Crianças são alfabetizadas a partir da cultura ribeirinha

O projeto nasceu da necessidade de alfabetizar as crianças numa linguagem própria deles, que tivesse na literatura essa linguagem tão característica do espaço ribeirinho.

O meu livro ‘Narradores das Barrancas: histórias que povoam o imaginário amazônico’ e de outros autores regionais integraram o ‘Projeto Remando no Banzeiro da Literatura’, de autoria da professora Maria Alves, da Escola Municipal Dra. Ana Adelaide Grangeiro, localizada na comunidade de Calama no Baixo Madeira em Porto Velho (RO).

O projeto nasceu da necessidade de alfabetizar as crianças numa linguagem própria deles, que tivesse na literatura essa linguagem tão característica do espaço ribeirinho.

Para a professora Maria, o nome do projeto expressa muito sentido à formação inicial dos alunos e à sua prática pedagógica, pois o remanso significa que devagar se chega em algum lugar; o banzeiro representa as dificuldades que toda criança atravessa para ser alfabetizada; e a literatura porque o livro abre novos horizontes.

Alunos do 1º ano do Ensino Fundamental na comunidade de Calama. Foto: Cedida

Os objetivos do projeto ‘Remando no Banzeiro da Literatura’ foram o de incentivar os alunos na prática da leitura, por meio de dinâmicas que fomentassem a aprendizagem, contribuindo para o processo de alfabetização. Além de proporcionar o contato com livros e textos ligados ao cotidiano dos alunos, com respeito às suas linguagens e vivências na área ribeirinha.

E de uma maneira criativa, planejada e inovadora, a professora de Calama trabalhou com a turma do 1º ano do Ensino Fundamental, total de 20 crianças, a montagem de pequenos cenários, explorando temas que pudessem fortalecer as habilidades de leitura e escrita, sendo trabalhadas as seguintes temáticas:

Leitura no Remo – trabalhou com o Livro Buscando Caminhos do saudoso e escritor João Correia da Academia Rondoniense de Letras.
Canoa da Literatura – a partir de textos extraídos do Livro Narradores das Barrancas.
Barco de História – oralidade com histórias de viagens realizadas por alunos nos barcos que trafegam no rio Madeira.
Malhadeiras das lendas – Livro Lendas do Rio Madeira das professoras Joana Brasil e Rosângela Arend.
Paneiro Cultural – diversidades culturais.

Profa. Maria Alves apresentando o livro Narradores das barrancas durante a seleção para o Projeto Boas Práticas. Foto: Cedida

E todo esse trabalho resultou na merecida premiação da professora Mara Alves que, ao participar do Prêmio Boas Práticas de iniciativa da Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho/SEMED, ficou entre as dez premiadas, ou seja, top 10 entre as práticas pedagógicas inovadoras da Rede Pública Municipal de Ensino.

Que esta experiência de Olhar a Educação Ribeirinha na Amazônia com pertencimento possa ser multiplicada para a definição de campos possíveis de ação nas políticas públicas destinadas às populações tradicionais. Continue nos acompanhando e envie suas sugestões no e-mail: lucileydefeitosa@amazoniaribeirinha.com.

Sobre a autora

Lucileyde Feitosa é professora, Pós-Doutora em Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho/Portugal), Pós-Doutora em Geografia pela Universidade do Minho/Portugal, Doutora em Geografia/UFPR, Integrante do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia e colunista do portalamazonia.com.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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