Casa Azul em situação de abandono em 2018. Foto: Eugênia Augusta Gonzaga
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) divulgou a publicação ‘Lugares de Memória da Ditadura Militar‘, que reúne e documenta espaços marcados pela repressão e pela resistência durante a ditadura no Brasil. A iniciativa faz parte da nova seção, ‘Memória e Verdade’, do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH), plataforma do MDHC que reúne indicadores e evidências sobre direitos humanos no país.
A publicação mapeou, até o momento, 49 locais históricos da ditadura militar em diferentes regiões do Brasil, destacando sua relevância no processo de preservação da memória e da democracia. O levantamento apresenta ampla distribuição geográfica desses espaços, com:
- 17 locais no Sudeste,
- 15 no Nordeste,
- 7 no Sul,
- 6 no Norte
- e 4 no Centro-Oeste.
Entre os estados, São Paulo concentra o maior número de locais mapeados (7), seguido por Pernambuco (6) e Rio de Janeiro (5).
Os espaços identificados incluem quartéis, cemitérios, prisões, hospitais, parques e universidades, além de outros locais associados à repressão política e à resistência democrática. O levantamento faz parte do projeto “Lugares pela Memória”, que a Assessoria de Defesa da Democracia, Memória e Verdade (ADMV) realiza por meio de sua coordenação-geral de Políticas de Memória e Verdade.
Lugares de memória da ditadura
No Norte, a Casa Azul, em Marabá (PA), é um dos locais documentados. A casa funcionou como centro de detenção e tortura de militantes do movimento camponês e da Guerrilha do Araguaia, enquanto, em Tocantins e Amazonas, bases militares e delegacias serviram à repressão e perseguição política.
“A Casa Azul foi utilizada como centro clandestino de tortura e desaparecimento, na época da ditadura militar, localizada próxima à Rodovia Transamazônica. Muitos guerrilheiros que atuaram na região do Araguaia, além de camponeses residentes na região, foram direcionados ao local. À época dos fatos, funcionava no local o extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Atualmente, é a sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)”, descreve o projeto.
Acesse AQUI o mapa no ObservaDH.
Memória e democracia
A coordenadora-geral de Políticas de Memória e Verdade do MDHC, Paula Franco, ressalta a importância desses espaços para a construção da memória coletiva e para o fortalecimento da democracia. “São locais que guardam memórias sensíveis, de feitos traumáticos e violentos, mas também de experiências resistentes”, ressalta.
Ainda segundo Paula Franco, memórias materiais são fundamentais para evocar aprendizados e ganhos sociais em relação à valorização da democracia e dos direitos humanos.
“É uma lógica de conhecer o passado e conhecer a própria história e, a partir desse conhecimento, elaborar ideias de futuro”, finaliza.
*Com informações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania