O estudante Tiago de Melo Meza foi premiado pelo CNPq. Foto: Rayssa Guinato
O estudante Tiago de Melo Meza, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), foi o jovem pesquisador vencedor do 22º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do CNPq, na categoria Bolsista de Iniciação Científica, pela área de Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes.
O anúncio foi feito pela Coordenação de Execução e Difusão de Prêmios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal órgão de fomento à pesquisa no Brasil.
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O trabalho premiado teve como foco o manejo participativo do pirarucu (Arapaima gigas), prática desenvolvida por comunidades tradicionais da Amazônia com fins de conservação da espécie e fortalecimento socioeconômico local. A pesquisa de Tiago analisou os desafios enfrentados por pescadores da Amazônia Central na comercialização do pirarucu manejado, identificando obstáculos econômicos, ambientais, sociais e de acesso a mercados formais.
“Esse reconhecimento tem um grande significado para mim, especialmente como um jovem amazônida que acredita em um futuro sustentável por meio da união entre a ciência e os saberes das comunidades tradicionais. A Amazônia, além de sua riqueza natural, também é fonte de conhecimento”, afirmou Tiago. “É gratificante ver que o CNPq, por meio de instituições como o Instituto Mamirauá, reconhece e apoia jovens pesquisadores”, completou.
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Premiação será entregue em evento nacional de ciência
A cerimônia de entrega da premiação está marcada para o dia 15 de julho de 2025, às 13h, durante a 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontecerá no campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife-PE.
A orientadora do trabalho premiado, Rayssa B. Guinato, ressaltou a importância simbólica e científica do prêmio. “Apesar das adversidades enfrentadas em um município do interior do Amazonas, como o acesso limitado à internet e a escassez de investimentos em educação básica, Tiago destaca-se como um exemplo do potencial transformador da ciência e da educação no contexto amazônico”, afirma a pesquisadora do Grupo de Pesquisa Territorialidades e Governança Socioambiental na Amazônia do Instituto Mamirauá.
Pesquisa premiada destaca desafios e soluções no manejo do pirarucu

Para Rayssa, a conquista reafirma a importância de uma ciência mais inclusiva, que reconhece os saberes locais e amplia a representatividade na produção científica nacional.
“O projeto desenvolvido por Tiago apresenta contribuições científicas expressivas ao abordar temáticas de elevada complexidade e relevância socioambiental, como as mudanças climáticas, o manejo sustentável de recursos naturais, a bioeconomia e as dinâmicas socioculturais das populações tradicionais. A construção desse conhecimento a partir da perspectiva de um jovem amazônida, estudante de Administração, contribui para a ampliação da diversidade na ciência brasileira”, complementa a pesquisadora.
A pesquisa de Tiago, desenvolvida com dados do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá, grupo responsável pela assessoria técnica do manejo de pirarucu na região, representa uma contribuição significativa para o entendimento de práticas sustentáveis que aliam conservação ambiental, desenvolvimento local e valorização dos conhecimentos tradicionais da Amazônia. O trabalho contou ainda com co-orientação do pesquisador Daniel Olentino Brito de Souza.
Tiago é aluno do curso de Administração do Centro de Estudos Superiores de Tefé (CEST/UEA), com conclusão prevista para julho de 2025. Foi bolsista de Iniciação Científica Sênior no Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, onde participou de três projetos voltados à sustentabilidade e ao uso racional dos recursos naturais, incluindo estudos sobre o manejo de jacarés, o consumo de carne de fauna silvestre e a comercialização do pirarucu na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã.
Instituto Mamirauá celebra 20 anos do programa de iniciação científica com prêmio histórico

Para o Instituto Mamirauá, a premiação também é motivo de celebração. Segundo Rafael Rabelo, Coordenador de Pesquisa e Monitoramento do Instituto, o reconhecimento à pesquisa de Tiago reforça o papel transformador do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) desenvolvido pela organização:
“A conquista da premiação do Tiago para o Instituto Mamirauá é extremamente relevante e ela chega justamente nesse ano em que o Programa PIBIC, o nosso programa de iniciação científica e institucional, está completando 20 anos de existência. Trata-se de um programa super relevante porque ele incentiva a formação de jovens cientistas amazônidas. Ao longo de todos esses anos, contribuímos com a formação de cerca de 500 bolsistas, que passaram pela iniciação científica em Tefé e região. Cerca de 42% desses bolsistas acabaram ingressando depois em programas de pós-graduação, mostrando que, de fato, é um programa superimportante para a formação de cientistas aqui nessa parte da Amazônia. O reconhecimento da pesquisa do Tiago agora só evidencia mais uma vez o quanto que o ingresso na carreira pode transformar a vida dos jovens amazônidas aqui da região”.
*Com informações do Instituto Mamirauá
