Portal Amazônia responde: os peixes sentem sede?

O professor do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Esner Magalhães, responde essa dúvida.

Apesar de não existir um número exato de quantos peixes existem na bacia amazônica, é possível afirmar que ela possui a maior diversidade de peixes de água doce no mundo, com mais de 2.700 espécies até então já encontradas

Estima-se que, devido a alguns obstáculos, o número de espécies seja maior que a estimativa encontrada até agora. Mas, o que intriga a maioria das pessoas que possuem curiosidade, é saber se, afinal, os peixes sentem sede?

O Portal Amazônia conversou com o professor do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e doutor em Ciências Pesqueiras nos Trópicos, Esner Magalhães, para tirar essa dúvida.

Foto: Reprodução / Wikimedia Commons

De acordo com Esner, os primeiros vertebrados no ambiente aquático que se tem conhecimento surgiram por volta de 500 milhões de anos e não possuíam sequer mandíbulas. 

Ao longo deste período, estes animais passaram por diversas evoluções físicas, fisiológicas e morfológicas, dentre as quais se pode destacar a presença de mandíbula, que levou estes animais a se alimentarem de diversas outras maneiras, passando a viver em diferentes habitats dos ambientes de água doce e salgada, além de ambiente artificial/cativeiro, em tempos menos remotos, por apresentarem diferentes adaptações/características fisiológicas, principalmente na sua osmorregulação, capaz de permitir sua sobrevivência.

“Os peixes, para se manterem vivos, seja através da captação do oxigênio dissolvido presente na água, num processo de trocas gasosas, através de suas brânquias, conhecidas comumente como guelras, que servem de via de trânsito de sangue, onde a hemoglobina retira o O2 presente na água, transportando o mesmo pela corrente sanguínea do animal, ou no equilíbrio de sais e água em seu corpo, através da osmorregulação, precisam bastante de água sendo transportada pelo seu corpo, para que mantenha ativas as suas funções vitais”,

descreve o professor.

Ou seja: sim, os peixes sentem sede! Dependendo da água, se for salgada ou doce, o “matar a sede” é um processo que ocorre de uma forma um tanto diferente, como ressalta o professor, com a osmorregulação, que nada mais é do que um processo que garante a estes animais, quantidades adequadas de sais e água em seu corpo, mesmo com a diferença de concentração do meio e o seu corpo. 

“Imagine que um peixe foi colocado no mar e, se não apresentasse a capacidade de osmorregulação, desenvolveria em seu corpo perda de água por osmose, chegando a um processo acentuado de desidratação, seguido de morte”,

afirma.

Foto: : Divulgação/Inpa

Quando comparados os peixes de água doce e salgada, o que se sabe é que ambos apresentam diferenças quanto às estratégias de osmorregulação, para que o equilíbrio entre o interior e o exterior da célula nos organismos se mantenha, necessitando de adaptações fisiológicas diferentes em seu sistema excretor.

No caso de peixes de água doce, principalmente aqueles grupos que habitam rios e lagos, como os da região amazônica, são animais que apresentam líquidos corporais mais concentrados em relação às quantidades de sais, como explica Esner. “E, por isso, demandam menores ingestões de água, já que seus corpos absorvem mais líquido, e produzem urina com baixa concentração de sais, mas com muita água, uma vez que dentre os seus excretas que são eliminados, encontra-se a amônia, substância tóxica, que precisa de grandes quantidades de água doce, para que seja excretada na urina, que por sua vez, possui baixa concentração de sais”, resume.

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