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IRMA: nova estratégia peruana ajuda a restaurar ecossistemas e reduzir risco de desastres

Foto: Divulgação/Agência Andina

Uma nova estratégia que permite identificar e priorizar medidas de conservação de infraestruturas naturais para reduzir o risco de desastres no Peru em caso de eventos naturais como deslizamentos de terra e inundações foi lançada pelo Ministério do Meio Ambiente (Minam) peruano.

Trata-se do IRMA, sigla para o modelo de ‘Identificação Rápida de Medidas de Ação’, uma ferramenta de informação preventiva para reduzir o impacto gerado por inundações e deslizamentos de terra.

Segundo o Minam, a ferramenta está em implementação e permitirá identificar e priorizar medidas de conservação de infraestruturas naturais para prevenir e reduzir o risco de desastres com uma abordagem sustentável.

De acordo com o ministério, a estratégia setorial dá ênfase aos ecossistemas do alto andino e da Amazônia andina, bem como às partes altas das bacias que precisam ser restauradas, pois perderam a capacidade de regular a água, estabilizar encostas e proteger as populações contra os perigos naturais.

Segundo a Direção Geral de Ordenamento do Território e Gestão Integral dos Recursos Naturais do Minam, cerca de 30% da superfície destes ecossistemas é afetada, por isso é necessário mudar os cuidados com o território com uma abordagem baseada na conservação da natureza.

Valor estratégico do IRMA

Foto: Divulgação/Agência Andina

A implementação do modelo IRMA contribui para reverter a deterioração dos espaços naturais e recuperar a sua capacidade de proporcionar segurança e bem-estar à população, disse o diretor de Monitorização e Avaliação dos Recursos Naturais do Território, do Minam, Jesus Flores.

Da mesma forma, a sua aplicação incentiva a utilização eficaz dos recursos públicos e privados, garantindo uma ocupação mais resiliente do território, com uma visão de longo prazo contra os efeitos das alterações climáticas e reduzindo o risco de catástrofes.

A infraestrutura natural inclui ações como a “revegetação” do solo, a instalação de barreiras vivas, a criação de plataformas e o controle de voçorocas em áreas críticas.

Estas intervenções ajudam a mitigar o risco de catástrofes, reforçando a retenção de água nos solos, estabilizando os terrenos e prevenindo a erosão. Além disso, contribuem para a recuperação do ambiente natural, que é fundamental para proteger as populações e os seus meios de subsistência.

Em quais regiões já funciona?

Esta metodologia foi implementada nas bacias de Rímac, Lurín e Chillón (Lima), Lucre e Andahuaylillas (Cusco), Mantaro (Junín), Ponasa (San Martín), Vraem (distrito de Pichari em Cusco) e na inter-bacia de Ancón e Santa Rosa (Lima).

Seus resultados e avanços foram apresentados no Pavilhão do Peru durante a COP 16 em Cali, na Colômbia, no evento “Gestão de riscos de desastres e recuperação de ecossistemas: reduzindo riscos e conflitos”, liderado por Minam, Universidad Católica Sedes Sapientiae e Peru CO2 – Alliance for Amazônia peruana.

*Com informações da Agência Andina

Dois filhotes de peixes-boi são resgatados e levados para Belém

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Foto: Divulgação

O Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), vinculado à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), realizou, neste domingo (10), o transporte de dois filhotes de peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis), uma das espécies mais ameaçadas de extinção da região amazônica. De regiões distintas, os dois mamíferos aquáticos foram encontrados em Monte Alegre, no Baixo Amazonas, e Portel, no Marajó, e foram transportados para a capital Belém.

O voo de transporte iniciou na manhã deste domingo (10) para Santarém e, em seguida, para Monte Alegre, onde o primeiro filhote embarcou. O animal foi encontrado dia 7 pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). A secretaria solicitou apoio ao órgão estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) no traslado do animal. Durante esses dias, o filhote foi assistido pelos comunitários e pela Semma de Monte Alegre até o acionamento para o resgate.

A ação conjunta de resgate contou com diversos parceiros, entre eles, a Comunidade São Benedito, Prefeitura de Portel, Ibama, ICMBio, Mpeg, Instituto Bicho D’água, Semas, Cetras-Ufra e o Graesp.

Segundo o diretor do Grupamento, coronel Armando Gonçalves, o transporte no modal aéreo é o mais recomendado nesse tipo de demanda, por oferecer maior segurança aos animais, em menor tempo.

Foto: Divulgação

“A agilidade e eficiência da nossa equipe foram cruciais para salvar os dois filhotes de peixe-boi em situação de risco. O uso de aeronaves em operações de resgate como essa garante a segurança dos animais e a eficiência do processo, minimizando o tempo de resposta e maximizando as chances de sucesso. Agradecemos a todos os envolvidos nessa operação e reiteramos o nosso compromisso com a preservação ambiental e o bem-estar da fauna brasileira”, afirma o diretor, coronel Armando Gonçalves.

Durante o traslado de Monte Alegre a Belém, neste domingo, a equipe tomou conhecimento do segundo animal, conhecido carinhosamente como ‘Bené Baixinho’. Bené foi encontrado no sábado (9) na comunidade São Benedito, área rural de Portel, no Marajó, e estava sob cuidados do Instituto Bicho D’água.

Foi então que a rota para Portel foi traçada para o resgate do segundo animal com pouso no final da tarde na base do Graesp, em Val-de-Cans, Belém. Agora, os dois filhotes estão recebendo cuidados no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens (Cetras) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Após, ‘Bene Baixinho’ (Portel) será encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Pará (UFPA).

De acordo com a gerente de fauna, aquicultura e pesca da Semas, Talita Praxedes, os filhotes devem receber cuidados específicos. “No caso de Monte Alegre, estimam que ele tenha ficado pelo menos oito dias sem alimentação. Ele tinha um ferimento nas costas, o que comunica para a gente que, talvez, muito provável, a mãe tenha sido morta por arpão e esse arpão também pegou nele. Então, ele teve muito emagrecimento e desidratação”.

“O menor, como foi encontrado ontem, apresentava apenas desidratação, talvez alguma perda de peso, mas não tão acentuada quanto o outro. Eles precisam de cuidado agora de alimentação, medicação, e também assistência por causa da vida de estresse, da viagem. Vão receber todos os cuidados necessários e a avaliação por parte da equipe técnica lá do hospital veterinário”, informou Talita Praxedes.

*Com informações da Agência Pará

Vitória do Jari tem maior percentual de moradores em favelas do Brasil, mostra IBGE

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Município de Vitória do Jari, no sul do Amapá. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AP

Vitória do Jari, no sul do Amapá, é o município do país com o maior percentual de pessoas morando em favelas em relação à população, alcançando 69,2%, segundo dados do Censo de 2022, do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 8 de novembro.

Os dados do IBGE mostram que em 2022, o Brasil possuía 12.348 favelas e comunidades urbanas. Mostra também o número de 16.390.815 moradores dessas áreas.

O Amapá aparece liderando a lista de sete municípios, com relação à crescimento em termos de população:

  • Vitória do Jari (AP), com 69,2%
  • Ananindeua (PA), com 60,2%
  • Marituba (PA), com 58,7%
  • Belém (PA), com 57,2%
  • Manaus (AM), com 55,8%;
  • Paranaguá (PR), com 47,2%;
  • Cabo de Santo Agostinho (PE), com 45,4%.

Vitória do Jari, segundo o IBGE, em 2022, possuía população de 11.291pessoas. A cidade está localizada a 180 km de Macapá e surgiu após ser desmembrada do município de Laranjal do Jari em 8 de setembro de 1994.

A origem da pequena cidade está ligada ao desenvolvimento direto de Laranjal do Jari. Por lá, durante muito tempo foi executado o Projeto Jari Florestal, onde muitos trabalhadores laboravam na exploração de minério.

Essa população de trabalhadores aumentou na região e criou-se uma espécie de povoado às margens do rio Jari, que ficou conhecido na década de 80 como “Beiradinho”.

Em 1994, “Beiradinho” foi instituído como Vitória do Jari. O local é vizinho a Monte Dourado, município paraense que também se mistura com a vida ribeirinha da região.

*Por Josi Paixão, da Rede Amazônica AP

ZFM, destruição criativa, mudar para avançar

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Foto: Reprodução/Suframa

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

Segundo Joseph Schumpeter (1883-1950), um dos primeiros economistas a considerar as inovações tecnológicas como motor do desenvolvimento capitalista, a destruição criativa tem como fundamento o surgimento e consolidação de produtos e métodos capitalistas inovadores que ocupam espaço no mercado, causando o desaparecimento de produtos e métodos antigos. O princípio assenta-se perfeitamente na Zona Franca de Manaus (ZFM), que, penso eu, não pode continuar a ser entendida como um modelo industrial fechado, auto-suficiente e infenso às dinâmicas geopolíticas internacionais, hoje impulsionadas pela Revolução Industrial 4.0. É, por conseguinte, de responsabilidade do governo, das classes políticas e empresariais buscar ajustar o modelo aos pressupostos determinantes de sua criação. Ao se cogitar a absoluta necessidade de reconfiguração do modelo – iniciativa que deveria ter sido adotada quando da abertura da economia no governo Collor de Mello a partir de 1991/1992 -, deve-se ter em mente não se referirem tais medidas de políticas públicas a nada de inusitado, mas ao cumprimento do disposto no diploma legal que levou o governo federal a instituir a ZFM há mais de meio século.

Desta forma, visando sua harmonização aos padrões tecnológicos internacionais, particularmente à Indústria 4.0, o modelo, no período, poderia ter sofrido ao menos três importantes transformações em relação à matriz econômica original (DL 288/67): a) ampliar e ajustar o PIM à Indústria 4.0; b) desenvolver polo de biotecnologia, mineração, produção de alimentos e ecoturismo e c) implantar uma Zona Especial de Exportações. Além do mais, superar o caduco modelo de substituição de importações vigente desde sua origem, em 1967. Efetivamente, as pré-condições que deverão conferir à “ZFM-2073” maior equilíbrio, sustentação e inserção internacional. Tal condição, contudo, não se realiza por meio de decreto, mas de pesados investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I). Assim ocorreu no Japão, nos Tigres Asiáticos, na Europa Ocidental, na Austrália, nos Estados Unidos e mais recentemente na China.

Com efeito, a incorporação desses vetores poderá, estimativamente, impactar a matriz econômica, do atual modelo mono industrial, para um novo sustentado proporcionalmente, ao que proponho, pela Bioeconomia (35%), PIM 4.0 (35%) e Plataforma de Exportações (30%). Desta forma, tornar a economia do Amazonas diversificada e equilibrada por centrada nos pilares que universalmente sustentam as economia desenvolvidas: o setor primário, o industrial, o comercial/serviços e o tecnológico. Factível, o novo desenho da matriz econômica ZFM-2073 poderá, certamente, em 10 ou 15 anos gerar exportações da ordem de U$ 15 bilhões/ano e ao menos triplicar o atual nível de emprego. A exploração da biodiversidade, da mineração, da produção de alimentos, do manejo florestal sustentável e do ecoturismo, por outro lado, poderão reconfigurar os atuais indicadores macroeconômicos da ZFM, que apontam uma concentração de 85% do Produto Industrial (PIM, basicamente), 92% do ICMS arrecadado e 77,5% do PIB estadual na capital do Amazonas.

A ausência de políticas públicas ajustadas às potencialidades inerentes ao campo da biotecnologia reflete-se no baixo aproveitamento sustentável dos recursos da biodiversidade amazônica. Por convenção internacional, a biotecnologia “abrange qualquer aplicação tecnológica que se utiliza de sistemas biológicos, organismos vivos ou derivativos destes, para produzir produtos e processos para usos específicos”. Objetivamente, uma área da ciência talhada para a Amazônia, que reúne a mais importante biodiversidade do planeta, objeto de pesquisas por parte do Inpa, Embrapa e Academia. O Brasil, não obstante a abundância inconteste desses recursos, não sabe, entretanto, como usá-los eficazmente. No PIM, por exemplo, não temos uma só empresa que opere nesse campo da biotecnologia. O grande desafio consiste, por conseguinte, em traduzir conhecimento científico em produtos e processos inovadores.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Terras indígenas que lideram exploração madeireira na Amazônia estão na área de influência da BR-319

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Foto: Vicente Sampaio/Imaflora

Os dados são do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) e estão na nota técnica “Monitoramento da degradação florestal no Interflúvio Madeira-Purus: análise da exploração madeireira”, produzida pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e publicada pelo Observatório BR-319. O Simex monitora a degradação ambiental por meio da extração madeireira não autorizada e como os locais mapeados têm relação com a rede de estradas, a hidrografia e ramais na Amazônia. 

Toda exploração madeireira representa uma degradação ambiental, pois a exploração retira árvores do solo sem necessariamente alterar o uso dele. Algumas dessas retiradas são controladas e planejadas para minimizar os impactos, como no caso dos manejos florestais, que são ações que visam a exploração sustentável. A degradação florestal também ocorre por meio de incêndios e da fragmentação das florestas, quando não ocorre mudança drástica no uso do solo, mas perda de qualidade ambiental e biodiversidade. 

De acordo a nota técnica do Observatório BR-319, a TI Tenharim-Marmelos, do povo Tenharim, localizada entre Humaitá e Manicoré, foi a mais afetada, com 4.745 hectares degradados distribuídos em 10 polígonos. Enquanto a TI Kaxarari, do povo de mesmo nome, entre Lábrea e Porto Velho, com 2.996 hectares, também figura como uma das maiores áreas de degradação florestal observadas no estudo. Já a TI Jacareúba-Katawixi, situada entre os municípios de Canutama e Lábrea, e que possui uma sobreposição com o Parque Nacional (Parna) Mapinguari, tem uma área degradada de 430 hectares, ficando em terceiro lugar no ranking. Todas estão na área de influência da BR-319. 

A situação da TI Jacareúba-Katawixi é preocupante, porque se trata do território dos Isolados do Katawixi, povo que provavelmente pertence à família linguística Katukina, e cujo processo de homologação se arrasta há 17 anos com sucessivas renovações da Portaria de Restrição de Uso (a última aconteceu em fevereiro de 2023). A TI tem a maior parte da sua área sobreposta a duas UCs, o Parna Mapinguari e a Reserva Extrativista (Resex) Ituxí, que também estão entre os municípios de Lábrea e Canutama.

Leia também: Quase metade do desmatamento na Amazônia ocorre em florestas públicas não destinadas

Além das TIs, o relatório também identificou exploração madeireira em Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral. Os Parnas Mapinguari e dos Campos Amazônicos foram os mais impactados na área de influência da BR-319, com 277 hectares explorados ilegalmente em cada um. Essas áreas são de proteção integral, onde é permitida apenas a utilização indireta dos recursos naturais, com o objetivo de preservar a biodiversidade e evitar a degradação dos ecossistemas. 

Um polígono em GIS (Geographic Information System), sistema usado para a visualização das áreas degradadas, é uma representação gráfica de uma área delimitada por uma série de pontos conectados, formando uma figura fechada. Esses pontos, conhecidos como vértices, são utilizados para descrever a forma e a extensão de uma determinada região. 

Segundo os autores da nota técnica, o enfraquecimento de órgãos de fiscalização, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), também contribui para a fragilização da proteção dessas áreas. Entre 2010 e 2020, o número de fiscais do Ibama foi reduzido de 1.311 para 694, o que dificulta ainda mais a atuação de comando e controle nas regiões mais remotas da Amazônia, segundo destaca o documento.  

Os dados mostram, ainda, a importância de políticas públicas mais eficazes para o controle da exploração madeireira, considerando os impactos ambientais, culturais e sociais sobre os territórios indígenas e as UCs. “A extração madeireira pode ter um impacto significativo na biodiversidade local, especialmente nas Unidades de Conservação, que são designadas para a proteção dos ecossistemas e da fauna nativa”, diz a nota, ressaltando que a identificação de áreas críticas e o monitoramento são essenciais para a proteção dessas regiões. 

“Com estes dados o Simex desempenha um papel crucial como ferramenta para monitoramento preciso da atividade de exploração madeireira”, destaca o analista do Idesam e um dos autores da nota, Heitor Pinheiro. “Essas análises muitas vezes não são evidentes em estudos focados apenas no desmatamento total e com a detecção das alterações de biomassa florestal, e da quantificação de áreas impactadas, manejadas ou exploradas ilegalmente, temos dados robustos que fundamentam a análise dos territórios”, acrescenta.

Esperamos com isso, e baseados em evidências científicas, subsidiar debates, evidenciar os impactos e pressionar por políticas públicas eficazes e transparentes, apoiar as populações locais embasando reivindicações pelos seus direitos territoriais, além de fortalecer a governança e a responsabilização dos atores envolvidos”, concluiu Pinheiro. 

A publicação sugere que a relação entre a degradação florestal e a proximidade das estradas, como a BR-319, reforça a necessidade de ações concretas para mitigar os efeitos da exploração madeireira e garantir a proteção efetiva das TIs e das UCs na Amazônia. 

Formado pela rede de instituições de pesquisa ambiental integrada pelo Imazon, Idesam, Imaflora e ICV, o Simex se baseia em ferramentas de análise geoespacial e inteligência geográfica, utilizando dados de sensoriamento remoto e da Organização Estadual de Meio Ambiente (Oema), no caso do Amazonas, o Ipaam e o SisCOM. No entanto, a falta de atualização do SisCOM e a ausência de dados do Amazonas podem ter gerado inconsistências nos resultados, que foram obtidos analisando extrações madeireiras ocorridas entre agosto de 2022 e julho de 2023. 

O Simex monitora e avalia a exploração madeireira cruzando informações de satélite com dados espaciais oficiais de planos de manejo florestal aprovados pelos órgãos estaduais de controle, o que tem contribuído para identificar zonas críticas em termos de extração ilegal de madeira e para gerar informações estratégicas que apoiam ações de comando e controle. Até 2022, a rede produziu uma série de mapas de exploração madeireira para todos os estados amazônicos, bem como relatórios e boletins com dados históricos e estatísticos detalhados.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Observatório BR-319 com a colaboração de Amariles Gama

Estudo sobre sementes busca auxiliar restauração da Amazônia e do Cerrado

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Foto: Lia R Domingues/ARSX

As sementes se dispersam de forma variada ao longo do tempo e do espaço. Essa é a conclusão de um estudo recente publicado na revista científica Restoration Ecology que fornece informações sobre produção de sementes de espécies arbóreas nativas na zona de transição Cerrado-Amazônia.

Liderada por Aline Ferragutti e uma equipe de pesquisadores, incluindo o pesquisador associado do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Leandro Maracahipes, e o ex-pesquisador do IPAM e professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Divino Silvério, a pesquisa poderá apoiar os esforços de restauração ecológica, especialmente em áreas impactadas pelo desmatamento e degradação da vegetação nativa, como a região estudada.

O estudo analisou dados da produção de sementes de 139 espécies de árvores coletados ao longo de oito anos na região de transição Cerrado-Amazônia, área de complexidade ecológica e vulnerável às atividades humanas. A região faz parte da Bacia do Xingu, que enfrenta crescente pressão do desmatamento, expansão agrícola e mudanças climáticas, tornando a restauração de áreas degradadas essencial.

De acordo com os dados, espécies de ambos os biomas apresentaram períodos prolongados de dispersão de sementes, especialmente no final da estação seca e início da chuvosa, quando as condições para o estabelecimento dos propágulos  – estruturas celulares que desprendem-se de uma planta adulta para dar origem a uma nova -, são ideais.

Identificou-se que as variáveis climáticas, como temperatura e precipitação, desempenham um papel na regulação da dispersão de sementes. Quase dois terços das espécies estudadas mostraram uma correlação significativa entre a dispersão de sementes e as condições climáticas, indicando que as mudanças climáticas podem afetar os padrões naturais de dispersão de sementes, com possíveis consequências negativas para os esforços de restauração.

Restauração

A restauração de áreas degradadas na zona de transição Cerrado-Amazônia é uma parte crucial dos esforços mais amplos para mitigar o desmatamento no Cerrado e na Amazônia e aumentar a resiliência dos ecossistemas. A oferta de sementes é um ponto crucial para iniciativas de restauração em grande escala, e esta pesquisa oferece soluções práticas para melhorar as estratégias de coleta. Compreendendo o tempo e a variabilidade espacial da dispersão de sementes, iniciativas como a Rede de Sementes do Xingu podem otimizar os cronogramas de coleta para garantir um suprimento contínuo de sementes para projetos de restauração ao longo do ano.

A Rede de Sementes do Xingu, parceiro-chave nesta pesquisa, é um coletivo de mais de 500 coletores de sementes de 24 grupos da região, incluindo diversas comunidades indígenas, urbanas e de agricultores familiares. A rede desempenha um papel essencial no fornecimento de sementes para a restauração ecológica, gerando renda para as comunidades locais.

Ao incorporar as descobertas deste estudo, a Rede de Sementes do Xingu pode aumentar sua capacidade de atender à crescente demanda por sementes nativas, que deverá crescer à medida que o Brasil intensifica seus esforços para cumprir as metas de restauração estabelecidas na Lei de Proteção da Vegetação Nativa, no Planaveg (Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa), e em outros acordos internacionais.

Zona de transição Cerrado-Amazônia

As descobertas deste estudo colaboram com a busca por soluções inovadoras para restaurar ecossistemas sob a Década da ONU para a Restauração de Ecossistemas. A zona de transição Cerrado-Amazônia no Brasil – conhecida como “Arco do desmatamento” – é um ponto crítico de biodiversidade, lar de espécies únicas de plantas e animais cada vez mais ameaçadas pelas atividades humanas. A restauração dessa área contribui para a preservação da biodiversidade e para a manutenção de serviços ecossistêmicos vitais, como a ciclagem da água, o sequestro de carbono e a regulação climática.

Os esforços para restaurar áreas degradadas na região podem servir de modelo para outras regiões tropicais que enfrentam desafios semelhantes. O foco do estudo na importância da variabilidade espaço-temporal da dispersão de sementes ressalta a necessidade de estratégias de restauração adaptadas regionalmente, levando em conta as condições climáticas locais e os padrões reprodutivos específicos das espécies.

Fortalecimento de comunidades tradicionais/locais

Os resultados do estudo ressaltam a necessidade do investimento em redes de sementes de espécies nativas e no envolvimento das comunidades locais nos esforços de restauração.

Ainda, as redes de coletores lideradas por comunidades tradicionais garantem uma fonte de renda alternativa aos coletores.

À medida que a atenção global se volta para a restauração de ecossistemas degradados, esta pesquisa possibilita, por meio de esforços de restauração direcionados e informados, reverter os impactos da degradação em áreas de preservação permanentes, terras indígenas e de comunidades tradicionais nos dois maiores biomas da América Latina: a Amazônia e o Cerrado.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo IPAM, escrito por Camila Santana

Fiocruz Amazônia realiza mapeamento de áreas de risco para surtos de raiva no Amazonas

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Foto: Divulgação/ADAF

A Fiocruz Amazônia trabalha no mapeamento de áreas de risco para surtos de raiva no Estado do Amazonas, a partir da criação de um modelo preditivo – ferramenta  analítica que utiliza dados históricos e técnicas estatísticas para prever comportamentos futuros ou eventos – que está sendo construído com a parceria da Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto (FVSRCP) e a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF).

O estudo, conduzido pela médica veterinária Alessandra Nava e o biólogo José Joaquin Carvajal, ambos pesquisadores do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA) da Fiocruz, foi apresentado na última quarta-feira, 6/11, durante a mesa-redonda “Raiva: uma Questão de Saúde Única”, promovida pela Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF), com a finalidade de discutir pontos importantes relacionados à raiva humana/animal e o papel das instituições envolvidas no processo de enfrentamento da doença.

Segundo ela, a invasão de áreas de floresta e o consequente desmatamento ou queimada para a inserção de gado bovino pode influenciar nos padrões de agressão e aumentar as ocorrências de mordeduras e casos de contaminação pelo vírus da raiva, sendo de extrema relevância o acesso ágil à informação qualificada acerca da doença.

O evento da ADAF ocorreu no auditório do Bosque da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com a participação de estudantes, profissionais da área de saúde animal e humana, pesquisadores e autoridades locais. Atuaram como palestrantes também representantes da FVS e ADAF, que expuseram pontos sensíveis acerca da questão da raiva no Estado e do ponto de vista global, tendo em vista que a doença é responsável por 60 mil mortes/ano em todo o Mundo.

Alessandra Nava encerrou o ciclo de palestras abordando a importância do levantamento de dados de mordeduras de morcegos no Amazonas e avaliando o desmatamento como um dos principais fatores que levam ao possível aumento de ocorrências ao influenciar o comportamento dos morcegos hematófagos, um dos vetores da doença.

Rede

A Fiocruz Amazônia integra a Rede de Iniciativa Amazônica para Investigação de Mordeduras Tropicais, um grupo internacional formado por especialistas e pesquisadores que trabalham com a questão das mordeduras tropicais e as diferentes formas de contágio, visando estabelecer parâmetros que permitam identificar o perfil epidemiológico dos casos de mordeduras em humanos e animais em determinada região, bem como prevenir possíveis ocorrências de surtos causados por zoonoses emergentes que possam vir a ser transmitidas pela mordedura de animais como primatas e, sobretudo, morcegos que estejam contaminados com vírus e venham a transmitir para as pessoas.

Sobre a raiva

A raiva, ou hidrofobia, é uma doença que acomete todos os mamíferos e é considerada uma das zoonoses de maior importância no mundo, com elevado custo social e econômico. A doença é causada por um vírus que se propaga via sistema nervoso e a infecção se dissemina rapidamente alcançando o sistema nervoso central.

O vírus está presente na saliva do mamífero infectado e a transmissão acontece principalmente por meio de mordeduras ou lambeduras. A raiva é letal com raríssimos casos de sobrevivência, acompanhados de sequelas graves. É importante manter distância de animais silvestres e estar em dia com a vacinação de gatos e cachorros.

*Com informações da Fiocruz Amazônia

Extrato de própolis mostra ação antiviral contra zika, chikungunya e mayaro

A pesquisa foi feita com a própolis produzida pelas abelhas nativas sem ferrão Scaptotrigona aff postica. Foto: Alex Popovkin/Wikimedia Commons

Pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan, em São Paulo, constatou que o extrato aquoso de própolis é capaz de combater a replicação dos vírus zika, chikungunya e mayaro. Os três patógenos são transmitidos pela picada de mosquitos que circulam no Brasil e causam doenças infecciosas (arboviroses) para as quais ainda não existem vacina nem tratamento específico disponível, o que motiva a busca por compostos com potencial antiviral. O extrato foi testado in vitro e reduziu significativamente a carga viral dos três vírus.

O estudo, conduzido no Centro de Toxinas, Resposta-Imune e Sinalização Celular (CeTICS), foi liderado pelos pesquisadores Pedro Ismael Silva Júnior, do Laboratório de Toxicologia Aplicada, e Ronaldo Mendonça, do Laboratório de Parasitologia do Butantan. Os resultados foram publicados na revista Scientific Reports.

Esta não é a primeira vez que o grupo investiga o potencial antiviral e antibacteriano da própolis. Estudo anterior da equipe, feito com extrato hidroalcoólico da substância, já havia indicado intensa atividade contra os vírus herpes, influenza e rubéola. A partir dos primeiros resultados, os cientistas decidiram avaliar se o extrato aquoso teria a mesma atividade em outros tipos de vírus também importantes do ponto de vista de saúde pública no país.

Preparação do extrato e análise

Para chegar aos resultados, o grupo utilizou a própolis produzida pelas abelhas nativas sem ferrão Scaptotrigona aff postica, originadas de uma colônia na região de Barra do Corda, no Maranhão. A própolis foi obtida por meio da raspagem da caixa de meliponicultura, formando uma espécie de pasta. Esse material foi transportado e congelado a -20°C, formando uma pedra de própolis congelada.

Essa pedra foi macerada manualmente até se tornar um material granulado, que foi passado em peneiras. Em seguida, o produto foi moído de forma a se transformar num composto ainda mais fino, para novamente passar por peneiras granulométricas e se transformar em pó. Por fim, os pesquisadores adicionaram água ultrapurificada ao pó e o material foi centrifugado por 30 minutos para haver a separação da cera do meio líquido. O sobrenadante (a fase líquida que fica por cima) foi filtrado e o produto foi considerado 100% purificado.

Foto: acervo dos pesquisadores.

Para determinar a ação antiviral do extrato de própolis, os pesquisadores infectaram células VERO (linhagem originária de rim de macaco, muito usada nesse tipo de estudo), que foram cultivadas a 37°C em microplacas. O crescimento e a morfologia dessas células foram monitorados pela equipe diariamente.

Os pesquisadores observaram que o extrato aquoso de própolis purificado promoveu uma redução de 16 vezes na carga viral do zika e de 32 vezes na do vírus mayaro. No caso do chikungunya, a redução foi ainda mais significativa, de 512 vezes.

Mais pesquisas

Por enquanto, os resultados alcançados estão restritos ao ambiente de laboratório, mas a pesquisa continua. Numa segunda etapa do trabalho, o grupo coletou própolis mês a mês, para associar o produto final à florada de cada período. Isso porque a abelha Scaptotrigona aff postica utiliza as plantas da região do Maranhão, que são diferentes das plantas existentes no Sudeste, e, por isso, provavelmente, a própolis obtida tem componentes específicos relacionados às espécies endêmicas do local.

É importante destacar que a própolis do estudo é diferente da comercial encontrada nas farmácias. O produto vendido ao consumidor, em geral, é um extrato alcoólico que mistura todos os componentes da própolis e, na maioria das vezes, costuma vir da espécie Apis mellifera (abelha europeia), que predomina nos apiários. Já a própolis usada nessa pesquisa vem da abelha nativa do Brasil Scaptotrigona aff postica e os compostos com atividade antiviral são separados, purificados e isolados.

Bioativos

A busca por potenciais medicamentos na natureza – os famosos compostos bioativos – é um dos grandes focos da ciência. O Brasil tem uma área muito extensa com fauna e flora extremante variada e utilizar substâncias originadas da nossa floresta é muito importante, tanto do ponto de vista científico quanto econômico, pois isso pode reduzir os custos do produto final.

O pesquisador ressalta que o objetivo da pesquisa é tentar identificar um composto que possa ser usado tanto na prevenção quanto no tratamento de pessoas infectadas pelos vírus.

“A gente ainda não tem elementos para chegar a esse ponto, mas a ideia é alcançar os dois objetivos”, afirmou Silva Júnior. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido.

O artigo ‘Antiviral action of aqueous extracts of propolis from Scaptotrigona aff. postica (Hymenoptera; Apidae) against Zica, Chikungunya, and Mayaro virus‘ pode ser lido em: www.nature.com/articles/s41598-024-65636-7.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por Fernanda Bassette

Agricultora cria ‘viagra’ natural com gengibre e cachaça em Roraima

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Foto: Nalu Cardoso/Rede Amazônica RR

A “pílula azul” ficou para trás! Um viagra natural feito à base de cachaça e gengibre, criado pela agricultora Eunides Maria Alves, de 54 anos, se tornou o carro-chefe do empreendimento dela e tem sido a aposta para lucrar durante a Exposição-Feira Agropecuária de Roraima (Expoferr), considerada a maior feira agro do estado.

Feito com ingredientes naturais, a bebida é um licor que inclui ainda xarope e “temperos especiais” que a agricultora não revela para ninguém. Mas, uma coisa é certa e não tem mistério entre os clientes: “Quem prova, aprova com certeza, porque sempre volta”, diz ela, orgulhosa da receita que criou há quase 20 anos.

E outra: Eunides diz que o sucesso afrodisíaco da bebida é tanto entre os alguns clientes viram até super herói depois de consumir.

“É considerado o ‘Viagra de Campos Novos’. Meus clientes começaram a dizer que tomavam o licor e ficavam parecendo o ‘homem-aranha’, aquela coisa toda”, conta.

Isso acontece porque o gengibre tem alguns componentes que estimulam a circulação sanguínea – a melhora deste fluxo leva a maior quantidade de hormônios sexuais – e os neurotransmissores.

O licor de gengibre – e de outros sabores – tem preços tabelados: as garrafas grandes são vendidas a R$ 45 cada. A pequena custa R$ 15. E tem também combos na promoção: duas garrafas grandes ficam R$ 80, e duas pequenas são R$ 25.

Além do licor de gengibre, outro campeão de vendas é o de jabuticaba. A agricultora afirma que essa é a preferência do público feminino. “Acredito que é porque a jabuticaba é mais suave, e a de gengibre é mais picante”.

Foto: Nalu Cardoso/Rede Amazônica RR

‘Viagra de Campos Novos’

Eunice mantém com a família a cachaçaria artesanal “Biroska Bakana”, empreendimento localizado na vila Campos Novos, no município de Iracema, distante cerca de 134 quilômetros da capital Boa Vista.

Nessa semana, eles expuseram e venderam os produtos no “Pavilhão da Agricultura” da Expoferr, espaço montado para produtores rurais do interior.

Tudo começou em 2005, com um curso de reaproveitamento de banana em que Eunides aprendeu a fazer licor. Depois disso, ela pensou “por que não testar com outras frutas?”. Com uma ideia e um sonho a agricultora começou e testou a receita com jenipapo – e deu certo.

A partir daí, também fez com jabuticaba. Hoje em dia, a cartela de sabores, entre cachaças artesanais e licores, inclui 16 bebidas – muitas feitas com frutas amazônicas como açaí, cupuaçi, murici, caju, jatobá, cumaru, jambu e o famoso gengibre que se popularizou na região e foi batizado de “Viagra de Campos Novos”.

A empreendedora conta que a rotina para produzir as bebidas é puxada. Todos os dias às 4h ela já está de pé para regar as plantas – as matérias prima da cachaçaria. Mas, ela avalia que tudo vale a pena, porque além de garantir sustento para a família, movimenta a economia local e permite até parceria com outros agricultores da região.

“A maioria a gente planta. Inclusive o gengibre, eu mesma planto. Mas as outras, tipo o açaí e o jenipapo, eu compro de outros produtores da nossa região mesmo. Então gera uma renda para outras famílias dali de Campos Novos. Tem mais pessoas envolvidas”, conta.

Foto: Nalu Cardoso/Rede Amazônica RR

Eunides também faz questão de destacar que todas as garrafas utilizadas para comercializar seus produtos são retornáveis. Ela até oferece desconto para incentivar os clientes a não poluir o meio ambiente. Contra qualquer desperdício, em conta que sempre gostou de reciclar e fez disso um hábito de vida.

“A gente recicla tudo isso, essas garrafas são recicladas. E o cliente, por exemplo, ele me comprou essa garrafinha, não vai jogar no lixo, ele traz de volta e tem o desconto de um real por cada garrafa que me traz de volta e não joga na natureza”.

Para quem quer ir até a sede da cachaçaria em Campos Novos, Eunice deixou a dica: a “Biroska Bakana” fica debaixo da única torre de internet da região. O local é conhecido por todos que moram ou estão de passagem por lá.

A empreendedora afirma que o empreendimento é o “único ponto turístico de Campos Novos”. Visitantes têm direito a degustar de graça três sabores diferentes dos licores.

Como surgiu o nome ‘Biroska Bakana’

Eunice lembra que o nome do empreendimento surgiu por conta de um cliente que trocava o nome de uma cachaça conhecida como “la cana” e de uma sobrinha que chamava o estabelecimento de birosca.

“Minha sobrinha trabalhava comigo e chamava lá, onde a gente trabalhava, de ‘birosca’. [O cliente] adorava tomar cachaça, na época, daquela ‘La Cana’. Ele não falava ‘La Cana’, ele falava bacana. Aí associei esses dois nomes, tanto é que o meu ‘birosca’ é com K e o ‘bacana’ é com K, que é diferente”, relembra.

Este ano foi a segunda vez que agricultora levou os produtos para a Expoferr. O ‘viagra de Campos Novos’ é vendido no pavilhão, sendo a 4ª tenda à direita.

*Por Nalu Cardoso, da Rede Amazônica RR

Pesquisa sobre sinais em libras para Candomblé realizada no Amapá é apresentada na Itália

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Foto: Ronaldo Manassés/Acervo pessoal

O professor Ronaldo Manassés, do colegiado de Letras Libras da Universidade Federal do Amapá (Unifap), vai apresentar no próximo dia 21 de novembro na 60ª Bienal de Arte e Cultura de Veneza, na Itália, a pesquisa desenvolvida por ele sobre sinais em libras para Candomblé.

A Bienal, que é considerada o mais antigo evento internacional de arte do mundo, ocorre desde abril deste ano, e encerra neste mês com o tema: “Estrangeiros em Todos os Lugares”. Quem for até o evento vai poder acompanhar trabalhos ligados a cultura de diversos países.

Manassés vai representar o Amapá na mesa redonda “As línguas de sinais e as religiões de matriz africana no Brasil”. O professor é autor de um documentário, artigos científicos e de uma tese de doutorado sobre o assunto.

Sinais em libras para Candomblé

A pesquisa, que é fruto do dourado de Manassés, em 2016, destaca a criação de sinais específicos em libras para comunicação de pessoas dentro do Candomblé. O trabalho tem o objetivo de tornar inclusa uma parcela significativa da população.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, estão entre as cinco mais seguidas no Brasil, com mais de um milhão de adeptos.

Foto: Arquivo pessoal/Ronaldo Manassés

Os católicos praticantes são maioria: cerca de 123 milhões de fiéis. Em seguida estão os evangélicos, com 113 milhões.

Manassés afirma que a participação no evento ressalta a importância dos trabalhos desenvolvidos dentro das instituições públicas de ensino.

“É o trabalho que eu tenho desenvolvido desde 2016, a partir da minha pesquisa, ainda àquela época de doutorado. Então, essa luta é que a gente faça menção a não só a grandiosidade do evento, mas principalmente em participar como nortista, como amazônida, como pesquisador do Amapá, de uma universidade como a nossa, que está aqui enraizada na Amazônia brasileira e que poderá ser vista com outros olhos”, detalhou.

60ª Bienal de Arte e Cultura de Veneza

Em novembro encerra a 60ª edição do mais antigo evento internacional de arte do mundo, em Veneza. Neste ano a organização focou na seleção de artistas que nunca estiveram na Bienal e a inclusão dos 88 países presentes na mostra.

O evento tem o objetivo ampliar vozes estrangeiras, colocando em pauta a multiplicidade racial, cultural, religiosa, sexual e de gênero.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônia AP