5 fatores que ameaçam a biodiversidade da Amazônia

Desmatamento, queimadas, biopirataria, garimpo e extinção das espécies são temas cada vez mais recorrentes nas discussões em torno do Bioma. Pesquisador faz alerta sobre as consequências das ações humanas.

A existência da Amazônia é fundamental para o funcionamento de diversos ecossistemas ao redor do mundo. Ao todo são nove países que dividem o bioma: Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, em um total de 7 milhões de km². A floresta amazônica é caracterizada pela maior biodiversidade do mundo, abrigando milhares de espécies de fauna e flora, além das que ainda não foram identificadas pelo ser humano. Além disso, também abriga a maior bacia hidrográfica do mundo.

Contudo, ações antrópicas – realizadas pelo homem – motivadas pelo desenvolvimento econômico advindo da Revolução Industrial, fizeram com que no último século – em especial as últimas décadas – queimadas, biopirataria, desmatamento, garimpo e extinção de espécies estivessem entre as principais ameaças à floresta amazônica, prejudicando sua conservação e manutenção. 

Contudo, os fatores que ameaçam essa vasta biodiversidade não se resumem apenas à isso. O Portal Amazônia conversou com o biólogo, doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em Manaus (AM), Philip Fearnside, sobre as consequências à longo prazo dessas ameaças e qual a importância de manter a floresta em pé. Confira:

Foto: Reprodução/Ibama

Portal Amazônia – Quais são as principais ameaças à biodiversidade da Floresta Amazônica?

Philip M. Fearnside: O desmatamento deixa a floresta restante retalhada em pequenos fragmentos, ou ilhas de floresta em um mar de pastagens. As populações de animais que restam nessas ilhas vão diminuindo por várias razões. Em ilhas pequenas pode ter indivíduos insuficientes para se manter, com dificuldades de acasalamento, de encontrar fontes de alimentação durante o ano inteiro no caso dos que precisam se deslocar em grandes áreas para obter o alimento, e pela deterioração genética causada pelo cruzamento com parentes próximos. 

As ilhas também sofrem degradação pelo efeito de borda, com alteração do microclima, entrada de incêndios, mortalidade de árvores, etc. A maior parte das espécies de animais em florestas tropicais não se adaptam a viver em áreas desmatadas. 

Sendo que existem muitas espécies com distribuições restritas, as grandes áreas desmatadas significam que alguns desses animais seriam levados à extinção.

Portal Amazônia – Quais são as consequências à longo prazo do desmatamento, queimadas e do garimpo ilegal na região, caso não ocorram políticas efetivas para contenção?

Philip M. Fearnside:  O desmatamento na Amazônia precisa ser parado e não só o desmatamento “ilegal” ou o desmatamento “líquido”. Além da necessidade de manter a biodiversidade e os povos tradicionais na região, a floresta amazônica tem um papel vital para o Brasil por reciclar a água, uma parte de que é transportada para São Paulo pelos ventos conhecidos como “rios voadores”. 

Essa água é essencial para manter uma cidade do tamanho de São Paulo naquele lugar, além de manter centros urbanos e atividades agrícolas em uma boa parte das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. 

O desmatamento também contribui para o aquecimento global e o Brasil, além de já sentir os primeiros impactos das mudanças climáticas, é provável ser uma das maiores vítimas com o clima projetado para o futuro se continuarmos emitindo gases de efeito estufa.

Portal Amazônia – De que forma a biopirataria tem prejudicado nos últimos anos o funcionamento dos ecossistemas amazônicos?

Philip M. Fearnside:  A biopirataria pode prejudicar as populações de espécies raras e, também, pode resultar na perda da oportunidade de aproveitar o valor da biodiversidade para descoberta de novos usos, como no caso de fármacos. No entanto, as regulações implantadas com a intenção de coibir a biopirataria muitas vezes têm impactos negativos, inibindo os estudos científicos sobre a biodiversidade. 

Em termos de ameaças à biodiversidade amazônica, a principal é o desmatamento e degradação da floresta, que está sendo feito por pecuaristas, grileiros, madeireiros e outros atores.

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