Reserva subterrânea de água da Amazônia pode abastecer o planeta por 250 anos

Trata-se de um verdadeiro oceano subterrâneo, com volume total de 162 mil quilômetros cúbicos, e que é chamado pelos cientistas de Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga).

A região da Amazônia é enorme: ela ocupa mais de 60% de todo o território brasileiro. Mas o que pouquíssima gente sabe é que abaixo dela existe uma quantidade gigantesca de água doce. Trata-se de um verdadeiro oceano subterrâneo, com volume total de 162 mil quilômetros cúbicos, e que é chamado pelos cientistas de Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga). Apesar de já ser conhecido há bastante tempo, a magnitude desse sistema só foi percebida pelos pesquisadores em meados de 2013. O professor de Geologia da Universidade do Pará Francisco Abreu é um dos cientistas que estudam essa reserva de água. Ele explicou que atualmente o Saga é considerado o maior aquífero do planeta — quatro vezes maior do que o Aquífero Guarani – também no Brasil, e que até então ocupava o posto de maior do mundo.

Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga). (Foto:Divulgação/ANA)

“Toda essa grandeza, toda essa expressão que a Amazônia tem, ela depende fundamentalmente da disponibilidade de água. E se você pensar no significado dessa água e no significado da Amazônia para o país, para o mundo, aí então você vai entender que essa água é algo extremamente, extremamente importante. Porque é dessa água que depende a vida da Amazônia e, principalmente, que depende a cobertura florestal”, disse.

Para se ter uma ideia do tamanho do Saga, os pesquisadores afirmam que ele, sozinho, seria capaz de abastecer o planeta inteiro durante 250 anos. São mais de 150 quatrilhões de litros de água doce — uma riqueza de valor incalculável para o mundo. Com uma área total de um milhão e duzentos mil quilômetros quadrados, o aquífero possui 75% de sua extensão em território brasileiro. O professor Abreu destaca que a água do Saga já é utilizada por populações da região amazônica.

“Um grande número de cidades que estão no vale amazônico, elas podem ser abastecidas com a água do Saga. Santarém já faz isso em grande parte, Alter do Chão, Manaus. Várias, várias cidades da Amazônia já utilizam desse recurso para o abastecimento público, para o abastecimento de pessoas. Essa água ela pode ser usada para a indústria. Qualquer produto, qualquer coisa que você pode processar, qualquer coisa que você vai processar, no processo industrial você usa água. Nós podemos usar pra irrigação”, disse.

Uma das conclusões mais importantes dos pesquisadores da Universidade Federal do Pará é que o o Saga e a vegetação amazônica dependem um do outro para que ambos possam existir. E é dessa relação entre aquífero e floresta que nascem as chuvas que irrigam quase todo o país, como explica o professor Abreu.

“A Amazônia transfere, para o restante do Brasil, um número aproximado de oito quatrilhões de litros de água por ano pelo spray da atmosfera. É o que sustenta o regime de chuva do Centro-Oeste, do Sudeste. Essa água é o que sustenta, hoje, um dos setores mais dinâmicos da economia brasileira, que é o agronegócio. O agronegócio brasileiro depende fundamentalmente, visceralmente, mortalmente, da água transferida pela Amazônia”, disse,

Se a água é fundamental para a existência da vida como nós a conhecemos, é possível que ela seja a substância mais valiosa do planeta. Por isso, a existência do Sistema Aquífero Grande Amazônia em nosso país pode ser vista como um verdadeiro privilégio, uma riqueza essencial para o presente e para o futuro da soberania brasileira.
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