Mais de 34 mil pessoas moram em unidades de conservação no Acre, diz IBGE

Pesquisa divulgada em Rio Branco pelo IBGE mostra que são quase 12 milhões de brasileiros em unidades de conservação.

Acre tem mais de 34 mil moradores em unidades de conservação, segundo o IBGE. Foto: Ângela Rodrigues/Sema

O Acre tinha 34.394 pessoas morando em unidades de conservação (UCs) em 2022, de acordo com dados do Censo divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Destes, 19,3 mil são homens e 15 mil são mulheres. A maioria, 25 mil, se declara como parda.

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Estes resultados fazem parte da pesquisa Censo Demográfico 2022: Unidades de Conservação. É a primeira vez que o IBGE divulga um levantamento com este recorte. O lançamento ocorreu no Anfiteatro Garibaldi Brasil, no campus da Universidade Federal do Acre (Ufac).

Foto: Lucas Thadeu/Rede-Amazonica-AC

Ainda conforme a pesquisa, são mais de 11,8 milhões de brasileiros nessas áreas, o que corresponde a 5,82% da população. Desse total, 98,7% estão em áreas de uso sustentável, como Áreas de Proteção Ambiental (APA) e reservas extrativistas.

O estado possui 11 unidades de conservação federais. Os moradores incluem comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e até ocupações irregulares. Um deles é o produtor Júlio Barbosa, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), que vive na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes. Para ele, estas informações são cruciais para resolver problemas antigos, como a regularização de ocupações.

“Na [Reserva] Chico Mendes, a gente estima que deve ter mais ou menos 10 mil moradores dentro dela. Desses 10 mil moradores, eu acredito que entre 500 a mil, são pessoas que estão vivendo totalmente ilegal e a gente precisa resolver esse problema. Tanto nós, representando a sociedade civil, como o próprio governo precisa resolver o problema da nossa unidade para que ela volte a se regularizar. Então, esse momento para nós aqui, ele tem uma importância muito grande”, ressaltou Barbosa.

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Falta de saneamento

O levantamento do IBGE também revelou uma realidade preocupante. Pelo menos 40% dos moradores de unidades de conservação no país enfrentam falta de água tratada, esgoto ou coleta de lixo.

40% dos moradores de unidades de conservação no país enfrentam falta de água tratada, esgoto ou coleta de lixo. Foto: Divulgação

No Acre, de acordo com os dados, a maioria dos moradores de UCs coleta água de fontes ou nascentes, rios e poços rasos: são 27,2 mil pessoas nesta categoria.

Em relação ao esgotamento sanitário, o maior número é o de moradores que utilizam fossas rudimentares ou buracos para o descarte: 12,8 mil pessoas. Outro dado preocupante é que 8 mil moradores declararam não terem banheiro ou sanitário.

A expectativa é que os dados ajudem a direcionar políticas públicas mais eficazes.

“Os povos e comunidades tradicionais, os pesquisadores acadêmicos, sempre solicitaram ao IBGE informações sobre a presença de populações nas unidades de conservação e quais seriam as características dessa população. Então, agora realizado o Censo Demográfico 2022, a gente consegue devolver à sociedade esses dados que vão poder servir como evidências para o aperfeiçoamento da política ambiental e da política de ocupação e gestão das unidades de conservação”, frisou Francisco Damasco, gerente de territórios tradicionais e áreas protegidas do IBGE.

Relevância histórica

Foto: Acervo/IBGE

Ainda conforme o gestor, o Acre tem papel de destaque neste contexto, já que foi no estado que surgiram as reservas extrativistas, criadas a partir da luta do movimento seringueiro. Elas preservam o meio ambiente ao mesmo tempo em que garantem o modo de vida das comunidades tradicionais.

Para ele, dados deste tipo demoraram a ser divulgados pois só agora as entidades envolvidas chegaram à capacidade necessária para obtê-los.

“Nesses anos, os institutos que produzem os polígonos e os mapeamentos dessas unidades, eles foram aperfeiçoando o seu trabalho. E nós chegamos aqui hoje, 25 anos depois da criação desse sistema, com dados muito mais detalhados sobre os limites dessas unidades. Então, isso permitiu que o IBGE tanto preparasse uma operação de levantamento de dados específica para essas áreas, como também permitiu que a gente tivesse condição de detalhar os dados populacionais”, acrescentou.

*Por Victor Lebre, Aline Pontes, g1 AC

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