produção de artesanato, capacitação em confecção de peças artesanais, capacitação em gestão de redes sociais e aquisição de materiais e equipamentos para melhorar a infraestrutura da associação AIMURIK.

Esse é um dos 100 projetos exclusivamente para os povos indígenas apoiados pelo Programa REM MT, que tem um subprograma específico para pessoas indígenas. A participação das mulheres indígenas nas ações e projetos apoiados pelo programa é expressiva e incentivada pelo REM MT.

Conheça o REM MT

Programa REM MT é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), ao Estado de Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento. O REM MT beneficia aqueles que contribuem para manter a floresta em pé, como os agricultores familiares, pequenos e médios produtores que praticam a agropecuária sustentável, povos e comunidades tradicionais e os povos indígenas. O REM MT também realiza o fomento de iniciativas que estimulam a economia de baixo carbono e a redução do desmatamento, a fim de reduzir as emissões de CO2 no planeta. 

O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e tem como gestor financeiro o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO). 

*Com informações de REM MT

Municípios amazonenses afetados pela estiagem receberão ajuda humanitária, anuncia governador

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O governador Wilson Lima anunciou, na quinta-feira (8), ajuda para municípios do Amazonas afetados pela estiagem. Esta é a primeira parte do envio de ajuda humanitária da Operação Estiagem 2024.

O foco desta primeira remessa serão municípios e comunidades que fazem parte das calhas do Juruá, Purus e Alto Solimões, enquadrados no decreto de emergência ambiental assinado no mês de julho. 

Saiba mais: Portal Amazônia responde: o que e quais são as calhas dos rios do Amazonas?

Dentre as medidas anunciadas pelo governo do estado estão o envio de 30 mil cestas básicas, montagem de 20 micro sistemas de abastecimento, sensores de monitoramento da qualidade do ar, 70 purificadores de água e 6 mil caixas d’água de 5 mil litros.

Ainda de acordo com o governador, algumas comunidades dessas calhas já estão sendo afetadas, sendo aproximadamente 80 mil pessoas sofrendo diretamente os impactos da seca. 

No anúncio, o governador chamou atenção para os desafios de ordem ambiental, comercial e logístico neste período. Um dos pontos abordados foi a dificuldade que o estado terá para realizar as eleições deste ano.

Por Lucas Macedo – g1 Amazonas*