Cascas de tucumã, sementes de cupuaçu e lodo de esgoto são usados para produzir biodiesel no AM

Estudo desenvolvido no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) consegue reaproveitar diferentes tipos de resíduos para a criação do combustível, considerado menos poluente ao meio ambiente.

Um estudo desenvolvido no Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) consegue reaproveitar diferentes tipos de resíduos, como cascas de tucumã, sementes de cupuaçu e até lodo de esgoto, para criação de biodiesel. O pesquisador do CBA, Flávio Freitas, é um dos responsáveis pelo estudo e explicou que, para a obtenção do biodiesel, óleo e álcool são colocados em um recipiente, mas não se misturam. Então, os pesquisadores usam catalisadores para unir as substâncias.

Freitas explicou que os catalisadores são obtidos a partir dos resíduos coletados de diferentes substâncias. Atualmente, o CBA utiliza cascas de tucumã, sementes de cupuaçu, pilhas usadas, uma pedra que é encontrada na cabeça de um peixe – conhecido como pescada – e também lodo de esgoto para obter os catalisadores.

“A gente aplica os resíduos os modificando e os aplicando como catalisadores para a produção do biodiesel. Além de obter esses catalisadores a partir dos resíduos, a gente também consegue extrair fontes oleaginosas como manteigas e diferentes óleos. Com esses catalisadores, é possível também produzir um biodiesel de alta qualidade aqui no CBA”, informou.

Produção de biodiesel pode ser feita em larga escala para indústrias. Foto: Patrick Marques/g1 Amazonas

Método é menos poluente ao ambiente

A produção do biodiesel com o método feito no CBA é menos poluente e o processo permite que resíduos que muitas das vezes costumam ser descartados, possam ter uma nova finalidade, além de ser reutilizados por diversas vezes.

“Esses catalisadores, por serem obtidos a partir de resíduos, e também por poderem ser reutilizados várias vezes, reduz o custo da produção do biodiesel, facilita que seja produzido em larga escala e também fazendo de alguma forma que cheguem à população como o uso em ônibus e caminhões, com uma quantidade maior do biodiesel misturado no diesel e também poluir muito menos o meio ambiente”, afirmou Freitas.

Biodiesel é produzido em laboratório no Centro de Biotecnologia da Amazônia é menos poluente ao ambiente. Foto: Patrick Marques/g1 Amazonas

Edson Pablo é um dos pesquisadores do projeto e afirmou que a menor poluição causada pelo biodiesel produzido no CBA condiz com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo o pesquisador, dois dos objetivos são a utilização da biodiversidade e a utilização de fontes renováveis. O trabalho realizado com essas finalidades, segundo ele, pode trazer grandes impactos positivos para a sociedade.

“Quando a gente tem esse processamento que vai ao encontro dessas diretrizes internacionais, nós temos um angariamento ainda maior de recursos para a região. Isso não favorece não só a questão do desenvolvimento sustentável, como as melhorias das questões socioeconômicas da população de uma forma geral”, disse.

CBA utiliza resíduos como cascas de tucumã, sementes de cupuaçu e também lodo de esgoto para obter os catalisadores. Foto: Patrick Marques/g1 Amazonas

Projeto além do laboratório

Freitas informou que o projeto de criação de biodiesel através de diferentes tipos de resíduos foi indicado a um premio internacional de energias renováveis. A visibilidade recebida fez com que muitas empresas entrassem em contato com o CBA.

“Nos procuraram com o objetivo de escalonar a produção do biodiesel. Algumas empresas do sul do país e também daqui do Norte e nós estamos em tratativas para colocarmos esse projeto para fora do laboratório em larga escala em indústrias. Só quem ganha é o meio ambiente por poluir menos o ar, além de evitar a poluição por esses resíduos também”, finalizou.

*Por Patrick Marques

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