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Indígenas do Oiapoque criam cartilha para uso responsável do fogo

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Imagem: Reprodução/Cartilha ‘Fogo: Usos e Cuidados’

O fogo é um elemento importante e tradicional no cotidiano dos povos indígenas. É usado para a abertura de roças e de caminhos, para o preparo dos alimentos, para a produção de cerâmica e de canoas, entre outros exemplos. Mas controlá-lo é crucial para evitar incêndios que colocam em risco as comunidades, a fauna e os recursos naturais, como rios e florestas.

Em tempos de mudanças climáticas, o manejo do fogo torna-se mais desafiador. Sem contar com os casos de focos de incêndios criminosos perto das aldeias. Neste cenário foi publicada a cartilha ‘Fogo: Usos e Cuidados‘, iniciativa dos Agentes Ambientais Indígenas do Oiapoque-AP (conhecidos como Agamin), em parceria com a AMIM.

O objetivo é a sensibilização por meio de ilustrações, histórias e explicações de como o fogo é usado e como manejá-lo para evitar que se alastre. Além do português, está traduzido nas três línguas dos povos indígenas do Oiapoque (kheuól galibi marworno, kheuól karipuna e parikwaki).

“Traduzimos para acessar mais as crianças e jovens que não falam português. É importante falar na língua materna para entenderem bem”, conta Adilaudo dos Santos, Agamin do povo Karipuna.

Educação ambiental e informação sobre o fogo

A educação ambiental nas escolas é uma ferramenta importante no combate aos focos de incêndio. Portanto, as cartilhas serão entregues nas escolas indígenas das TIs do Oiapoque e os professores poderão usá-las como material didático. “Fizemos a cartilha para distribuir nas escolas e comunidades para mostrar como é preocupante esse tipo de queimada descontrolada. Os jovens estão crescendo e podem ajudar a evitar o fogo”, conta Adilaudo .

A cartilha também será apresentada em reuniões das comunidades para que as pessoas reflitam sobre os grandes impactos ambientais que o fogo pode causar na terra indígena.

“Hoje, nós Agamin precisamos do apoio de todas as comunidades indígenas da região do Oiapoque, para evitar os incêndios descontrolados, pois se o fogo continuar queimando, com certeza a fauna e a flora vão enfraquecer e isso é um grande problema. Não queremos perder nossa biodiversidade!”, diz um trecho do material.

Antes mesmo de ter a cartilha em mãos, Adilaudo vem se dedicando a visitar escolas e promover atividades de sensibilização. “Falei com os alunos sobre o fogo e o que ele traz de prejuízo. As professoras pediram para a gente voltar porque gostaram muito da atividade”, conta Adilaudo.

Atividades nas escolas, com explicações sobre a necessidade de respeitar o fogo. Foto: Agamin

Aumento nos focos de incêndio no Oiapoque

A ideia da cartilha surgiu durante o curso de formação dos Agentes Ambientais Indígenas, quando notaram o aumento dos focos de queimadas no Oiapoque. Em 2023, o fogo consumiu 48 mil hectares dentro das Terras Indígenas da região.

Rafael Monteiro Hortêncio, Agamin do povo Galibi Marworno, conta que acompanhou nos satélites as queimadas no verão. “Vimos que está aumentando. Muitas das aldeias estão em campos alagados, mas tem pessoas de fora [não-indígenas] que colocam fogo nas proximidades e o fogo alcança as aldeias”, conta.

Fazer o manejo do fogo é fazer o uso controlado dele. O Prevfogo indígena também deve ser parceiro para a queima controlada das roças e campos, para evitar que o fogo se espalhe.

Muitos focos de incêndio são de origem criminosa de pessoas que queimam áreas de fazenda ou para abrir caminhos perto da Rodovia BR 156, onde ficam várias aldeias no Oiapoque. Rafael se lembra de uma vez que presenciou um não indígena ateando fogo em uma área próxima à sua comunidade. “O fogo chegou na minha aldeia e deu o maior prejuízo. O igarapé até secou”, conta.

Rafael ressalta, no entanto, que é importante sensibilizar todas as pessoas porque alguns podem não saber os riscos de acender pequenas fogueiras e não tomar cuidado. “Eu mesmo não tinha esse conhecimento e hoje eu tenho. Às vezes um cigarro, um picnic que você faz para assar um peixe, pode virar fogo que descontrola”, diz Rafael.

Os Agamin pretendem colocar placas em pontos estratégicos da rodovia alertando sobre a irregularidade do fogo e para coibir invasões nas Terras Indígenas.

Mudanças climáticas

Os Agamin também destacam na cartilha que um perigo a mais em relação aos incêndios são as mudanças climáticas, que tornaram os verões mais quentes e secos, facilitando que o fogo se alastre sem controle.

Rafael lembra do estudo dos marcadores do tempo (LINK), em que explicam como perceberam que as estações estão mais descontroladas. “Não sabemos mais o dia que vai chover, então fica mais perigoso manejar o fogo e não conseguir controlar”, diz o Agamin marworno.

*Com informações do Iepé

Países vizinhos afetam eleição municipal nas fronteiras do Brasil; entenda como afeta a Amazônia

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Crianças brincam em marco da fronteira entre Brasil e Venezuela. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para cerca de 11 milhões de brasileiros, a eleição municipal é também um assunto internacional, uma vez que essas pessoas vivem em cidades localizadas na chamada faixa de fronteira. A área representa 16% do território nacional, com largura de 150 quilômetros a partir da linha que divide o Brasil dos seus dez vizinhos sul-americanos.

Especialistas destacam que a realidade municipal da fronteira tem uma dimensão internacional que exige dos prefeitos e vereadores capacidade diplomática e boa articulação com os governos federal e estadual.

Existem 588 municípios dentro da faixa de fronteira. Desses, 124 cidades estão na linha que divide o Brasil da Venezuela, do Paraguai, da Bolívia, da Argentina, entre outras nações. Além disso, no Brasil há 33 “cidades-gêmeas”, que são municípios com forte integração com uma cidade do país vizinho.

São cidades-gêmeas, por exemplo, Guajará-Mirim (RO) e Guayaramerín, na Bolívia; Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, no Paraguai; e Pacaraima (RR) e Santa Elena de Uairén, na Venezuela.

Leia também: Saiba quais cidades-gêmeas são encontradas na Amazônia Internacional

Por sua condição de vizinhos de outros países, os municípios de fronteira enfrentam desafios próprios como imigração, contrabando internacional, forte presença do crime organizado, ausência de projetos de desenvolvimento econômico local e alta evasão escolar.

Imigração e moradia

As políticas municipais para moradia popular podem resolver os problemas que a imigração trouxe ao estado de Roraima (RR), avalia a agricultora familiar Maria Ferraz de Matos, de 53 anos. Ela coordena a Cozinha Solidária no estado, projeto do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que oferece refeições gratuitas para pessoas em situação de pobreza.

O intenso fluxo migratório tem acirrado os ânimos entre brasileiros e venezuelanos em Roraima. “O brasileiro fica chateado porque acredita que os venezuelanos têm mais direito do que ele. Muitas vezes tenho que mediar conflitos entre os dois grupos”, diz Maria Ferraz.

Para a coordenadora, as prefeituras devem promover políticas de moradia que ajudem tanto os brasileiros quanto os venezuelanos. “Tem muita terra aqui que poderia ser usada para política de moradias. Porém, como os venezuelanos não votam, parece que os candidatos não se preocupam com eles”, avalia.

Promover políticas para moradia é um dever constitucional que também é dos municípios, como determina o Artigo 23 da Constituição brasileira.

Integração latino-americana

O parágrafo único do Artigo 4º da Constituição, dispositivo que define os princípios das relações internacionais do país, afirma que o Brasil “buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações”.

O professor Tomaz Espósito destaca que a integração é diária nos municípios de fronteira e sugere que as prefeituras promovam projetos para que a população brasileira possa ser atendida no país vizinho e vice-versa.

“Na fronteira do Brasil com o Uruguai já vimos projetos em que há troca de oferta de serviços médicos, com brasileiras indo realizar tomografia no Uruguai e uruguaios realizando hemodiálises no Brasil. Pode-se criar arranjos para que a fronteira deixe de ser apenas um obstáculo e se torne de fato a integração. O Brasil começa na fronteira”, diz o especialista.

Para o presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Stremel Barros, os municípios sozinhos não têm estrutura financeira e administrativa para enfrentar os graves problemas das fronteiras brasileiras e, por isso, as autoridades locais devem ter boa capacidade técnica e de gestão.

“O principal ponto é buscar gestores que tenham capacidade ou que possam, em conjunto com a sociedade, ter condições técnicas mínimas para trabalhar aspectos legislativos e administrativos. O tanto que o país perde em corrupção ele perde também com má gestão”, avalia o presidente do Idesf, com sede em Foz do Iguaçu (PR), na fronteira com o Paraguai.

*Com informações da Agência Brasil

Parasitas que transmitem doença encontradas no sauim-de-coleira são analisados no Amazonas

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Foto: Marcelo Gordo/Acervo pessoal

O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) é uma espécie altamente ameaçada de extinção e que vive muito próximo da população humana de Manaus (AM). Compreender o risco para a saúde pública dos parasitas de filárias zoonóticas (vermes que podem transmitir doenças) e eleger as opções de tratamento que possam reduzir o risco desses parasitas para a população humana e para a população de sauins, bem como auxiliar na conservação do sauim-de-coleira são objetivos de uma pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Amparado via Programa Universal Amazonas, o estudo intitulado ‘Detecção e caracterização de filárias zoonóticas em sauim de coleira (Saguinus bicolor), e avaliação do risco para saúde pública’ detectou a bactéria Wolbachia e outros parasitas filariais. A presença das filárias são mais uma ameaça à população de sauins, que já é uma espécie afetada pela perda do seu habitat natural, em virtude do desmatamento das áreas verdes de Manaus.

A coordenadora do estudo e doutora em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses, Alessandra Ferreira Dales Nava, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), afirmou que as filárias que foram encontradas nos animais analisados já foram encontradas em outros primatas.

Os sauins-de-coleira são primatas encontrados somente em Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara (distantes 57 e 176 quilômetros da capital, respectivamente) e que, muitas vezes, morrem atropelados ou eletrocutados.

Depois, esses animais são levados ao “Projeto Sauim-de-coleira”, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), onde são realizadas necropsias pela equipe, a fim de procurar o parasita adulto, que geralmente é encontrado na cavidade abdominal (área da barriga). Além da coleta de sangue, quando possível.

Nos animais vivos recebidos pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que também são vítimas de atropelamento e desmate de áreas, são coletadas amostras de sangue para a realização de exames, a fim de detectar o parasita.

Alessandra Nava aponta ainda que a melhor estratégia é entender quais os vetores envolvidos na transmissão e compreender sobre as áreas de maior ocorrência. Os animais silvestres são ótimos sentinelas de saúde ambiental, isto é, são espécies que podem indicar a circulação de um patógeno ou contaminante ambiental, possibilitando ao sistema de saúde a preparação para uma possível ameaça para saúde humana.

“Cada vez mais, a vigilância de patógenos com potencial zoonótico é estratégico para o Bioma Amazônico, para entendermos quais patógenos estão circulando e quais áreas são prioritárias para risco e quais alterações na paisagem (desmatamento, ocupações humanas) podem aumentar esses riscos”, disse ela.

*Com informações da Agência Amazonas

Conheça o município de Rondônia onde um único voto pode eleger o prefeito em 2024

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Prefeitura de Corumbiara. Foto: Jonatas Boni/g1 Rondônia

O município de Corumbiara (RO) viverá uma situação curiosa na eleição deste domingo (6): apenas um voto será suficiente para eleger o prefeito da cidade. Isso acontece porque há apenas um candidato concorrendo ao cargo, o que garante a vitória mesmo que apenas o próprio candidato vote.

Já nas eleições para vereador, 49 candidatos concorrem às 9 cadeiras disponíveis na Câmara Municipal de Corumbiara, segundo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo a Lei Eleitoral número 9.504/1997, é eleito para o cargo de prefeito o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos, sem contar os votos em branco ou nulos. Com apenas um concorrente, a vitória é garantida assim que o primeiro voto válido for computado.

Leandro Vieira (União), atual prefeito de Corumbiara, é o único concorrente nas eleições de 2024. Ele nasceu em Umuarama (PR), tem 40 anos e possui ensino superior completo.

Vieira foi eleito pela primeira vez em 2020, quando obteve 48,29% dos votos válidos, em uma disputa com outros três candidatos: Laercio, Deocleciano da Dizal e Junior Marcon.

Corumbiara foi elevada à categoria de município em 1992. O nome da cidade é uma homenagem ao rio Corumbiara, que deságua no rio Guaporé, um importante afluente da região. Em 2022, o município tinha 7.519 habitantes, com uma densidade demográfica de 2,46 habitantes por quilômetro quadrado.

Corumbiara tem uma população estimada em 8.001 pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

*Com informações da Rede Amazônica RO

Seringueiros da Amazônia garantem renda de R$ 441 mil com borracha nativa

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Foto: Christian Braga

A primeira remessa da safra 2024/2025 de borracha nativa gerou mais 31,5 toneladas e R$ 441 mil de renda para famílias e associações de seringueiros dos municípios de Manicoré (a 347 quilômetros de Manaus) e Itacoatiara (a 270 quilômetros da capital), mesmo diante da grande estiagem que vem isolando comunidades e causando grandes prejuízos no Amazonas.

Desse total, mais de R$ 378 mil foram destinados aos seringueiros e mais de R$ 63 mil para as associações. Essa produção faz parte do projeto “Juntos pelo Extrativismo da Borracha” que incentiva a retomada da cadeia da borracha amazônica. É uma iniciativa do WWF-Brasil, em parceria com o Memorial Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), WWF-França, Michelin, Fundação Michelin e Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA).

As organizações de Manicoré que atuaram na coleta dessa borracha são: Associação dos produtores Agro-Extrativistas do Igarapezinho (APAIGA), Associação dos Moradores Agro-Extrativistas do Lago do Capanã-Grande (AMALCG), Associação de Moradores Agro-Extrativistas da Comunidade de Bom Suspiro, Associação de Moradores Agroextrativistas Nossa Senhora de Nazaré da Barreira do Matupiri. Já de Itacoatiara é a Associação dos Produtores e Criadores Extrativistas do Amazonas (APROCRIA).

Foto: Christian Braga

A produção sairá de balsa de Manaus em direção a Belém, capital do Pará, onde ocorre o transbordo da balsa para um caminhão, que segue em direção à Igrapiúna, na Bahia. O material retornará a Manaus como insumo para a fabricação de pneus de motocicletas e bicicletas.

A chegada da borracha em Manaus representa uma grande vitória, diante das dificuldades de navegação dos rios amazônicos com a seca histórica, que assola o Estado. Algumas associações, não conseguiram escoar suas produções, como a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Município de Uarini (ATRAMP) – a 570 quilômetros da capital amazonense, que beneficia em torno de 80 famílias.

Eles produziram mais de oito toneladas de borracha, mas não conseguiram fazer o transporte da comunidade para a capital. Já as associações de Eirunepé produziram sete toneladas, que não podem sair de lá porque não há navegabilidade nos rios.

Natasha Mendes, Analista de conservação do WWF-Brasil, enfatiza que a iniciativa é um exemplo de geração de renda para as comunidades do Amazonas, incentivando práticas extrativistas sustentáveis para o território.

Os seringueiros que moram nas Reservas Extrativistas (Resex) envolvidas no projeto, de retomada da borracha, têm a compra garantida e negociada a um preço justo. Tanto que, na composição do preço da borracha vendida para a Michelin, é considerado não apenas o valor de mercado similar ao látex coletado em florestas plantadas no Brasil, mas também são adicionados bônus referentes à sustentabilidade, comércio justo e prestação de serviços ambientais como a conservação da Amazônia. Além disso, também é revertido um valor para manter funcionando a estrutura e a mobilização das associações envolvidas na iniciativa.

“O projeto vem como uma resposta e alternativa de modelo de desenvolvimento sustentável, que gera renda e inclui o pagamento por Serviços ambientais (PSA), além de reconhecer os saberes tradicionais das comunidades que trabalham com a coleta da borracha nativa. O fortalecimento da cadeia da borracha gera uma rede robusta que conecta pessoas, clima, biodiversidade, território, negócios e oportunidades”, explica Bruna Mesquita, Gerente de Sustentabilidade para a Michelin na América do Sul. 

Mais de 120 mil eleitores são impactados por seca histórica no Amazonas

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Foto: Reprodução/Rede Amazônica AM

Mais de 120 mil eleitores sofrerão com os impactos diretamente causados pela seca histórica que assola o estado do Amazonas para votar neste dia 6. E pelo menos 15 mil podem precisar do uso de helicópteros para chegar aos locais de votação. A estiagem afeta, em diferentes níveis, 263 locais de votação e 504 seções eleitorais em que as eleições municipais ocorrerão.

O Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) definiu um planejamento estratégico para combater os obstáculos causados pelo período de vazantes. De forma antecipada, 78 locais de votação precisaram do uso de helicópteros para o transporte de urnas a locais de votações que populações isoladas possam chegar.

Esses 78 locais de votação atendem, no total, 27.777 eleitores em 136 seções, nas quais estão incluídas 30 áreas indígenas com 55 seções eleitorais, totalizando 12.890 eleitores.

Os helicópteros, que pertencem ao Ministério da Defesa, podem ser usados para levar as urnas ou auxiliar os eleitores, mas o TRE-AM não tem um balanço até o fim das eleições.

O monitoramento foi dividido em quatro níveis:

  • Normal – não impactados pela vazante
  • Moderada – com dificuldade para chegar, impacto no tempo de deslocamento
  • Severa – dificuldade muito grande, eleitores podem precisar de auxílio de transporte
  • Impeditiva – local pode ficar isolado e necessitar de uso de helicópteros

Confira o número de eleitores em cada situação de acordo com o monitoramento do TRE:

  • Situação impeditiva: 15.953 eleitores / 67 seções / 35 locais de votação
  • Situação severa: 44.137 eleitores, de 192 seções em 108 locais de votação
  • Situação moderada: 60.291 eleitores, de 245 seções em 120 locais de votação
  • Em normalidade: 2.629.959 eleitores de 7868 seções em 1295 locais de votação

E os números podem ser ainda maiores no balanço que será feito após as eleições, já que os níveis dos principais rios amazônicos seguem em ritmo de descida.

Há também os moradores ribeirinhos que passam como invisíveis nos números. Isso porque vivem em áreas isoladas, apesar do local de votação não sofrer com a seca. É o caso do agricultor Marivaldo de Souza Castro. Ele saiu de casa no dia 26 de setembro para chegar a tempo da eleição.

“Preciso sair com antecedência com a família toda porque o rio está muito baixo. Batemos em algumas pedras no caminho, entortou o leme e agora estamos com goteiras em alguns pontos” relatou.

Ele e a família saíram da comunidade de Boa Vista, no Rio Unini, com direção a Barcelos. Um trajeto de aproximadamente 120 quilômetros que, por conta da seca, passou de três dias de duração para sete. Apesar dos riscos pelo caminho, ele acredita que a melhor escolha sempre é ir votar.

Mesmo com 74 anos e sem ter mais a obrigação de votar, a aposentada Maria do Patrocínio reafirma o desejo de mudança.

“Enquanto estiver ruim, vou continuar votando. Até que a situação da nossa comunidade melhore. Tem que ter esperança, né? A gente faz o nosso papel”, disse a aposentada.

*Por Matheus Maciel, Priscila Moraes e Milton Oliveira, Rede Amazônica AM

Dom e Bruno: MPF entra com recurso para que réu vá a júri popular

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O Ministério Público Federal (MPF) entrou com recurso em que pede para que se mantenha o julgamento do réu Oseney da Costa Oliveira por júri popular, pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Para o MPF, Oliveira deve ser julgado por duplo homicídio qualificado. O recurso foi apresentado no iníco do mês de outubro, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) já havia pedido que o MPF interviesse. A entidade argumentou que se trata de um caso “tão importante e simbólico para o movimento indígena do país” e que, por isso, deveria ser “conduzido de forma correta e ilibada”. 

Oseney Oliveira, também conhecido como Dos Santos, é um dos três réus do caso. Os outros réus são seu irmão, Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, e Jefferson da Silva Lima, apelidado de Pelado da Dinha. Bruno Pereira e Dom Phillips foram executados em 2022, na Terra Indígena Vale do Javari, no oeste do Amazonas. 

No dia 17 de setembro, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) analisou um recurso da defesa dos acusados e decidiu manter o julgamento de Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima por júri popular. Porém, entendeu que não havia provas suficientes para confirmar a participação de Oseney da Costa Oliveira no crime, algo que o MPF contesta.

Um dos aspectos que o MPF considera mais consistente e que usa de argumento contra Oseney é o de que, na confissão de Jefferson da Silva Lima, Amarildo chamou o irmão e outros parentes para que capturassem o indigenista e o jornalista britânico. O MPF ainda afirma que “há prova testemunhal colocando Oseney na cena dos crimes, inclusive com detalhes do encontro deste com seu irmão Amarildo no dia e hora dos assassinatos, como o relato de que Amarildo estaria esperando pelo irmão, em sua embarcação, e de que este estava com pressa para encontrar Amarildo”.

Além disso, Oseney é apontado como sendo o responsável pela revelação da localização dos corpos das vítimas. “Por fim, na data dos fatos, ele portava arma, e, em sua casa, que ficava próxima ao local dos crimes, foram encontrados bens das vítimas, tendo servido inclusive de abrigo para Jefferson após o início das diligências policiais”, escreve o órgão em nota.

“O cenário acima revela que, em que pese não tenha realizado o núcleo do tipo homicídio (‘matar alguém’) Oseney provavelmente concorreu, de qualquer modo, para a prática delitiva, seja com sua presença física no locus delicti [local onde o crime foi cometido], seja atendendo convocação do seu irmão Amarildo para matar Dom e Bruno, seja revelando onde os corpos estavam”, conclui o MPF, que ressalta que, embora talvez Oseney não tenha sido tão responsável como seus supostos comparsas, mas que teve envolvimento no crime e deve ser punido de maneira proporcional.

Ainda presos, Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima serão julgados por duplo homicídio qualificado e pela ocultação dos cadáveres das vítimas. Já Oseney aguarda a finalização do julgamento do caso em prisão domiciliar, com monitoramento eletrônico.

*Com informações da Agência Brasil

Primeira edição da ‘Expo Favela’ reforça incentivo ao empreendedorismo manauara

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Pela primeira vez, o Amazonas recebeu a programação ‘Expo Favela Innovation‘, a maior feira de cultura, inovação e empreendedorismo realizada pelas comunidades do país por meio da Central Única das Favelas (CUFA). Em Manaus, o evento foi realizado no Centro de Convenções Vasco Vasques e chamou a atenção dos manauaras.

O ‘Expo Favela Innovation’ contou com palestras, workshops, exposições, rodadas de negócios, pitches, mentorias, debates, cursos, shows, filmes, desfiles, games, entre outras iniciativas.

De acordo com os organizadores, a ‘Expo Favela’ foi criada para que os empreendedores consigam conexões e possam ampliar o discurso de empoderamento dentro da sociedade. Na programação, o público pode ver de perto exemplos de moradores de comunidades que chegaram a expor seus negócios em outros países.

“A Expo Favela representa o início de um grande sonho da CUFA Amazonas, pois é um projeto de empreendedores onde eles mostram a visibilidade dos seus talentos e a conexão das favelas com o asfalto”, disse a representante do CUFA Amazonas, Fabiana Carioca.

Favela Games

E quem disse que o evento é só sobre empreendedorismo? A primeira edição da Expo Favela no Amazonas deixou uma área para os apaixonados por games. Um dos destaques do foi o jogo de dança Just Dance, que contou até com um campeonato para descobrir quem é o melhor dançarino da cidade.

“Nós do Just Dance MAO, que começamos como uma empresa pequena lutamos bastante para nos colocar no mercado. Então, essa oportunidade foi incrível. A gente pôde conhecer outras empresas, além de levar diversão para os visitantes”, afirmou Phil Rocha, um dos coordenadores do Just Dance MAO.

Confira alguns momentos da Expo Favela

Estudantes de zooctenia conhecem subproduto gerado por cervejaria no Acre para alimentação na bovinocultura

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Segundo estudos publicados pela Embrapa, a evolução da pecuária leiteira e as tentativas de criar um rebanho de bovinocultura leiteira na Amazônia remontam ao final dos anos 1800. Mas esse cenário mudou, houve uma readaptação, principalmente nas dietas e raças que melhor se adaptassem ao clima tropical amazônico.  

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), visando a alimentação balanceada na bovinocultura leiteira e de corte, levou para uma visita técnica em uma cervejaria no Acre, um grupo de alunos do curso técnico de zootecnia.

O resíduo de cevada, que é obtido pelo processo de fabricação de cerveja, é a alternativa que vem sendo utilizada na dieta de bovinos para produção de leite e corte.

A estudante Isabelle da Silva afirma que este tipo de atividade é importante para criar vivências durante a formação e obter instruções na prática.

Foto: Reprodução/Amazon Sat

O zootecnólogo e instrutor da turma de curso técnico de zootecnia do Senar Acre, Jalceyr Figueiredo, relata como a alimentação do subproduto ajuda na propriedade do pequeno bovinocultor.

O instrutor frisa também que o fator econômico e ambiental é um aliado para quem pretende adotar esse tipo de alimentação para os animais.

O Senar Acre informou que 14 alunos participaram do curso. A visita na cervejaria fez parte dos estudos da unidade curricular de Mercado de Nutrição e Alimentação Animal. Os alunos tiveram a oportunidade de conhecer a utilização de resíduos e subprodutos agroindustriais que têm desempenhado um papel importante na agropecuária brasileira, como, por exemplo, na alimentação e nutrição animal. 

O reaproveitamento desses subprodutos de cervejarias, pode além de ajudar na dieta do gado, reduzir problemas de poluição e os custos do produtor rural.

Acompanhe mais detalhes sobre a bovinocultura no Programa Amazon Sat Agro:

Grupo de vigilância indígena é criado por mulheres para aumentar proteção em TI no Tocantins

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As mulheres da Terra Indígena (TI) Kraolândia, no estado do Tocantins, mobilizaram-se para criar o grupo de Guerreiras Krahô. O objetivo foi implantar a vigilância indígena feminina no território. A estruturação do grupo foi feita durante o I Encontro de Mulheres para a Defesa Territorial e ‘Andada das Cahãj’, entre 16 a 27 de setembro, com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

O encontro contou ainda com o intercâmbio de indígenas do povo Guajajara das TIs Caru e Arariboia, do estado do Maranhão, para a troca de experiências. As convidadas Guajajara e as anfitriãs Krahô participaram da primeira ‘Andada das Cahãj‘, expedição de vigilância de mulheres pelo território Krahô. Com a expedição, foi possível identificar desafios, os quais foram posteriormente discutidos com as lideranças indígenas e com a Funai para atuação conjunta em defesa do território para as atuais e futuras gerações Krahô.

A Funai participou da mobilização, do planejamento e da realização das atividades, por meio das Coordenações Técnicas Locais (CTLs) Itacajá e Carolina; do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial (Segat) da Coordenação Regional Araguaia-Tocantins (CR-ATO); e da Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial (CGMT) da Diretoria de Proteção Territorial (DPT). Houve também parceria com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e Awana Digital.

Guerreiras Krahô

A vigilância indígena feminina Krahô partiu de uma demanda das ‘Cahãj’ (mulheres Krahô), de participarem das ações de proteção territorial assim como os homens, que já se organizavam em grupos de vigilância indígena. Com apoio da Funai, elas se mobilizaram e reuniram 13 indígenas que passaram a compor o grupo Guerreiras Krahô.

Foto: Ruth Ihprep Krahô

Para a coordenadora de Prevenção de Ilícitos substituta, da CGMT, Clara Ferrari, o trabalho demonstra a importância e o potencial das iniciativas indígenas em defesa dos territórios.

A chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da CR-ATO, Clarisse Raposo, avalia que reconhecer a perspectiva feminina em relação ao território é importante para que as ações de vigilância sejam planejadas e executadas considerando dimensões fundamentais para o modo de vida dos povos indígenas. 

Segundo Clarisse, proteger o território é também proteger a aldeia e cuidar das relações que nela se estruturam. “Nesse sentido, o trabalho que começou a se estruturar nesse encontro precisa continuar sendo incentivado, apoiado e fortalecido”, estimula.  

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Foto: Luzia Cruwakwyj Krahô

Com o reconhecimento das comunidades e lideranças Krahô para atuar na proteção territorial, o grupo de mulheres continuará fazendo expedições de vigilância pelo território. O próximo encontro será no Curso de Capacitação em Vigilância Indígena, a ser realizado pela Funai, por meio da CGMT, CR-ATO e parceiros, ainda este ano.

Vigilância indígena

A vigilância indígena reúne uma diversidade de ações, adaptadas a cada contexto, protagonizadas pelos povos indígenas na prevenção de ilícitos nas terras indígenas. Ações como caminhadas pelo território permitem conhecer melhor os limites, ocupar áreas estratégicas e monitorar ocorrências e, assim, colaborar para a tomada de decisão e estratégias de gestão territorial e ambiental por parte dos próprios indígenas, além de subsidiar outras ações de proteção territorial, como a fiscalização.

As iniciativas de vigilância indígena realizadas na TI Kraolândia, promovidas pelos Mentuwajê (Guardiões da Cultura) e Me Hoprê Catejê (Guerreiros), já possuem um histórico, dinâmica própria, motivação e iniciativa que parte do próprio povo Krahô e de suas lideranças comunitárias, agora fortalecidas também com a presença das Guerreiras Krahô.

Ao longo de mais de uma década, os Mehî (indígenas Krahô) vêm se esforçando para estabelecer parcerias que permitam estruturar, criar rotinas mais estáveis e consolidar essas iniciativas próprias de gestão e proteção da Terra Indígena e seus recursos baseadas nas ‘andadas’ (mêpa môr xà) pelo território (pjê).

De acordo com as próprias lideranças, guardiões e guerreiros Mehî, apesar das dificuldades e descontinuidades enfrentadas no apoio às ações de vigilância indígena, a Funai tem sido um pilar essencial no desenvolvimento dessa iniciativa. 

*Com informações da Funai