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‘Era uma vez na Ilha de Parintins’: obra de Jacob Cohen reúne memórias da cidade amazonense

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Parintins é um lugar recheado de talentos. A prova disso é a magnitude do Festival Folclórico, produzido por artistas locais. Porém, outras vertentes da cultura parintinense também possuem os seus representantes. Na literatura, por exemplo, um dos destaques é o médico e escritor Jacob Cohen, que escreveu a obra ‘Era uma vez na Ilha de Parintins’.

Segundo o autor, a obra nasceu de crônicas que ele fez, durante cinco anos, falando sobre as memórias de sua infância e adolescência. “Comecei a buscar esses escritos e a escrever crônicas sobre o modo de vida do parintinense e de sua forma de se expressar. Aí o livro ganhou forma”, disse ele.

Você foi um jovem travesso? Cohen foi. Em entrevista ao Amazon Sat, o autor lembrou que fugia de casa para assistir as apresentações do boi bumbá Garantido, que se tornou o seu boi do coração.

“Na infância, a gente dormia em redes, então eu colocava algo na minha rede para simular que havia alguém e ia assistir aos ensaios que aconteciam na Baixa de São José”, relembrou.

Foto: Reprodução

Rivalidade

Uma das marcas do Festival Folclórico de Parintins é a rivalidade entre Caprichoso e Garantido. Inclusive, Cohen confirmou que muitas pessoas iam para as vias de fato, usando a violência uns contra os outros. Porém, os anos foram passando e a rivalidade se atenuou. Inclusive, um momento de união entre os bumbás marcou Cohen.

“Em 2023, faleceu Marcos Azevedo, conhecido como Markinho, ele era ex-tripa do Caprichoso, mas também trabalhou no Garantido. No dia do enterro os bumbás foram prestar uma homenagem, eles andaram lado a lado, enquanto entravam no cemitério”, disse o autor.

Trilogia

De acordo com Cohen, essa obra é a primeira de uma trilogia planejada por ele. “O primeiro livro fala sobre o que vivi e o que me contaram sobre folclore, a organização social da cidade, essa estrutura toda que vivemos com o folclore levando artistas para todo o Brasil”, explicou o médico.

O segundo livro vai abordar quem foram as pessoas que viveram à frente do seu tempo na educação, na arte e na política parintinense. Já o terceiro livro retratará quais foram os diversos povos que já viviam em Parintins – como os indígenas – e os povos que aportaram tempos depois, como os italianos, judeus, turcos, portugueses e africanos.

O segundo livro, intitulado ‘Parintinenses que viviam à frente do seu tempo’ já está pronto e irá para a gráfica em breve, assegurou o autor. O lançamento da obra estava previsto ainda para o mês de junho. Já o terceiro livro, ainda sem nome, está em processo de produção e não possui previsão de lançamento.

Festival de Parintins e o impacto da rivalidade histórica dos bois Caprichoso e Garantido

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Chegou o Festival de Parintins. Em junho, mês em que os bois Caprichoso e Garantido entram na arena do Bumbódromo, em Parintins (AM), para uma das maiores manifestações culturais do mundo. Com muita torcida dos brincantes, a tradição mais forte do Festival de Parintins é a rivalidade histórica dos dois bumbás, que começou no início do século XX.

Apesar de saudável, o embate também reflete nas cores de roupas, espaços divididos na cidade e até em mudança na cor da logo de grandes marcas.

Sobre os protagonistas

O Festival de Parintins tem como tema central a disputa dos bumbás Caprichoso, representado pelas cores azul e branca; e Garantido, simbolizado pelo vermelho e branco.

O boi Caprichoso foi fundado pelo artesão cearense Roque Cid e o boi Garantido pelo pescador parintinense Lindolfo Monteverde. A criação dos dois bumbás data de 1913.

Atualmente, os bois têm sedes próprias, os chamados galpões, para a construção de todas as alegorias e fantasias apresentadas na arena do Bumbódromo. Já os ensaios técnicos, shows e apresentações são realizados nas ‘casas’ dos bois, conhecidos como currais. O reduto do boi Caprichoso é chamado de Curral Zeca Xibelão enquanto do boi Garantido é conhecido como Cidade Garantido

O Caprichoso venceu o Festival de Parintins 24 vezes e o Garantido foi campeão 32 vezes.

Festival de Parintins

O Festival de Parintins acontece todos os anos na ilha de Parintins, município localizado na região do baixo Amazonas, distante 369 quilômetros de Manaus e com uma população de mais de 96 mil habitantes, de acordo com dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A festa, considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é realizada sempre no último final de semana do mês de junho.

O boi-bumbá é uma tradição centenária do estado do Amazonas, que surgiu como brincadeira dos caboclos ribeirinhos parintinenses, nos terreiros das casas – como são chamados os quintais no interior do Amazonas -, durante as festividades juninas, sob influência do Bumbá meu boi, do Maranhão, e das festas de folguedo comuns no Nordeste brasileiro.

Porém, ao longo dos seus mais de 100 anos de existência, o boi-bumbá ganhou identidade e elementos próprios, unindo elementos dos povos indígenas, quilombolas e caboclos, tornando-se a representação da rica e encantadora cultura do Amazonas.

Cores de roupas

Para quem ainda está conhecendo os dois bois e não decidiu para qual torcer, a melhor opção é utilizar cores neutras, como preto, branco, verde, cinza, amarelo, bege, caramelo e marrom.

No Boi Caprichoso, a cor principal é o azul, mas cores complementares entram na paleta, como azul em tons claros, verde escuro, verde mar, violeta, roxo e lilás. Ao visitar o Curral Zeca Xibelão, reduto do boi, por exemplo, as cores do contrário não são permitidas.

No Boi Garantido, a cor principal é o vermelho. Nas cores complementares, o bumbá também utiliza em suas apresentações o vermelho em tons claros, laranja, rosa claro e escuro, rosé e terracota. Assim como no curral do contrário, há restrição de cores no Curral Lindolfo Monteverde: ao visitar o local, nenhuma das cores do adversário é permitida.

Itens oficiais dos bumbás Caprichoso e Garantido. Foto: Reprodução/Secom

Divisão da cidade e das marcas

Assim como o Bumbódromo, que é dividido nas cores azul e vermelho, a cidade de Parintins também se divide em uma linha imaginária, traçada pelo palco da festa. O lado sul é denominado como Caprichoso, enquanto o lado norte é reduto do Garantido.

Apesar da divisão, muitos torcedores contrários vivem nos dois lados. No entanto, em um passeio pela cidade, é possível identificar por meio das cores das casas, bandeiras hasteadas e esculturas nas ruas, em qual lado você está.

Outro diferencial na cidade é a logo de grandes marcas. Coca-Cola e Brahma, por exemplo, patrocinadoras da festa, além das tradicionais embalagens vermelhas, lançam edições temporárias na cor azul.

É comum observar em Parintins lojas, bancos e outros empreendimentos com as fachadas divididas em vermelho e azul, com o objetivo de atrair torcedores dos dois bois.

*Com informações da Agência Amazonas

Amazon Sat vai transmitir o ‘Kwati Club 2024’; confira a programação

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O aguardado ‘Kwati Club 2024′, um dos maiores eventos de música da Amazônia, será transmitido ao vivo pelo canal Amazon Sat. O evento acontece de 27 a 30 de junho no Kwati Club, localizado às margens do Lago Macurany, em Parintins (AM).

No dia 28 de junho, o evento musical será transmitido a partir das 00h. Depois, ainda no dia 28 e também 29 e 30, a transmissão inicia às 15h30.

O lineup do Kwati Club está repleto de grandes nomes da música brasileira, incluindo Péricles, Matheus Fernandes, Arlindo Neto, John Veiga, entre outros.

A apresentadora Deborah Oliveira conta detalhes da programação: “No primeiro dia, serão só toadas e nos intervalos com DJs. Nos próximos dias terão pagode, sertanejo, forró, além de DJs nos intervalos. Vamos ter dia 29 a atração nacional com Péricles e vai ter também o Andrezinho, do Grupo Molejo. De cantores regionais teremos George Japa e John Veiga e Caboclos. No último dia terá outra atração nacional, o Matheus Fernandes, então tem variedades de atrações pra todos os gostos”.

“É minha primeira vez no Kwati Club, então estou muito feliz de poder fazer parte desse evento que traz todos os gostos musicais e que abrange todos os públicos. É um grande festival de música da Amazônia e é uma experiência única em Parintins”, comenta.

Confira a programação completa:

28 de junho

00h à 00h30 – DJ
00h30 à 01h30 – Sebastião Júnior e Jr. Paulain
01h40 às 02h – David Assayag, Batucada do Garantido e Marujada de Guerra

28 de junho

15h30 às 16h30 – Kaboclos
17h às 18h30 – Farofa do Japa

29 de junho

15h30 às 16h – Uendel Pinheiro e convidados
16h às 16h40 – DJ
16h40 às 18h30 – Péricles

30 de junho

15h30 às 16h – John Veiga
16h às 16h40 – DJ
16h40 às 18h30 – Matheus Fernandes

Primeiro amazonense a apresentar para o Brasil evento esportivo internacional no Amazonas

Nos anos 80, a TV Amazonas estava filiada a Rede Bandeirante (Band) e em outubro de 1985 meu irmão Edgar e eu estávamos realizando em Manaus o IV Campeonato Pan-Americano de Handball – adulto masculino – no ginásio do SESI – Clube do Trabalhador, com os países: Brasil Canadá, Estados Unidos, Cuba, México, Argentina e Uruguai.

Um dia recebo a ligação de Luciano do Vale pedindo o jogo entre Brasil × Argentina que estariam decidindo o título sul-americano. No dia seguinte desembarca em Manaus um cinegrafista e um repórter.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Acervo pessoal

No deslocamento até o ginásio do SESI, o repórter passou mal e eu acabei fazendo a reportagem do jogo. Assim que me tornei o primeiro amazonense a apresentar para o Brasil em evento esportivo internacional no Amazonas.

É bom lembrar que eu já tinha conhecido pessoalmente Luciano do Vale em 1983 nos Jogos Universitários Mundiais em Edmonton no Canadá e foi uma outra aventura que contarei em outro artigo.

Por hoje é só, semana que vem tem mais! FUUUUUUUUUIIIIIIIII!!! 

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Conheça 6 animais amazônicos nas cores dos bois do Festival Folclórico de Parintins

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Por Luciana Frazão

Olá, entusiastas da natureza! Bem-vindos à Amazônia! O Festival de Parintins é um espetáculo de cores, cultura e tradição que celebra os bois Caprichoso e Garantido. Inspirados nesse evento vibrante, vamos explorar alguns dos incríveis animais da Amazônia que, com suas cores exuberantes, parecem homenagear essa festa popular.

Azul e preto – o capricho da natureza

Arara-Azul

A arara-azul (espécie Anodorhynchus hyacinthinus) é uma das maiores e mais deslumbrantes araras do mundo, com plumagem predominantemente azul vibrante e detalhes em preto ao redor dos olhos e bico. Encontrada nas florestas tropicais da Amazônia, é conhecida por sua plumagem vibrante e sua vocalização estridente, sendo um ícone da Amazônia. São aves de grande porte, chegando a atingir mais de um metro de comprimento, medindo-se da ponta do bico à ponta da cauda.

Elas se alimentam principalmente de frutas, sementes e oleaginosas encontradas na copa das árvores. As araras-azuis são aves sociais e são conhecidas por viverem em grupos familiares, formar casais e pela vocalização típica. Além disso, elas se comunicam por gestos, acariciam com seus bicos e até mesmo compartilham alimentos uns com os outros. Assim como o boi Caprichoso, a arara-azul encanta com sua presença imponente e elegante.

Araras-azuis (espécie Anodorhynchus hyacinthinus). Foto: Peter Schoen

Borboleta Morpho

A borboleta Morpho (espécie Morpho helenor) é um espetáculo voador com asas de um azul metálico hipnotizante, que parecem cintilar sob a luz do sol. A parte inferior das asas, em tons de marrom e preto, serve de camuflagem perfeita contra predadores. Nestas borboletas, encontradas em clima tropicais, os machos apresentam asas iridescentes que lhes dão uma aparência azul, que se destaca no verde da floresta quando estas borboletas podem ser admiradas voando ao longo dos igarapés.

Em contraste, a parte inferior é marrom com pontos oculares utilizados para camuflagem de pássaros e insetos, semelhante com a coloração das fêmeas desse grupo de borboletas. Nessa espécie machos e fêmeas, além da coloração diferem nos hábitos. Os machos voam mais próximos de rios e na beira de florestas e fêmeas são encontradas dentro da mata e tem coloração menos notável. Na natureza alimentam-se de frutos maduros que caem das árvores e que estão em processos de fermentação. Esse inseto mágico é como uma dança no ar, lembrando a graça e a fluidez das apresentações do boi Caprichoso.

Borboleta azul (Morpho helenor). Foto: Adrian Hoskins

Sapo ponta de flecha

O sapo ponta de flecha (espécie Adelphobates galactonotus), também conhecido como sapo-de-pinta-azul, é um anfíbio que se destaca por sua coloração azul brilhante com manchas pretas. Este sapo vive nas florestas amazônicas e é conhecido por seu comportamento interessante e seu visual deslumbrante.

São animais muito territoriais, que defendem seus territórios, alcançando até 4,5cm de comprimento e apresentam cuidado parental, onde o macho transporta os girinos nas costas até uma poça de água para que ele possa se desenvolver. Se alimentam de invertebrados, como formigas, grilos etc. Sua aparência marcante é um verdadeiro capricho da natureza, assim como as coreografias elaboradas do boi Caprichoso.

Sapo ponta de flecha (Adelphobates galactonotus). Foto: Jack Small

Vermelho e branco – a vibração da torcida Garantida

Guará

O guará (espécie Eudocimus ruber), é uma ave de plumagem intensamente vermelha que se destaca nas paisagens amazônicas. O guará mede cerca de cinquenta a sessenta centímetros. Possui bico fino, longo e levemente curvado para baixo. A plumagem é de um colorido vermelho muito forte, pois sua dieta alimentar inclui animais ricos em um pigmento vermelho responsável pelo rubro da sua plumagem, que impressiona de tão vibrante que é.

A reprodução também interfere na coloração do guará. Neste período, o bico do macho fica ainda mais escuro e brilhante, já as fêmeas mantêm a coloração original, com as pernas vermelho-esbranquiçadas e o bico pardo com a ponta preta. A cor vermelha vibrante é tão impressionante quanto o espírito do boi Garantido, trazendo vida e paixão às margens dos rios.

Guará (Eudocimus ruber). Foto: Leonardo Casadei

Cobra-coral

As cobras-corais verdadeiras, espécies dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus, são famosas por suas cores vivas de vermelho, preto e branco, formando padrões distintos. E apesar da fama ruim, as cobras corais possuem pouquíssimos casos de acidente ofídico registrados. Isso se deve por essas espécies terem um comportamento bastante tímido. Elas costumam se locomover por baixo das folhas secas do chão da floresta e até mesmo no solo.

Isso faz com que os encontros com os seres humanos sejam raros, e geralmente o acidente ofídico ocorre quando elas são pisadas ou tocadas sem querer, o que poderia ser evitado caso as pessoas se protegessem ao andar na floresta, usando botas ou calçados fechados e olhando antes de colocar a mão em algum lugar. Assim como o boi Garantido, que atrai com seu brilho, mas também impõe respeito, a cobra-coral é uma joia da floresta que deve ser admirada com cautela.

Cobra coral verdadeira (Micrurus spixii). Foto: Sérgio Marques – Projeto SISBIOTA

Uacari

O uacari de cara vermelha (espécie Cacajao calvus) é um primata fascinante que chama atenção com sua face vermelha brilhante contrastando com a pelagem branca. Esse macaco raro é um dos guardiões secretos da Amazônia, com uma aparência que parece saída de um mito indígena. Locomove-se no alto dos galhos de diferentes formas, utilizando-se dos quatro membros sem posição horizontal, saltando de galhos altos para galhos mais baixos e, verticalmente, escalando os troncos.

Essa espécie de primata se alimenta de frutos, insetos, sementes, néctar e brotos de plantas. Os machos são maiores que a fêmeas e podem pesar até 3,5 kg. Eles habitam as florestas de terra firme e de várzea do norte da Amazônia. O uacari pode representar a vitalidade e a força do boi Garantido, mostrando que a natureza também pode ser exuberante e protetora.

Uacari (Cacajao calvus). Foto: Evgenia Kononova

É isso pessoal! Assim como o Festival de Parintins celebra a cultura e a tradição com cores vibrantes e histórias envolventes, a fauna amazônica exibe uma paleta de cores que encanta e fascina. Os animais amazônicos são verdadeiros símbolos da diversidade e riqueza da nossa floresta, cada um com sua beleza e mistério, lembrando-nos da importância de preservar esse tesouro natural. Abraços de sucuri para vocês e até o próximo texto com informações sobre a nossa exuberante fauna da amazônica!

Sobre a autora

Luciana Frazão é pesquisadora na Universidade de Coimbra (Portugal), onde atua em estudos relacionados as Reservas da Biosfera da UNESCO, doutora em Biodiversidade e Conservação (Universidade Federal do Amazonas) e mestre em zoologia (Universidade Federal do Pará).

*O conteúdo é de responsabilidade da colunista

Pesquisa realizada no Pará aumenta tempo de validade da pimenta-do-reino

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A pimenta-do-reino recoberta foi apresentada com três propostas de embalagens para comercialização no mercado, o kit completo, o pote plástico com 150g, e o pote de vidro de 250g. O produto é resultado da pesquisa que desenvolveu uma película protetora feita de amido de mandioca, e que conserva por maior tempo as sementes, já que possui um biofilme que serve como barreira contra a contaminação por microrganismo durante o armazenamento e transporte, atendendo às normas sanitárias.

“Ela é estável microbiologicamente e tem atributos sensoriais, o que permite ser armazenada por períodos mais longos que a pimenta não recoberta. Isso é um ganho industrial importante, pois diminui a taxa de desperdício do produto com o passar do tempo”, detalha Davi Brasil, pesquisador e coordenador da pesquisa.

Investimentos em ciência

A pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA) foi financiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), e executada pela Fundação Guamá. 

“Esse projeto é um grande exemplo, demonstra o potencial do nosso capital intelectual aqui no Pará para promoção da inovação e tecnologia através da pesquisa aplicada. É um avanço a entrega de um produto de alto potencial comercial porque traz vantagens em relação ao aumento do tempo na prateleira da pimenta-do-reino, e a possibilidade de aumentar a escala disso”, enfatiza Milkson Campelo, gerente de tecnologia e mercados da instituição.

Foto: Divulgação/FAPESPA

Foram mais de R$ 1 milhão de reais de fomento do Governo do Estado para execução do projeto.

“Sem o investimento nada seria possível, a pesquisa científica necessita de muito recurso, os equipamentos de ponta são onerosos e os insumos e reagentes precisam ter qualidade comprovado, seus preços também são altos. Quando esse investimento gera resultados importantes, verificamos que vale muito a pena”, reforça Davi.

O tempo de validade da pimenta-do-reino para comercialização costuma ser em média de dois anos, já a técnica de recobrimento utilizada preserva a especiaria por um período de até oito anos no tipo de embalagem elaborada, como foi observado na tese de doutorado que deu origem ao projeto.

As características como sabor e aroma da especiaria, assim como aparência foram mantidas no produto final. A criação de uma película para a pimenta-do-reino se mostra como uma alternativa econômica e sustentável ao setor do agronegócio no Pará, aumenta a qualidade do produto, que é muito apreciado pelos paraenses, e ainda tem potencial para virar negócio. O coordenador do projeto explica que uma startup foi personificada, e depende de investimentos para chegar ao mercado. 

Foto: Divulgação/FAPESPA

“Várias portas se abriram, estamos estudando agora a obtenção e escalonamento de outros produtos da pimenta-do-reino, em especial, seu princípio ativo, piperina, e o óleo essencial da pimenta-do-reino. Além disso, estudamos as formulações da película a partir da mandioca, suas propriedades mecânicas podem ser modificadas através de estudo”, reforça. O Pará está entre os estados brasileiros com a maior produção de pimenta-do-reino.

Fomento

O projeto foi aprovado pela Fapespa em 2021 e finalizado em abril deste ano. As pimentas-do-reino utilizadas na pesquisa vieram de produtores paraenses. O amido de mandioca foi a matéria-prima utilizada na pesquisa por ser biodegradável e não oferecer riscos ao meio ambiente. O trabalho envolveu pesquisadores, professores e alunos dos programas de pós graduação em Engenharia Química, Ciência e Meio ambiente, Inovação Farmacêutica da Ufpa.

Foto: Divulgação/FAPESPA

“A pimenta do reino apresenta uma sazonalidade que afeta drasticamente o preço tanto para o consumidor como para o produtor, causando grandes transtornos na cadeia produtiva. Pesquisas como essa trazem um benefício enorme para o produtor e para o consumidor final, para a sociedade, porque tem o condão de estabilizar o preço, melhorar a qualidade do produto e, com isso, trazer grandes benefícios para a sociedade de modo geral. O governo do Estado se preocupa com todas as cadeias produtivas do nosso Estado e, com isso, traz benefícios estratégicos para a economia paraense. É isso que a Fapespa vem fazendo, atendendo as designações do nosso governador para fortalecer a bioeconomia, para fortalecer as cadeias produtivas do nosso Estado”, explica o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.

*Com informações da Fapespa

Plano de conservação de biodiversidade em Terras Indígenas receberá investimento de U$ 10 milhões

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Alinhado com a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental (PNGATI), o projeto Conservação da Biodiversidade em Terras Indígenas será implementado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), com execução do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), e coordenação do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). A iniciativa irá contemplar 61 mil indígenas em 15 Terras Indígenas (TIs) de cinco estados do Brasil. O valor aproximado do projeto é de U$ 10 milhões, com duração prevista de cinco anos.

O aporte para a iniciativa será feito pelo Fundo Global para a Biodiversidade, que foi criado em 2023 para apoiar a implementação das metas Kunming-Montreal Global Biodiversity Framework. O acordo foi adotado durante a Conferência da Partes (COP) 15, realizado em 2022, para endossar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que possuem 23 metas até 2030 e mais quatro até 2050.

A ação tem como foco a conservação e uso sustentável da biodiversidade em cerca de 6,4 milhões de hectares em que habitam nove povos indígenas. São eles: Kayapó e Munduruku, no Pará; Kadiwéu, Terena, Kinikinau, Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul; Pataxó, na Bahia; Pankararu, em Pernambuco, e Tremembé, no Ceará.

O projeto funciona em torno dos eixos de consolidação das TIs, como produção sustentável para benefícios econômicos, sociais e ambientais; governança territorial; gestão de projetos e gestão do conhecimento.

É importante salientar que os Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs), elaborados pelas comunidades indígenas e executados com participação de entidades indígenas, serão a principal ferramenta de organização do projeto. Os biomas contemplados serão Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.

Prioridade

“O projeto se insere no contexto de prioridades do Ministério, que é o de implementação a PNGATI por meio do Planos de Gestão Territorial e Ambiental (PGTAs)”, disse João Lucas Moraes Passos, gerente de projetos da Secretaria Executiva do MPI.

As primeiras atividades serão de consulta e envolvimento dos indígenas para definirem as ações prioritárias de trabalho dentro das suas terras e quais atividades previstas nos PGTAs devem ser executadas. O protagonismo dos indígenas é o diferencial, visando um legado para que após o projeto sigam capacitados a desenvolver outras ações que protejam a biodiversidade e a sustentabilidade dos territórios. 

A iniciativa também será acompanhada pelo Comitê Gestor da PNGATI, reinstalado em abril de 2023 pelo Decreto 15.512, garantindo que as ações serão conhecidas pelas organizações indígenas regionais, mas também possibilitando ampla disseminação das lições aprendidas.

Terras Indígenas demarcadas correspondem a 13,9% do território brasileiro, abrigando 109,7 milhões de hectares de vegetação nativa, ou 19,5% da vegetação nativa do Brasil, em 2020. Cerca de 58% dessas terras estão localizadas na Amazônia Legal, que representam 23% dessa região e mais de 98% da área referente às TIs do país. Atualmente, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) inclui 628 TIs e seis áreas com regulamento de conservação e restrições de uso.

Assim como em outros países, diversos estudos e análises demonstram que TIs estão entre as principais barreiras para o avanço do desmatamento no Brasil. Estão entre as áreas naturais mais preservadas, com biodiversidade e proteção de serviços de ecossistema e da biodiversidade.

De acordo com dados do Mapbiomas, de 2022, nos últimos 30 anos, as terras privadas perderam 20,6% de vegetação nativa por causa do desmatamento, enquanto nas TIs a perda foi de apenas 1%. Além disso, conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 80% da biodiversidade está em territórios e comunidades indígenas.

*Com informações do MPI

Obras de expansão de rede de esgoto começam na quarta-feira (26) no cruzamento entre avenidas Djalma Batista e João Valério

A partir da noite desta quarta-feira (26/06), as equipes da Águas de Manaus iniciam uma frente de obras no cruzamento entre as Avenidas Djalma Batista e João Valério, em um trabalho que seguirá até o início da semana que vem. O serviço faz parte do programa Trata Bem Manaus e tem previsão para ser finalizado na madrugada da próxima segunda-feira (01/07).

Durante a execução da implantação das tubulações, as equipes alternarão trabalho nas faixas, sempre com uma liberada para o tráfego. Agentes de trânsito e fiscais de transporte do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) farão a orientação aos motoristas.

A rede coletora, com extensão de 170 metros, que será instalada no local faz parte do sistema que abrange, também, a avenida Constantino Nery. Neste período, a obra de construção de rede de esgoto que ocorre na Constantino será interrompida para que os condutores que trafegam diariamente pela Djalma Batista tenham uma rota alternativa. Os motoristas também podem optar por fazer o trajeto pelas avenidas Maceió, Mário Ypiranga e Umberto Calderaro.

Foto: Divulgação/Águas de Manaus

Cronograma

Na quinta (27/6), as obras avançam para o sentido Centro/bairro avenida Djalma Batista, próximo à Praça Domingos Russo. Na sexta-feira (28) e sábado (29) as obras avançam pela avenida Djalma Batista, até alcançar o sentido bairro/Centro. No domingo (30) e na madrugada de segunda-feira (01/07), a concessionária fará ajustes finais para garantir a trafegabilidade da avenida.

“Esta obra irá permitir que todo esgoto coletado no bairro Nossa Senhora das Graças seja interligado no sistema que está sendo construído na avenida Constantino Nery. Ele será transportado até a Estação Elevatória no bairro São Jorge, e, posteriormente, encaminhado para a Estação de Tratamento de Esgoto do Educandos, em um processo que contribui diretamente na preservação dos recursos hídricos da cidade”, explica o gerente de Projetos da Águas de Manaus, Jean Damaceno.

Trata Bem Manaus

O trabalho integra o cronograma de expansão do esgotamento sanitário na cidade, por meio do programa Trata Bem Manaus.

O programa garante a universalização dos serviços de coleta e tratamento de esgoto da cidade em menos de dez anos. Estão previstas a implantação de mais de 2,7 milhões de metros de redes coletoras de esgoto nos próximos anos, além de obras de implantação e ampliação de pelo menos 70 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), espalhadas por todas as zonas da cidade.

*Por Águas de Manaus

MPF recomenda anulação de acordo entre Ufam e Potássio do Brasil por irregularidades em projeto no Amazonas

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O Ministério Público Federal (MPF) recomendou à Universidade Federal do Amazonas (UFAM) a anulação do termo de cooperação firmado com a empresa Potássio do Brasil, no contexto do Projeto Autazes Sustentável. A recomendação objetiva a adoção de medidas por parte da Ufam, após investigações de inquérito civil instaurado pelo MPF no Amazonas apontarem irregularidades relacionadas ao projeto.

O Autazes Sustentável, que inclui serviços de consultoria especializada para desenvolver o Plano Básico Ambiental do Projeto Potássio Amazonas – Autazes, prevê a colaboração de diversas instituições, incluindo Ufam, Prefeitura de Autazes, Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas), entre outras entidades. As atividades concentram-se na sede do município de Autazes e em outras comunidades próximas, estendendo-se a municípios como Itacoatiara, Nova Olinda do Norte e Careiro da Várzea.

O projeto envolve um subprograma de acompanhamento da supressão vegetal e manejo da fauna na região, visando minimizar os impactos ambientais. No entanto, o MPF argumenta que o licenciamento ambiental prévio é um procedimento administrativo fundamental para prevenir degradações ambientais, como estabelecido pela Resolução nº 237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e pela Política Nacional do Meio Ambiente.

Outra preocupação do MPF é com a inclusão de territórios indígenas na área de atuação do projeto. A Constituição Federal e a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) garantem a proteção dessas terras, e qualquer atividade que possa afetá-las deve ser precedida de consultas prévias, livres e informadas às comunidades indígenas.

Diligências realizadas no âmbito do inquérito civil indicaram que o termo de cooperação fez menção à colaboração de pesquisadores e docentes da Universidade Federal do Amazonas que não consentiram com a participação no Projeto Autazes Sustentável. O Código Civil e a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018) exigem que os titulares de dados pessoais concordem com a divulgação do nome em publicações alheias, em respeito à privacidade e à autodeterminação informativa.

“O Autazes Sustentável apresenta diversas inconsistências e potenciais violações aos direitos territoriais dos povos indígenas e à legislação ambiental. A recomendação visa assegurar que a Ufam e outras partes envolvidas cumpram rigorosamente os princípios da prevenção e precaução ambiental, garantindo a proteção das comunidades afetadas e do meio ambiente,” afirmou o procurador da República Igor Jordão Alves, que assina a recomendação.

Medidas recomendadas

Em resposta a essas preocupações, o MPF, além de recomendar a anulação do termo de cooperação com a Potássio do Brasil, quer que a Ufam se abstenha de realizar qualquer apoio técnico especializado no desenvolvimento do Projeto Autazes Sustentável, enquanto o processo judicial nº 1014651-18.2024.4.01.3200 ainda estiver em tramitação. A ação tem como objeto a suspensão dos efeitos das licenças de instalação concedidas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) à empresa Potássio do Brasil em Autazes/AM.

Além disso, a universidade deve retirar todas as menções de colaboração de pesquisadores não consultados previamente sobre a inclusão de seus nomes no referido acordo. A Ufam tem prazo de 30 dias para se manifestar sobre a recomendação, indicando as medidas adotadas ou planejadas.

O MPF considera seus destinatários cientes da situação exposta e passíveis de eventual responsabilização por quaisquer eventos futuros pela sua omissão e não observância da recomendação, o que pode levar a ações judiciais com repercussões civis, administrativas e criminais.

Recomendação nº 14/2024

*Com informações do MPF-AM

Amazônia recebe primeira recomendação de porta-enxertos de limão

Pesquisa da Embrapa recomenda a seleção precoce de porta-enxertos sob copa, para pomares de limeira-ácida tahiti, conhecida comercialmente como limão taiti ou, simplesmente, limão. O trabalho foi divulgado no periódico Acta Scientiarum Agronomy. Fruto de cinco anos de estudos, é a primeira publicação da Amazônia com recomendações da pesquisa de porta-enxertos para a cultura, com resultados concretos para o estado do Pará, terceiro lugar entre os produtores nacionais. Os estudos revelam ainda dados promissores para outros estados na Amazônia.

Durante cinco anos, pesquisadores da Embrapa investigaram o desempenho de sete genótipos de porta-enxertos da Embrapa, sendo eles: Sunki Tropical, BRS O S Passos, BRS Bravo, BRS Donadio, Citrandarin Indio, BRS Matta e LVK x LCR-038. Foram avaliadas, entre outras, características como altura de planta; volume da copa; número de frutos maduros por planta; produtividade total de frutos maduros por planta; produtividade acumulada de frutos (quilos por planta); e eficiência produtiva média.

Os resultados comprovaram elevada eficiência média produtiva, considerando produtividade, estabilidade e adaptabilidade para a seleção precoce. As recomendações ao Pará são os porta-enxertos Sunki Tropical, BRS O S Passos e Citrandarin Indio. Este último, com indicativos promissores para diversos estados da região.

Primeiro autor do artigo, o pesquisador Fábio de Lima Gurgel, da Embrapa Amazônia Oriental (PA), explica que a citricultura na Amazônia, em especial, de limão e laranja no Pará, tem alcançado relevância nacional ao se firmar no ranking dos maiores produtores do País. A vocação regional para a consolidação de uma citricultura sustentável e na produção nacional se dá pela união de condições edafoclimáticas (solo e clima) favoráveis, áreas antropizadas disponíveis e, portanto, sem pressão sobre a floresta, e a crescente adoção de boas práticas e tecnologias.

Foto: Vinícius Braga

Caminhos da sustentabilidade

Gurgel afirma que a diversificação com o uso de portas-enxertos nos pomares está entre as boas práticas que garantem mais sanidade, produtividade e sustentabilidade.

“A substituição de pomares antigos por plantas em porta-enxertos recomendados e, portanto, mais adaptadas ao estresse hídrico e às principais doenças da citricultura concede à citricultura amazônica vantagens sobre outras regiões”, argumenta, ressaltando a importância das práticas de manejo como poda, adensamento e utilização de coberturas vegetais entre linhas.

Ele relata que a Amazônia deve ser uma das raras regiões tropicais do mundo sob a qual ainda não há registros da principal doença que acomete a cultura, o greening (huanglongbing – HBL).

O cientista lembra que é importante listar a proximidade da região com a Europa, uma das principais consumidoras do limão nacional, e claro, a sustentabilidade social, econômica e ambiental. “A atividade gera empregos e atrai investimentos externos e de infraestrutura, com a instalação de agroindústrias. Utiliza-se de áreas degradadas e cobertura de solo, garantindo a regeneração e proteção do solo, e ainda concede aos trabalhadores maior segurança e bem-estar, com árvores mais baixas para a colheita e de maior produtividade.”

Pará é expoente da cultura do limão

O Pará ocupa a terceira posição no ranking nacional, com uma área colhida de 3,9 mil hectares e uma produção de cerca de 87,9 mi toneladas de frutos por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, sistematizados pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap).

De acordo com o gerente de fruticultura da Sedap, Geraldo Tavares, com condições edafoclimáticas altamente favoráveis, é nítida a expansão da cultura para o estado. “Solos profundos e com boa drenagem, aliados à alta pluviosidade durante grande parte do ano, fazem com que a necessidade de irrigação se restrinja a poucos meses durante o ano, reduzindo um dos mais altos custos da produção”, afirma Tavares.

Para o gestor estadual, a sanidade é outro fator crucial como cenário, pois o território paraense é livre das principais doenças como cancro cítrico, pinta preta e greening, moléstias que afetam as regiões sudeste e sul, resultando em custos de manutenção elevados para o controle das doenças e com alta mortandade de plantas. “Defendemos a citricultura paraense como uma atividade promissora e sustentável”, enfatiza.

Foto: Vinícius Braga

Pesquisa e adoção de boas práticas impulsionam a cadeia do limão

Localizada no município de Capitão Poço, maior produtor de citros no Pará, a Fazenda Lima atua há 36 anos no estado. Entre as suas atividades estão ações de pesquisa, com foco na adoção de tecnologias e boas práticas, visando garantir qualidade e alta produtividade.

Gestor da fazenda, o empresário Fábio Lima comenta que produz cerca de 8 mil toneladas de limão por ano e tem como principais destinos o estado do Maranhão e o continente europeu. Ele analisa que o mercado externo é exigente e, por isso, considera estratégica a aproximação com a pesquisa na busca por alternativas de substituição dos porta-enxertos, até então, majoritariamente, feitos com limão-cravo; estes, muito suscetíveis à gomose, um grande problema da citricultura regional.

A fazenda, parceira da Embrapa junto ao Programa de Melhoramento Genético de Citros, foi onde a pesquisa realizou os estudos que resultaram na recomendação dos primeiros porta-enxertos. Para o empresário, a região tem capacidade de liderar a citricultura nacional e, para isso, precisa estar alinhada às novas tecnologias. “No meu ponto de vista, é a região mais promissora para citricultura no Brasil, em função da disponibilidade de área, clima favorável e área livre das principais pragas e doenças da cultura”, ressalta.

Autores do artigo

O artigo ‘Early rootstock selection under ‘tahiti’ acid lime crown in Capitão Poço, Pará State, Brazil‘ é assinado pelos pesquisadores Fábio de Lima Gurgel, Embrapa Amazônia Oriental; Keny Henrique Mariguele, Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri); Gilberto Ken Iti Yokomizo, Embrapa Amapá; Romeu de Carvalho Andrade Neto, Embrapa Acre; Eduardo Augusto Girardi, Orlando Sampaio Passos e Walter dos Santos Soares Filho, da Embrapa Mandioca e Fruticultura.

Sustentabilidade da cultura está na diversificação

O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Walter dos Santos Soares Filho, líder do Programa de Melhoramento Genético de Citros da Embrapa, destaca a importância do trabalho em rede na Rregião Amazônica. “Falamos sempre em degradar o mínimo as áreas, inclusive na Amazônia. Então, o que nós oferecemos à Amazônia vai ser de grande impacto para a região e para o País de um modo geral: porta-enxertos ananicantes e semiananicantes, que vão implicar menor uso de área. Um exemplo é o BRS Bravo, que é semiananicante, com previsão de lançamento em 2025. A área plantada dele vai ser, no mínimo, dois terços de uma área plantada com porta-enxerto tradicional”, explica.

Além disso, os novos materiais indicados também facilitam a colheita de frutos. “Cerca de 40% dos custos de produção estão na colheita,; esses custos são maiores até do que os de defensivos agrícolas”, afirma o pesquisador. Soares Filho justifica a importância na diversificação de uso de variedades porta-enxerto, com suas peculiaridades e características próprias, como garantia na sustentabilidade da citricultura. “Se uma variedade, por exemplo, vai mal ou se vem alguma doença específica e liquida essa variedade, é preciso ter outras para dar sustentação aos pomares”, reforça.

Foto: Vinícius Braga

O pesquisador Orlando Sampaio Passos reitera a importância da diversificação. “Não somente na citricultura, mas em qualquer atividade, no comércio ou na indústria, é importante diversificar. Em todo o Norte, em todo o Nordeste e parte do Centro-Oeste, o porta-enxerto é único, o limoeiro cravo, que tem problema sério com as duas principais variedades no Brasil que são a laranja pera, por conta do problema do declínio, e a limeira-ácida tahiti, atacada pela gomose, causada por Phytophthora.”

Passos recorda sua impressão equivocada ao conhecer a citricultura da Amazônia. “Eu não acreditava no potencial da região por causa do elevado regime de chuvas, mas, quando visitei os pomares, verifiquei que, apesar de não haver um nível tecnológico adotado nos pomares, a produtividade era alta, com média em torno de mil frutos por planta, podendo chegar a 40 toneladas por hectare.

Limão no Acre é garantia de renda extra para os extrativistas

O Acre é o 14º produtor nacional de limão e a fruta tem sido tema de pesquisas científicas. Um estudo com diferentes porta-enxertos, realizado pela Embrapa, em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), confirmou que o estado apresenta condições de clima e solo favoráveis para o cultivo de limão taiti. A cultura gera renda extra também para moradores de comunidades extrativistas.

Segundo o pesquisador da Embrapa Romeu Andrade, os resultados mostraram que os porta-enxertos influenciam as características do limão. “Quando, por exemplo, no porta-enxerto Citrandarin Indio, esse tipo de limão apresentou porte mais reduzido e maior eficiência produtiva”, explica o cientista.

Na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Epitaciolândia (AC), a citricultura faz parte das atividades produtivas. O principal produto econômico é a castanha-da-amazônia, também conhecida como castanha-do-brasil e castanha-do-pará e, em algumas propriedades, o cultivo de citros ajuda a diversificar a produção, contribuir com a alimentação e gerar renda para as famílias no período da entressafra.

O agricultor João Evangelista, morador do seringal Porvir, investe no plantio de laranja, tangerina e limão taiti, em um pomar de dois hectares. Ele conta que o limão é a fruta que proporciona maior renda. “Tenho 380 pés que produzem o ano inteiro. Já cheguei a fazer mil e duzentos reais por semana com a venda dos frutos. Esse valor é muito importante para complementar a renda da família”, comemora.

*Com informações da Embrapa Amazônia Ocidental