Conheça seis espécies de aranhas que podem ser encontradas em Manaus

Desde tempos antigos, as aranhas estão associadas ao imaginário humano, inspirando personagens, símbolos e mitologias.

As aranhas são animais extremamente diversos e estão presentes em praticamente todo o mundo, com exceção das regiões polares. Apresentam grande variação de tamanhos, cores e padrões corporais, e há milhares de espécies adaptadas aos mais diferentes ambientes.

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Desde tempos antigos, as aranhas estão associadas ao imaginário humano, inspirando personagens, símbolos e mitologias, mas também despertando medo em muitas pessoas, um sentimento conhecido como aracnofobia.

O mestre em Entomologia, João Pedro Costa Gomes, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica que todas as aranhas podem ser consideradas peçonhentas, pois possuem substâncias inoculadas pelas quelíceras (as “garras” usadas para capturar e imobilizar suas presas). “No entanto, nem todas possuem peçonhas ativas em seres humanos”, informa.

Leia também: Saiba quais são as aranhas mais perigosas da Amazônia

Ele reuniu informações sobre algumas aranhas de importância médica e outras espécies inofensivas que ocorrem na cidade de Manaus (AM), destacando sua beleza, comportamento e importância ecológica.

Espécies de aranhas encontradas em Manaus

Nome científico: Theraphosa stirmi
Nome popular: Aranha-golias ou Aranha comedora de pássaros
Peçonhenta: Não

Conhecida por ser a maior aranha do mundo (em relação a peso x tamanho corporal), podem chegar a medir 30 cm com certa facilidade, essas aranhas não são consideradas perigosas para os humanos e se alimentam de uma grande variedade de insetos, pequenos mamíferos, lagartos e pássaros (de onde vem o nome popularizado).

Seus métodos de defesa estão ligados a suas cerdas urticantes presentes no abdômen desses animais, quando se sentem ameaçadas lançam essas cerdas ao ar causando irritabilidade e coceiras em seus possíveis predadores.

Tais cerdas podem causar irritações em humanos e, raramente, levar a casos graves de alergia. Estão presentes em toda região amazônica, incluindo reservas e matas preservadas aos redores da cidade de Manaus.

Theraphosa stirmi. Foto: João Pedro Costa Gomes

Nome científico: Avicularia variegata
Nome popular: Aranha dos dedos rosas
Peçonhenta: Não

Faz parte da infraordem das caranguejeiras, são animais com temperamento bem tranquilo e comumente vistas em locais habitados próximos de fragmentos florestais (UFAM, Condomínios com matas densas aos redores, etc.).

Se alimentam principalmente de insetos, mas temos registros de alimentação com pequenos pássaros e roedores também.

São aranhas arborícolas, habitando locais mais altos e algumas vezes com pequenas tocas em buracos naturais. Tem uma média de tamanho de 8 a 12 cm.

Avicularia variegata. Foto: Liara Azevedo

Nome científico: Acanthoscurria simoensis
Nome popular: Não há nome específico
Peçonhenta: Não

São aranhas caranguejeiras presente na Amazônia, onde as fêmeas vivem em tocas escavadas em barrancos ou no solo e os machos são errantes, ou seja, não vivem em pontos fixos e andam em busca de alimento, dispersão e em busca de fêmeas para procriar.

Podem medir de 10 a 18 cm e tem um padrão de cor que chama bastante atenção, com manchas avermelhadas em tons bem vivos nas pernas. Também fazem o uso de cerdas urticantes para defesa quando se sentem ameaçadas.

Acanthoscurria simoensis. Foto: João Pedro Costa Gomes

Nome científico: Latrodectus curacaviensis e Latrodectus geometricus
Nome popular: Viúva flamenguinha e Viúva-marrom
Peçonhenta: Sim

As aranhas do gênero Latrodectus são popularmente conhecidas como viúvas-negras, um dos grupos de aranhas peçonhentas mais famosos do mundo, cercado por lendas e frequentemente associado a personagens fictícios. No Brasil, essas aranhas estão amplamente distribuídas e, na região Amazônica, são encontradas principalmente duas espécies: Latrodectus curacaviensis, conhecida como viúva-flamenguinha, e Latrodectus geometricus, chamada de viúva-marrom.

Ambas são peçonhentas, possuindo veneno neurotóxico, mas com intensidades diferentes. A viúva-flamenguinha (L. curacaviensis) possui peçonha ativa em humanos e é considerada de importância médica, com registros de casos graves e até mortes, embora estas sejam raras atualmente. Já a viúva-marrom (L. geometricus) apresenta uma peçonha semelhante, que age de forma parecida, mas geralmente não evolui para quadros graves.

Essas aranhas não são agressivas, e os acidentes costumam ocorrer apenas quando são comprimidas contra o corpo, como ao vestir roupas ou manusear objetos onde costumam se abrigar. Constroem teias irregulares e desordenadas, diferentes das teias geométricas típicas de outras aranhas tecedeiras. A identificação das espécies é relativamente simples, pois ambas possuem uma mancha avermelhada em forma de ampulheta na face ventral do abdômen, característica do grupo.

A viúva-flamenguinha pode ser reconhecida pelo abdômen avermelhado com manchas pretas no dorso, enquanto a viúva-marrom apresenta coloração marrom, com desenhos mais escuros em formas geométricas, ainda que nem sempre bem definidas.

L. curacaviensis. Foto: Renato Brito
L. geometricus. Foto: Cesar Favacho

Nome científico: Loxosceles amazonica
Nome popular: Aranha marrom
Peçonhenta: Sim

Conhecida popularmente como aranha-marrom, é uma espécie de importância médica encontrada na região Amazônica. Assim como outras do gênero Loxosceles, possui peçonha ativa em humanos, responsável por causar o loxoscelismo, um quadro que pode provocar sintomas sistêmicos como febre, mal-estar e, em casos mais graves, lesões necróticas na pele.

Essas aranhas são de pequeno porte, medindo entre 1 e 3 centímetros, com corpo marrom a amarelado e um desenho em forma de violino na região do cefalotórax, característica do grupo. Não são aranhas agressivas, passando boa parte do tempo escondidas em locais escuros e pouco movimentados, como atrás de móveis, entulhos ou dentro de calçados.

Os acidentes geralmente acontecem quando o animal é comprimido contra o corpo, e por isso a prevenção envolve cuidados simples, como sacudir roupas e calçados antes de usá-los. Apesar do potencial risco, Loxosceles amazonica tem papel importante no equilíbrio ecológico, ajudando no controle de insetos em ambientes naturais e urbanos.

Loxosceles amazonica. Foto: Célio Moura Neto

Nome científico: Phoneutria fera e Phoneutria reidyi
Nome popular: Aranha-armadeira
Peçonhenta: Sim

As aranhas do gênero Phoneutria são popularmente conhecidas como aranhas-armadeiras. São aranhas peçonhentas de importância médica, amplamente distribuídas na Amazônia, incluindo a região de Manaus, onde podem ser encontradas tanto em ambientes florestais quanto próximas a áreas urbanizadas. Essas aranhas são conhecidas por seu comportamento defensivo característico, erguendo as patas dianteiras quando se sentem ameaçadas, postura que deu origem ao nome “armadeira”.

A peçonha dessas espécies é neurotóxica, com ação sobre o sistema nervoso, podendo causar dor intensa, sudorese, taquicardia e alterações na pressão arterial. Em casos mais graves, especialmente em crianças e idosos, podem ocorrer complicações sistêmicas, mas óbitos são raros devido ao acesso rápido a tratamento e ao uso de soro antiaracnídico. Apesar da fama de agressivas, raramente atacam sem motivo, e a maioria dos acidentes ocorre quando o animal é manipulado.

São aranhas de grande porte, podendo atingir até 5 centímetros de corpo e mais de 15 centímetros de envergadura. Possuem coloração marrom a acinzentada, com padrões de faixas e manchas nas pernas e no abdômen, úteis para camuflagem.

Durante o dia costumam abrigar-se em folhas secas, bromélias, troncos ocos ou entre objetos domésticos, saindo à noite para caçar ativamente, sem o uso de teias para capturar suas presas. Apesar do risco potencial, são predadores importantes no equilíbrio ecológico, ajudando a controlar populações de insetos e outros invertebrados.

Phoneutria reidyi. Foto: Pedro F. Bisneto
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