A consulta pública foi aberta pelo Iphan e encerra dia 17 de junho. Saiba por quê o reconhecimento é importante.
O povo Paiter Suruí pode ver sua língua virar um Patrimônio Cultural ao ser inserida no Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL). Eles estão distribuídos em 28 aldeias na Terra Sete de Setembro, que tem áreas em Rondônia e Mato Grosso e atualmente são mais de 1,1 mil indivíduos (entenda mais abaixo).
Para ser incluída no INDL, a língua passou por um estudo aprofundado de identificação, documentação e ações de apoio e fomento com a participação dos falantes da língua.
Após essa etapa de registro feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a língua teve os requisitos analisados para que então sua inserção fosse colocada em consulta pública.
A consulta está aberta até o dia 17 de junho e, posteriormente, ainda deve passar por análise técnica — que é a etapa final para inclusão.
Quais os requisitos para inclusão da língua?
Segundo Roger Vieira, diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, os requisitos são:
- Que a língua tenha relevância para formação, história e identidade da comunidade;
- Em segundo lugar: que a língua seja utilizada pelo povo no cotidiano ou em situações especiais;
- E em terceiro: que aquela língua seja falada por pelo menos três gerações.
No caso da língua Paiter Suruí, os três critérios foram atendidos. Outro ponto importante é que as próprias comunidades falantes devem reconhecer a língua como uma parte integrante da sua cultura, do seu território e modo de viver e estar no mundo.
Para Anderson Suruí, vice-cacique geral do povo Paiter Suruí, manter a língua viva é manter o conhecimento, o saber.
“Ela é uma ferramenta super importante e é indiscutivelmente fundamental para a manutenção da cultura, dos conhecimentos e a perpetuação dessa sociedade Paiter como um todo. Por via da oralidade e da comunicação a língua Paiter Suruí vai manter todo esse saber ancestral”,
disse.
O doutorando em geografia e turismólogo, Gasodá Suruí, também reforça essa conquista. “Falar da valorização do nosso idioma, da nossa cultura em geral, sempre é importante para nós. Isso também traz um fortalecimento muito grande nessa caminhada de luta”, comentou.
O estudo sobre a língua, além de servir para o Inventário Nacional de Diversidade Linguística, é importante para a memória, a história e a identidade Paiter, ajudando ainda na implementação de ações voltadas ao povo.
“Língua é vida para os povos indígenas. Então estar com essa língua em processo de documentação é uma mudança de autoestima, uma valorização da identidade”, comentou Altaci Corrêa, professora indígena da Universidade de Brasília (UnB).
*Por Larissa Zuim e Mayara Subtil, da Rede Amazônica RO