‘Cores do universo’: ex-diretor do Inpa narra vivência na Amazônia por meio de poesias

Com uma coletânea de poemas escritos em 50 anos, a obra também abrange crônicas, memórias e relatos do pesquisador Luiz Renato de França.

Um livro que tem como uma das inspirações a diversidade da região amazônica somada à crônicas, memórias e relatos autobiográficos. Essa é a obra escrita pelo pesquisador Luiz Renato de França, ‘Cores do Universo: Cinquenta Anos de Poesia’.

São 50 anos de história que proporcionam uma multiplicidade de coletâneas poéticas do autor, que conversou com o Portal Amazônia e cedeu a divulgação de uma das que compõem o livro. O lançamento esta marcado para esta quarta-feira (1°) em Manaus, no Amazonas.

Foto: Divulgação

Nas páginas iniciais intituladas como a ‘Jornada do autor’, França narra sua trajetória na Amazônia como diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), entre junho de 2014 a junho de 2018. São quatro tópicos, de nove, que contam sua jornada.

Nas 256 páginas que compõem a obra, destacam-se alguns poemas, como o ‘Negro Solimões’, apresentado em primeira mão pelo autor. Confira:

NEGRO SOLIMÕES

Além de ser habitada

Por intrépidos desbravadores

Vindos dos mais longínquos

Rincões do planeta

Incluindo se aí

Os povos indígenas

A rica e imensa Amazônia

É um local de encontros

Confluências e miscigenações

De biomas, povos e ideias

Que silenciosamente se juntam

Se misturam e se amalgamam

Como os Rios Negro e Solimões

Um, o maior Rio de águas negras

E quentes do mundo

O outro, em sua saga

Do degelo andino

De águas barrentas e férteis

Estes dois caudalosos Rios

Nos trazem as boas novas

De um mundo sem fronteiras

E ideologias menores

O Negro termina graciosamente

Banhando a grandiosa Manaus

E após este deleite de despedida

O Negro e o Solimões

Formam o majestoso Amazonas

Num dos mais belos e emblemáticos

Fenômeno da natureza

Denominado “Encontro das águas”

Encontro ou abraço este

Simbolizando como as diferenças

Harmonicamente podem

Se irmanarem e seguirem rumo

À nossa casa comum de origem

Os oceanos que

Em suas imensidões acolhedora

Nos alimenta e nos dá vida

Plena de sonhos e de esperanças. 

Luiz Renato de França descreve a imensidão da Amazônia como uma de suas principais inspirações, mas não a única. A coletânea conta com poesias escritas de seus 15 aos 65 anos e possui crônicas, relatos, memórias e outros detalhes de sua trajetória. 

“A grandeza [da Amazônia], a diversidade, por si só, é uma fonte de inspiração. O Rio Negro de encontro ao Solimões, tudo isso é muito rico, muito amplo. A Amazônia como um todo é quase como um planeta à parte”,

relatou.

Na divulgação do livro, o autor comenta sobre suas inspirações: “como um rio que ao ser por todos os lados pressionado se mostra em cachoeiras libertado; a natureza, em seu esplendor, é fonte inesgotável de esperança, inspiração e renovação”.

Em outro dos quase 100 poemas, também cedido ao Portal Amazônia, França expõe seu amor à Amazônia. confira:

AMAZÔNIA

Sou totalmente apaixonado

Pelas causas Amazônicas

Não aquela paixão ingênua

Mas paixão sincera

Que brota espontânea

E facilmente

Do fundo d’alma

E de quem quer ver

Nosso grandioso Brasil

Harmônico e justo

Além de vê-lo ocupar

Sua natural posição

E destino

De grande Nação

Pois um dia me disseram

Num enigmático sonho

Que o mundo

Só é pequeno ou grande

Quando quer.

A Amazônia certamente

Não é a salvação do planeta

Já estaria de bom tamanho.

Se fosse a salvação de si mesma

Ainda,

Maior do que a Amazônia

São os nossos sonhos

E idealismo

De vê-la desenvolvida

E em equilíbrio

Consigo mesma

E com o planeta

Que com singular afeição

A abarca e abriga. 

Lançamento

Além de contar a história do também professor, o livro conta com comentários de diversas pessoas com quem ele compartilhou conhecimento, como o do professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodrigo Ribeiro Resende; do psiquiatra e psicoterapeuta, José Raimundo da Silva Lippi; e do professor emérito da Universidade de Illinois, Rex A. Hess.

O lançamento do livro acontece no Salão Nobre do Palácio Rio Negro em Manaus, às 19h desta quarta-feira (1°). 

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Justiça determina que Funai retome demarcação da Terra Indígena Guanabara, no Amazonas

Processo está paralisado há mais de 10 anos. Funai deve apresentar, em 90 dias, cronograma para a conclusão do procedimento.

Leia também

Publicidade