Desmatamento na Amazônia atinge 4.789 km² de janeiro a junho deste ano, segundo Imazon

Vivendo o pior índice em 15 anos, a área desmatada equivale a duas vezes o território de Palmas, capital de Tocantins.

A Amazônia viveu no primeiro semestre de 2022 a maior destruição da sua floresta em 15 anos. De janeiro a junho, foram derrubados 4.789 km², quase 20% a mais do que no mesmo período do ano passado — quando a região já havia tido uma explosão no desmatamento. Essa área equivale a duas vezes o território de Palmas, a nona maior capital brasileira.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por imagens de satélite desde 2008. Apenas em junho, foram derrubados 1.429 km², área semelhante ao território da cidade de São Paulo.

Em comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram destruídos 926 km², a devastação cresceu 54% em 2022. Com isso, a Amazônia também teve o pior junho em 15 anos.

“Esse novo recorde de desmatamento na Amazônia representa uma maior ameaça à vida de povos e comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas e ribeirinhos, os deixando reféns dos crimes e da violência. Além disso, a derrubada da floresta também contribui para o agravamento das mudanças climáticas, que está relacionado com a maior frequência e intensidade de fenômenos extremos como secas e chuvas fortes”, 

alerta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

Segundo a avaliação do Imazon, a tendência para os últimos seis meses do ano é de que a destruição siga em ritmo acelerado por três motivos principais. O primeiro é a continuidade do período seco na região até outubro, o chamado “verão amazônico”, quando a ação de derrubada da floresta se torna mais fácil do que nos meses da estação chuvosa.

O segundo é a realização das eleições, quando historicamente as fiscalizações federais, estaduais ou municipais costumam diminuir. E o terceiro é a falta de sinalização dos órgãos competentes de que haverão ações mais duras de combate ao desmatamento neste segundo semestre, o que indica que a situação de impunidade seguirá prevalecendo na Amazônia.

Foto: Imazon

Três Estados têm tido destaque negativo em relação ao avanço do desmatamento: Pará, Amazonas e Mato Grosso. Apenas em junho, eles concentraram 77% de toda a devastação nos nove estados que compõem a Amazônia Legal.

O Pará foi o que teve a maior área destruída em junho: 497 km². Isso representa um aumento de 48% em relação ao mesmo mês em 2021, quando foram registrados 336 km² de devastação. Em relação aos municípios paraenses, Altamira foi o que mais desmatou na Amazônia em junho (102 km²), São Félix do Xingu o quarto (69 km²) e Itaituba o quinto (64 km²). 

“No Pará, temos o grande problema do desmatamento que está avançando sobre áreas protegidas. Em junho, 6 das 10 unidades de conservação e 5 das 10 terras indígenas mais desmatadas na Amazônia ficam no estado, inclusive as que lideram os rankings, a APA Triunfo do Xingu e a Terra Indígena Apyterewa”,

 explica a pesquisadora do Imazon Bianca Santos.

No caso da Apyterewa, que foi alvo de invasões de grileiros em maio, o território concentrou 52% de todo o desmatamento ocorrido nas terras indígenas da Amazônia em junho. Foram devastados 14 km² no mês, o que corresponde a 1.400 campos de futebol.

Já o Amazonas foi o segundo estado que mais desmatou na Amazônia em junho: 421 km². Isso representou uma alta de 81% em relação ao mesmo mês no ano passado, quando o estado registrou 232 km² de destruição.

A devastação segue avançando pela região sul do Amazonas, principalmente na divisa com o Acre e com Rondônia, onde há um pólo de expansão agropecuária chamado Amacro. Municípios dessa região como Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã e Manicoré têm aparecido com frequência nos rankings mensais dos que mais desmatam na Amazônia.

“Apenas em junho, esses quatro municípios concentraram 69% de todo o desmatamento detectado no Amazonas. Além disso, cinco dos 10 assentamentos mais desmatados na Amazônia ficam no estado”, comenta Bianca.

Já em Mato Grosso foram desmatados 183 km², o que representou um crescimento de 38% em relação a junho de 2021, quando foram registrados 133 km². No estado, a destruição tem avançado pela metade norte, com destaque negativo para o município de Colniza. Em junho, o município registrou 40 km² de desmatamento, ficando como o oitavo que mais destruiu a Amazônia.

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