Transporte de produtos em áreas isoladas ganha agilidade com cabos entre árvores na floresta

O equipamento usa cabos de aço que pode transportar até 500 quilos pelas árvores, o que possibilita vencer terrenos íngremes em segundos.

Tecnologia utiliza cabos e cordas para transportar cargas pesadas pelas árvores. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Uma tecnologia simples, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pode transformar o transporte de produtos em comunidades isoladas da Amazônia. Trata-se de um sistema de cabos aéreos que funciona como uma “tirolesa de carga” com o objetivo de escoar produtos extrativistas. Segundo os pesquisadores, o sistema pode reduzir em até 80% o esforço físico e os custos de produção.

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O equipamento usa cabos de aço esticados entre árvores e pode transportar até 500 quilos, o que possibilita vencer terrenos íngremes em poucos segundos. Em um dos testes, uma carga de 180 quilos percorreu o trajeto em menos de 30 segundos.

“Esse projeto tem nos ajudado muito a testar essa tecnologia que atende a milhares de áreas extrativistas na região amazônica”, disse Kátia Emídio da Silva, pesquisadora da Embrapa.

com cabos entre árvores
Tecnologia utiliza cabos e cordas para transportar cargas pesadas pelas árvores. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Durante um curso de capacitação, os participantes aprenderam a instalar o sistema, esticar os cabos e fazer os nós necessários para garantir segurança no transporte.

Segundo o instrutor técnico Alacimar Viana, o treinamento mostrou como a tecnologia pode ser aplicada de forma prática. “Verificar desde o básico, desde a instalação, como esticar o cabo de aço. Se for contar toda a questão de limpeza da área, esticar os cabos de aço, em um dia foi feita a manutenção do ramal e a instalação da linha de transmissão pra escoar a produção extrativista”, explicou.

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Inclusão das árvores: solução sustentável para o extrativismo

Inspirado nas tirolesas, o sistema foi criado na Amazônia com o objetivo de atender às necessidades da própria floresta. A iniciativa une tecnologia, sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida de quem depende do extrativismo.

Tecnologia utiliza cabos e cordas para transportar cargas pesadas pelas árvores. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O sistema foi criado para o transporte de produtos não madeireiros, como castanha-da-amazônia, açaí e breu. A proposta é levar a tecnologia para comunidades onde o acesso é difícil e o trabalho físico ainda é a única forma de transporte.

A agroextrativista Sandra Amazonas destacou que o equipamento vai facilitar a rotina de quem trabalha na floresta. “Lá na aldeia, a maioria das mulheres leva as castanhas nas costas, o saco de farinha, o saco de mandioca. A gente não tem transporte pra tirar do mato e levar pra casa pra fazer o beneficiamento da castanha. Isso daí vai facilitar muito. Tecnologia muito legal, eu gostei”, afirmou.

Durante o curso, os organizadores doaram três kits completos com cabos e materiais para uso nas comunidades.

Para Sandra, que nasceu e cresceu em uma reserva extrativista, a inovação representa uma mudança significativa na rotina das famílias. “Nasci e me criei dentro da reserva e no interior. Pra mim, foi ver levando nas costas. Então isso aí pra mim é excelente”, concluiu.

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*Por Catiane Moura, da Rede Amazônica AM

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