Corujinhas-das-Guianas: os tesouros noturnos da floresta amazônica

Essa espécie pode ser encontrada entre os estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá, no Brasil, além das Guianas e da Venezuela.

Foto: Reprodução/YouTube-Luciano Bernardes

Pequena, discreta e de hábitos noturnos, a corujinha-das-guianas (Megascops watsonii) é uma das espécies mais enigmáticas da fauna amazônica. Também conhecida como corujinha-orelhuda, caburé e corujinha-amazônica, essa ave se destaca por seu canto peculiar e por sua capacidade de adaptação a diferentes ambientes florestais.

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Com tamanho entre 19 e 23 centímetros e peso variando de 114 a 172 gramas, a corujinha-das-guianas apresenta uma coloração que mistura tons de marrom e cinza no dorso, enquanto suas partes inferiores são claras e marcadas por “estrias”. Sua íris castanha e os tufos de penas no topo da cabeça dão a ela uma aparência única e até mesmo intrigante.

Essa espécie é endêmica do Centro de Endemismo Guiana, sendo encontrada no norte do rio Amazonas, leste do rio Negro e leste do rio Branco, abrangendo os estados do Amazonas, Pará, Roraima e Amapá. Além do Brasil, também pode ser vista nas Guianas e no sudeste da Venezuela. No oeste e sul da Amazônia, é substituída por espécies semelhantes, como a corujinha-relógio e a corujinha-do-xingu.

Hábitos e alimentação

A corujinha-das-guianas tem hábitos estritamente noturnos e prefere caçar no estrato médio e superior das florestas primárias. Sua alimentação inclui invertebrados e pequenos vertebrados, tornando-a uma eficiente controladora de populações de insetos e pequenos roedores.

Durante o dia, descansa em buracos de árvores ou em galhos a média altura. Apesar de sua presença discreta, pode ser ocasionalmente avistada em áreas urbanas próximas a regiões florestadas. Sua preferência é por florestas densas e matas de terra firme, igapó e campinaranas, especialmente onde há troncos quebrados e camadas mais rasas de folhiço no solo.

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Vocalização

Pouco se sabe sobre os hábitos reprodutivos dessa espécie. Supõe-se que a ave utilize cavidades naturais em árvores para nidificação. Há registros de um indivíduo ocupando um ninho abandonado do pica-pau-de-barriga-vermelha (Campephilus rubricollis), mas não há confirmação se foi para reprodução ou apenas para descanso.

Seu canto característico é uma sequência longa e regular de notas graves (“bubububububu…”) que podem durar até 50 segundos. Em geral, começa com um tom suave, aumentando em volume antes de terminar abruptamente. Esse chamado é mais frequente ao anoitecer, sendo um dos sons típicos da floresta amazônica durante a noite.

Conservação

Apesar de ser uma espécie discreta, a corujinha-das-guianas desempenha um papel fundamental no equilíbrio ecológico das florestas onde habita. Como predadora de insetos e pequenos vertebrados, contribui para a regulação populacional dessas presas, mantendo o equilíbrio do ecossistema.

Embora não esteja na lista de espécies ameaçadas, a degradação ambiental e o desmatamento representam desafios para sua conservação. A preservação de áreas florestais intactas é essencial para garantir a sobrevivência dessa pequena coruja, que segue encantando pesquisadores e observadores da natureza com seus hábitos misteriosos e sua vocalização.

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