Amazon On 2025 – Da Amazônia para o mundo: exemplos locais podem se transformar em referências globais, apontam especialistas

Durante a segunda edição do Amazon On, especialistas pontuam os avanços e desafios para levar internet de qualidade à Amazônia, uma das regiões mais complexas do Brasil - e do planeta.

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Na Amazônia, pesquisadores, empreendedores, universidades e comunidades locais estão mostrando que é possível unir conectividade, tecnologia e sustentabilidade. Mais do que iniciativas regionais, muitos desses projetos já se mostram replicáveis e escaláveis, inspirando ações climáticas em outras partes do mundo.

Durante o Painel 3, ‘Da Amazônia para o Mundo: Experiências Locais em Conectividade e Sustentabilidade Influenciando o Planeta’, realizado na segunda edição do Amazon On, em Manaus (AM), nesta quarta-feira (20), especialistas debateram os avanços e desafios para levar internet de qualidade a uma das regiões mais complexas do Brasil – e do planeta.

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Amazônia é desafio?

Gustavo Santana Borges, superintendente executivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), destacou que a conectividade é uma ferramenta essencial para reduzir distâncias em áreas isoladas.

“Na Amazônia, não há rodovias para chegar a muitos municípios. A internet encurta essas distâncias, conecta as pessoas a serviços públicos e privados e garante comunicação com outras regiões. A infraestrutura implantada pelo edital da Anatel cria uma base robusta, capaz de sustentar a conectividade pelos próximos 20 ou 30 anos”, afirmou.

Borges é um dos participantes do terceiro painel promovido pelo evento, que também contou com a participação de Tanara Lauschner, reitora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam); André Ballesteros, técnico em meio ambiente na Ecoa ESG; Yoram Yaeli, CEO da MDC Indústria de Conteineres LTDA; Alexander Lee, gerente geral da Região da Europa e América na HMN Technologies CO./LTD.; e Anderson Ribeiro Correa, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (ITP).

Yoham Yaeli, proprietário da MDC Indústria de Contêineres, também destacou que o caminho para integrar a Amazônia ao mundo digital ainda enfrenta barreiras, principalmente as físicas.

“Estamos falando de uma região enorme, com logística difícil, clima desafiador, rede elétrica instável e pouca experiência local com tecnologia. Mas temos avançado: há municípios cuja rede celular inteira passa pela nossa infraestrutura, e projetos como o ‘Norte Conectado’ contam com nossos data centers móveis”, comentou.

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Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Tecnologia de ponta no coração da floresta

Pela primeira vez em Manaus, Alexander Lee, gerente geral da HMN Technologies, destacou a importância do cabo submarino no Rio Amazonas.

“Nosso objetivo é melhorar a vida das pessoas, permitindo que todos tenham acesso à internet. Conexão significa modernização e novas oportunidades. Manaus me impressionou muito, lembra cidades próximas ao Rio Yangtze, na China, ou seja, as águas podem se tornar um meio de levar essa conectividade”, disse.

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Para Anderson Ribeiro Correia, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), os avanços vão além do acesso básico à rede.

“Trabalhamos com internet das coisas, redes de comunicação avançadas e soluções híbridas, fibra, rádio e certificações para empresas. O monitoramento climático e ambiental, o transporte inteligente e a expansão do 5G podem transformar educação, saúde e geração de renda na Amazônia”, avaliou.

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Academia como aliada estratégica

Ainda durante o painel, a reitora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Tanara Lauschner, que mediou a conversa entre os especialistas, reforçou o papel da universidade na pesquisa e no desenvolvimento de soluções locais.

“Podemos atuar tanto na infraestrutura, com estudos para melhorar equipamentos e conexões, quanto na análise do uso da internet pelas comunidades. A Amazônia tem a pior conectividade do Brasil e isso exige esforços conjuntos da academia, do governo e do setor privado para melhorar”, defendeu.

Um futuro conectado

Os palestrantes concordam que a conectividade na Amazônia ainda enfrenta grandes desafios, mas já começa a abrir novas oportunidades para empresas, projetos e comunidades locais. Para André Ballesteros, técnico em Meio Ambiente da Ecoa ESG, é fundamental que essas iniciativas cumpram seus objetivos de gerar benefícios reais e impacto positivo na região.

Ele destaca que, no contexto ESG, que é a sigla, em inglês, para Ambiental, Social e Governança, o aspecto social está diretamente ligado ao conceito de conectividade significativa, ou seja, não basta apenas levar sinal, é preciso garantir que as pessoas tenham meios e capacitação para usar a tecnologia de forma plena.

“Não basta o sinal chegar, é preciso que as pessoas tenham aparelhos, capacitação e acesso a serviços para usar essa conectividade de maneira plena. Isso é o que chamamos de conectividade significativa e está diretamente ligado ao social do ESG”, explicou Ballesteros.

As iniciativas apresentadas mostram que a Amazônia não é apenas um espaço a ser conectado, mas também um laboratório vivo de soluções inovadoras. Ao levar tecnologia para comunidades remotas, cria-se um ciclo virtuoso: desenvolvimento econômico, inclusão digital, monitoramento ambiental e disseminação de conhecimento.

Os participantes do painel também concordam que garantir conectividade na região não é apenas um desafio técnico, mas uma missão estratégica para o Brasil e para o mundo, e a Amazônia pode se tornar referência global em como unir tecnologia e sustentabilidade.

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