Casamento de paciente com câncer celebra a vida em hospital no Pará

Um direito fundamental do ser humano, o cuidado paliativo garante maior dignidade ao paciente em tratamento de uma doença como o câncer. Essa filosofia de assistência humanizada faz parte da rotina da Clínica de Cuidados Paliativos Oncológicos (CCPO) do Hospital Ophir Loyola, em Belém, que ajudou a professora Valdilene Pereira a realizar o sonho de se casar, nesta sexta-feira (18), em Belém.

Mãe de Bruno, 31 anos, e de Breno, de 24, e avó de Pedro Henrique, de apenas sete anos, a quem considera um filho caçula, Valdilene lecionava numa escola em Bujaru, município onde conheceu Marcio Kleber, também professor, hoje com 41 anos. Há 16 anos juntos, eles decidiram formalizar a união em dezembro do ano passado, mas o avanço do câncer no colo do útero, uma doença renal e outras complicações de saúde enfrentadas por Valdilene adiaram os planos do casal.

Foto: Divulgação/Agência Pará

Os tratamentos quimioterápico e radioterápico não venceram o tumor e o quadro de saúde se agravou ainda mais. Internada, fragilizada e com dificuldades respiratórias, os familiares temiam pela vida de Valdilene e decidiram presenteá-la pelo aniversário de 49 anos – a serem completados neste domingo – com a celebração religiosa do matrimônio, um dos grandes desejos da professora.

“Nós assistíamos televisão, planejávamos as aulas, fazíamos muitas coisas juntos. Mas eu sinto mesmo muita falta dos nossos momentos em família com o nosso filho, Pedro Henrique. É uma honra e a melhor coisa do mundo ser o marido dela, o meu amor. Eu sei que esta vida só é uma passagem pela terra, mas sempre a amarei”, declarou Kleber. 

Foto: Divulgação/Agência Pará

Na quinta-feira, a equipe multidisciplinar da CCPO se mobilizou em prol da cerimônia. E no dia da troca de alianças, Valdilene recebeu uma assistência bem mais diferenciada, com maquiagem, penteado, um oxímetro (aparelho usado para medir a quantidade de oxigênio no sangue) e uma dose a mais de afeto. Tudo foi organizado para atender aos anseios da noiva, desde o vestido rosa até as canções que seriam entoadas foram escolhidos por ela.

Uma sala especial foi decorada em tons claros e um coquetel foi disponibilizado para a recepção dos familiares do casal. Ela surgiu numa cadeira de rodas sobre um tapete vermelho até o altar, sob os olhares atentos da equipe de enfermagem, pronta para agir em caso de qualquer intercorrência, e foi recebida pelo noivo com um beijo. O pastor João Onivaldo, da igreja Assembleia de Deus, foi o responsável pela bênção do tão esperando “sim”. 

Foto: Divulgação/Agência Pará

O discurso emocionado da noiva comoveu a todos. Ela fez questão de mostrar gratidão aos familiares pelos gestos de carinho durante todo este período de enfrentamento da doença, assim como agradeceu pelas práticas assistenciais recebidas no hospital e declarou o amor aos filhos e ao noivo. “Eu sei que você me ama e eu também te amarei até o fim, transforme o nosso filho nesta pessoa maravilhosa que você é”, disse.

Cuidados especiais

Criada em 2001, a Clínica de Cuidados Paliativos e Dor (CCPO) oferece assistência ativa e integral diferenciada aos pacientes em internação hospitalar, atendimento ambulatorial e domiciliar para melhorar a qualidade de vida dos enfermos. A assistência é garantida por uma equipe multidisciplinar constituída de médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos com apoio de nutricionistas, farmacêuticos e terapeutas ocupacionais que atuam no alívio do sofrimento para portadores de câncer avançado e oferta todo o suporte de procedimentos hospitalares especializados e de exames de imagem e laboratoriais.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade