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Dom Romualdo Antônio de Seixas, o Marquês de Santa Cruz

Por Abrahim Baze – literatura@amazonsat.com.br

Romualdo Antônio de Seixas nasceu em Cametá/PA, em 1 de novembro de 1787, seus pais Francisco Justiniano de Seixas e dona Ângela de Souza Bittencourt, sobrinho de Dom Romualdo de Souza Coelho, oitavo Bispo do Estado do Pará.

Fez seus primeiros estudos no seminário de Belém sob os auspícios de seu tio, o Padre Romualdo de Souza Coelho que mais tarde viria a ser bispo do Pará e que também nascera na mesma cidade de Cametá. Estudou algum tempo no seminário em Lisboa, onde seu talento foi sobre modo apreciado.

Voltando para o Pará, lecionou no Seminário Latim, Retórica, Filosofia e Francês. Posteriormente, tornou-se deputado na Assembleia Geral Legislativo. Como deputado, apesar de ter nascido no Pará, foi defensor incansável na Campanha em prol da criação da província do Amazonas e seus discursos a esse respeito constam dos Anais do Parlamento Nacional, assunto sobre o qual se refere o historiador Arthur César Ferreira Reis, em sua obra História do Amazonas, afirmando que foi a primeira voz a se erguer em favor da criação da Província do Amazonas.

Rua Marquês de Santa Cruz em Manaus (AM), 1953. Autoria: Tibor Jablonsky; Lúcio de Castro Soares. Soares. Série: Acervo dos trabalhos geográficos de campo. Foto: Reprodução/Biblioteca IBGE

Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, o Bispo do Pará Dom Manuel enviou o padre Manuel Evaristo de Brito Mendes e o Diácono Romualdo Antônio de Seixas para levar os cumprimentos ao Rei Dom João VI, em nome do Clero Paraense. Manuel e Romualdo voltaram a Belém com a nomeação de Cônegos da Sé Paraense e Cavaleiros da Real Ordem de Cristo.

Romualdo Antônio de Seixas foi ordenado presbítero em Belém, no dia 1 de novembro de 1810, por Dom Manuel de Almeida de Carvalho, em seguida, nomeado pároco de Cametá e posteriormente Vigário Capitular. O cônego Romualdo Antônio de Seixas presidiu a junta governativa da Província do Grão-Pará e Rio Negro entre 1821 a 1823. Recebeu de Dom Pedro I o Título de Pregador da Capela Imperial e a Grande Dignatária da Imperial Ordem da Rosa e de Dom Pedro I, por ocasião de sua coroação, em 18 de julho de 1841, a Grã-cruz da Imperial Ordem de Cristo.

Ainda no reinado de Dom Pedro I foi nomeado Arcebispo da Bahia, no dia 26 de outubro de 1826 e confirmado pelo Papa Leão XII, no dia 20 de maio de 1827.

Dom Romualdo Antônio de Seixas foi sagrado na Capela Imperial do Rio de Janeiro por Dom José Caetano da Silva Coutinho, estando presente o imperador e toda sua corte, em 1841, como único arcebispo do Brasil à época. A Província Eclesiástica de São Salvador da Bahia abrangia todo território brasileiro e todas as demais dioceses, inclusive, a do Rio de Janeiro que eram sufragâneas da Arquidiocese Metropolitana de Salvador. Presidiu a solenidade de sagração Dom Pedro II, Imperador do Brasil e dele recebeu a Grã-cruz da Imperial Ordem de Cristo. Recebeu o título de Conde de Santa Cruz, por Decreto Imperial de 2 de dezembro de 1858. Em 14 de março de 1860, foi nomeado Marques de Santa Cruz.

Dom Romualdo Antônio de Seixas pertenceu ao grupo de bispos ultramanos ou reformadores como Dom Antônio Ferreira Viçoso, de Mariana, Dom Antônio Joaquim de Melo, de São Paulo, Dom Antônio Macedo Costa, do Pará e Dom Vital de Oliveira, de Pernambuco.

Foi sócio da Academia de Monique, do Instituto da África em Paris, do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, da Sociedade Real dos Antiquários do Norte e outras sociedades de ciências e letras. Correspondeu-se com Carl Frederich Philipp von Martius e Johann Baptist von Spix após manter contato pessoal quando da viagem destes à Amazônia. Ao regressarem a Europa, os naturalistas lhe enviaram de lá o diploma de sócio da Real Academia de Ciências de Monique.

Em Cametá, há uma escola com seu nome – Grupo Escolar Dom Romualdo de Seixas – a qual é a mais antiga da cidade. Em uma das ruas do Bairro de Cambuci, em São Paulo, tem o nome Rua Dom Romualdo de Seixas. Assim como em Belém do Pará, no Bairro de Umarizal.

Seus discursos parlamentares, seus sermões, suas cartas pastorais e outros escritos firmaram-lhe a reputação de sábio, assim no Brasil como na Europa.

No dia 25 de fevereiro de 1858, escreveu seu belo e comovente testamento o qual fez executores ou testamenteiros Raimundo Barroso de Souza, seu primo, Cônego José Joaquim da Fonseca Lima, cunhado, e Cônego José de Souza Lima.  

Marquez de Santa Cruz, Arcebispo da Bahia, primaz do Imperio do Brasil. Litografia em preto e branco. Galeria dos Brasileiros Ilustres, de Sébastien Auguste, Sisson, 1861. Imagem: Abrahim Baze/Acervo

Dom Romualdo Antônio de Seixas muito sofreu da parte de inimigos gratuitos que lhe invejavam o talento e a fama. Estes não o pouparam espalhando no Reino as mais repelentes calúnias. O prelado, entretanto, nobre e magnânimo a todos perdoou, incluindo em seu testamento esta declaração impressionante:

“… Perdôo de todo meu coração todas as calúnias, de que tenho sido objeto, sem exceção das que com inaudita injustiça se fez correr por todo o Império, de que eu tinha alcançado por meios simoníacos o arcebispado da Bahia. Reconheço-me como o mais miserável dos pecadores, mas, tomo por testemunha a Deus que me há de julgar, que não sou culpado de tão abominável delito. Nunca dei nenhum passo ou apliquei meio algum ainda indireto para conseguir esta alta dignidade, que certamente não merecia, nem jamais me tinha vindo a lembranças, pelo contrário tentei logo pedir escusa e, se o não o fiz foi movido pelosa conselhos de um sábio e respeitável prelado, mas quando chegou a Bula da confirmação, tendo já transpirado a referida atrocíssima calunia, resolvi-me então, ir pedir a Sua Majestade Imperador, que me dispensa-se de semelhante cargo, pois que ainda era tempo, mas ele não se dignou atender-me”. 

Antologia Nacional de Werneck

Dom Romualdo Antônio de Seixas é Patrono da Poltrona n. 46 do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Chorado pelo seu rebanho, faleceu no dia 29 de dezembro de 1860, em Salvador, aos 73 anos.

Fontes:
BAENA, Antônio Ladislau Monteiro (1782-1850). Compendio das eras da Província do Pará, Belém: Universidade Federal do Pará, 1969.
BLACK, Augusto Victorio Alves Sacramento. Dicionário Bibliográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 1883-1902.
COUTINHO, Afrânio; SOUZA, J. Galante de (dir.). Enciclopédia de Literatura Brasileira. 2. Ed. Ver. Ampl, atual. e Il. Sob a coordenação de Graça Coutinho e Rita Moutinho. São Paulo: Global; Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional e Academia Brasileira de Letras, 2001.
Guia Histórico e catálogo da Arquidiocese de Belém, 1982.
RAMOS, Alberto Gaudêncio. Cronologia eclesiástica do Pará. Belém: Falângola, 1985.
SILVA, Cândido da Costa e; AZZI, Riolando. Dois estudos sobre D. Romualdo Antônio de Seixas Arcebispo da Bahia. Salvador: CEB, UFBA, 1981. (Centro de Estudos Baianos). 

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Maior morcego das Américas é registrado por pesquisadores no Amapá

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Por ser grande, câmera não conseguiu enquadrar todo o ‘Vampyrum spectrum’ — Foto: Jennifer Barros/ Bat Conservation International

Um morcego da espécie Vampyrum spectrum, a maior encontrada nas Américas, foi fotografado por um grupo de pesquisadores em uma caverna no município de Tartarugalzinho, na região central do Amapá. A espécie é carnívora e pode atingir um metro de envergadura.

A pesquisa realiza um levantamento sobre as populações dos mamíferos voadores e estuda mecanismos de proteção de cavernas no estado.

De acordo com a bióloga Jennifer Barros, da ONG Bat Conservation International, a criação de mecanismos de proteção desses ambientes é fundamental para o equilíbrio do meio ambiente na Amazônia.

“Nós temos quatro espécies de morcegos ameaçadas aqui no Brasil, sendo que três estão ameaçadas porque são estritamente associadas a cavernas, que por sua vez são ameaçadas por conta de mineração e perturbações antrópicas”, explicou a bióloga.

Foram visitados ainda locais em Calçoene e em Mazagão. A caverna de Tartarugalzinho foi a que mais chamou a atenção dos cientistas, que identificaram no local uma grande colônia de morcegos insetívoros.

O levantamento tem apoio da Universidade Federal do Amapá (Unifap) do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) através do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav).

O pesquisador William Douglas Carvalho, integra uma rede de estudos da Unifap com as Universidad Autónoma de Madrid (UAM) e Universidad Complutense de Madrid (UCM). Ele analisa como os serviços ecossistêmicos fornecidos pelos morcegos podem contribuir para uma produção agrícola mais sustentável nos cerrados do Amapá.

“Os resultados de nosso projeto terão um impacto direto na conservação da biodiversidade das savanas do Amapá, ajudando a identificar caminhos colaborativos através dos quais cientistas da conservação, comunidades locais e o setor produtivo possam trabalhar em conjunto para beneficiar a biodiversidade”, explicou o pesquisador.

Para a captura dos animais, foram usadas redes de neblina. O grupo também constrói casas para os morcegos, o que pode contribuir com o controle de insetos.

“Nosso projeto é um dos primeiros a avaliar hotéis para morcegos na América Latina, sendo que o resultado também pode impactar a vida das pessoas dentro das cidades, já que morcegos também tem um enorme potencial para a supressão de populações de insetos que causam transmissão de doenças tropicais, como dengue, chikungunya e zika”, descreveu Carvalho.

Importância dos morcegos para os ecossistemas

Em todo mundo existem mais de 1.400 espécies. No Brasil já foram registradas 182 espécies que possuem uma variação de hábitos alimentares como: frugívoros, insetívoros, nectarívoros, e carnívoros que se alimentam de sapos e peixes.

A bióloga Jennifer Barros explicou que apenas 3 espécies se alimentam de sangue, mas boa parte das pessoas acreditam que todas as espécies são assim.

Jennifer destacou que os morcegos frugívoros, por exemplo, são fundamentais para a regeneração de florestas e atuam como dispersores de sementes.

Já os insetívoros substituem até pesticidas em lavouras agrícolas e ajudam a controlar a população de insetos nessas áreas.

Os morcegos polinizadores realizam os mesmos trabalhados que as abelhas. Entre os exemplos de plantas que são polinizadas estão o pequi e a planta da tequila, a Agave-azul.

*Por Rafael Aleixo, do g1 Amapá

Circuito das Artes e Rota ferroviária: opções históricas de museus em Porto Velho

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O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC) mobiliza os museus do Brasil a promoverem atividades especiais durante a 22ª Semana Nacional do Museu, cujo dia é celebrado em 18 de maio. Os museus, memoriais e centros culturais são parte das opções turísticas de Porto Velho (RO) e compõem o Circuito das Artes e a Rota Cultural de ‘O Melhor de PVH – Terra de Bravos Pioneiros’, a campanha de turismo da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (Semdestur).

Circuito das Artes

O Circuito das Artes reúne museus e teatros, espaços dedicados a exposições, espetáculos, poesia, artes plásticas, músicas e muito mais.

O Memorial Marechal Rondon, situado na Estrada do Santo Antônio, 4863 , bairro Triângulo, funciona de terça a domingo, das 10h às 16h. Em um local histórico, próximo ao antigo marco fronteiriço entre os estados do Amazonas e Mato Grosso, o memorial ilustra a trajetória do marechal Cândido Mariano Rondon, que foi um indigenista, pesquisador e trouxe linhas telegráficas à Amazônia. Todo o legado, além de itens originais e réplicas, estão disponíveis no memorial, que está ao lado da histórica Igreja de Santo Antônio de Pádua e tem vista para a Usina Hidrelétrica Santo Antônio.

Museu Internacional do Presépio fica dentro da Associação São Tiago Maior

Foto: Leandro Morais

Na zona Leste de Porto Velho está o Museu Internacional do Presépio, que conta com o maior presépio monumental do Brasil e o segundo do mundo, sendo o primeiro na Itália. O museu fica dentro da Associação São Tiago Maior, na rua Mané Garrincha, 3154, bairro Socialista, e funciona de terça a domingo, das 10h às 13h e das 15h às 20h. Para mais informações, ligue: (69) 3214-7443 ou (69) 99312-1501, ou acesse o perfil do instagram @museuinternacionalpresepio.

O centro da cidade também conta com vários pontos do Circuito das Artes, como o Centro Cultural e de Documentação Histórica Desembargador Hélio Fonseca, situado na avenida Rogério Weber, 2399, em frente à Praça das Caixas d’Água, funcionando de segunda a sexta, das 10h às 17h. O CCDH conta com documentos da época da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), além de material histórico do Tribunal de Justiça de Rondônia. Atualmente, o CCDH está com a Exposição de Arte “Ser de Fibra”, do artista plástico Jan-Frits Obers, até o próximo dia 23 de maio. Mais informações no Instagram @ccdh_tjro.

O Museu do Complexo da EFMM possui quatro estações que contam com itens históricos
O recém-inaugurado Museu da EFMM, localizado no Complexo Madeira-Mamoré, na avenida Farqhuar, 5, funciona de quarta a sábado, das 10h às 18h, e aos domingos, das 10h às 16h. Para visitação é necessário retirar o ingresso gratuito no site, seja para visita guiada ou não guiada. O Museu possui quatro estações que contam com itens históricos da construção da ferrovia que deu origem à cidade de Porto Velho, além de obras de arte, fotografias, poesia e itens interativos.

Rota cultural

Ainda pelo centro da cidade, na Rota Cultural, está a Casa de Cultura Ivan Marrocos, que funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h30. Ponto imponente próximo à Praça das Três Caixas d’Água, a casa de cultura recebe passeios escolares e visitantes de todo o Brasil. A Casa de Cultura Ivan Marrocos recebe até o dia 31 de maio a exposição de artesanato, no hall de entrada e no Quintal Carambola. A programação do local está sendo divulgada através do instagram @casadacultura.ivanmarrocos.

Foto: Wesley Pontes

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho

Pará e Amazonas concentram mais startups e negócios inovadores, aponta mapeamento


 ​Composta por nove estados brasileiros, a Amazônia Legal possui uma grande diversidade de startups e negócios que atuam com foco em inovação. A fim de identificar insights relevantes sobre esse ecossistema, o Observatório Sebrae Startups analisou 646 empreendimentos já cadastrados na Plataforma Sebrae Startups e acaba de lançar o Mapeamento das Startups e Negócios Inovadores da Amazônia Legal.

Para realizar o levantamento, foram analisadas as startups inovadoras que possuem potencial de escalabilidade. Em relação ao estágio de maturidade, foram incluídas tanto as que estão na fase de ideação quanto aquelas que já podem se considerar empresas consolidadas – seja pelo critério de faturamento ou quantidade de funcionários -, mas que ainda se consideram startups ou negócios inovadores.

A Amazônia Legal é uma divisão geográfica e administrativa estabelecida pelo governo brasileiro nos anos 1950, com o objetivo de promover o desenvolvimento social e econômico dos estados que compõem a região amazônica. Segundo o estudo, o Pará lidera em número de startups e negócios inovadores, totalizando 147 e, correspondendo a 23% do total. Ele é seguido por Amazonas, com 116 desses empreendimentos (18%), e pelo estado do Maranhão, com 82 startups e negócios inovadores (13%). Os estados de Rondônia com 76, Amapá com 69, Acre com 64, Mato Grosso com 45, Tocantins com 28 e Roraima com 19 representam 46% do total de negócios mapeados.

Imagem: Reprodução/Sebrae Startup

Faturamento e segmentos de atuação

As informações sobre faturamento das startups e negócios inovadores se conectam com o estágio em que as empresas se encontram, sendo:]

“Sem faturamento” com 38% empresas em estágio inicial;
“Entre R$ 81 mil a R$ 360 mil” com 36,3% em crescimento intermediário;
“Entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões” com 9% no topo, refletindo suas respectivas maturidades e contribuições para a economia.

Além desses, apenas 0,6% encontra-se na faixa entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões, enquanto que 16,1% não informou o faturamento.

Esses dados evidenciam a diversidade e a dinâmica do cenário desses empreendimentos, destacando seu percurso desde a concepção até o sucesso estabelecido.

Seguindo um panorama nacional, 39,6% dessas empresas consideradas trabalham atualmente com o modelo de negócio B2B , focados em vender os produtos para outras empresas e 32,5% no modelo B2B2C. Além disso, 34,8% das startups e negócios inovadores na Amazônia Legal estão na fase de obtenção de clientes e captação de investimentos, 68,3% são consideradas microempresas e grande parte atua nos segmentos de Alimentos e Bebidas, Agronegócio, Saúde e Bem-Estar e Impacto Socioambiental.

O mapeamento aponta que cerca de 9.8% das startups e negócios inovadores estão há 10 anos ou mais no mercado, enquanto aproximadamente 76,7% foram criadas nos últimos 5 anos. Esse cenário revela o crescimento do setor nos últimos anos na região.

Diversidade de gênero e faixa etária

Conforme identificado em diferentes estudos do Observatório Sebrae Startups, na Amazônia Legal ainda há uma disparidade entre gêneros na liderança das startups e negócios inovadores. São 61% de empresas que contam com homens como fundadores, enquanto apenas 33,4% possuem mulheres como fundadoras. Reforça-se a importância de buscar a equidade nos quadros societários, através de oportunidades e incentivo da participação das mulheres no ecossistema das startups e dos negócios inovadores.
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Já na análise da faixa etária dos sócios, o perfil é mais diversificado e dinâmico. A maioria (36%) está situada entre 41 e 55 anos, equilibrando experiência e criatividade. A presença significativa de sócios entre 31 e 40 anos (32,4%) e jovens de 21 a 30 anos (24,5%) contribui para expertise e inovação. Faixas acima de 56 anos com 5%, e até 20 anos com 2,2%, demonstram o potencial existente, que contribui com a colaboração intergeracional alinhada com a natureza progressista das startups e dos negócios inovadores.

Ecossistemas de inovação

Além dos dados coletados na plataforma Sebrae Startups, o estudo contemplou informações adquiridas nos últimos 3 anos com o Inova Amazônia, que é uma estratégia focada em fomentar, apoiar e desenvolver pequenos negócios, startups, empreendimentos e ideias inovadoras alinhadas à bioeconomia, que tenham como premissa a atuação direta ou indireta para preservação ou uso sustentável dos recursos da biodiversidade do bioma Amazônia. O programa tem como objetivo gerar novos negócios, agregar valor às empresas existentes e fortalecer o ecossistema de bioeconomia amazônico, por meio da inovação, da sustentabilidade e da conexão entre empreendedores da região e de outras localidades.

Além desta e outras iniciativas do Sebrae, que totalizam 29 em toda a Amazônia Legal, a região ainda conta com 13 centros de inovação, 9 aceleradoras, 22 núcleos de inovação tecnológica, 3 parques tecnológicos e 34 pré-incubadoras ou incubadoras.

“Esses dados somente reforçam os nossos pilares de atuação enquanto Sebrae, que são promover sustentabilidade, inclusão e inovação. Não há como inovar sem cuidar da vida e do meio ambiente ao qual pertencemos, por isso, precisamos sempre alinhar as áreas de sustentabilidade e inovação. Teremos, com isso, resultados significativos na diminuição das desigualdades. Tenho a certeza de que estamos sendo indutores de desenvolvimento do nosso país”, afirmou o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima.

Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae acrescenta que o mapeamento serve como bússola para direcionar os esforços do Sebrae, maximizando seu impacto no desenvolvimento empreendedor da Amazônia Legal.

“Temos ainda muito a avançar na promoção de ações que possibilitem a floresta permanecer de pé, gerando riqueza e renda para a população. Com esses dados, podemos intensificar nossa atuação e atrair novas parcerias para que possamos alavancar ainda mais os negócios da região”, completou.

 Amazônia Legal

Essa área abrange cerca de 5.217.423 km², correspondendo a 59% do território brasileiro, e é caracterizada por limites territoriais definidos com base em considerações sociopolíticas, não exclusivamente geográficas. A Amazônia Legal foi delimitada para enfrentar os desafios econômicos, políticos e sociais compartilhados historicamente por esses estados, proporcionando uma estrutura para o planejamento e implementação de políticas públicas específicas. Sua extensão territorial incorpora não apenas o bioma Amazônia, mas também 37% do bioma Cerrado e 40% do Pantanal matogrossense.

Fábio Zanuzzi, diretor técnico do Sebrae em Santa Catarina, estado responsável pelo Polo de Referência em Startups, onde são conduzidas as pesquisas do Observatório, afirma que vem sendo desenvolvido um modelo para atuação sistêmica em startups, criando um ambiente propício para surgir soluções e negócios, desburocratizar políticas públicas, facilitar o acesso a investidores, fomentar a inovação e o empreendedorismo. “Uma das características marcantes do Polo de Referência em Startups é sua ampla rede de parceiros estratégicos, formada por grandes empresas, investidores, aceleradoras e instituições de ensino renomadas. Essa rede permite ao Polo conectar empresários a diversos assuntos importantes, como fundos de investimento, aspectos jurídicos, parcerias com universidades e monitoramento da maturidade”.

Para acessar o estudo completo e dados por estado, clique AQUI.

Peixe dorme? Comportamento do animal surpreende pescador em Rondônia

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Como cita o ditado popular: “para um bom pescador, meia isca basta”. Mas no caso de Anderson Guedes, nem de anzol precisou. O pescador esportivo rondoniense viralizou na internet ao registrar o momento em que pesca um peixe com as mãos.

As imagens mostram o peixe parado em uma parte rasa do rio. Anderson chega a falar: “olha só, um surubim dormindo“. Em seguida, ele se aproxima aos poucos e faz a primeira tentativa de capturar o animal, mas não consegue.

Na sequência, o peixe segue para outra parte do rio, ainda na margem, visivelmente na parte rasa. Na segunda tentativa, o pescador aproveita que o peixe está “de bobeira” e consegue pegar ele com as mãos.

Segundo Anderson, a aventura inédita aconteceu em setembro de 2023 em uma viagem que fizeram para uma pousada no estado do Amazonas. No entanto, o vídeo só foi postado em suas redes sociais no início desta semana.

Mas… peixe dorme?

Apesar do vídeo surpreender pela façanha de Anderson, o comportamento do peixe também chama atenção. Afinal, o peixe realmente estava dormindo? Aliás, peixes dormem? O pesquisador e especialista em diversidade e biogeografia de peixes de água doce, Fernando Dagosta, explica sobre o comportamentos do animal:

“Eles dormem, mas não da forma como a gente, mamíferos terrestres, faz. Eles abaixam o metabolismo, mas não têm pálpebras. Então eles não fecham o olho e não descansam da forma como nós descansamos. Eles ficam em alerta, embora estejam de repouso”.

E por que o peixe insistia em ficar na parte rasa da água? Segundo Dagosta, existem algumas possibilidades, uma delas é que ele estivesse apenas “tomando um banho de sol”.

“Embora eles [peixes] não tenham controle de sua própria temperatura corporal, eles têm comportamentos que fazem com que eles alterem a temperatura. Um peixe que quer se esquentar, por exemplo, tende a ir para águas rasas e ficar perto do sol. Então, nesse caso, esse peixe pode estar tomando um banho de sol”, exemplifica.

Outra possibilidade cogitada pelo pescador é que o peixe esteja apenas muito cansado. “Ele pode ter sido pescado, soltaram ele no raso e ele estava descansando”, comenta Dagosta.

*Por Emily Costa e Jaíne Quele Cruz, do g1 Rondônia

Casos de síndromes gripais crescem no Acre, informa Fiocruz

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O Acre aparece em situação de aumento nas tendências de curto e longo prazo em casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – síndromes gripais – considerando a 19ª semana epidemiológica de 2024, entre 28 de abril a 4 de maio, segundo o Boletim InfoGripe, divulgado dia 16 de maio pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo o estudo, se observa sinal de aumento dos novos casos semanais de SRAG na tendência de longo prazo, ou seja, nas últimas seis semanas, além de sinal de aumento a curto prazo, nas últimas três semanas. O cenário atual do aumento de SRAG no país, segundo o boletim, é decorrência fundamentalmente dos vírus sincicial respiratório (VSR), Influenza A e rinovírus.

Marcelo Gomes, coordenador do Boletim Infogripe, ressalta que a vacina e os cuidados são fundamentais pois, com a atual queda das temperaturas na região e a situação de vulnerabilidade em que a população se encontra, os quadros respiratórios podem se agravar.

“A vacina e os cuidados são fundamentais pois, com a atual queda das temperaturas na região e a situação de vulnerabilidade em que a população se encontra, os quadros respiratórios podem se agravar”, complementa.

Entre as capitais, 15 apresentam sinal de crescimento nos casos de SRAG. Entre elas, estão sete da Amazônia Legal:

Boa Vista (RR)
Cuiabá (MT)
Macapá (AP)
Manaus (AM)
Porto Velho (RO)
Rio Branco (AC)
São Luís (MA)

Acre aparece com tendência de crescimento nos casos de síndromes gripais, segundo Fiocruz. Foto: Reprodução/Fiocruz

“O indicador de longo prazo permite avaliação de tendência suavizando o efeito de eventuais oscilações entre semanas consecutivas, algo natural em dados de notificação. Já o indicador de curto prazo permite identificar, de forma oportuna, possíveis alterações no comportamento de longo prazo, mas que necessitam interpretação cautelosa à luz de eventuais oscilações”, complementa o relatório epidemiológico.

Cenário nacional

No cenário nacional, 16 unidades da federação apresentam sinal de crescimento de SRAG na tendência de longo prazo. Além do Acre, apresentam-se: Alagoas, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.

“Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 53.179 casos de SRAG, sendo 25.194 (47,4%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 19.434 (36,5%) negativos, e ao menos 5.645 (10,6%) aguardando resultado laboratorial […] dentre os casos positivos do ano corrente, 18,0% são Influenza A, 0,3% Influenza B, 39,6% vírus sincicial respiratório (VSR), e 29,5% SARS-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 27,6% Influenza A, 0,2% Influenza B, 56,8% vírus sincicial respiratório, e 5,1% SARS-CoV-2 (Covid-19)”, diz.

Emergência

O governo do Acre decretou situação de emergência em decorrência do aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e da superlotação dos leitos de terapia intensiva. O documento foi publicado na última terça-feira (14) no Diário Oficial do Estado (DOE) e tem validade de 90 dias.

O documento, assinado pelo governador Gladson Cameli, enumerou que tomou a decisão baseada na “alta taxa de ocupação de leitos adultos em unidades de terapia intensiva nas unidades de saúde pública e rede privada”.

Além disto, a publicação diz ainda que a declaração de emergência é por conta da situação anormal vivenciada pelo estado, além do “aumento exponencial da procura por atendimento nas unidades estaduais de saúde, com grande número de queixas de sintomas gripais, e a gravidade dos casos identificados, os quais muitas vezes são submetidos a internação em leitos de terapia intensiva”.

*Com informações do g1 Acre

Peru perdeu 48% de sua área de geleiras em quase 40 anos

Imagem: Jolyn Chua/Shutterstock

“Nas últimas quatro décadas, o Peru passou por mudanças drásticas em seu território que afetaram os ecossistemas naturais e os meios de subsistência das populações urbanas e rurais”, alerta Renzo Piana, diretor do Instituto del Bien Común, organização que lidera o MapBiomas Peru, uma iniciativa de monitoramento de mudanças no uso da terra e na superfície da água que, em 15 de fevereiro, divulgou dados atualizados até 2022, incluindo novas classes, como o cultivo de dendê, pântanos salgados e aquicultura.

Como exemplo dramático das transformações que estão ocorrendo na cobertura natural da terra no Peru entre 1985 e 2022, Piana cita a perda de 94,8 mil hectares da superfície das geleiras, o equivalente a 48% de sua extensão em 1985, devido às mudanças climáticas.

“Essa redução das geleiras afeta principalmente o fornecimento de recursos hídricos nas comunidades dos altos Andes”,

 alerta Piana.

O mapeamento do MapBiomas Peru sobre as mudanças no uso da terra nos últimos 38 anos também revela a perda de 4,1 milhões de hectares de vegetação natural (4% de sua extensão inicial), incluindo ecossistemas de florestas, arbustos, pastagens, pastos e manguezais. Essas mudanças na cobertura natural estão associadas à expansão das atividades humanas, como agricultura, mineração, aquicultura e infraestrutura, que até 2022 aumentaram em 4,2 milhões de hectares.

“O MapBiomas Peru nos permite calcular a taxa de perda de florestas no território peruano. As informações obtidas podem ajudar os governos regionais a entender as mudanças que estão ocorrendo em seus territórios, por exemplo, em termos de cobertura e uso da terra e da área de superfície dos corpos d’água”, diz Piana. Ele acrescenta que essa iniciativa do IBC, em colaboração com as redes MapBiomas e RAISG, também contribui para o planejamento territorial, a conservação das florestas e a prevenção de desastres.

Outras descobertas do MapBiomas Peru revelam que a Amazônia peruana perdeu 2,64 milhões de hectares de vegetação natural nos últimos 38 anos, o equivalente a 4%. A floresta seca equatorial, um bioma vital para a população da costa norte do país, registrou uma perda de 5% de sua extensão no mesmo período.

O monitoramento também alerta para as transformações que estão ocorrendo nas áreas costeiras, apontando para a perda de 617 ha de manguezais entre 1985 e 2022. Além disso, foi detectado um aumento de 5.000 hectares na área dedicada à aquicultura no período analisado.

Como parte dos benefícios para a sociedade, os manguezais fornecem alimentos e recursos, ajudam a filtrar a água para melhorar a qualidade da água, protegem o habitat da biodiversidade costeira e, acima de tudo, reduzem a quantidade de carbono na atmosfera, combatendo assim as mudanças climáticas.

Peru: acelerando as mudanças em um país megadiverso

Destaca-se a expansão da atividade de mineração no território nacional, com um aumento de 4.315% em 38 anos (de 3,8 mil para 169,3 mil ha), com uma aceleração acentuada entre 2009 e 2022. Madre de Dios é o departamento com a maior área de mineração (82,9 mil hectares, representando quase a metade da área de mineração do país), seguido por Ucayali (59,2 mil hectares). Observa-se que, na costa e nos Andes, 35% da área usada para mineração está localizada em comunidades camponesas.

“A cada edição anual procuramos oferecer aos nossos usuários informações novas e gratuitas. Nesta ocasião, nos propusemos o desafio de incluir novos tipos de uso, como o cultivo de dendê, pântanos salgados e aquicultura, e ajustar a análise de outros, como plantações florestais”, diz Andrea Bravo, gerente técnica de cobertura e uso da terra do MapBiomas Peru.

A análise dessa categoria mostra um aumento de 115.000 ha de cultivo de dendê no país, com um crescimento exponencial desde 2007, sendo Ucayali o departamento com a maior extensão dessa cultura (58,8 mil ha), seguido por San Martín (46,4 mil ha), Loreto (16,3 mil ha) e Huánuco (4,7 mil ha).

No bioma dos Andes, há um aumento nas plantações florestais (124%). Essas plantações estão substituindo a cobertura natural (pastagem/herbácea) e as áreas agrícolas. Embora Ancash tenha a maior área de plantações florestais (24,9 mil ha), Huancavelica apresenta o maior aumento (9,5 vezes) no período estudado, com uma área de 4,5 mil hectares.

Redução de geleiras e corpos d’água

“A análise do MapBiomas Peru revela impactos claros das mudanças climáticas, como a perda de 94,5 mil hectares de área de geleiras, o que representa 48%, com possíveis impactos no abastecimento de água em vários biomas do país e, nos Andes, transbordamento de lagos e lagoas devido ao derretimento das geleiras, com danos a residências, infraestrutura e plantações”, diz Nicole Moreno, gerente técnica de água e zonas úmidas do MapBiomas Peru.

Moreno acrescenta que o MapBiomas Água registra 1,65 milhão de hectares de água para o Peru, revelando uma redução de 12% na área de superfície de água em comparação com a média histórica para o período de 2000 a 2022.

“Essa redução é particularmente alarmante, pois os biomas com a menor área de superfície de água, como a Floresta Seca Equatorial e o Deserto Costeiro, são os mais afetados por fenômenos naturais intensos e/ou atividades antrópicas”,

declarou.

O MapBiomas Água contém mapeamentos detalhados da superfície da água em uma série histórica de mais de vinte anos, o que permite compreender a mudança nos corpos d’água, identificando padrões sazonais. Moreno destaca o valor dessas informações para o gerenciamento da água e a proteção dos ecossistemas aquáticos.

*Com informações do MapBiomas

Instituto amazonense cria rede internacional de colaboração na Amazônia

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Após uma oficina de alinhamento realizada em Bogotá, na Colômbia, no início deste ano, uma colaboração internacional envolvendo sete instituições de pesquisa e inovação do Brasil, Colômbia, Equador e Peru se comprometeram a trabalhar em parceria, culminando na criação da Rede Amazônica de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade.

A Rede tem por objetivo servir como um meio para consolidar e fortalecer a atuação regional das instituições envolvidas, proporcionando a produção e o intercâmbio de conhecimento no âmbito da conservação e uso sustentável da biodiversidade, além de estimular iniciativas voltadas para a inovação e desenvolvimento da bioeconomia amazônica.

Das instituições brasileiras, fazem parte da Rede o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Museu Paraense Emílio Goeldi. Integram também as seguintes instituições internacionais: o Instituto Humboldt e o Instituto SINCHI da Colômbia, o Instituto Nacional de Biodiversidade (INABIO) do Equador e o Instituto de Pesquisa da Amazônia Peruana (IIAP) do Peru. A Rede conta com o apoio técnico e financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Segundo João Valsecchi, Diretor-Geral do Instituto Mamirauá, “a consolidação da Rede Amazônica de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade simboliza um marco importante para a cooperação internacional de países que abrigam a Floresta Amazônica. Todas as instituições envolvidas possuem um histórico extenso de atuação no bioma e trazem contribuições significativas para a elaboração de iniciativas que visam promover a conservação e o uso sustentável da biodiversidade na Amazônia”.

As principais linhas de atuação da Rede Amazônica de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade irão girar em torno da troca de experiências e conhecimento entre as instituições parceiras, promovendo o fortalecimento da capacidade técnica e a expansão da área de atuação das instituições por meio do intercâmbio de pesquisadores. A colaboração fruto desta Rede tem como missão promover a conservação da biodiversidade, priorizando o desenvolvimento da bioeconomia da região amazônica. A atuação da Rede será realizada em parceria com os povos indígenas e comunidades tradicionais, governos, setor privado e demais atores envolvidos na proteção da biodiversidade, com vistas a promover o uso sustentável dos recursos naturais e melhorar a qualidade de vida das comunidades presentes na região.

“Com a criação da Rede, promovemos no BID a cooperação transfronteiriça para ampliar o impacto positivo necessário para evitar o ponto de não retorno no bioma amazônico. Além disso, reafirmamos os compromissos da Declaração de Belém e de nosso programa Amazônia Sempre, em particular o de fortalecer o papel da ciência, tecnologia e inovação na Amazônia para a conservação e reconhecimento do valor da biodiversidade e seu uso sustentável”,

disse Rafael Anta, especialista da divisão de Competitividade, Tecnologia e Inovação do BID.

As primeiras atividades da Rede serão sua primeira assembleia anual e diversas oficinas temáticas, que serão realizadas nas instalações do INPA, em Manaus, na segunda semana de junho.

*Com informações do Instituto Mamirauá

Programa de rádio dá visibilidade à cultura Puyanawa e fortalece tradições indígenas no Acre

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O programa de rádio Shane Hui – A Voz da Aldeia tem contribuído para o fortalecimento do etnoturismo no Acre. O programa é uma iniciativa do governo do Acre com o objetivo de valorizar a cultura indígena, principalmente no que diz respeito as músicas tradicionais, criando um espaço favorável para o diálogo entre diversas etnias. A estreia aconteceu no dia 19 de abril.

Na região do Vale do Juruá, oeste do Acre, o programa deu voz a alguns povos, dentre eles, o povo Puyanawa, que habita um território a alguns quilômetros do município de Mâncio Lima. Os indígenas dessa etnia tentam consolidar o resgate de uma cultura ancestral que foi duramente boicotada pelos avanços da atividade extrativista no decorrer do século anterior.

Resgate da Cultura Puyanawa

O povo Puyanawa (Povo do Sapo Grande), pertence a família linguística Pano. Habitam a Terra Indígena Puyanawa. A história desse povo é marcada pela luta para manter sua identidade e pelo renascimento das práticas tradicionais indígenas. Assim como outras etnias da Amazônia, o contato com os não indígenas resultou na opressão da cultura dos seus costumes ancestrais. “Nosso povo não tinha cultura”, foi com essa frase pesada e marcante que o cacique Joel Puyanawa relembrou os anos 2000, época em que assumiu a liderança do povo.

Segundo o líder indígena, foi apenas em 2008, com a chegada dos Jogos Olímpicos no local, que a aldeia viu a cultura dos povos indígenas durante as apresentações. “Eu entrei na arena como cacique e eu não pude cantar, porque eu não sabia. Um líder tem que ter raiz, história, conhecer, ser a principal pessoa de um povo. E eu não era”, relembra.

Foto: Diego Silva/Secom AC

Como tudo o que conhecemos, houve um processo até o povo Puyanawa resgatar a sua cultura. “Dediquei minha vida a conhecer a espiritualidade e a cultura do meu povo. Foi quando eu renasci novamente, incorporei novo espírito”, conta Joel.

Atualmente, a aldeia conta com mais de 50 artesãos. O povo está munido de conhecimento para fazer as pinturas corporais, a tradicional caiçuma – bebida fermentada a base de mandioca -, e das 35 artes Puyanawa, 34 são feitas na própria aldeia. “Eu me sinto alegre hoje no cumprimento da minha palavra através da juventude”, frisa o cacique.

O canto ancestral

Os jovens indígenas são a esperança para que as suas respectivas culturas continuem vivas. Por isso que, hoje, dentro da aldeia há professores atuando dentro das salas de aula para ensinar as crianças Puyanawa a língua própria da etnia. A partir desses ensinamentos os jovens e adolescentes começam a escrever as suas próprias músicas.

Foto: Diego Silva/Secom AC

“Para cada momento nós temos as nossas músicas. Temos a música do trabalho espiritual, a música que se canta nas festas comemorativas e muito mais. Aqui a gente expande a cultura. Essas canções são expandidas para dá mais sabedoria e firmeza as pessoas”, destaca o cacique Joel Puyanawa.

Embalada por violões, chocalhos e tambores, as músicas Puyanawa cheia de significados energizam aqueles que a escutam. “Nasceu um novo tempo com a juventude Puyanawa”, é o significado de uma das mais belas canções tocadas por um grupo de jovens indígenas que amam e vivem a sua própria cultura.

Foto: Diego Silva/Secom AC

Festival Atsá Puyanawa

Entre os dias 18 e 23 de julho, a terra indígena será o palco da sexta edição do Festival Atsa Puyanawa, um evento que promete a todos uma imersão na cultura do povo. Danças, músicas, pinturas corporais, comidas típicas, cerimônia espiritual com ayahuasca e muitas outras atividades são programações típicas da maior festa do povo Puyanawa.

Além de fortalecer a cultura, o evento fomenta o turismo da região, o que, consequentemente, gira a roda da economia. “A cultura indígena não é simplesmente a preservação de uma memória, é muito mais que isso. Os povos indígenas do nosso estado têm ajudado a nossa economia”, destacou o apresentador Nelson Liano.

Leia também: Festival Atsa Puyanawa: conheça a maior celebração tradicional da etnia Puyanawa no Acre

Segundo o cacique Joel Puyanawa, hospedagem estará disponível para aqueles que quiserem passar os seis dias de festa imersos na vida no território indígena. “Temos os espaços de hospedagem para todo mundo, estamos trabalhando para já organizar uma planilha de cadastro para termos controle e, graças a Deus, estamos com uma boa procura”, explicou.

Comidas típicas e artesanato são a principal fonte de renda da aldeia nos dias atuais. Ainda de acordo com as informações do cacique, o festival movimenta a economia do município de Mâncio Lima e do território indígena. Nos seis dias de festa, o faturamento gira em torno de cerca de R$ 100 mil. “É uma grande economia que entra para a comunidade. As vezes a comunidade até se assusta, porque não esperávamos que a nossa cultura fosse chamar tanto a atenção do mundo. Não estamos vendendo a cultura, estamos apenas apresentando para todos”, destacou o líder indígena.

Festivais indígenas do Acre

O governo do Acre listou 23 festivais indígenas inseridos no calendário de eventos do estado em 2024. Confira a lista de festivais que devem acontecer ainda este ano:

Junho

De 20 a 22: Festival Indígena Nuke Feya Xarahu, do Povo Huni Kui da TI Katukina/Kaninawa, em Feijó.

De 21 a 25: Festival Indígena do Povo Ashaninka, comunidade Apiwtxa, da TI Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo.

Julho

De 7 a 7: Festival Indígena Katxanawa Hô Hô Ika do Povo Huni Kui da TI Katukinaw/Kaninawa, em Feijó.

De 10 a 16: III Festival Indígena do Povo Huni Kui da TI Igarapé do Caucho, em Tarauacá.

De 18 a 23: VI Festival Indígena Atsa Puyanawa do Povo Puyanawa, em Mâncio Lima.

De 27 a 30: XIX Festival Indígena Matxo Noke Noi do Povo Noke Koi da TI Campinas/Katukina, em Cruzeiro do Sul.

De 27 a 31: Festival Indígena Mariri Yawanawá do Povo Yawanawá da TI Rio Gregório, em Tarauacá.

Agosto

De 20 a 26: Festival Indígena Mawa Isã Keneya do Povo Huni Kui da TI Colônia 27, em Tarauacá.

De 10 a 12: Festival Indígena Inu Vake do Povo Nukini, em Mâncio Lima.

De 19 a 24: Festival Indígena Nixpu Pima do Povo Huni Kui da TI Kaninawá Seringal Independência, em Jordão.

De 20 a 25: Festival Indígena da Aldeia Shanenawa do Povo Shanenawa da TI Katukina/Kaxinawá, em Feijó.

De 20 a 25: Festival Indígena Txiri do Povo Huni Kui da TI Alto Rio Purus, em Santa Rosa do Purus.

Setembro

De 5 a 7: Festival Indígena do Povo Huni Kui da Aldeia São Francisco da TI Katukina Kaxinawá, em Feijó.

De 9 a 11: Festival Indígena Mani Mutsa do Povo Huni Kui da TI Katukina/Kaxinawá, em Feijó.

De 25 a 28: Festival Indígena Txirinte do Povo Katukina da TI Rio Gregório, em Tarauacá.

Outubro

De 25 a 30: Festival Indígena Yawa do Povo Yawanawá da TI Rio Gregório, em Tarauacá.

Novembro

De 15 a 20: Festival Indígena Katxanawa do Povo Huni Kui da TI Alto Rio Purus, em Santa Rosa do Purus.

Dezembro

De 5 a 7: Festival Indígena do Povo Apolima Arara da TI Arara do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo.

De 15 a 20: Festival Indígena Nuku Beya do Povo Huni Kui na TI Kaxinawá da Praia do Carapanã, em Tarauacá.

De 20 a 22: Festival Indígena do Povo Kuntanawa da Resex Alto Juruá, em Marechal Thaumaturgo.

De 25 a 27: Festival Indígena Ikamuru Shuku Shukuwe do Povo Huni Kui da TI Kaxinawá do Baixo Rio Jordão, em Jordão.

*Com informações do Governo do Acre

Mais de 2 mil pedaços de plástico são retirados de estação ecológica no Amapá

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Uma ação retirou 2.067 pedaços de plástico que chegaram pelo Oceano Atlântico até a Estação Ecológica de Maracá-Jipioca, no litoral do Amapá. A estação é conhecida como a Ilha das Onças e possui uma das maiores populações de onças-pintadas por metro quadrado do mundo.

Os pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade (ICMBio) fizeram a coleta em 10 pontos da ilha, em locais como manguezais e em campos inundáveis.

Onça fotografada na Estação Ecológica Maracá-Jipioca, na chamada ‘Ilha das Onças-Pintadas’, no Amapá. Foto: Girlan Dias/ICMbio

Além de plástico, foram recolhidos itens como vidro, alumínios, madeira e borracha. Após a coleta, alguns dos itens foram expostos em uma atividade de educação ambiental para alunos da Escola Estadual Veiga Cabral, no município de Amapá.

O estudo da Ueap analisa a distribuição espacial dos resíduos coletados na estação ecológica a partir dos impactos de atividades humanas no ambiente marinho.

O projeto é coordenado pela pesquisadora Zenaide Palheta Miranda, do Laboratório de Ciências Ambientais da universidade. A ação recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amapá (Fapeap).

*Por Rafael Aleixo, do g1 Amapá