A extração do óleo de pracaxi é uma prática tradicional nas comunidades amazônicas. Essas comunidades extraem e vendem o óleo de pracaxi, impulsionando a renda familiar e o desenvolvimento local. No entanto, poucas conseguem acessar o mercado empresarial devido a desafios na garantia de qualidade e regularidade na oferta do produto. A maneira artesanal como é extraído esse óleo gera baixo rendimento e encontra dificuldades na comercialização em larga escala.
Para otimizar a extração do óleo e facilitar a comercialização para grandes empresas, surgiu o NegócioNova Prensa para Extração de Óleos de Sementes de Pracaxi. Apoiado pelo Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), este projeto visa fortalecer a bioeconomia das comunidades locais. A Prensa Artesanal, é uma tecnologia social desenvolvida pela Embrapa, validada e aperfeiçoada pela Startup Inova Manejo. Um dos grandes diferenciais é que ela foi planejada para ser construída de acordo com as condições e realidades da região amazônica, uma vez que não necessita de uma fonte de energia para funcionar, como no caso das prensas industriais.
“É uma tecnologia de baixo custo, até 90% mais barata do que as prensas industriais. A prensa artesanal é de fácil manutenção, pode ser construída com matéria prima local, e com as boas práticas na extração, garante excelente qualidade do óleo. O rendimento médio é de 10%, mas pode chegar a 16% em um processo otimizado, valor similar ao da prensa industrial”, explica Ediglei Gomes, engenheiro florestal e responsável técnico do projeto.
Além de aprimorar a extração do óleo, o projeto também quer fortalecer a estrutura social da comunidade, oferecendo orientações e capacitações técnicas. Esses treinamentos buscam ajudar na venda dos produtos, na gestão e na formalização legal das organizações sociais.
“As dificuldades de gestão e atos aparentemente simples como a emissão de uma nota fiscal, se tornam verdadeiros entraves à comercialização para as comunidades. Esse problema é uma realidade comum em toda a Amazônia, e contribui para o não desenvolvimento socioeconômico das famílias”, destaca Ediglei.
O pracaxizeiro, uma árvore de tamanho médio, comum nas florestas de várzea da Amazônia, produz vagens com 4 a 16 sementes, das quais se extrai um óleo valioso. Utilizado pelas comunidades locais para tratamento de feridas e hidratação capilar, devido às suas propriedades benéficas, este óleo é também aproveitado pela indústria de produtos naturais, sendo rico em ácido oleico e ácido beênico, utilizado em cosméticos, incluindo maquiagem e produtos para cabelo. O modelo de negócio de impacto socioambiental proposto no projeto, busca criar uma parceria verdadeira, visando benefícios mútuos tanto para as comunidades quanto para as organizações parceiras.
Paulo Simonetti, líder da Iniciativa de Inovação em Bioeconomia do Idesam, OSCIP que coordena o PPBio, ressalta a importância do projeto.
“O óleo de pracaxi é considerado um dos melhores da Amazônia para condicionamento capilar. Desenvolveram uma prensa hidráulica para extrair óleos de alto valor agregado, o que é estratégico para a região. Além do pracaxi, descobriram que a prensa também serve para andiroba e outras sementes oleaginosas nativas. Estamos aprimorando essa tecnologia e oferecendo assistência técnica e capacitação”.
A Inova Manejo, criada por pós-graduandos e pesquisadores do Amapá, aplica inovação na área florestal e socioambiental voltada ao mercado de forma sustentável. Ao fortalecer as comunidades extratoras e criar oportunidades de negócios sustentáveis, essa iniciativa busca contribuir para o desenvolvimento econômico da região amazônica.
A Fiocruz Amazônia esteve presente ao XXVIII Congresso Brasileiro de Nutrição (Conbran), realizado entre os dias 21 e 24 de maio, em São Paulo, fazendo um alerta para a questão do consumo de alimentos ultraprocessados por indígenas em tempos de crise climática, com impacto direto sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), no caso do Brasil, e a necessidade de políticas públicas voltadas de forma urgente para a mitigação desses problemas.
O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia e chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi), da instituição, palestrou durante o Conbran e chamou atenção para as especificidades regionais, citando como exemplo o crescente consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças indígenas Yanomami.
“O Conbran tem a finalidade de discutir diversos aspectos relacionados à questão da alimentação e da nutrição, e este ano focou nas suas consequências em termos de saúde pública. É, sem dúvida, um dos mais tradicionais e o maior evento de Nutrição da América Latina, tendo este ano como tema ‘Alimentação e Nutrição na perspectiva da integralidade das práticas do cuidado, discutindo, entre outros pontos, as repercussões da violência interpessoal, dos alimentos ultraprocessados e da discriminação sobre desfechos em alimentação e saúde”, observou Orellana.
O epidemiologista Jesem Orellana. Foto: Divulgação/Fiocruz Amazônia
A programação do evento contou com cursos pré-congresso, filmes temáticos, palestras, debates, mesas-redondas e premiações.
“Apesar de ser um congresso promovido por entidades ligadas à nutrição, sua temática central e, sobretudo, os cinco eixos temáticos estratégicos, promoveram a discussão de assuntos de interesse coletivo, tais como fome ou insegurança hídrica e alimentar em tempos de crise climática, políticas públicas de alimentação e nutrição, incluindo reflexões sobre publicidade e desperdício de alimentos”, salienta.
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O pesquisador destaca ainda a abordagem de temas relativamente recentes como expossoma (união de fatores externos e internos que impactam respostas biológicas ao longo da vida) e avanços em tecnologia e ciência de alimentos, além de temas tradicionais sobre nutrição clínica e formação profissional.
Durante a mesa-redonda no Eixo 3, o epidemiologista discutiu o consumo de alimentos ultraprocessados e o estado nutricional de crianças Yanomami menores de cinco anos.
“Foi uma experiência rica e de muita reflexão, com empolgante interação entre palestrantes e congressistas, incluindo técnicos do Ministério da Saúde, estudantes e trabalhadoras (es) do Sistema Único de Saúde (SUS). Finalmente, o Conbran não apenas fomentou críticas discussões e o compartilhamento de saberes interdisciplinares, como também oportunizou o intercâmbio de experiências acadêmicas e articulações com outros grupos de pesquisa que podem se somar aos esforços do Legepi em produzir conhecimento de ponta e alinhado às necessidades de saúde da população e usuários do SUS”, lembrou.
Professora adjunta da Área de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Emanuele Souza Marques, afirma que “falar sobre violência e suas consequências na alimentação e nutrição no Conbran é relevante, por ser uma temática negligenciada na maioria dos cursos de graduação e pós-graduação de nutrição”. E completa:
“Muitos dos problemas nutricionais atuais (obesidade, transtornos alimentares, consumo alimentar inadequado) podem ser ocasionados pela vivência de situações de violência. Entender os mecanismos envolvidos nestas relações nos possibilita avançar na elaboração de intervenções mais efetivas para minimizar tais problemas”, destacou.
A Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Sete) estima que essa movimentação no estado acreano estimula mais de 50 segmentos e fortalece a cultura, pela sua culinária, história, etnoturismo, turismo de observação e aventura. No coração da Amazônia, o Acre se destaca por sua história e, há alguns anos, hotéis também têm focado na estrutura regional para atrair mais visitantes.
Trilhas ecológicas, vivências indígenas, turismo histórico-cultural e de contemplação podem ser feitos no estado acreano. Tanta riqueza tem atraído os olhares de muita gente. No final de março, o ator espanhol Miguel Bernardeau, o Guzmán da série Elite da Netflix, foi flagrado em Cruzeiro do Sul. Segundo alguns fãs, o artista estava na região para conhecer a cultura e as tradições do local. Já no começo de agosto, ele compartilhou a experiência na Reserva Indígena Rio Gregório, do Povo Yawanawá.
Na mesma época, Fernando Fernandes, apresentador do programa No Limite, esteve por alguns dias na Aldeia Yawarãni também no Rio Gregório, na Terra Indígena Yawanawá. Fez diversas postagens em redes sociais e explicou o motivo de ter escolhido o Acre para a passagem de seu aniversário.
Foto: Reprodução/Instagram-Fernando Fernandes
“Não sou muito de comemorar aniversário, mas nesse novo ciclo senti a vontade e necessidade de buscar uma forma de comemorar que realmente fizesse sentido pro momento que estou vivendo, de renascimento. Depois de longos dois meses de recuperação do braço, onde a dúvida e o medo insistiram em me rondar, vim em busca da força da floresta para me restabelecer e confesso que estou encontrando muito mais do que vim procurar”, escreveu, aos seus mais de um milhão de seguidores.
O crescimento dessa atividade no Acre também se revela em números. Uma pesquisa do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), divulgada no início de abril, mostrou que o Acre foi o estado com maior variação no faturamento com turismo do país. Os dados mostram que o estado acreano registrou um faturamento de R$12.677, o que representa um aumento de 22,7% com relação a janeiro do ano passado. O índice ficou acima, inclusive, da média nacional, que foi de 1,5%.
Oportunidade de negócio
Incentivar as atividades de turismo é impulsionar a economia local, abrindo um leque de oportunidades. Foi pensando nisso que a servidora pública Thaly Figueiredo decidiu empreender nesse segmento e criou o Destino Acre, com o intuito de divulgar o estado acreano e facilitar o acesso aos pontos turísticos da região.
Foto: Reprodução/Instagram-Miguel Bernardeau
Para ela, os conhecimentos ancestrais constituem um dos principais pilares dessa atividade. Thaly avalia também que o avanço da tecnologia nesses locais fortalece a cadeia de informação. “O turismo é uma ferramenta de conhecimento e as tecnologias também estão nos permitindo conhecer melhor nossos povos, através da juventude que está usando a internet como microfone e dando voz a todos os povos originários, em toda a Amazônia”, destaca.
Em julho do ano passado, o governo comemorou um importante passo: a chegada da internet na comunidade do Croa, em Cruzeiro do Sul, o que faz com que as pessoas postem mais sobre o local nas redes e ajuda as pousadas e restaurantes em sua divulgação.
Todo esse material divulgado pelos próprios turistas faz com que os olhares se voltem para o Acre. Thaly destaca ainda que esses passeios movimentam não apenas a economia nas comunidades, mas também nos centros urbanos.
“Desde o ano passado tenho buscado parcerias para que a gente una as possibilidades de integrar nossas ações. Importante destacar que esses viajantes, antes de seguirem aos seus destinos ficam nas cidades e também fomentam a economia durante essa estadia. E a gente está construindo nossa referência local no turismo, com o turismo histórico, ambiental, e até mesmo lá na fronteira, tudo depende da disponibilidade do visitante”, explica.
Expedição
Na Serra do Divisor, uma das referências é o fotógrafo Marcos Vicentti, que já chegou a levar um grupo de mais de 20 pessoas de todos os cantos do país. Regularmente, Vicentti organiza expedições para que os turistas possam conhecer um dos locais que mais atraem os turistas, que é o Parque Nacional da Serra do Divisor. Ele foi um dos primeiros a explorar turisticamente o local e até hoje divulga e estimula as visitas à região.
A próxima expedição está marcada para o período de 24 a 29 de junho, quando os turistas vão poder conhecer e contemplar as belezas do lugar. “Fui um dos primeiros organizadores de expedições para o Parque Nacional da Serra do Divisor e já fiz 16 viagens levando turistas para aquele lugar. Quando comecei esse trabalho, existia apenas a pousada do Miro e hoje já temos lá três pousadas”, conta.
Foto: Tácita Muniz/Secom AC
Nessas 16 viagens, foram cerca de 800 pessoas levadas pelo fotógrafo e guia da expedição: “Essa história começou com as saídas fotográficas que fazíamos em torno de Rio Branco, que iniciei com os cursos de fotografia. Além da Serra, também já levamos turistas para o Croa e também algumas aldeias. Inclusive, fizemos uma expedição diferente no ano passado, que foi o Banho de Floresta, em que reunimos vários indígenas e fizemos todo um ritual, participamos de tudo lá no Parque Nacional da Serra do Divisor.”
Os planos são cada vez mais expandir o turismo no estado e também fora dele. Marcos pretende fazer também algumas viagens para o Monte Roraima, fortalecendo o turismo na região amazônica como um todo. Já as programações no Acre servem não apenas para turistas, mas também para o acreano que quer conhecer e entender melhor suas raízes.
“O turismo anda em crescimento, na parte do etnoturismo, turismo religioso, de aventura e de contemplação, que está sempre lado a lado com a fotografia, e nós aliamos esse produto à fotografia”, esclarece.
Para as viagens, a agência do fotógrafo, que é certificada pelo Ministério do Turismo, faz seguro viagem por segurança, caso ocorra algum incidente durante a viagem.
‘O mundo precisa conhecer o Acre’
O geógrafo e guia regional Judeilson Trindande, do Amazonas, esteve no Acre pela primeira vez em março. O destino escolhido foi justamente o Parque Nacional da Serra do Divisor. Além disso, conheceu as cidades de Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.
Judeilson conta que tem como meta conhecer todos os estados do país, mas, como é dono de agência, pretende fazer expedições a um local especial, que o encantou.
“O que mais me chamou atenção no Acre foi sua geografia, em especial a Serra do Divisor, com suas belas cachoeiras, a força do Rio Moa e as pessoas, com sua energia”, pontua. E finaliza seu relato dizendo que conhecer o estado acreano foi a realização de um sonho: “O mundo precisa conhecer o Acre.”
Quem embarcou nessa aventura também foi o casal Dennis Hyde e Letícia Alves. O economista e a psicóloga paulistanos têm um projeto de conhecer os 75 parques nacionais e, claro, a Serra do Divisor entrou em seu cronograma.
Viajando de carro, os dois saíram de Porto Velho até Rio Branco, onde seguiram pela BR-364 até Mâncio Lima, no interior do estado. De lá, são ainda cerca de nove horas de barco até chegar ao pé da Serra.
“Há algum tempo, a gente tem se comunicado com o pessoal do Destino Acre e também com o da Pousada do Miro, que a gente tomou conhecimento por outros viajantes que já tinham vindo visitar a Serra do Divisor. A gente então foi conversando com eles para entender como seriam os guias e como eram as pousadas e achamos tudo muito organizado, porque eles já têm tudo”, diz Dennis.
Sobre as impressões da Serra, o economista fala que ficaram as melhores possíveis. “O Parque Nacional da Serra do Divisor é um lugar muito completo em termos de um destino na Amazônia, principalmente. É um destino aonde você pode ir e fazer trilhas mais longas ou ir simplesmente às cachoeiras sem ter que caminhar muito; existem essas possibilidades. Você pode subir o mirante e ter a vista ali da floresta, você navega também pelos rios, tem bastante observação de fauna, principalmente de primatas”, pontua.
Foto: Pedro Devani/Secom AC
Eles também chegaram a ver a ave rara, choca-do-acre, que é uma espécie endêmica do Parque Nacional da Serra do Divisor. Além disso, Dennis destacou que pôde conhecer um pouco da história do Acre, o que enriqueceu ainda mais a viagem. “Foi muito bacana saber que os acreanos lutaram, batalharam para se tornar brasileiros. Ter o conhecimento disso foi extremamente positivo.”
O casal ainda tem outros 12 parques para conhecer, mas já planeja voltar ao Acre. “Foi muito gostoso, é um lugar maravilhoso para você estar, relaxar, conhecer as histórias e se relacionar com a natureza. Com certeza é um lugar aonde a gente quer voltar. E sim, a gente vai indicar muito, é um parque que tem muita estrutura, já pronta para que os visitantes possam vir e ficar com conforto, isso não é uma característica que tem em todos os parques nacionais, então os acreanos são privilegiados de ter essa infraestrutura pronta”, reforça.
O economista destacou ainda que os atrativos do parque são completos, desde as trilhas, até a subida no mirante e também o caminho até a Cachoeira Formosa, que fica a quatro horas de distância das pousadas. Nesse passeio em específico, orienta-se os visitantes a dormir em acampamento para aproveitar melhor o local.
“Ali a gente teve oportunidade não só de dormir na Pousada do Miro, que já traz essa visão, você já tem uma outra vibração, silêncio, sons da natureza, mas a gente também ficou num acampamento selvagem perto da Cachoeira Formosa, que é muito bacana”, conta Dennis.
Sobre a culinária, diz que aprovou todos os pratos, mas que pôde conhecer o verdadeiro sabor do açaí. Isso, segundo ele, foi o que mais marcou no quesito alimentação. Bem-humorado, ele revela que mudou sua relação com o açaí de São Paulo.
“Quando a gente estava lá na comunidade, a gente comeu açaí, bacaba e patuá. Nós, vindos de São Paulo, temos uma outra visão do que é o açaí. A gente já tinha aprendido aqui na Região Norte que o açaí é uma outra coisa. O açaí é servido como polpa, é comido de uma outra forma, uma delícia. A gente não sabe como é que a gente vai fazer quando a gente voltar pra São Paulo e servirem pra gente aquilo que a gente costumava chamar de açaí. Então, esses sabores da mata não são só incríveis, mas eles são super-ricos em nutrientes”, analisa.
Todas as impressões da viagem serão postadas nas redes sociais do casal, que mantém um e-book com os destinos e a particularidade de cada parque.
Dez vezes na Serra
Mas não são apenas os de fora que se encantam com as belezas do estado. Ana Paula Jansen é servidora pública e fotógrafa e já esteve dez vezes no Parque Nacional da Serra do Divisor, acompanhando as expedições lideradas por Marcos Vicentti. Ela diz que é costume descobrir e conhecer rotas turísticas do estado e que essa curiosidade partiu do seu seio familiar.
“Quando criança, meus avós maternos e meus pais costumavam passar finais de semana em áreas fora da cidade. Eram vilas, fazendas, colônias, sítios e até margens de estradas onde se pudesse acampar, pescar, se banhar em rios, açudes e igarapés. A cada final de semana, nós, crianças, íamos descobrindo as belezas e encantos dos lugares ao redor de Rio Branco. A cada lugar visitado, eu descobria coisas novas e diferentes daquilo que tínhamos na cidade. Eram os hábitos dos locais, as belezas naturais, a comida e tantas outras coisas que, aliadas a outro hábito familiar, que era a leitura, me fizeram ver que mesmo dentro de nosso estado havia belezas e experiências que poderiam ser aproveitadas”, conta.
Com 18 anos, Ana passou a ser servidora pública e aos 19 começou a trabalhar na área ambiental, o que a fez conhecer todo o estado. “Conheci não apenas os municípios, mas também seringais e aldeias, desbravando florestas, navegando nossos rios e conhecendo pessoas e modos de vida encantadores. E assim nasceu meu gosto pelo turismo. Acredito que o Acre tem muito a ser conhecido e entendido, não só por pessoas de fora do estado e do Brasil, mas também pelo próprio acreano que, em grande medida, não acredita no potencial turístico que temos”, disse.
Entre os anos de 2016 e 2023, Ana Paula foi dez vezes ao Parque Nacional da Serra do Divisor. E revela que esse é seu destino preferido, não só pela energia que sente da floresta, mas também das pessoas.
“É um lugar de uma beleza sem igual. Uma natureza exuberante, cheia de magia e encantos. Sem contar que encontramos pessoas maravilhosas. Gente simples, porém, de grande sabedoria. Dentre tantas experiências maravilhosas que eu já vivi na Serra do Divisor, umas das coisas mais marcantes é ter presenciado a superação de limitações de condições físicas de alguns visitantes, na caminhada de 15 km dentro floresta, para conhecer umas da cachoeiras mais lindas da Serra, que é a Formosa.”
Guia e incentivos
Diante de tantos pontos turísticos que uma iniciativa do setor de Produção Cultural da Diretoria de Arte, Cultura e Integração Comunitária (Dacic), que integra a Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Universidade Federal do Acre (Ufac), produziu um guia de turismo e cultural do Acre, que pode ser baixado gratuitamente na internet. O documento traz informações importantes de hotelaria, pontos turísticos e outros detalhes para que as pessoas possam conhecer mais o estado.
As áreas de turismo, mesmo sendo de responsabilidade federal, recebem apoio do Estado, por meio da Secretaria de Turismo e Empreendedorismo (Sete), que nos últimos anos tem focado em ações de fomentação dessa atividade na região.
Foto: Marcos Vicenti/Secom AC
Para 2024, o Planejamento Plurianual (PPA) contempla diversas ações, como capacitação para aprimorar a prestação dos serviços turísticos do trade (bares, restaurantes, meios de hospedagem, agências de viagens e receptivo, guias e condutores, entre outros) e das comunidades indígenas que atuam com festivais e vivências consolidadas. “Faremos aquisição de equipamento de proteção individual [EPI], como coletes salva-vidas e perneiras, para uso dos turistas, bem como de uniformes com proteção UVA para barqueiros e condutores que prestam serviços turísticos e passam o dia ao sol. Esses equipamentos promovem a segurança da atividade, reduzindo o risco de acidentes e doenças oriundas de insolação”, explica o secretário da pasta, Marcelo Messias.
Outra medida importante da Sete foi a criação e divulgação, de forma inédita, do calendário de atividades do estado, que é atualizado anualmente. Este ano, 23 festivais indígenas foram listados, o que deve fortalecer ainda mais o número de visitantes e criar um ambiente de negócios mais atrativo.
“Pretendemos melhorar a infraestrutura básica dos atrativos turísticos das comunidades e em aldeias indígenas. Já temos alguns projetos em andamento nesse sentido, como, por exemplo, a ampliação de todas as cozinhas das pousadas localizadas na Serra do Divisor e no Croa, o projeto de reforma do Mirante da Serra, a substituição, aos barqueiros que levam os turistas no Croa, de motores a diesel por motores elétricos, fazendo com que diminua o impacto ambiental que esse combustível causa sendo jogado no rio”, planeja.
O secretário também relata que tem trabalhado com o incentivo e apoio aos 12 municípios que integram o Mapa do Turismo Brasileiro na renovação do cadastro e para implantar o Programa de Regionalização do Turismo nos demais municípios acreanos que ainda não fazem parte do catálogo e que têm produtos turísticos para oferecer ao mercado.
Foto: Marcos Vicentti/Secom AC
“Todas essas iniciativas estão voltadas para melhorar a qualidade da oferta dos produtos e serviços turísticos, aumentar o fluxo de visitantes e incentivar a geração de emprego e renda para a população. Temos feito esforços com esse objetivo. Sabemos que qualquer forma de desenvolvimento econômico requer um trabalho consistente e dinâmico para trazer benefícios para toda a população, e esse é um setor capaz de promover a aceleração econômica e incremento nas áreas social, cultural e ambiental em nosso estado. Estamos trabalhando para que o Acre seja um destino autêntico e de qualidade no cenário nacional e internacional.”
A diretora de Turismo e Empreendedorismo da Sete, Sirlânia Venturin, esclarece que a atividade turística possibilita estimular mais de 52 segmentos e toda uma cadeia produtiva, com destaque para os segmentos de hospedagem, alimentos, agências de viagens, promoção de eventos, operadoras turísticas, entretenimentos e outros, como o de transportes.
“Ao promover o Acre como destino turístico, o governo estimula o desenvolvimento de diversos setores econômicos no estado. Por meio da Sete, o governo tem atuado na promoção de feiras e eventos, divulgação em meios de comunicação, melhoria da infraestrutura turística, capacitação dos prestadores de serviços turísticos, apoio a festivais indígenas, entrega de EPIs e criação do calendário de eventos turísticos, entre outras ações voltadas a melhorar a qualidade da oferta dos produtos e serviços turísticos”, diz.
Sirlânia lembra ainda que esse fluxo faz com que gire dinheiro no mercado local e, consequentemente, impacta diretamente a economia do estado:
“Os visitantes e turistas contribuem significativamente para a economia local, gerando receita por meio do turismo, incluindo gastos em hospedagem, alimentação, transporte e compras de souvenirs, entre outros. Além disso, o turismo ajuda a promover a cultura e os recursos naturais únicos do Acre, incentivando a preservação ambiental e a valorização do patrimônio histórico da região. Também pode impulsionar o desenvolvimento de infraestrutura turística e criar oportunidades de emprego para os residentes locais”.
Quer conhecer o Acre?
Para quem ficou curioso, alguns perfis podem ajudar a conhecer e programar diversos tours pelas belezas acreanas. Confira a lista:
A Amazônia, com sua vasta biodiversidade e diversidade de paisagens, guarda não apenas segredos naturais, mas também preciosidades arquitetônicas que revelam a inventividade e a história do povo amazônida. Em meio à floresta, é possível encontrar verdadeiros tesouros históricos, que variam desde antigas construções pré-colombianas até cidades industriais abandonadas.
Vamos começar pelo Stonehenge brasileiro? Para começar, o que é o Stonehenge? Localizado na Inglaterra, no condado de Wiltshire, está o Stonehenge: uma estrutura composta, formada por círculos concêntricos de pedras, que chegam a ter 5 metros de altura e a pesar quase 50 toneladas.
Pois bem. O Amapá possui a sua própria versão do Stonehenge. No Parque Arqueológico do Solstício existe 127 rochas com mais de 4 metros foram organizadas em formato circular em um raio de 30 metros intriga pesquisadores
O sítio arqueológico popularmente conhecido como ‘Stonehenge da Amazônia’, é um conjunto de grandes rochas de granito fincadas no solo em formato circular. Ao todo, 127 rochas com mais de 4 metros foram erguidas em um raio de 30 metros.
De acordo com as pesquisas, as pedras maciças foram organizadas por mãos humanas, às margens do igarapé Rego Grande, na área rural da cidade de Calçoene, a 374 km da capital, Macapá. As estruturas estão localizadas dentro do Parque Arqueológico do Solstício e o acesso é feito pelo ramal que liga a sede do município à Vila do Cunani, percorrendo cerca de 30 km.
A história e os motivos pela construção do megálito ainda são desconhecidas, os indícios encontrados por pesquisadores são de que ele foi construído por indígenas há cerca de 1000 anos antes de Cristo, para observação astronômica e rituais.
O município de Natividade (distante a 200 quilômetros de Palmas) remonta às origens do Estado do Tocantins e ao ciclo do ouro, quando os bandeirantes enfrentaram a resistência dos indígenas Xavantes e ocuparam a Região Norte de Goiás, entre 1724 e 1734, dando origem ao primeiro povoamento do Estado.
As relações entre colonizadores, escravos, mineiros, sertanistas, missionários e criadores de gado resultaram no sítio histórico reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Nacional. O casario com cerca de 250 prédios coloniais e igrejas preservadas, entre ruas estreitas e muros de pedra construídos por escravos, guardam a memória do Tocantins.
O projeto nasceu de um sonho do empresário norte-americano Henry Ford em criar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia, transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo. Ele surgiu através do empresário Henry Ford que comprou uma área de terras às margens do Rio Tapajós.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o projeto ‘Fordlândia’ conseguiu a concessão do Estado do Pará, por meio do governador Dionísio Bentes, e aprovada pela Assembleia Legislativa em 20 de setembro de 1927.
O projeto teve início e uma estrutura nunca antes montada em toda a região foi dando vida à futura cidade modelo. Hospitais, escolas, casas no estilo americano, mercearias, portos próximos à praia foram construídos para abrigar as famílias de todos os empregados que estavam trabalhando no projeto.
Em cinco anos, o projeto ganhou dimensões incomuns para a região naquela época: campos de atletismo, lojas, prédios de recreação, clube de sinuca e cinema. De 1938 a 1940, Belterra viveu o seu período áureo e foi considerado o maior produtor individual de seringa do mundo.
No entanto, o final da segundo Guerra Mundial, a morte do filho de Henry Ford, a grande incidência de doenças nos seringais e, principalmente, a descoberta da borracha sintética na Malásia foram fulminantes para a decadência do projeto em Belterra.
A Águas de Manaus concluiu, por volta das 16h desta segunda-feira (27), uma manutenção emergencial localizada na rua Henrique Archer Pinto, bairro de Santa Luzia, na zona Sul de Manaus. O abastecimento de água tratada em dez regiões da zona Sul de Manaus, que foi interrompido para que a manutenção ocorresse com segurança, já está em normalização. A previsão é que até o fim da noite desta segunda, a área esteja com o serviço de água completamente recuperado.
Uma força-tarefa envolvendo mais de 50 pessoas foi montada para atuar na manutenção da tubulação de grande porte, na Santa Luzia. Com isso, foi possível realizar o serviço, atender os moradores impactados e liberar a via em menos de 24 horas.
As equipes atuaram no serviço desde os primeiros momentos após a ocorrência, na noite de domingo (26). Equipes da empresa visitaram todas as residências impactadas pelo vazamento, para prestar apoio e assistência. Além disso, foram deslocados ao local equipamentos como retroescavadeiras, tratores e caminhão-pipa.
De acordo com o gerente de Operações da concessionária, Lineu Machado, a pronta resposta reforça o comprometimento da empresa em solucionar qualquer tipo de situação emergencial que venha ocorrer.
“Em um curto espaço de tempo mobilizamos nossos profissionais para atenderam a esta ocorrência de alta complexidade. Iniciamos o trabalho logo na sequência do sinistro e seguimos até a conclusão, na tarde desta segunda-feira, sem interrupção. Neste tempo também disponibilizamos carros-pipa para atender os moradores”, destaca.
Morador do bairro Santa Luzia há mais de 50 anos, o líder comunitário, Glaucinei Serpa, reforçou a rápida resposta apresentada pela concessionária. “Na mesma hora em que soube desta situação, fiz um vídeo e enviei para empresa. Logo em seguida fomos atendidos. A equipe da Águas de Manaus foi muito atenciosa, conversou com cada morador e se prontificou em ressarcir os prejuízos causados por este vazamento. É muito importante quando uma empresa vem, ouve a população e dá soluções”, disse o morador.
A concessionária segue à disposição da população nos canais oficiais 0800 092 0195 (SAC e WhatsApp), site www.aguasdemanaus.com.br e aplicativo Águas App.
O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) lançou uma plataforma para disponibilizar os dados abertos do Inventário Florestal Nacional (IFN). Além das informações em formato de planilha, a nova plataforma inclui painéis interativos que permitem filtrar as informações referentes ao levantamento biofísico, botânico e socioambiental do IFN. Os dados estão disponíveis pelo Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF).
Participaram da abertura do evento, o diretor-geral do SFB, Garo Batmanian, a secretária-executiva adjunta do MMA, Anna Flávia Franco, a secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, Rita Mesquita, os presidentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, e o diretor de Pesquisa Científica do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Leonardo Salgado.
O diretor-geral do SFB ressaltou a importância da nova plataforma para ampliar o acesso à informação. “Informação que não é compartilhada é como informação que não existe e as pessoas não usam”, disse. “É como uma biblioteca com a porta fechada, ninguém lê os livros, então, é como se eles não existissem”. Batmanian acrescentou que o IFN é resultado de uma ampla articulação, envolvendo servidores, pesquisadores, professores, profissionais de campo e organismos internacionais e nacionais que financiam as atividades do IFN.
Anna Flávia Franco disse que o MMA possui cerca de 154 conjuntos de dados ambientais disponíveis em formato aberto e padronizados para fácil análise e reutilização pela sociedade. Nesse contexto, segundo ela, o IFN é um dos bancos de dados mais importantes nesse processo porque apresenta dados coletados em todo o País. “Temos quase 60% do território nacional coberto por florestas. A informação do IFN tem uma relevância muito grande sobre a ótica da representatividade nacional, inclusive para o planejamento territorial brasileiro”.
Para a secretária Rita Mesquita, o nível de refinamento da base de informações do IFN vai permitir “ampliar as camadas de informação que existem ainda de forma um pouco incipiente, em especial, o mapeamento dos ecossistemas brasileiros”. Com isso, ela avalia que o País terá um importante instrumento para amparar as decisões e escolhas relativas ao manejo, conservação e restauração vegetação nativa.
O presidente do Ibama destacou a importância dos resultados do IFN para iniciativas de restauração florestal realizadas pelo órgão. Já o presidente do ICMBio citou que as informações serão fundamentais no processo de definição de novas áreas de proteção. “Precisamos realizar estudos sobre aspectos sociais, econômicos, territoriais e da biodiversidade. Essas informações são extremamente valiosas tanto para o processo de criação de unidades de conservação, como também para sua implementação e recuperação”, explicou Pires.
O representante do JBRJ enfatizou a importância do IFN para a botânica brasileira, para a estruturação de herbários e capacitação dos profissionais. “Essa parceria entre o JBRJ e o SFB, por meio do Inventário Florestal Nacional, permitiu, inclusive, a estruturação de outros programas bastante relevantes, como o programa Reflora e o catálogo da flora e fauna do Brasil”, mencionou Salgado.
O Brasil tem 4,96 milhões de km2 de florestas, o que representa praticamente 60% de todo o território nacional. A rica biodiversidade do nosso País, que é o maior em área de florestas tropicais do mundo, tem grande importância social, econômica e ambiental para os brasileiros e o resto do mundo.
Diante disso, o Inventário Florestal Nacional é a ferramenta que mantém informações estratégicas sobre os recursos florestais naturais e plantados. Com metodologia única de coleta de dados para todos os biomas, o IFN busca coletar, analisar e divulgar não só dados qualitativos e quantitativos das florestas, como também das comunidades que vivem nos arredores. O objetivo é orientar políticas públicas, investimentos e atividades na área florestal, além de também incentivar a pesquisa científica.
Balanço
Mais de 125 mil amostras botânicas já foram coletadas em mais de 10 mil pontos amostrais distribuídos a cada 20 km em um total de 19 unidades da federação, alcançando quase 60% do território nacional. Mais de 900 mil árvores foram mensuradas e catalogadas, 8,4 mil espécies identificadas e 13 novas espécies confirmadas. Mais de 38 mil pessoas foram entrevistadas nas comunidades que vivem nessas regiões.
Em relação aos biomas, 100% do Pampa foi inventariado, 71% da Caatinga, 78% do Cerrado e 58% da Mata Atlântica. Na Amazônia, os trabalhos já foram realizados em 44% do bioma. O próximo a ser inventariado é o Pantanal.
Atualmente, o IFN é apoiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Instituto Interamericano de Cooperação para Agricultura (IICA), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), por meio do Fundo Amazônia, e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Seja pelo smartphone ou por um computador, um estudante EAD está sempre conectado. Imagem: Divulgação/Freepik
Nos últimos anos, uma nova forma de aprender tem conquistado cada vez mais espaço: o ensino a distância, que ao invés de frequentar uma sala de aula tradicional, os estudantes podem aprender de casa, usando seus computadores ou até mesmo seus celulares.
Apesar de se falar bastante sobre o EAD nos últimos anos, ele existe há algumas décadas com os chamados cursos por correspondência. Inicialmente, o ensino a distância era feito por materiais didáticos recebidos via correios, em seguida veio a televisão de conteúdo educacional até evoluir ao que conhecemos.
Democratização do ensino
Com o avanço da internet nos anos 2000, o ensino a distância mudou bastante, passando agora a utilizar a internet para realização das aulas, incluindo o acesso de materiais e realização de avaliações. Então, em vez do aluno ir a uma sala de aula, no ensino a distância, as aulas acontecem online, usando sites ou aplicativos. No Brasil, a educação a distância se tornou popular porque torna o acesso ao ensino superior mais democratizado, ou seja, quem anteriormente não possuía disponibilidade de ir a aulas presenciais, agora, poderá assistir de casa, e assim conseguir uma formação superior.
Desafios de conexão para o EAD
Apesar de ter sido criado com o instituto de ser um facilitador de ensino, o EAD ainda necessita de alguns requisitos para ser bem aplicado. Por exemplo, o estudante precisa de um smartphone ou preferencialmente um computador para assistir às aulas e conseguir realizar os exercícios.
Uma internet de qualidade também é um requisito essencial, afinal, uma conexão instável pode deixar as atividades inacessíveis, atrasar a entrega de trabalhos e impossibilitar o acompanhamento das aulas remotas. Por isso, a Vellon, um dos maiores provedores de internet do estado do Pará, se preocupa em sempre entregar uma conexão rápida e estável para seus clientes. Com cobertura em grande parte do estado, possui atendimento humanizado 24h por dia.
Além de velocidade e estabilidade já conhecida por seus usuários, possui aplicativos exclusivos como Ubook Go e OléTV, que servem de um enorme complemento aos estudos diários.
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O desmatamento na Amazônia e o aumento de áreas agrícolas têm diminuído a capacidade da floresta de oferecer benefícios à população, como produtividade da terra e melhor qualidade do clima, do ar e da água. Em artigo publicado nesta segunda-feira (27) na revista científica ‘Ambiente & Sociedade’, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Universidade Federal do Pará (UFPA) estimam que, em 36 anos, houve uma perda de cerca de R$ 10 bilhões em serviços ecossistêmicos na região da bacia do Gurupi, leste da Amazônia, devido ao aumento de áreas de plantio de soja. O valor foi corrigido para o ano corrente.
O grupo quantificou perdas econômicas geradas pelo desmatamento de 1985 a 2021 na bacia do Gurupi, que fica entre os estados do Pará e do Maranhão. O cálculo foi feito a partir de levantamento de uso de terras na área de 35 mil quilômetros quadrados, usando a base de dados MapBiomas, que mantém um registro anual de mudanças da região desde 1984.
Para facilitar o trabalho, os pesquisadores classificaram o uso da terra em cinco categorias: florestas, formações naturais não florestais, agricultura, áreas sem vegetação e região de águas. A valoração dos serviços ecossistêmicos foi feita a partir de base de dados global que mapeia a economia dos ecossistemas e da biodiversidade. Foram selecionados 210 valores para 15 tipos de serviços ecossistêmicos.
A partir do cruzamento de dados levantados, os pesquisadores observaram que, em 36 anos, houve perda de 25% de área florestal e aumento de 92% de áreas agrícolas. O plantio de soja corresponde a 84% do terreno destinado à agricultura na região.
“Toda essa produção vai para exportação, pois a soja não alimenta pessoas”, comenta Ima Vieira, coautora do estudo e pesquisadora do Museu Goeldi.
De acordo com a especialista, a redução do plantio de produtos voltados para a alimentação humana provocado pelo aumento de áreas de soja pode aumentar o risco de insegurança alimentar na região, além de prejudicar o ecossistema. “Todo esse plantio enfraquece as funções dos ecossistemas naturais, como a regulação do clima, a qualidade da água e a polinização, que são serviços importantes prestados pela floresta. Se a área de floresta é reduzida, esses serviços também se reduzem”, explica.
A maior parte da produção agrícola no Pará, segundo os autores do artigo, depende de serviços ecossistêmicos como a polinização – e, por isso, é considerado um serviço valioso. Além da vida humana, outras espécies de animais podem ser ameaçadas pelas mudanças no uso da terra na região, assim como a regulação do clima.
Os pesquisadores esperam que esse tipo de estudo de valoração dos serviços ecossistêmicos possa ser útil não apenas para informar a população e os tomadores de decisão, mas também possa mobilizar políticas públicas de conservação e estímulo a atividades econômicas mais aderentes à manutenção biodiversidade dos biomas tropicais. “Comunidades locais, como as populações quilombolas que vivem na região do Gurupi, podem se beneficiar de políticas nacionais de pagamentos por serviços ambientais”, comenta Vieira, salientando que incentivos financeiros podem promover atividades produtivas mais sustentáveis e com maior capacidade de geração de benefícios econômicos e socias às comunidades.
Após a publicação do artigo, que fez parte da tese de doutorado da pesquisadora Fabiana da Silva Pereira no Programa de Ciências Ambientais, parceria entre o Museu Goeldi, a UFPA e a Embrapa, o grupo está trabalhando em pesquisas qualitativas sobre a percepção dos, quilombolas, sobre as mudanças do uso da terra e dos serviços ecossistêmicos e as ameaças aos seus territórios.
*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori
O pescador esportivo Fábio Baca entrou para a lista da ‘Brazilian Game Fish Association‘ (BGFA) ao pescar o maior peixe surubim lenha já registrado no Brasil. A pescaria recordista aconteceu no início do mês de maio de 2024 no rio Madeiraem Porto Velho (RO).
A BGFA é uma entidade que realiza a criação de regras e critérios técnicos para homologação de recordes de peixes no Brasil, em duas modalidades e diversas categorias, desde que as espécies sejam capturados por meio da prática da pesca esportiva.
O peixe da espécie “surubim lenha ou chicote” (Sorubimichthys planiceps) capturada por Fábio tem 1 metro e 8 centímetros. O animal foi catalogada pela BGFA como recorde brasileiro na categoria “absoluto masculino” pelo seu comprimento.
Fábio Baca, que é pescador esportiva há cerca de 30 anos, conta que geralmente utiliza iscas artificiais, mas no dia em que capturou o surubim recordista, usava uma “tuvira” (peixe de água doce). O pescador estava a bordo de um caiaque em um ponto de grande correnteza no rio Madeira.
“Os surubins gostam de regiões com bastante correnteza. Eu estava em um caiaque e em uma área de muita correnteza no rio Madeira. Quando vi o peixe, fiquei impressionado, pois para a espécie, esse tamanho é considerado muito grande”, explica.
De acordo com o pescador, cada espécie de peixe tem um limite de tamanho e o surubim chamou a atenção devido ao seu comprimento, que é o máximo que um peixe dessa espécie pode atingir.
Foto: Fábio Baco/Arquivo Pessoal
Como é feita a medição do peixe?
Fábio Baca explica que para comprovar o recorde é necessário realizar a medição da espécie com uma régua fornecida pela BGFA em um local plano e medir o peixe vivo. Todos os momentos precisam ser filmados para comprovar a medição.
As partes medidas vão desde a boca do peixe até o meio do rabo (o restante da cauda não entra na medição). Depois disso, é necessário filmar também a soltura do peixe, pois, para ser homologado, o animal precisa ser devolvido ao habitat natural.
“Fiquei muito feliz em ter esse reconhecimento. Tenho outras espécies com as quais poderia bater recordes, mas como a medição exige um processo e eu pesco geralmente sozinho, às vezes não consigo medir. Não basta você pegar o peixe, você precisa medir da forma adequada”, conta.
Outros registros
No inicio do ano Fábio Baca conseguiu, pela quinta vez, uma façanha que muitos pescadores sonham: fisgar um pirarucu com mais de dois metros e 130 quilos. A pescaria aconteceu em Jaci-Paraná, distrito de Porto Velho.
Mas, essa não foi a primeira pescaria de grandes emoções que Fábio participou. Em maio de 2023, uma “briga” com um pirarucu gigante foi responsável por uma vara de pescar quebrada, boca machucada e muito cansaço.
A pescaria esportiva é a paixão de Baca e ele intercala com a profissão de procurador federal em Rondônia. Natural do Espírito Santo, Fábio começou na pescar esportiva com o pai e há mais de 30 anos se aventura pelos rios de RO.
Os registros das pescarias são feitas em seu canal no Youtube, que surgiu como uma plataforma para registrar o hobby e cresceu até se tornar o maior canal de pesca do Brasil. Um de seus vídeos possui mais de 14 milhões de visualizações.
O Plano Nacional de Mineração 2030 (PNM − 2030), lançado em maio de 2011 pelo Ministério de Minas e Energia (MME), tem por objetivo “servir como referência para o planejamento do setor mineral nos próximos 20 anos, integrado às políticas ambientais e industriais, com o objetivo comum de promover o desenvolvimento sustentável do Brasil”. Em síntese, representa mais uma etapa das atribuições do governo brasileiro voltadas à formulação de políticas e planejamento dos setores energético e mineral. Nesse sentido, o PNM-2030 apresenta diretrizes gerais para as áreas de geologia, recursos minerais, mineração e transformação mineral, inclusive metalurgia.
Segundo o Plano, os bens minerais formam a base do padrão de consumo e da qualidade de vida da sociedade moderna. O Brasil, salienta, é um importante produtor mundial de minérios; contudo, seu consumo per capita encontra-se entre 15% e 30% dos países que já lograram atingir níveis mais elevados de desenvolvimento. A assimetria, salienta o documento, se reproduz internamente devido à baixa demanda das regiões Norte e Nordeste. Assim, o Plano prevê “elevar o consumo interno per capita de produtos de base mineral tendo em vista aproximar-se da média mundial, até 2015, e triplicar no horizonte 2030, atingindo um patamar próximo ao de países desenvolvidos, com o país alcançando um PIB per capita superior a US$ 20 mil, associado a uma melhor distribuição de renda”.
O setor mineral, compreendido pelas etapas geologia, mineração e transformação mineral, é base para diversas cadeias produtivas. O Brasil destaca-se internacionalmente como produtor de nióbio, minério de ferro, bauxita, manganês e vários outros bens minerais. No processo de elaboração de cenários e definição de visão de futuro, o PNM 2030 atém-se a uma perspectiva integrada do setor mineral, destacando-se a importância da agregação de valor e uma melhor distribuição dos benefícios que as cadeias produtivas do setor possibilitam. Além do mais, o Plano sustenta-se na pressuposição segundo a qual “a inserção regional dos grandes empreendimentos ganha agenda pública, favorecendo a costura de novos pactos de atuação do setor levando em conta o que a sociedade pensa a respeito e quais as perspectivas de estados e municípios sobre o futuro do setor”.
No tocante aos investimentos previstos no PNM-2030 sobre pesquisa mineral, mineração e transformação mineral (metalurgia e não-metálicos), quase todos oriundos da iniciativa privada, deverão totalizar US$350 bilhões, considerando, adicionalmente, os gastos com infraestrutura e logística. Em decorrência do aumento da produção, avalia o MME, “o número de empregos também crescerá, multiplicando-se por três vezes nas próximas duas décadas. Cabe notar que a transformação mineral é a que gera o maior quantitativo de empregos”.
Dentre os objetivos básicos do Plano Nacional de Mineração − 2030 destacam-se dois por sua essencialidade: a) governança pública para a consolidação do novo marco regulatório do setor mineral, com a criação do Conselho Nacional de Política Mineral, mudanças no modelo de outorga e a criação da Agência Nacional de Mineração (ANM), além de revisão da política para a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (os royalties da mineração), e b) ampliação do conhecimento geológico, com metas e escalas diferentes, 100% do território nacional deverá estar mapeado.
Quanto aos investimentos, deverão contemplar atividades relacionadas aos segmentos de geofísica, geoquímica, geodiversidade e recursos hídricos. O grande problema está no distanciamento da coleta de resultados do setor, hoje em níveis muito distantes do padrão mundial. Presentemente, o governo Federal atribuiu-se metas de curtíssimo prazo circunscritas basicamente à destruição de balsas e equipamentos de mineração na Amazônia. Medidas objetivas para o crescimento do setor ainda aguardam a chuva passar.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).