Índios de quatro etnias entram na mata para procurar avião desaparecido, no Amapá

O avião monomotor que desapareceu com índios na Floresta Amazônica, no último dia 2, agora está sendo procurado por povos indígenas de quatro etnias diferentes. As buscas por terra acontecem depois que a Força Aérea Brasileira (FAB) suspendeu a procura pela aeronave e vítimas, após 14 dias de sobrevoo, no estado do Amapá.

A Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp) divulgou uma carta informando que índios estão mobilizados na mata. O documento foi assinado por líderes de regiões do Rio Parú D’Este, Tumucumaque, Oiapoque e Wajãpi.
 

Foto: Flávia Moura/Arquivo Pessoal 

“Os povos indígenas, principalmente Apalai, Akuriyó, Tiriyó e Waiana, já estão mobilizados e realizando buscas por via terrestre, mesmo sem apoio direto dos órgãos de governo, e informamos que só iremos paralisar a mesma quando tivermos a certeza de encontrarmos nossos parentes indígenas e o piloto com vida ou mesmo mortos, mas que possibilite aos seus familiares esse mínimo conforto”, descreve o documento.

A aeronave desapareceu entre a aldeia Mataware, no Parque do Tumucumaque, no Pará, e Laranjal do Jari, no Sul do Amapá, com oito pessoas a bordo, sendo sete indígenas e o piloto. É nessa área que os indígenas concentram as buscas.

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A FAB divulgou, na segunda-feira (18), em nota, que as buscas pela aeronave desaparecida há 14 dias no Amapá foram encerradas. Nada foi encontrado. No mesmo dia, a família do piloto informou que um grupo voluntário de garimpeiros também está na mata fechada para tentar encontrar a aeronave ou vítimas.

À Rede Amazônica, o Exército informou que também cancelou as buscas, devido a falta de suporte de aeronaves para cobrir a área. Mas, em nota, a instituição detalhou que o Pelotão Especial de Fronteira de Tiriós “é empregado, numa segunda etapa, para apoiar no resgate em solo ou realizar a segurança do local”, e adiantou que, sem “indícios fidedignos da localização da aeronave desaparecida, a busca por terra torna-se ineficiente”. O Exército concluiu informando que “mantém uma equipe pronta para ser empregada quando os vestígios da aeronave desaparecida forem localizados”.
 

Foto: Divulgação/Grayton Toledo/Governo do Amapá 

Avião levava crianças e família indígena

Uma associação indígena confirmou, quatro dias após o desaparecimento, que dentro da aeronave estava uma família da etnia Tiryó, com três crianças, além de outros dois índios Akurió.

No dia 2 deste mês, cerca de 25 minutos após sair da aldeia Matauaré, nas terras indígenas ‘Parque do Tumucumaque’, o piloto Gesiel Barbosa de Moura, que tem mais de 30 anos de experiência, avisou a outro piloto da mesma empresa de táxi aéreo que precisaria fazer um pouso de emergência.

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A aeronave tinha como destino Laranjal do Jari. Pelos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião tinha capacidade para seis passageiros. Porém, a Organização de Povos Indígenas do Amapá e norte do Pará informou que ela estava com sete pessoas a bordo.

Era uma família, com pai, mãe e três filhos, dois deles de 4 anos e um de 2 anos, que tinham ido até lá para resolver assuntos bancários e fazer compras para a aldeia. Além deles, também estava uma idosa aposentada e o genro dela, que tinham ido resolver problemas no INSS.

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