A camiseta oficial divulgada pela CBF possui o estilo ‘animal print’ inspirado na roseta da onça-pintada, animal que além de transmitir força e sabedoria, é conhecido como símbolo brasileiro da conservação da biodiversidade.
Conhecida como o maior felino das Américas, a onça-pintada (Panthera onca) é homenageada todo dia 29 de novembro. Através de portaria instaurada no dia 16 de outubro de 2018, por meio do Ministério do Meio Ambiente, tem sido reforçada a conscientização sobre a importância da conservação dessa espécie para o equilíbrio do ecossistema brasileiro.
Como símbolo nacional da conservação da biodiversidade, a onça-pintada é responsável pelo controle de herbívoros no ambiente natural, além de ser um forte indicador para ecossistemas sadios. Com a Copa do Mundo 2022, que está acontecendo no Catar, foi divulgada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) uma camiseta oficial no estilo ‘animal print‘, com a roseta em homenagem à onça-pintada.
O Portal Amazônia conversou com o doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Rogério Fonseca, que esclareceu algumas características do animal que podem ter levado à sua escolha.
A onça-pintada é considerada o maior felino do continente americano e apresenta uma coloração amarelo-dourado com pintas pretas espalhadas pela cabeça, pescoço e patas. As suas rosetas, ou pintas, ganham destaque nos ombros e costas, sendo uma forma de ‘disfarce’ na floresta, pois proporcionam uma camuflagem para realizar ataques estratégicos.
“Sua estrutura muscular propicia um corpo muito ágil e flexível como uma excelente ‘atleta de futebol’. Podemos afirmar que ela é um animal territorial, portanto defende seu território como um bom ‘zagueiro’ que não permite a progressão de outro adversário dentro de seu território. A camiseta da seleção acaba se aproximando da espécie por suas características de força e inteligência”,
comparou Rogério.
O animal pode pesar até 135 kg e possui uma grande força muscular. Por ser um animal carnívoro, o seu comportamento é caracterizado como solitário.
“A onça-pintada se agrupa ou busca a parceira apenas no período reprodutivo e o macho possui mais de uma fêmea em seu território. Com humanos as onças sempre serão evasivas, evitando ao máximo a aproximação. A título de curiosidade a mordida de uma onça-pintada é excepcionalmente forte em relação aos demais felinos do mundo, ou seja, a onça-pintada é campeã de força”, ressaltou o especialista.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) declarou que a roseta da onça-pintada na camiseta da Seleção Brasileira é uma homenagem à “coragem e cultura de um povo que nunca desiste”. Quando a instituição divulgou a roupa, afirmou que era inspirada “na garra e beleza” do bicho, que pode ser visto em quase todos os biomas brasileiros.
Por ser um mamífero felino silvestre de grande porte, a onça-pintada possui um osso hioide que a permite esturrar e rugir, assim como os leões, tigres, leopardos, enquadrados como grandes felinos. Esse som é um dos fatores que os diferencia dos felinos de pequeno e médio porte, como os gatos, que miam.
“Por estar no topo da cadeia alimentar, o animal predador com alimentação carnívora domina ecossistemas controlando animais herbívoros. Como predador ela é muito meticulosa e planeja seus ataques, portanto encontros casuais com humanos, seres vivos que não fazem parte de sua lista alimentar, ela vai se evadir sempre rapidamente para evitar conflitos”, explicou Rogério.
Ataques
Assim como o atacante é uma figura importante no campo de futebol, a onça-pintada é uma atacante nata. No entanto, através da publicação do artigo científico oriundo da pesquisa ‘Ataques de onças a humanos na Amazônia brasileira: uma análise na perspectiva de uso e ocupação do solo‘, sob a coordenação da engenheira florestal Fabricia Reges Ferreira, em parceria com Rogério Fonseca, foi revelado que a onça-pintada é o grande felino com a menor taxa de ataques aos humanos se comparado aos demais felinos espalhados pelo mundo.
“A onça-pintada, assim como a onça parda, e todos os outros animais possuem padrões de ataques. O ataque da onça-pintada sempre ocorre na nuca, e da onça parda por esganadura da traqueia. Temos isso definido cientificamente por que nós estudamos entre 2018 e 2019, todos os ataques de onças a humanos no Brasil e no mundo, onde temos um mapeamento de comportamento padrão atômico de como ocorrem esses ataques e também o padrão do comportamento de ataque de onças a humanos”, revelou o pesquisador exclusivamente ao Portal Amazônia.