Onça-pintada: Um animal que dispensa apresentações!

A espécie Panthera onca, conhecida popularmente como onça-pintada ou pantera, é o maior felino das Américas e uma das espécies mais emblemáticas das nossas florestas

A onça-pintada, espécie Panthera onca, é o maior felino das Américas, podendo chegar até 2,41 metros de comprimento (da ponta do rabo até o focinho) e pesar até 158 Kg no caso do machos adultos, que são maiores que as fêmeas. Esses animais são reconhecidos pela pelagem característica, amarelo-dourado, coberta com pintas pretas na cabeça, pescoço e patas. 

Na região dos ombros, costas e na parte lateral do corpo (flancos) tem machas com formato de rosa, com um ou dois pontos pretos no meio. Em alguns indivíduos pode ocorrer o melanismo, que é uma mutação genética que provoca a produção excessiva, concentrada e considerável de melanina, composto químico que confere coloração escura a pele ou pelo desses animais. Como resultado, os indivíduos que apresentam o melanismo tem a pelagem pretas. Mas isso não significa que esses animais sejam de outra espécie! 

A onça-pintada, espécie Panthera onca, um dos animais mais emblemáticos da Floresta Amazônica (Foto: WWF/AFP)

As onças de coloração preta, conhecidas como panteras, continuam sendo onças-pintadas (Panthera onca) e inclusive apresentam as tão famosas pintas, porém essas ficam difícil de serem visualizadas no meio da floresta, mas é possível ver com um pouco de ajuda da luz do sol, por exemplo.

As onças-pintadas se alimentam de uma grande variedade de presas, sendo registrados mais de 85 espécies na dieta desses animais, dentre elas mamíferos como capivaras, répteis como jacarés e sucuris, e aves como araras. Apesar de terem essa ampla variedade de presas, se as onças pudessem escolher, elas se alimentariam somente de presas maiores, como antas e porcos-do-mato, e isso tem uma explicação!

Presas grandes podem ser consumidas por até quatro dias e isso pouparia muita energia para a onça. O problema é que presas maiores dependem de áreas naturais maiores para sobreviver, o que cada dia é mais difícil com o aumento do desmatamento no país. Dessa forma, com o seu território diminuindo cada dia mais, as onças precisam se adaptar, e para persistir em áreas relativamente perturbadas, não podem se dar ao luxo de negar presas menores, como tatus.

A pantera, apesar de apresentar coloração diferente, é da mesma espécie da onça-pintada, Panthera onca. A diferença na coloração se deve a alta produção de melanina em alguns indivíduos, o que lhes conferem a coloração escura, porém as pintas características da espécies, podem ser vista com a luz do sol (Foto: https://wall.alphacoders.com/)

Anteriormente,as onças estavam presente em todos os biomas brasileiros: Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa. Porém o cenário atual é bem diferente: Na Mata Atlântica e na Caatinga as onças são fortemente ameaçadas, podendo deixar de existir num futuro próximo e nos Pampas elas já são consideradas extintas. A Amazônia e o Pantanal são os biomas que hoje abrigam as maiores populações de onça-pintada em vida livre em todo mundo. 

A onça-pintada é uma espécies considerada Quase Ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). As principais ameaças a essa espécie são a destruição de habitats juntamente com a caça predatória. A destruição do habitat é causada principalmente pelo desmatamento das áreas naturais para fins de pecuária e agricultura, e a caça, segundo os caçadores, se deve ao prejuízo econômico que as onças supostamente causariam às criações de gado. 

No entanto já existem estudos científicos que mostram que o turismo ecológico de observação desses animais, comum em algumas regiões do Brasil, como o Pantanal, é muito mais rentável do que a criação de gado, podendo gerar até três vezes mais lucro!

Indivíduos de pantera podem não passar os genes do melanismo para os filhote. Dessa forma, uma mamãe onça com melanismo, pode ter um filhote sem, com a coloração padrão da espécie (Foto: nix6658/Creative Commons)

A conservação das onças-pintadas, além de ser importante para os habitantes de uma região podendo gerar renda por meio do turismo ecológico, é importante para outras espécies de animais. Isso porque a onças-pintada é considerada uma espécie guarda-chuva, ou seja, uma espécie cujo habitat natural é ocupado por uma área ampla na qual a sua conservação permite a conservação de diversas outras espécies. 

A onça-pintada é um animal que exige grandes áreas preservadas para sobreviver e se reproduzir. Essas áreas variam de 22 até 150 Km2, sendo que dentro dessas áreas, cabem muitos outros territórios de diferentes espécies, como pacas, tatus, cutias, sapos e cobras. Por isso a onça-pintada é uma espécie guarda-chuva, pois suas exigências ecológicas englobam todas as exigências das demais espécies que ocorrem no seu ambiente. Ou seja, preservando a onça-pintada, outras espécies estarão também preservadas!

Onças são consideradas predadores oportunistas podendo se alimentar inclusive de serpentes, como a sucurí (Foto: Arjan Jongeneel)

Espero que tenham gostado de conhecerum pouco mais sobre as incríveis e imponentes onças-pintadas!! Abraços de sucuri pra vocês e até ao próximo animal da nossa exuberante Amazônia!

O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(a) autor(a) e não reflete, necessariamente, a posição do Portal Amazônia.

Por ocupar áreas de vida extensas, precisando de grandes territórios de área preservada para sobreviver, a onça-pintada é considerada uma espécie guarda-chuva, onde sua conservação mantém a conservação de outras espécies dentro de sua área (Foto: Andre Baertschi)

Para saber mais:

Sobre como o turismo de contemplação de onças pode ser mais rentável que a criação de gado no Pantanal (Artigo em inglês):

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2351989417300501

Sobre a viabilidade do turismo de contemplação de onças no Amazonas (Em português):

https://bdtd.inpa.gov.br/bitstream/tede/1763/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o_%20Pedro%20Meloni%20Nassar.pdf

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