O projeto ‘Robótica Krintuwakatêjê’, desenvolvido pela Escola Estadual Indígena Jathiati Parkatêjê, uma extensão da Escola Estadual Indígena de Ensino Infantil Fundamental e Médio Kojipokti, localizada na Terra Indígena (TI) Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins (Região de Integração do Carajás, no Pará), tem despertado o interesse de estudantes e da comunidade por unir tecnologia e o ensino da programação em blocos com a cultura e língua indígena.
Entre os projetos desenvolvidos, estão jogos com interação da língua materna, feitos por meio da plataforma Scratch, um deles é o jogo da memória com figuras da pintura corporal indígena.
“O projeto começou em 2022 trabalhando com programação. Inicialmente, nós fizemos testes de condutividade com as crianças. Trouxemos uma plaquinha chamada Make Make, onde se pode criar vários projetos e aí as crianças começaram a gostar e trouxeram a cultura e a identidade deles para dentro da robótica. A tecnologia é para todos, não existe aquela história de que o povo indígena não pode. A tecnologia deve ser acessível para todos, e quando a gente trouxe isso para eles, houve um interesse maior em relação a esse ensino aprendizagem. Lá na frente eles vão poder perceber o quanto isso foi de valor e o quanto vão poder ajudar a comunidade deles no futuro”, explicou a professora Ariete Moraes, responsável pelo projeto.
Para a estudante do 4° ano do Ensino Fundamental, Imayry Tojaretêrê, participar do projeto na escola tem sido uma ótima experiência.
“Está sendo muito bom, a gente criou várias coisas. Criamos uma energia para acender uma luzinha, um teclado que a gente toca nele com uma pulseirinha e eu acho muito bom para a gente aprender. Eu gostei e estou gostando muito da nossa experiência trazendo esses projetos que também mostram a nossa cultura. Na escola, a gente fala que é muito bom aprender isso e um dia podemos criar um foguete. Eu quero ser uma cientista porque eu quero ver o céu de perto”, contou a estudante.
Segundo a cacique Rârãkre Parkatêjê, o projeto de robótica é uma novidade boa para a comunidade e ela mesma está aprendendo mais sobre o assunto.
“O projeto de robótica é uma coisa nova para a nossa comunidade. Eu mesma falei com a professora Ariete que eu não entendia de nada, eu não sabia nem como fazer porque não é algo tão simples, mas eu percebi que os nossos alunos se apaixonaram por esse trabalho, eu vi a dedicação deles e passei a me interessar, me encantei muito com a robótica, porque para nós é uma coisa nova, não tem nem na nossa comunidade indígena, nem na nossa TI Mãe Maria. Eu venho acompanhando a escola, e vejo que é um trabalho muito importante”, avaliou.
Robótica em destaque
Com um dia dedicado a mostrar os projetos de Robótica Educacional desenvolvidos nas escolas estaduais da rede, o estande da Seduc na 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes impressionou os visitantes, na última sexta-feira (23), ao expor as iniciativas realizadas por estudantes de escolas regulares, de tempo integral e indígena.
Um deles foi o da Escola Estadual Indígena Jathiati Parkatêjê, que atualmente atende 53 estudantes. Segundo o professor Augusto Carlos, que também faz parte do projeto, o momento foi muito importante para mostrar todo o aprendizado adquirido em sala de aula e mostrar a valorização da cultura indígena.
“Poder mostrar nosso trabalho é muito importante e é um diferencial porque se nós trouxéssemos um projeto que fosse igual ao das outras escolas, não teríamos nenhum propósito da identidade indígena. Então, nós buscamos juntamente com a comunidade, retratar essa cultura através da robótica. Ver que os estudantes puderam levar e apresentar sua própria cultura através da robótica é algo fundamental”, comentou o educador.
Cerca de dez projetos de robótica foram apresentados no estande da Seduc. Outra iniciativa que chamou a atenção dos visitantes foi o ‘Futebol de Robôs’, desenvolvido por estudantes da Escola Estadual de Tempo Integral Professora Dilma de Souza Cattete, localizada no bairro do Coqueiro, em Belém. A iniciativa permite que os estudantes criem, com material reciclável, robôs e os controlem pelo próprio celular.
“O futebol de robôs envolve técnicas de programação e nós também trabalhamos com a confecção do robô utilizando materiais recicláveis. O que faz o robô funcionar são pilhas, baterias que nós utilizamos o lixo eletrônico, ou seja, nós reaproveitamos baterias de notebooks e, a partir daí, nós conseguimos reutilizar as baterias que geram energia para que os carrinhos/robôs possam se movimentar. E claro que a gente, eu que sou professor de matemática, o Ivan que é professor de física, as questões da matemática e da física dentro da robótica”, explicou o professor de matemática Wanderson Monteiro, que atua no projeto junto com o professor de física Ivan Amorim.
O estudante da 2ª série do Ensino Médio, Lucas Costa, conta que aprendeu e continua aprendendo muito com o projeto. Segundo o estudante, o contato com a programação dentro da robótica já fez com que ele escolhesse o que quer fazer no futuro.
“Eu acho muito bom participar da robótica na escola porque a gente aprende bastante coisa como, por exemplo, mexer com elétrica, que também não é só mexer com elétrica, tem a ver com química, matemática e física. Para quem quer seguir no caminho da engenharia elétrica, que é o que eu quero, ajuda bastante porque a gente participa de todo o processo de montagem e eu já vou ter uma base disso na faculdade”, disse.
*Com informações da Seduc PA