O pesquisador e professor de geografia José Camilo explica como são formados os populares banzeiros da Amazônia.
Em músicas e poemas de autores regionais, o banzeiro aparece para demonstrar o poder e agitação das águas da Amazônia. Mas o que causa esse fenômeno tão conhecido pelos amazônidas?
A equipe do Portal Amazônia conversou com o pesquisador e professor no Curso de Geografia da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), José Camilo, que explicou sobre populares banzeiros da Amazônia.
Para começar, ‘banzeiro’ é um termo regionalizado que se utiliza para destacar ou descrever quando o rio se movimenta e causa ondulações na água.
“É um termo regional que se refere ao movimento das águas ocasionado pelas forças naturais, no caso, o evento. Porém, se falar o termo fora da Amazônia, a maioria não vai entender, porque em outros Estados o fenômeno se chama onda”,
explicou.
O responsável pela formação dos banzeiros é o vento. O doutor em Geografia Física explica que o vento vem sempre do Leste para o Oeste, enquanto as águas dos rios estão descendo do Oeste para o Leste. A força do vento faz com que a água se transforme em banzeiro (onda) e alcance até um metro de profundidade.
Já na superfície, o banzeiro fica em torno de 30 a 40 cm, mas o movimento pode, por exemplo no Rio Amazonas, alcançar um metro. “O tamanho depende muito do vento, às vezes, não tem vento, logo, não há banzeiro”, afirma.
Força do vento
Assim, quando se tem o vento em velocidade normal, o banzeiro se torna pequeno, quando se tem um vento muito forte, o banzeiro se torna grande. Isso se dá quando o rio fica encrespado (com várias ondas). E a força do vento pode causar outro fenômeno conhecido pelos amazônidas.
“Essa água do banzeiro projetado sobre a margem, principalmente, dos terrenos mais frágeis, como o de várzea, pode erodir por baixo. Isso se chama solapamento, provoca uma erosão fluvial e cria o efeito da terra caída”, completou o pesquisador.