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QUIZ: Desafie seus conhecimentos sobre o Festival Folclórico de Parintins

Junho é o mês em que os bois-bumbás Caprichoso e Garantido entram na arena do Bumbódromo para uma das maiores manifestações culturais do mundo: o Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas.

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A tradição mais forte do Festival é a rivalidade histórica dos dois bumbás, que começou no início do século XX e se reflete até nas cores.

Agora, o Portal Amazônia quer saber: você conhece de fato o Festival Folclórico de Parintins?

Saiba quais são as lendas, mitos e rituais levados ao bumbódromo no 57° Festival Folclórico de Parintins

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A cultura amazônida em plena exaltação é encontrada no Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. Para cada ano, lendas, mitos e rituais indígenas são escolhidas e apresentadas ao público, relevando a riqueza ancestral da Região Norte.

Para 2024 não poderia ser diferente. Aliás, alguma diferenças são apresentadas pelos bois-bumbás Caprichoso e Garantido este ano, como a participação de representantes dos povos originários. Confira o que é apresentado ao público na 57ª edição da festa:

CAPRICHOSO

1ª noite – 28 de junho

Lenda amazônica: A dona da noite

“A cultura é uma expressão de várias vozes, guardadas no tempo pela sabedoria que vai se transmitindo de geração a geração”, assim explica Gilvana Borari, mulher indígena do Conselho de Artes do Boi Caprichoso.

Reconhecemos nossa raiz entrelaçada à oralidade dos povos originários. A cobra grande é um elemento onipresente no imaginário local, raiz de uma cultura intricada com o meio ambiente, em que ser humano e natureza formam uma unidade. A lenda amazônica é uma história que ilustra a cultura dos povos da Amazônia, inserida no contexto do Boi de Parintins. Nesta primeira noite, ela emoldura nossa ancestralidade por intermédio de uma narrativa indígena, remetendo-nos à raiz do saber dos povos da floresta.

A noite, com suas mil estrelas, símbolo do Boi Caprichoso, durante muito tempo, não existia na terra. Escondida no fundo do rio, ela dormia no Reino da Cobra Grande. Ninguém sabia de sua existência. Naquele tempo, de dias ensolarados, muitos animais ainda não existiam e tudo o mais falava com os seres humanos, como as pedras e as plantas.

Um dia, a filha da Cobra Grande, Inhambu, uma mulher que habitava no rio escuro, abandonou seu reino e foi viver na floresta. Lá, conhecera Tacunha, líder do povo tupi e, com ele, decidiu se casar. Após o casamento, Tacunha chamou a esposa para a sua rede, mas a Filha da Cobra Grande se recusou e disse que só iria deitar-se com ele caso trouxesse a noite, que Tacunha desconhecia, mas que estaria dentro do caroço de tucumã guardado pela Cobra Grande, a poderosa Boiuna, mãe de Inhambu.

Tacunha atendeu o pedido de sua amada e partiu para o Reino da Serpente. Ao receber o caroço da grande Boiuna, Tacunha retornou para sua aldeia, porém num ato de desobediência, a curiosidade de saber o que tinha dentro do caroço tomou conta dele e de outros guerreiros, fazendo que abrissem o caroço proibido e libertassem o manto escuro da noite.

A escuridão invadiu toda a mata cobrindo rios e árvores: uma gigantesca esfera luminosa, a lua, emergiu no céu ladeada por inúmeras estrelas. Assim, todas as coisas da floresta foram se metamorfoseando – cestos trançados em onças pretas e pintadas, troncos e pedras em pássaros, como o gavião, galo da serra, socó, araras, tucanos, colibris e outros bichos, como camaleões e lagartos, que embelezaram a vida e transfiguraram a raiz cultural de nosso povo.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

Encontro cerimonial: Muaritisawá, o renascer de Abya Ayla

Continuando nossos saberes que entrelaçam gentes e lutas, mais um momento de dança cerimonial dos originários da terra se inicia no solo sagrado Caprichoso. O retorno e a defesa das ancestralidades têm nas mulheres indígenas da Amazônia a sua maior força e expressão. Os tambores rufam, tocam e sibilam; são elas, com tacapes, bordunas, flechas, incensos e pinturas, uma multidão de corpos em um só corpo e espírito, em defesa de seus territórios.

Muatirisawá é palavra de origem indígena que significa união. E é pelo conceito de união que as mátrias ameríndias cantam e dançam. Abya Ayla e Pachamama se unem nas mesmas dores, unindo os continentes de uma ponta a outra para resistir às opressões do colonialismo, do patriarcado e do capitalismo. Cantar e dançar para o sagrado, para que se complete o ciclo de trocas. Pegar algo sem deixar nada no lugar é usurpação. Por isso, nossos povos indígenas, unidos, retribuem todo o afeto de Abya Ayla renascida, entregando seus corpos em movimento para Pachamama se sentir agraciada por vidas felizes que de seu ventre saíram.

Na tradição de lutas, as mulheres se conectam aos deuses e às deusas, em movimentos sincopados e com destreza. Aliás, a Amazônia tem muitas mães, mães-guerreiras, Ceucis e Nhanderequecis, que se reconhecem enquanto povo ao ouvirem o ecoar do tambor. “Chega meu povo que a dança começou!”, dizem elas. “E nossa dança é guerra!”. Eis o prenúncio para a chegada de nossas tuxauas.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

Momento coreográfico: Bicho folharal, o espírito da luta dos povos-floresta

“Os entes são nossos exemplos e são eles que nos orientam e nos ensinam”, diz Ira Maragua, tuxaua do Boi Caprichoso.

Os personagens dos mitos são os seres sobrenaturais e a Amazônia é o território sagrado onde ainda existe unidade entre o pensamento e a vida, o imaginário e o fazer diário, o sonho e a realidade. O Bicho Folharal é um dos representantes das entidades encantadas que guardam a Amazônia, raiz da luta pelo território que herdamos de nossas matrizes indígenas.

Aliás, uma raiz que fortemente adentra o solo e dele se nutre: aprendemos com as culturas dos gentes-floresta a sermos nós também vários “Bichos Folharais”, guerreando sem parar contra toda ganância predatória que sobre nosso solo, regado de cuidado por nosso povo, possa se abater pelo Capital que não vê nada além do lucro. Antes de entrar na floresta, peça licença!

O Bicho Folharal é um dos seres mais fantásticos do imaginário popular da Amazônia. Em todas as suas representações, costuma ser uma entidade protetora que afugenta os invasores e destruidores dos rios e das florestas. Seu corpo é coberto de folhas e galhos, suas pernas são troncos e cipós, seus olhos lampejam luzes fumegantes que assustam e cegam os gananciosos inimigos da floresta. Camuflado, ele se aproxima sem ser notado e pune severamente madeireiros, garimpeiros e quaisquer outros que ousem retirar da floresta mais do que o necessário para sobreviver.

Camuflados em folhas, bichos e mimetismos outros, vamos, cada um a seu modo, tentando unir forças com o guardião do nosso hábitat, obviamente, tendo em vista que opressões estruturais só podem ser efetivamente combatidas por respostas coletivas.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

Ritual indígena: Rito de transcendência Yanomami – Mothokari, a fúria do sol

Em sua estada em Parintins, a convite do Boi Caprichoso, Davi Kopenawa Yanomami nos contou que recebeu o nome “Kopenawa” em referência à bravura do espírito da “vespa” que o acompanha em suas viagens ritualísticas.

Com sua voz rouca, o guardião da floresta nos ensinou que, ao inalar a yãkoana, a sua alma deixou o corpo e, pela primeira vez, voou ao peito do céu onde contemplou as faces iluminadas dos Xapiris e pôde ver o que acontecerá com o futuro do seu povo e da sua amada Hutukara, se a ação predatória da floresta não for contida.

Esse relato está contido também na obra ‘A queda do céu’, escrita em parceria com o etnólogo francês Bruce Albert. Na leitura artística do Festival de Parintins, recriaremos, na criatividade dos artistas do Boi Caprichoso, o ritual de transcendência Yanomami, em que o pajé, por meio do xamanismo de cantos, danças e o inalar do paricá, lutará contra a fera de fogo Mothokari.

O ser Sol desce do céu, libertado pela fragilidade de sua casca que a cada dia aumenta, em consequência das atividades do garimpo, derrubada de árvores, da mineração desenfreada e outras tantas profanações que acometem a terra. Mothokari se aproxima de Hutukara para devorar os humanos, deixados, por seu calor, cansados e doentes, como o próprio David Kopenawa nos ensina em ímpar figura de linguagem: “como se fossem macacos moqueados”.

O pajé, unido de outros Xamãs, incorpora o espírito de vespa para juntos travarem a grande batalha, aplacando a fúria de Mothokari que se apazigua diminuindo um pouco mais do calor que assola todo o nosso planeta.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

2ª noite – 29 de junho

Lenda amazônica: O engeramento de Chico Patuá, um herói da resistência popular

“Até hoje, quando nós passamos pela frente de certas comunidades ribeirinhas, muitos correm para dentro de suas casas com medo. São lembranças da violência das milícias legalistas da época da Cabanagem” – Prof. Dra. Iolete Ribeiro, pesquisadora da Universidade Federal do Amazonas.

Neste momento, iremos narrar o fruto da memória dos remanescentes do maior levante popular brasileiro, ocorrido na região do Grão-Pará, no Período Regencial: a Cabanagem.

Os antigos contam que entre as forças rebeldes, formadas majoritariamente por negros, indígenas, mestiços e demais camadas empobrecidas da população, surgiram muitos heróis representantes do levante popular, os quais, juntos de companheiros de luta, resistiram às forças legalistas e escreveram suas histórias para sempre nas memórias das pessoas, especialmente as elites econômicas brasileiras que passaram a temer outras revoltas nos moldes cabanos.

Assim é a história de Chico Patuá, um herói do povo protegido pelo sagrado patuá, um amuleto herdado de sua avó indígena. Descendente de pessoas escravizadas, criado sem saber quem era o seu pai e após passar por muitos infortúnios, Chico teve seu corpo fechado ainda criança. Com a morte da mãe, foi criado pela avó, que a ele ensinou o segredo das ervas e modos de obter domínio sobre as forças e entes da natureza. Durante a Revolução, Chico liderou um grupo para permanecerem na luta pela liberdade.

Camuflado pela escuridão da noite, Chico despistava seu antagonista, o impiedoso Dom Rodrigo, figura controversa que serviu aos interesses dos legalistas, os quais não hesitaram em perdoar seus crimes, desde que o vilão trouxesse o lendário Chico Patuá para ser exemplarmente punido. Enquanto isso, temido por uns e venerado por outros tantos que se alimentavam e se inspiravam com as suas conquistas que eram contadas ao longo dos beiradões de rio, o lendário Chico Patuá crescia e se fortalecia.

Mas qual era o segredo de Chico Patuá para resistir a tudo isso? O amuleto protegia o corpo do herói que seguia sua empreitada, que se engerava em bicho durante os combates e conseguia aliados entre os encantados da floresta. Chico poderia virar pássaro negro, onça, sucuri, morcego, aparecendo em um canto e reaparecendo em outro.

O movimento cabano pereceu, mas Chico Patuá não. Seu último segredo, após derrotar o assassino Dom Rodrigo, foi sumir na derradeira batalha junto de sua companheira. Hoje nos perguntamos: para onde foi o temido Chico Patuá? Sumiu nas águas escuras do rio? Incorporou-se em Andirá para nunca mais voltar? Somente de uma coisa temos certeza: o seu legado permanece vivo na tradição do povo da Amazônia.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

Ritual indígena: Rito de transcendência Marubo

O povo indígena Marubo reside ao sudoeste do Amazonas, no alto curso dos rios Curuçá e Ituí, na Terra Indígena Vale do Javari. Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), os Marubo possuem uma cosmogonia complexa: acreditam que o cosmos é formado por várias camadas celestiais e a origem de todas as coisas está nas formas da natureza.

As narrativas dessa ritualística cosmogonia Marubo são feitas de forma cantada pelo Romeyá ou Xamã. Devido à quantidade de detalhes, estes cânticos são ensinados para as crianças desde cedo. É na oralidade que se encontram os fundamentos do nosso ritual, a viagem cósmica do herói mítico Vimi Peya. O velho Romeyá aspirou rapé, tomou ayahuasca e cantou os iniki.

Vimi Peya adquiriu todo o conhecimento Marubo em sua viagem ao mundo das águas. Encantado por duas mulheres-peixe Machin Mashe e Machin Rani que o levaram para o seu mundo tornandose suas esposas, desta forma, permaneceu no fundo do rio aprendendo os segredos dos kenes das águas.

Em noite de escuridão, o grande Vimi Peya, xamã Marubo, chamado pelas águas e sacralizado pelo ayahuasca, teve o corpo transformado em gigantesco animal nas margens do rio, para nele imergir e ressurgir como sacaca. Em suas visões transcendentes, rasteja com os bichos e vê revelado o segredo da maloca profunda.

Cabe a ele trazer do fundo essa aldeia erguida, por ser a morada dos espíritos, com suas falanges de jacarés regendo a transmutação humana. Desnudem o ritual pelo olhar transcendente do grande Vimy Peia, o pajé Marubo.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

3ª noite – 30 de junho

Lenda amazônica: Do cataclismo Macurap ao reflorestar da vida

O narrador indígena Buraini Andere Macurap nos conta sobre o cataclismo criado pelos irmãos Nambuê e Beüd, do Povo Macurap.

Em noite de lua, o xamã Macurap previu em seu transe que uma gigantesca alagação aconteceria: era Beüd que desceria dos céus ladeado por borboletas negras, trazendo muitas chuvas. Na pajelança, o xamã foi alertado por Nambuê que ainda existiria uma esperança para seu povo.

Nambuê avisou que se deveria pegar um curumim e uma cunhantã, animais de todas as espécies e sementes de todas as árvores e frutas, juntar tudo e colocar dentro do oco da maior samaumeira de todas, aquela nascida no cimo da colina. Assim foi feito.

Após o transe, o xamã e seu povo recolheram as crianças, bichos e sementes, colocando dentro da grande samaumeira. A árvore foi fechada com cera de abelha e logo foram ouvidos os primeiros trovões que anunciavam a dolorosa alagação. Muitos dias difíceis se passaram.

Quando não mais se ouvia barulho do lado de fora da samaumeira, eclodiu o grasnar de uma arara: era o canto da arara juba e sua plumária amarela, anunciando dias melhores a caminho.

O curumim e a cunhantã saíram da grande samaumeira libertando todos os animais e replantando um jardim de esperança e de uma nova consciência para a vida. A terra-vida torna-se plena, verdadeira, equilibrada, perfeita. É batizada pelos Macurap de Kaleá. Os Macurap, por meio da narrativa aqui desenvolvida, alertam que Kaleá precisa ser cuidada constantemente. Infelizmente, hoje ela está de novo adoecida pela ganância humana

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

Ritual indígena: Rito de cura da terra – Awa Guajá, o esperançar da floresta

“O tempo é agora, o futuro não demora. A ganância é a corda que nos enforca”.

Quanto tempo nos resta? Para esmiuçarmos essas reflexões do reflorestar das consciências, recorremos ao povo indígena Awa Guajá. Para os Awa Guajá, sem a caça, o mel e a água terrena, a vida fenece. O desequilíbrio ecológico é também um desequilíbrio cósmico, pois os karawara, como chamam as entidades com as quais mantêm contato no universo extrafísico, vêm para a aldeia em busca de alimentos. O fim da vida pode ser trazido pelo desmatamento e degradação do ambiente, viralizando penúria, dor e lamento.

Longe de serem fatalistas, os Awa Guajá lutam pela floresta de pé, pois o mundo dos espíritos está em consonância com o mundo dos Awa. Neste rito, caminhamos para finalizar a noite com a esperança da estrela, ecoando a mensagem da continuidade da fauna, da flora e dos seres humanos. Inclusive, para os Awa Guajá, cantar é um aspecto central, praticando o jã paryhy (cantar bonito), que implica cantar forte. Oferecemos aos karawara as oferendas para que a floresta nunca pereça, tal qual nossos irmãos e irmãs Awa Guajá o fazem em seu rito festivo e de esperança.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Caprichoso 2024

GARANTIDO

1ª noite – 28 de junho

Lenda Amazônica: Noçokem

Contam os sábios Sateré-Mawé que antes havia somente uma pedra e nela desenhos de todos os seres que viriam a ganhar vida: plantas, animais e humanos.

O mundo e tudo que nele vive se originou neste local sagrado, o Noçokem, localizado no coração da floresta amazônica. Sucede que, quando essa pedra se movimentou, a Cordilheira dos Andes se ergueu e deu início a um mundo novo: a floresta encantada surgiu e o tempo passou a ser regido pelos poderes de Onhiamuaçabê, a criadora do mundo Sateré-Mawé.

Mas, Onhiamuaabê, seduzida pela luz, engravidou de uma cobra e, que gerou fúria nos seus irmãos Ocuamatô e Icuaman, que a expulsaram da floresta. Quando Onhiamuaçabê deu à luz ao seu curumim, os tios odiosos o mataram. Onhiamuaçabê em prantos, recolhe o corpo do filho, plantou o olho direito na terra amarela e, assim, nasceu o çapó, o verdadeiro guaraná.

As outras partes do corpo ela enterrou nas cabeceiras do rio Marau. Dele brotaram todos os animais que hoje habitam a floresta. O último ser a sair da cova foi o próprio filho de Onhiamuaçabê. O curumim ressuscitou, dando origem ao povo Sateré-Mawé. O amor no coração de Onhiamuaçabê fez a humanidade nascer e crescer na floresta encantada do Noçokem.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

Ritual Indígena: Transcendência Kanamari

No tempo mítico Kanamari, o Céu Antigo, Kodoh Kidak, desabou, mas logo surgiu um Céu Novo, o Kodoh Aboawa. É dentro do Kodoh Naki que vivem os Kohana e a maioria das almas dos mortos. Na visão Kanamari, o mundo é delimitado pelo jaguar onipresente, um dyohko.

O poder sobrenatural deste ser é capaz de equilibrar forças contrárias, afastar pessoas sinistras e espíritos imprestáveis, os adyab, curar enfermos, e conduzir os mortos ao bom céu. Quando flechas invisíveis enfeitiçadas atingem os Kanamari, doenças e mortes os atormentam, a alma dos mortos apavora os vivos. Os adyab, para os Kanamari, são a personificação dos coronéis de barranco do tempo da borracha e dos garimpeiros invasores de hoje.

Só o pajé, com seus poderes superiores, pode neutralizar e vencer as forças maléficas que afligem seu povo. Por isso, é que ele viaja para outros mundos, de onde lança ventos de um novo alvorecer, que afastam as doenças e os fantasmas das malocas Kanamari. A cura da terra virá com força do coração do jaguar, no ritual de transcendência Kanamari.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

2ª noite – 29 de junho

Lenda Amazônica: As icamiabas

Em 1542, os anhangás kariwas liderados pelo espanhol Francisco Orellana, desceram o Grande Rio. E, aqui, na região de Tupinambarana, na foz do rio Nhamundá, foram confrontados e derrotados pela força, habilidade e inteligência das belas cunhãs Ycamiabas, lideradas por Ikonori. O padre Gaspar de Carvajal, escriba da expedição de Orellana, as definiu como as Amazonas.

No imaginário de nossa gente, essa história, passada de geração a geração, fala sobre mulheres guerreiras, cujo valor moral maior é a liberdade! Montadas em bichos das matas e do fundo do rio, “ingerandas” de poder sobre-humano, surpreendem o inimigo por terra e água.

Suas flechas e lanças certeiras não deixam alternativa ao invasor que, derrotado, o que lhe resta é fugir. Para celebrar a mais bela representação da fibra e coragem da mulher amazônica, o Garantido apresenta a Lenda das Amazonas.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

Ritual Indígena: Huni-Kuin

O mundo vive em constante ameaça e suscetível a transformações. Para o povo Huni Kuin, as doenças, os inimigos e as catástrofes naturais são manifestações da força maléfica de Nawa.

Quando forças do mal permeiam a vida, o pajé Huni Kuin viaja para desenhar um mundo sem males. A chacrona em seus olhos abrirá sua visão; ingerado em jiboia ele é possuído pelo saber superior ancestral. Ayahuasca é servida e ele viaja em busca do Yuxibu, o pai do desenho verdadeiro.

Então, pajé Huni Kuin chega um espaço sobrenatural, canta com os espíritos e, juntos, redesenham o mundo. A jiboia se transforma em onça e devora todo o mal. A ganância cai, a ambição desmedida se desfaz. Em seu ritual, os Huni Kuim mostram que um mundo sem males é possível.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

3ª noite – 30 de junho

Lenda Amazônica: Uirapurú

O uirapuru é uma ave majestosa da nossa fauna. Seu cantar é tão belo e singular que faz o imaginário amazônico fluir em inúmeras histórias encantadas. Em cada lugar da Amazônia sempre há alguma testemunha do canto afetuoso que deixa em êxtase os demais animais da floresta.

Contam os antigos Sateré-Mawé que, quando o rio Andirá não existia, suas malocas estavam longe do Tapajós, o rio mais próximo. Por isso, os indígenas precisavam caminhar horas e até dias para alcançar o único rio, onde eles pescavam, se banhavam e contemplavam as suas águas verdes.

Certo dia, o guerreiro Wassiri, o grande amor da cunhã Yaci, em caminhada pela floresta, foi enfeitiçado pela cobra jararaca e se perdeu na mata para sempre. Yaci em prantos caiu em tristeza profunda! De suas lágrimas nasceu o rio Andirá, e para lá o povo Sateré-mawé foi morar.

Compadecido com o sofrimento de Yaci, Tupã a transformou no uirapuru, o pássaro cujo canto expressa o verdadeiro amor.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

Momento Folclórico: Yara e o Boto

O curral do Boi Garantido é na beira do rio Amazonas e, temos orgulho de ser perreché. Nossos vaqueiros são varzeiros da fé em Nossa Senhora e do respeitam os encantados do fundo do rio, a Yara e o Boto são seres dessa convivência no habitat do Boi do povão.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

Ritual indígena: Jeroki Kaiowá

Para o povo Guarani Kaiowá, o sol é o segredo da vida, fonte de toda ternura que traz leveza aos corações, a força vital que sustenta todos os seres. Pa’i Kuara, o pajé ancestral, ser celestial e criador do universo, é o próprio sol.

Se o sol se for para sempre o caos se instalará, a vida na terra desaparecerá. Para que o Deus Sol, não se vá para sempre, todas as noites os Guarani Kaiowá realizam o ritual Jeroki.

Assim, ainda quando o sol está vermelhando no poente começam os preparos, os Kaiowá se adornam com jeguaka, cocares, colares, pinturas corporais, juntam os instrumentos musicais (mimby, mbaraka, tapuaku) na Oga Gusu, maloca que é templo e casa do Pajé.

O Pajé com a ajuda dos espíritos se movimento em gestos de limpar o caminho e limpar os corpos dos participantes. Jeroki é um ritual xamanístico cotidiano que religa os Guarani Kaiowá ao Pa’i Kuara, sua função é o equilíbrio do cosmos, a garantia da vida. Mas para chegar à aldeia divina e ancestral onde pa’i kuara faz morada, é preciso percorrer o jeguaka, a trilha do relâmpago, um caminho sobrenatural repleto de feras e seres malignos.

Uma luz espiritual ilumina o pajé, dando-lhe sabedoria e força, revitalizando os corpos, trazendo ternura, paz e vigor para os enfretamentos do dia-a-dia. Para o Deus Sol, os humanos são como pássaros, e os alerta para terem força e lutarem pelos seus territórios invadidos e devastados pelo homem branco.

O ritual jeroki Guarani kaiowá faz o mundo girar, é certeza que após a noite o dia virá, a perpetuação da vida pelo ato de cantar. Com o ritual Jeroki o equilíbrio do cosmos está garantido.

Imagem: Reprodução/Revista oficial Boi Garantido 2024

Parintins para o mundo ver: 4 documentários que retratam o Festival dos bois-bumbás

O Festival Folclórico de Parintins, realizado na cidade homônima no Amazonas, é um dos eventos culturais mais importantes e emblemáticos do Brasil. Celebrado anualmente no final de junho, o festival é conhecido por sua competição entre os bois-bumbás Garantido e Caprichoso, que disputam a preferência do público em apresentações grandiosas de música, dança e arte.

Em função da sua importância cultural, vários registros tem sido realizados no decorrer dos anos, gerando documentários sobre o Festival que oferecem um vislumbre detalhado e emocionante desse espetáculo, explorando suas raízes históricas, culturais e a paixão que move seus participantes. Confira:

‘Parintins – Jungle Magic’

‘Parintins – Jungle Magic‘ é um documentário de 71 minutos que aborda os aspectos técnicos, artísticos, musicais e principalmente humanos da preparação e a realização do Festival de Parintins. Foi filmado no Amazonas entre abril e junho de 2004.

Onde assistir? Prime Vídeo e Looke

Mestres da toada

Gênero musical dos bumbás Garantido e Caprichoso no Amazonas, a toada dita o ritmo do Festival Folclórico de Parintins. O processo de composição das letras e da música é mostrado em ‘Mestres da Toada’, documentário sobre o grupo Toada de Roda.

Oito artistas foram entrevistados, entre eles Raimundo Azevedo, conhecido como ‘Rei’, do Boi Caprichoso, responsável por introduzir a chamada e o berrante para o personagem amo do boi. Outro é JP Galeto, neto de Lindolfo Monteverde, fundador do Boi Garantido, mestre que mantém o som do atabaque presente nas toadas de boi bumbá.

O projeto foi contemplado no Prêmio Amazonas Criativo, por meio da Lei Aldir Blanc, com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC), e a Prefeitura de Parintins.

Onde assistir? Facebook

A Vida de Raimundo Muniz no Festival de Parintins

O documentário ‘A Vida de Raimundo Muniz no Festival de Parintins’ conta a história deste personagem que foi um dos principais idealizadores da festa folclórica que hoje é reconhecida internacionalmente, e em 2018, tornou-se Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Ao longo de aproximadamente 25 minutos, são ouvidos familiares, historiadores e amigos de Raimundo Muniz, além de torcedores dos bois, que ajudam a contar a sua trajetória na gênese da festa de Garantido e Caprichoso e a dimensão que o festival tomou ao longo dos anos.

Onde assistir? YouTube

O Festival é a vida do povo que vive

O documentário surgiu diante em um período inédito no Mundo e também para a cidade de Parintins no Amazonas. A Pandemia (Covid-19) esta destruindo os sonhos de pessoas que trabalharam o ano inteiro para realizar o Festival de Parintins 2020.

A produção segue as pessoas de grande importância para o maior evento folclórico do Mundo acontecer. São famílias que sobrevivem desse festival, muitas tem nele como o motivo da sua profissão e sua única fonte de renda.

O documentário reúne quem está por trás dessa festa grandiosa que movimenta Parintins de abril a julho e ultrapassa fronteiras para todo o Brasil e Exterior.

Onde assistir? YouTube

Fricassê com tambaqui: chef de Roraima regionaliza prato de origem francesa

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Você gosta de fricassê? Uma chef de Roraima decidiu regionalizar o tradicional prato francês. A culinária regional despertou na chef roraimense Rita Werner a vontade de recriar pratos famosos usando ingredientes locais.

Um deles é o fricassê de tambaqui, uma releitura do tradicional prato francês com frango, agora feito com o peixe nativo da Amazônia. “Como em Roraima o tambaqui é muito consumido, decidi recriar a receita usando o peixe nativo”, destaca.

A receita também aproveita o período junino e incorpora milho fresco para dar sabor ao molho branco que compõe o alimento. Anote os ingredientes e o preparo:

Foto: Ronny Alcântara/Rede Amazônica RR

Ingredientes para o recheio

500 g de filé de tambaqui moído
50 g de alho
100 g de cebola picada
100 g de pimentão
50 g de pimenta de cheiro
50 g de tomate picado
100 g de alho poró
50 g de azeitona
20ml de azeite
25 ml de óleo de coco
1 colher de sopa de corante

Foto: Ronny Alcântara/Rede Amazônica RR

Ingredientes do molho

1 l de leite
300 ml de leite de coco
150 g de milho em lata
150 g milho fresco
100 g de manteiga
100 g de farinha de trigo
1 caixa de creme de leite
1 pote de requeijão

Para finalização

Queijo Mussarela
Batata palha

Modo de preparo

Molho

A receita começa com o preparo do molho branco. No liquidificador é necessário bater o leite, milho e o leite de coco. Após isso, a mistura deve ser levada ao fogo, apenas para aquecer.

Em uma panela coloque a manteiga e frite a cebola. Deixe a cebola ficar dourada e coloque aos poucos a farinha de trigo. Mexa bem até o trigo incorporar na manteiga.

Após isso, é hora de colocar o leite batido com milho (que estava no fogo). Essa etapa exige paciência, a mistura precisa ser colocada aos poucos e haja braço para mexer sem parar. Essa etapa de cozimento do creme dura em média 10 minutos. Quando estiver consistente, é preciso baixar o fogo para então adicionar o requeijão. Mexa bem e desligue.

Para finalizar coloque a caixinha de creme de leite. Mexe, mexe, mexe e está pronto o molho. Reserve.

Recheio

Agora inicie o preparo do recheio. Em uma frigideira grande coloque o azeite e o óleo de coco. Depois de aquecer, coloque o alho e a cebola para refogar. Em seguida, adicione aos poucos a pimenta de cheiro, a azeitona, o corante e, por fim, coloque o ingrediente principal: o tambaqui moído. Refogue por 5 a 10 minutos e coloque o alho poró.

Acerte o sal a gosto. Por último, adicione o tomate. Deixe refogar mais um pouco e apague o fogo. Para finalizar coloque cheiro verde a gosto. Recheio pronto!

Montagem e forno

Em uma travessa de vidro (refratário) coloque uma camada de molho branco e uma camada de recheio. Repita esse processo até completar a travessa. Para finalizar, cubra a última camada com queijo mussarela e leve ao forno por 10 minutos ou até o queijo derreter.

Depois, retire do forno e finalize com batata palha. Está pronto o fricassê de tambaqui.

Dica da chef: Rita Werner sugere que fricassê de tambaqui seja servido com arroz ou farofa.

*Por Raquel Maia, da Rede Amazônica RR

Futuro da Amazônia brasileira é discutido na 9ª edição do Brazil Forum UK

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Promover os direitos sociais dos povos indígenas é quebrar paradigmas colonialistas e compreender a relação que eles sempre tiveram com seus territórios em termos de cuidado, conhecimento tradicional e manejo sustentável. E, por isso mesmo, fortalecer a presença do Estado com tratamento específico e diferenciado em segurança pública contra invasores e garantia da gestão territorial e ambiental pelos próprios indígenas.

Foi o que defendeu a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, ao participar como painelista da 9ª edição do Brazil Forum UK, realizado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, na última semana. O tema desta edição foi ‘O Futuro é brasileiro’.

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 Foto: Lohana Chaves/Funai.

“O futuro também é indígena e eu espero que os povos indígenas sejam incluídos nesse futuro, porque nós temos a dimensão dos problemas que hoje afetam tanto a humanidade em todo o mundo, é preciso incluir essa diversidade cultural em termos de políticas públicas e de planejamento administrativo em municípios e estados e em nível nacional porque os indígenas têm a resposta do que querem e do que precisam para proteger e continuar protegendo esses territórios”, afirmou a presidenta da Funai.

A presidenta da Funai participou do painel ‘Como Salvar a Amazônia? A Relação entre Violência e Desmatamento’, ao lado do delegado de Polícia Federal Humberto Freire, diretor da Amazônia e Meio Ambiente da PF, e Ilona Szabó, presidente e co-fundadora do Instituto Igarapé. O mediador foi Victor Veras, membro do comitê organizador do Brazil Forum UK 2024.

“ O Governo Federal vem reconstruindo a política indigenista em diálogo com os povos indígenas”, declarou Joenia Wapichana.

A discussão abordou a segurança pública no bioma e como a crescente criminalidade acarreta não apenas graves consequências ambientais, mas também contribui para um quadro maior de insegurança para as comunidades locais e está ligada ao crime transnacional.

Segurança na Amazônia

O delegado da PF Humberto Freire apresentou ações e planos que a Polícia Federal tem implementado e irá colocar em prática para a segurança na Amazônia, a exemplo da pactuação de operações policiais integradas com outras forças de segurança e instituições parceiras, desde janeiro de 2023, como as que vem ocorrendo na Terra Indígena Yanomami. 

“A gente já reduziu a atuação do garimpo ilegal em mais de 85%. Ainda temos desafios importantes lá, mas já conseguimos essa expressiva redução inicial”, anunciou.

Entre outras ações, também foi apresentada no painel a estruturação do ‘Plano Amazônia: Segurança e Soberania – Plano Amas’, instituído pelo Decreto nº 11.614/2023. O plano prevê uma estrutura de governança que envolve todos os níveis de governo. Foi feito um programa estratégico de segurança pública para a Amazônia, produzido em conjunto com as forças de segurança dos nove estados da Amazônia Legal. 

“A gente já reduziu a atuação do garimpo ilegal em mais de 85% na Terra Indígena Yanomami’, disse Humberto Freire, diretor da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal.

A partir desse instrumento foram construídos nove planos táticos integrados de segurança pública para a região amazônica, seguindo as diretrizes do programa estratégico e que servem de base para o desenvolvimento de planos operacionais para ações conjuntas. Além de orientar as operações e os planos operacionais, o Plano Amas também orienta as demandas por investimentos.

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Foto: Lohana Chaves/Funai.

Proteção de terras indígenas

Para Joenia, garantir a segurança na Amazônia passa pela divulgação de informações sobre os direitos que os povos indígenas têm à educação, saúde, segurança, cidadania, entre outros, para que não vivam à margem da sociedade como foram colocados por muito tempo.

“Esses e outros fatores aumentam a violência em diversas regiões, porque os criminosos se aproveitam desse esvaziamento em relação ao acesso a direitos sociais para entrar nos territórios indígenas, fragilizando, inclusive, a própria organização social dos povos indígenas”, relacionou.

A presidenta da Funai argumentou que é nesse contexto que entra a presença do Estado para defender os territórios e, assim, possibilitar que os indígenas continuem com a sua cultura fortalecida, tenham seus próprios sistemas respeitados e que a premissa básica, prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), seja cumprida: a construção coletiva a partir do diálogo adequado com os povos indígenas, respeitando a consulta prévia, livre e informada.

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Foto: Lohana Chaves/Funai.

É dessa maneira que o Governo Federal vem reconstruindo, há um ano e meio, a política indigenista. Além dessa diretriz, a Funai se pauta pela intersetorialidade da política com os órgãos de segurança pública e pelo que é disposto na Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (PNGATI). Atualmente, a PNGATI está vigente por força do Decreto nº 7.747/2012, mas há uma proposta legislativa tramitando no Congresso Nacional para virar lei. 

Segundo Joenia Wapichana, a PNGATI responde à necessidade tanto de proteção dos territórios, que inclui uma série de órgãos e suas responsabilidades, como também do direito dos povos indígenas e sua salvaguarda e se coloca como estratégia de enfrentamento às mudanças climáticas e de gestão territorial e ambiental. 

Brazil Forum UK 

Tradicionalmente realizado na Universidade de Oxford, o fórum reúne 29 painelistas ao longo de dois dias, distribuídos em diversos países com painéis temáticos. O evento é organizado por estudantes brasileiros do Reino Unido com o objetivo de discutir temas que impulsionem mudanças positivas no Brasil. 

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Foto: Lohana Chaves/Funai.

A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, participa do evento acompanhada da diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Lucia Alberta. As duas irão acompanhar as discussões dos seguintes paineis: ‘Transição energética justa: o Brasil liderando um presente sustentável para um futuro possível’; ‘Transferência de renda na educação: estratégias para o combate à evasão escolar’; ‘Cultura digital e inclusão financeira no Brasil’; e ‘35 anos de aborto legal no Brasil: avanços, retrocessos e o futuro dos direitos reprodutivos’.

*Com informações do Ministério dos Povos Indígenas

Bumbódromo de Parintins deve ser ampliado, afirma Governo do Amazonas

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E temos novidades para o Bumbódromo de Parintins. A sexta-feira (28) marcou o início do embate entre Caprichoso e Garantido no 57º Festival Folclórico. Porém, o que pegou os torcedores de surpresa foi o anúncio de ampliação do Bumbódromo, o lugar que recebe o festival.

De acordo com o governador Wilson Lima, já existe a concepção de um projeto inicial, mas que o projeto final será feito com a colaboração dos bois Caprichoso e Garantido, e terá a palavra final da população de Parintins.

“Esse é o palco da Amazônia, porque aqui nessa arena não está somente a nossa arte, mas está um apelo do povo que mora nesta região. É o apelo do caboclo, do índio, do quilombola, do ribeirinho, é um grito pela preservação da Amazônia, mas, acima de tudo, um grito pela preservação do homem, do cidadão que está aqui, que mora e que preserva a Amazônia melhor do que ninguém”, disse o governador.

Após a definição do projeto final, a previsão de duração da obra é de dois anos, sem acarretar prejuízos a realização do festival enquanto estiver sendo executada.

O anúncio foi feito na presença do ministro do Turismo, Celso Sabino; do presidente da Embratur, Marcelo Freixo; do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias; do prefeito de Parintins, Bi Garcia; da vereadora de Parintins, Brena Dianná; senadores, deputados, secretários de Estado e outras autoridades.

A partir do mês de agosto, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) vai iniciar o processo licitatório para a escolha da empresa que vai elaborar o projeto arquitetônico. No mês de novembro, serão realizadas audiências públicas para ouvir a população para que os parintinenses possam apresentar sugestões ao projeto.

Foto: Alex Pazuello/Secom

O valor total da obra será definido após a conclusão do projeto arquitetônico. A expectativa é de que o serviço seja licitado em 2025 e o início dos trabalhos ocorra em 2026. ”Os projetistas virão para o município para conversar com a Prefeitura, conversar com a Câmara de Vereadores, com os bois Caprichoso e Garantido, com os artistas e, também, com a população para que o novo Bumbódromo tenha a identidade do povo desta região”, acrescentou Wilson Lima.

Galeras

Outro ponto de investimento para o novo Bumbódromo será uma atenção especial para as galeras dos bumbás, que passarão a ter um espaço com mais estrutura para aguardar a entrada no Bumbódromo, durante os três dias de festa. A ideia é, também, que com essa nova concepção, a área funcione como uma espécie de fun fest (áreas comuns em eventos como a Copa do Mundo de Futebol).

Os espaços administrativos, assim como a área destinada à imprensa, que cobre a festa, também receberão importantes melhorias. Novas rotas para a saída e entrada de alegorias, também devem fazer parte da proposta do novo Bumbódromo.

Festival de Parintins

Considerado Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Festival de Parintins é realizado sempre no último fim de semana do mês de junho e impulsiona o crescimento de emprego e renda da Ilha Tupinambarana.

Em 2024, por meio de trabalhos coordenados pelo Governo do Amazonas, o espetáculo deve gerar 2,4 mil empregos diretos e 24 mil indiretos. E a expectativa de movimentação econômica é de R$ 160 milhões.

*Com informações da Agência Amazonas

Mini roteiro Parintins: conheça a ilha da magia, o Festival Folclórico e outras curiosidades

O Festival Folclórico de Parintins encantou o Brasil. A festa dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido tem criado um novo sentimento sobre a cultura nortista e ajudado o país a conhecer as origens da Região Norte.

Para ajudar aqueles que ainda não puderam visitar a cidade de Parintins, no Amazonas, onde a festa acontece todos os anos no mês de junho, o Portal Amazônia reuniu diversas curiosidades, dicas turísticas e muito mais em um listão. Confira:

O Festival Folclórico de Parintins

Turismo em PIN 

Cultura parintinense

Curiosidades

Galpões do Caprichoso e Garantido impulsionam geração de emprego em Parintins

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Caprichoso e Garantido. Chegou o momento deles, mas além da importância cultural, o Festival Folclórico de Parintins também é um motor que impulsiona o crescimento de emprego e renda na Ilha Tupinambarana. Este ano, o espetáculo deve gerar 2,4 mil empregos diretos e 24 mil indiretos. Os bois Caprichoso e Garantido, juntos, geram aproximadamente 5 mil empregos diretos. Já a perspectiva de movimentação econômica para 2024 na cidade amazonense é de R$ 160 milhões.

“O Festival de Parintins tem a função de gerar emprego, de gerar renda, de dar oportunidade para as pessoas de todo o estado, mas, sobretudo, para quem mora na cidade de Parintins”, pontuou o governador do Amazonas, Wilson Lima.

Nos bastidores dos galpões dos bumbás, onde são preparadas as alegorias, indumentárias e adereços para o Festival de Parintins, centenas de trabalhadores encontram fonte de renda e movimentam a economia na cidade. São artesãos, costureiras, pintores, soldadores e muitos outros profissionais envolvidos que dependem dessa temporada para investir em melhorias em suas vidas.

Caprichoso

No galpão do Boi Caprichoso, cerca de 750 pessoas trabalham diretamente na produção dos módulos alegóricos, indumentárias, adereços e outras atividades, como segurança e serviços gerais dentro dos galpões do Touro Negro.

A aderecista Ayra Silva conta que a época do festival é a mais aguardada do ano. De acordo com ela, embora tenha outros ofícios, a renda do evento é importante.

“O festival em si, é muito importante, ele ajuda de um modo completo, desde o vendedor de água, churrasquinho, até aquele que vende o prato mais sofisticado”, disse Ayra.

Foto: Mauro Neto/Secom AM

De acordo com Ericky Nakanome, presidente do Conselho de Arte do Caprichoso, a cada ano, os galpões dos bois reafirmam o papel como espaços que fortalecem a economia local.

“É uma movimentação [econômica] importante, que vem desde fevereiro, mas que no decorrer de junho cresce, fazendo com que tenha um momento em que estamos atrás de pessoas com determinados serviços, e não tem, porque está todo mundo empregado, graças a Deus, nos dois bumbás”, enfatizou Ericky.

Garantido

No galpão do Boi Garantido estão 590 trabalhadores, divididos entre kaçauerés (trabalhadores responsáveis pelo transporte das alegorias), costureiras, artesãos e artistas. De acordo com a coordenadora do setor de costureiras, Lucivone Santos, o festival tem sido essencial para complementar a renda.

“É um período que a gente aproveita para ganhar aquele dinheirinho e ter aquela renda maior. Usamos para construir nossa casa, porque meu marido é artista aqui também. Acabando, tenho meu ateliê e meus clientes e vou trabalhando de casa”, destacou Lucivone.

Foto: Mauro Neto/Secom AM

Uma das costureiras da equipe de Lucivone é a Auxiliadora Teixeira, mãe solo de quatro filhos, que tem como sustento da família a atividade de costura. É durante o período do Festival de Parintins que ela aproveita para fazer reserva financeira.

“Eu trabalho todos os anos aqui e sou conhecida pelo meu trabalho. Eu tenho um ateliê e sou pai e mãe, tenho quatro filhos e é daqui que eu tiro meu trabalho e renda”, disse a costureira.

Investimentos no Festival

Este ano, o investimento do Governo do Amazonas no 57º Festival de Parintins é de R$ 8 milhões, sendo R$ 4 milhões para cada bumbá, além dos patrocínios privados aos bois, que devem chegar a R$ 15 milhões. Somente a Coca-Cola vai repassar R$ 2,5 milhões em 2024, sendo R$ 1,25 milhão para cada boi.

*Com informações da Agência Amazonas

Jornalista amazonense Marina Salviati morre em Belém

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A jornalista amazonense Marina Souza Salviati morreu nesta sexta-feira (28) em Belém (PA), aos 32 anos. A comunicadora morava em Manaus, mas estava na capital paraense onde participava da conferência Coda Amazônia 2024.

Em nota, a Open Knowledge Brasil, responsável pelo evento no Pará, informou que Marina passou mal durante uma atividade realizada na Universidade da Amazônia (UNAMA). A jornalista foi socorrida e levada ao pronto atendimento, mas veio a óbito.

Marina era formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Atuou como repórter no Portal Amazônia entre 2011 e 2013, e em seguida trabalhou no G1 Amazonas, ambos veículos do Grupo Rede Amazônica em Manaus. Ela trabalhou também como coordenadora de Comunicação da FAS entre os anos de 2015 e 2017. Desde 2022, Marina atuava como Especialista em Comunicação da WCS Brasil.

Recentemente, Marina compartilhou em suas redes sociais que tinha vencido o tratamento contra um câncer e vinha inspirando outras pessoas, sempre com mensagens positivas para lutar contra as adversidades da vida. 

A equipe do Portal Amazônia lamenta a perda de uma profissional que levava a Amazônia para o mundo e se solidariza à família e amigos.

Vermelhou: aprenda as principais coreografias do bumbá Garantido

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‘Segredos do Coração’ é o nome do álbum do boi-bumbá Garantido lançado este em 2024. No repertório, a mistura das novas toadas e as antológicas agradou ao público, que respondeu entoando refrãos, comprovando que apesar de novo, o álbum traz 15 faixas que já estão na boca da galera.

Porém, junto com a musicalidade das novas toadas do bumbá vermelho e branco vem também o ‘dois pra lá, dois pra cá’: as coreografias. Confira: